Amigos e inimigos

Existem pessoas tão queridas na minha vida que eu desejei que elas tivessem nascido na minha família para ser uma irmã – ou um irmão. E também existem pessoas tão absurdamente irritantes que eu desejei (e às vezes ainda desejo) que eles houvessem nascido em uma família chinesa.

Infelizmente, assim como os amigos os inimigos tem um papel fundamental na nossa vida. Hummm e, bem… eu não to falando de inimigo no sentido literal da palavra apenas, e sim daquela pessoa que é filha da puta  difícil e muitas vezes parece ser sádico ou tem algum prazer mórbido em tornar o seu dia um pouco mais complicado – quando não muito, muito mais complicado.

Hummm... amigo ou inimigo?

Você já ouviu “quem não aprender pelo amor, aprende pela dor”? É a maior sacanagem, mas é a verdade. Atenção: isso não é uma regra, mas você já percebeu que muitas vezes é o dito cujo do cara filha da puta inimigo que te faz aprender coisas importantes?

Porque ele tá no seu pé o tempo inteiro. Fica te zuando, enchendo o saco e dizendo que você não é competente. Provoca, queima você quando tem oportunidade e sempre tenta colocar a culpa de qualquer coisa que der errado na sua conta. Eu não gosto disso, ninguém gosta – a  menos que seja masoquista, mas é esse infeliz que acaba te obrigando a ser mais atento, mais eficaz, mais estudioso, mais competente, mais cuidadoso com a aparência, mais organizado…

Seu pior professor, aquele colega de trabalho mala, aquele chefe tirano, aquela falsa amiga – todos eles contribuem ou contribuíram (aleluia!) para tornar você uma pessoa um pouco melhor.

Sem falar que fortalece a amizade – com seus amigos, claro. Afinal, quem nunca precisou de uma amigo porque tinha algum tirano no pé?

Awesome Things

Brasileiros tem fama internacional de serem otimistas. Eu sou otimista, mas não gosto de ficar brincando do contente, igual a Pollyana do livro. Mas ainda acho importante buscar todo o dia alguma coisa maravilhosa para pensar positivo e ser feliz.

Não sei se eu poderia – ou deveria – ir tão longe, mas a busca pelo reconhecimento da felicidade nas pequenas coisas é uma tendência mundial. É, o número de pessoas que usam medicamentos contra a ansiedade, insônia e depressão são expressivos, e segundo a OMS, em 10 anos a depressão pode ser a segunda doença mais comum no mundo. Hoje, é a 5a no ranking nacional. Mas isso é uma estatística, e é importante perceber que a afirmação é “pode ser” e não “será”.

Lendo uma revista há alguns dias, eu descobri o blog de um cidadão canadense que está fazendo o maior sucesso justamente porque ele resolveu escrever sobre buscar a felicidade em pequenas coisas. Com o propósito de escrever 1000 coisas incríveis que acontecem no dia a dia, o cara ficou tão famoso que já tem um livro – que está sendo traduzido para outros idiomas. A idéia surgiu justamente quando o casamento dele estava em crise, e um amigo estava na fossa.

Não é muito fácil ser feliz quando há dificuldades e cobranças no trabalho, em casa ou de si mesmo, porque parece que sempre são os outros que estão ganhando com grandes idéias… Mas a coisa consiste justamente em valorizar o que somos dentro de nossas potencialidades, e comemorar cada sucesso, por mais bobo que possa parecer. Vai dizer que você não faz pelo menos alguma coisa estranha, que ninguém que você conhece consegue fazer?

Eu consigo fazer trança embutida em mim mesma. Já fiz uma pedra quicar na água 6 vezes. Eu sei fazer bolo de chocolate, pudim e polenta. Eu sei tocar violão. Eu sei a letra inteira das minhas músicas favoritas. Eu seguro o controle de PS2 de um jeito que nunca vi alguém fazer igual – eu só sei jogar assim. Consigo resolver a maior parte dos problemas do meu computador sozinha. E o mais importante: eu sou feliz com cada coisa nova que eu aprendo, e cada coisa que eu já fiz para mim é super.

Eu gosto de comemorar: me dá a sensação de tarefa cumprida, vitória. Semana passada foi o meu aniversário – dia 21. Foi um dia tumultuado, mas mesmo assim eu cantei meus parabéns com uma fatia de bolo. Advinha qual foi meu pedido?

Namorar a distância…

Eu também disse – perdi as contas de quantas vezes – que namorar a distância NÃO FUNCIONA. O peixe morre pela boca, e como não poderia deixar de ser, eu paguei a minha língua apaixonada por um norte europeu. Eu nem vou entrar no mérito da questão de “namorar a distância dá certo? ou não?”, porque no fim tudo depende do esforço de cada um, do que você realmente quer e de qual é o acordo que existe entre as partes, bla bla bla. Então, esse não é um post para discutir relação, é só para falar que eu tenho saudades.

Saudades é uma coisa tão grande que ninguém consegue explicar direito. Só sabe o que sente, e que pode ser bom às vezes, ou pode ser um tanto dolorida. Eu senti principalmente saudade boa, vontade de viver tudo de novo aquilo que eu tinha experimentado com o Joel. E eu fiz tanta coisa que nunca tinha feito!

Eu só conhecia o Paraguai. E não exatamente o Paraguai, Salto Del Guayrá. Nunca fui para outro país fazer turismo, ver outras cidades, passear. Agora, eu já vi a Suécia, Dinamarca, Alemanha, Holanda e França. Passei pela Bélgica, mas nem parei para comer lá. Até para a Argentina eu fui em janeiro!

Eu nunca tinha voado. Os vôos entre Brasil e Europa demoram em média 12h. Isso se você sai de São Paulo ou do Rio, de outros cantos eu nem sei, se é mais, se é menos… Eu passei – mais ou menos – 28 horas viajando para chegar em Gotemburgo: foram 3 horas de carro até Foz, 2h esperando o vôo, 1h45in até Sampa, 5h de espera em Guarulhos, 12h Sampa-Amsterdã, 2h30 de espera em Shiphol, e finalmente, 1h30 min Amsterdã-Gotemburgo. Ainda assim, quando eu encontrei o Joel tava tão feliz que nem lembrava da Odisséia.

28h!! Demorei 15s para riscar em vermelho... é "pacabá"!!!

Eu não falava inglês. E ainda não sou fluente, mas eu estudei inglês durante o ano passado inteiro. Entrei num curso de conversação em janeiro de 2010, e quando fui viajar em julho consegui me virar. Eu não vou dizer que fui pró, porque é mentira, tive muita dificuldade de entender todo mundo! Mas daí, é como diz o Silvio, acompanhe o trio elétrico! O que você vai fazer quando conhece apenas 01 pessoa que fala português?

Eu nunca tinha ido em montanha russa. ahpsuhpUHAPisuhPIUAHspiuhapsiuhas. Essa é ridicula, mas alooooo, eu sou caipira. E nunca tinha feito isso mesmo.Gritei demaissssss! O Joel ficou pasmo, nunca tinha visto alguém gritar tanto assim. Mas foi super!! Experimentei todas as que tinham no parque e repeti a mais alta.

Eu nunca tinha economizado dinheiro. Não me importava com isso, de verdade, achava mais interessante comprar qualquer coisa que eu quisesse. Mas eu tive que aprender a parar de gastar e guardar dinheiro, porque senão eu não iria poder viajar.

Eu mudei minha perspectiva de mundo… aprendi a esperar e confiar. Aprendi a acreditar no amor. Enfim, acho que o segredo de qualquer namoro é esse: você se torna uma pessoa melhor? Faz coisas novas? “Cresce”? Se a resposta é sim, o relacionamento tem futuro, seja a distância ou não.

Só sei que eu não quero mais namorar a distância. E nem vou mais!!! Não vejo a hora de chegar em Gotemburgo sem ter data para voltar…

Socker, saker och söker II

O título deveria ser: saker, saker och saker (coisas, coisas e coisas). Coisa pode ser tanta coisa e ao mesmo tempo ser vago… Puxa, eu tenho um milhão de coisas na cabeça agora, com relação e não com a viagem, família, amigos, Joel e a Suécia. Tanto para pensar, tanto e tanto que vai – e não  – mudar.

Eu fiz terapia algum tempo; e ela (a terapeuta) me disse muitas vezes que toda mudança é uma morte porque caracteriza o fim de um ciclo de vida, ou sei lá como poderia ser chamado isso. Então podemos encontrar dificuldades de mudar, de aceitar a mudança ou mesmo de nos organizar quanto a isso, uma vez que queremos a mudança, mas não necessariamente o fim das coisas que estamos “deixando”.

A amizade por exemplo. Eu sei que minhas amizades de muito tempo vão continuar sendo minhas amizades de muito tempo, minhas amigas e amigos do coração vão ser ainda meus amigos e amigas do coração; mas… dá um frio na barriga! Geograficamente, a distância é enorme!

Se eu pudesse guardar na mala uma coisa impossível, seria um momento especial que eu tive com cada pessoa querida; amigos de perto ou de longe, família… Eu guardaria o dia que a Ana pintou o cabelo da minha mãe de roxo (sem querer); o dia que meu irmão tocou Imagine dos Beatles (dedilhado) no violão; os dias que acampei com meus sobrinhos; o dia que eu a Lu fomos para Foz e esquecemos o dinheiro do pedágio; o dia que eu levei tinta guache e papel e fiz um monte de desenhos absurdos com a Alana; a risada da Beth; o dia que eu e a Gio fomos de carroça (!) para São Clemente; o dia que eu soube que seria tia; meu pai rezando, brincando, contando piada; o dia que o Duque fez xixi nos travesseiros da Angela enquanto eu cuidava da casa dela quando ela foi para a praia; o dia que eu contei isso para ela, e ela se mijou de rir da minha cara porque ele já tinha feito isso antes; “os bailão” com a Rô, Silvanea, Maik; as aulas de inglês com o Silvio; o arrancadão de tratores e mais coisas com a Maira, Raquel… Puxa, seria uma mala enorme! Depois eu iria espalhar todas essas coisas no meu quarto, e ficar curtindo todo mundo, como uma daquelas fotos do Harry Potter onde as pessoas se mexem.

É claro que isso não vai na mala. Mas vai comigo da mesma forma… e eu fiquei imensamente feliz ao perceber isso: todas as coisas importantes para mim vão junto comigo, no meu coração.

É pessoal, espero que vocês gostem de frio!

Socker, saker och söker I

Não foi legal ficar olhando enquanto o Joel fez as malas. Mesmo que eu saiba que dessa vez vão ser três semanas até a gente se ver, ainda é ruim ver ele ir embora –  foi dificil sair do aeroporto… tava muito bom com ele aqui. O tempo passa muito rápido quando a gente está se divertindo, e parece que foi ontem que eu fui para Foz do Iguaçu para dar os abraços e beijos acumulados em 5 meses.

E foram 60 dias mágicos. Umas das coisas que mais valeu gargalhadas nesse verão foram as minhas tentativas de falar sueco. O Joel fala português fluente e isto é muito confortável para mim. Mas eu quero tanto aprender sueco! E tentei algumas vezes… foi hilário mas foi delicioso. E até minha mãe entrou na brincadeira o dia que eu percebi três palavrinhas muito parecidas (que para mim ainda tem o som igual): socker, saker e söker – açúcar, coisas e procurar, respectivamente. Para mim, só soquer, soquer e soquer.

O sueco tem três vogais a mais do que o português: å, ä e ö. E não tem o ç. Além disso, todas as letras tem sons diferentes. Daí que socker (algo como sôquer) e saker (soóker) ficam tão parecidos que só um sueco pode perceber a diferença. Inventamos um jogo de advinha, e o Joel dizia um dos três e eu devia dizer qual era… Söker eu aprendi, mas socker e saker… ainda são açucar e açucar, ou coisa e coisa.

Enfim, eu percebi que talvez não seja a toa que essas palavras sejam parecidas. Afinal, quem procura sempre acha, e se você escolher bem as coisas que quer, vai ser muito feliz. E dai o que o açucar tem a ver com o pirão? Tem que está cada vez mais difícil ser doce hoje. E isso não é uma contestação daquelas bem caipiras – do tipo, no meu tempo… é só simplesmente: ser doce é muitas vezes sinônimo para trouxa ou fraco. O que você tem na mente, seus objetivos, metas, ideais, você só vai conseguir se for um tanto quanto duro.

É verdade. Mas somente da perspectiva de que se você desistir de primeira… nunca vai chegar. Pode ser uma visão influenciada pelo tamanho da paixão que eu to vivendo, mas amor é essencial. E o amor deixa a gente assim, mais sonhador, mais mole, e feliz. E é tão bom! Até a Skol usou a música do Beto Barbosa “Adocica” (Adocica meu amor, adocica! Adocica meu amor, a minha vida…) porque adoçar faz lembrar de coisas boas…  e a música pode até não ser do gosto de todo mundo, mas quem não quer um amor para adoçar a vida? 

E o que dizer daquela frase famosa “Lar doce lar” que tem um monte de gente que pendura na cozinha de casa? Ou na edícula? Ou em qualquer lugar? A sensação maravilhosa de se ter um lugar confortável onde se encontra paz criou o jargão, e não é  só em espaços físicos que você pode encontrar isso. Não é fantástico ficar com aquele amigo conversando sobre nada e tudo? Não é maravilhoso por a cabeça no colo da mãe ou do pai – mesmo que você tenha 28 – para reclamar de bobagens?

Isso só é possível porque existe um outro que pode nos proporcionar esses momentos, cheios de conforto, doces. É frustante encontrar gente azeda, que já acorda de mau humor. Eu não quero ser uma pessoa azeda, até mesmo porque o amor nos faz mais humanos… Deixemos explodir toda a nossa doçura!

Parece utopia, e talvez seja coisa de caipira mesmo. Mas quem pode fazer um mundo melhor se não a gente mesmo?

Desejo um dia doce para você!

Caraca... eu já to com saudade!

No princípio, Deus enviou o Homem para o Brasil

É uma afirmação piegas, mas é fato: o Joel veio para o Brasil por meio de um intercâmbio entre a Igreja Luterana Sueca e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB; e apesar de o sonho dele ser conhecer o nordeste, ele veio parar na minha cidade – extremo oeste do Paraná, sul do Brasil. Brincadeiras a parte, eu sou cristã e acredito realmente que as coisas maravilhosas que acontecem na minha vida são presentes de Deus.

Como o objetivo não é adentrar uma discussão sobre a complexidade do destino, a vontade de Deus e o peso que as decisões humanas tem sobre a história de cada um; eu apenas quero sublinhar o fato de que o Homem (no caso Joel, lindo, olhos azuis, gentil e maravilhoso… na época solteiro) apesar de todos seus esforços de ficar no norte do Brasil veio parar praticamente na porta da minha casa! Definitivamente, isso não é uma simples coincidência do destino. E eu agarrei meu presentão com todos os braços e abraços que pude.

E deu certo.

Eu seria uma mentirosa se dissesse que eu não pirei os primeiros dias. Li tudo que eu encontrei sobre a Suécia, a Escandinávia, a moeda, a língua, a cultura, sobre a Rainha Silvia – afinal ela casou com um sueco; olhei Gotemburgo tantas vezes no Google Earth que eu poderia dizer como chegar ao centro da cidade a pé, de trem ou ônibus. Isso, e a gente nem estava namorando! O Joel foi embora, a gente ficou no status de amigos e eu nunca mais visitei a página da Embaixada Sueca, até agosto do ano passado.

Decidimos que eu ia tirar o visto, e me mudar para a Suécia!!

Passada a euforia da coisa, a gente realmente sente um frio na barriga. No começo eu não tava muito segura para pedir residência por laço familiar (que é o famoso visto) pois parecia rídiculo ter que provar para outras pessoas que eu tinha realmente um compromisso. Mas quando eu comecei a ler blogs de pessoas que saíram do Brasil percebi como era complicado para todo mundo. Não é fácil ou romântico ser um estrangeiro, e não importa se você está estudando, é au pair, está trabalhando ou só seguiu seu parceiro lá fora; todo o processo de visto é desgastante, toda a adaptação – por maior que seja o sonho, por mais maravilhoso que seja o país e as perspectivas que você tem a respeito da mudança sejam fantásticas – é difícil: você não vai mais estar no Brasil, e não vai mais ter “jeitinho” para tudo.

A observação acima não é para dar a impressão de que ser estrangeiro é um desastre. Afinal, qualquer escolha da vida pode ser um desastre, se você não estiver seguro a respeito do que quer. Algumas pessoas repetem todo dia para mim que eu sou muito corajosa por decidir mudar de “mundo”, mas eu não decidi isso num impulso. Aluguei os ouvidos da Angela e da Lu por horas a fio, com todo o blá blá blá imaginável a respeito de uma das perguntas mais famosas da humanidade “Ser ou não ser? Eis a questão.”. 

Eu decidi ser estrangeira porque conheci uma pessoa por quem vale a pena mudar de ares. Mas talvez você seja uma pessoa que está pensando em mudar para outras terrinhas para estudar, ou porque surgiu uma ótima oportunidade profissional. Se você já tem essa idéia na cabeça, o melhor a fazer é buscar todas as informações que você puder sobre o país de destino e os tipos de visto que você pode ter para o tal lugar. Visite o site da embaixada do País das Maravilhas, e procure descobrir o que eles pensam sobre ter “Alices” em suas terras.

Uma página que eu considero deveras importante é o site da Polícia Federal do Brasil. Primeiro, porque é aqui que você vai ter que fazer o cadastro para ter o seu passaporte, e segundo, tem a lista dos endereços da PF no mundo, as chamadas adidâncias. Ninguém quer pensar em coisas ruins, ainda mais quando tem um leque de possibilidades sorridentes a sua frente, mas todo País das Maravilhas tem sua Rainha de Copas, então, não custa nada ser uma pessoa bem informada.

É dificil lembrar de ficar atento aos detalhes quando se está eufórico, e muitas vezes parece que tudo vai ser tão demorado (o visto, guardar dinheiro, esperar respostas) que é melhor fazer e ter tudo o mais rápido possível. Mas vale a pena esperar, ter paciência, estudar. Eu ainda fico impressionada como tudo aconteceu rápido, ao final, para mim. Conheci o Joel em novembro de 2009, e em 12 de abril vou mudar para a Suécia, já sabendo que vou ter imensas saudades do Brasil…

” Minha terra tem palmeiras,

  Onde canta o sabiá;

  As aves, que aqui gorjeiam,

  Não gorjeiam como lá.”

A Suécia não fica na Suíça e lá não se fala alemão

Parece brincadeira isso, mas até hoje tem gente que olha para mim e fala: ” Ah Maria, quando você voltar, traz um daqueles queijos famosos lá da Suiça? Sabe aqueles furadinhos? Ou um daqueles que parecem verdes… E chocolate também, se não for pedir demais…” Eu experimentei diferentes tipos de queijo quando estive na Suécia, acho mesmo que esse país pode ser tão famoso pelos seus queijos quanto a Suiça, mas, além de serem países europeus, com seus nomes começados em S, são países bem diferentes.

É verdade que eu não estive na Suiça, e que provavelmente a idéia que eu faço da Suiça é apenas a imagem que rola na mídia (os Alpes, neve, grandes bancos, mafiosos italianos e políticos brasileiros com muito dinheiro nos grandes bancos… ah! e o queijo furado) e eu não vi nada parecido na Suécia. Além dos muitos queijos que experimentei; a língua, o relevo, a moeda e as dimensões da Suécia são bem diferentes.

Hummm... não fica muito perto...

 Na Suiça, também se fala alemão. O também é porque além do alemão se fala francês, italiano e romanche. Talvez por isso muitas pessoas aqui pensam que suecos falam alemão, e quando a gente diz: não, na Suécia se fala sueco; respondem, ah! então é um tipo de alemão. Essa afirmação não deixa de ter um fundinho de razão, porque o sueco é uma língua germânica setentrional, e sofreu influência da língua alemã. Mas é só ouvir um pouco de sueco para você perceber como é diferente do alemão. Eu ouço alemão quase todo dia, já que na minha cidade tem muitos descendentes que gostam de falar alemão, e não tem nada haver. O sueco parece cantado.

Dizem que se apaixonar por tudo que existe de novo e diferente em outro país faz parte do choque cultural, e eu acho a língua sueca linda. As mulheres falando principalmente. Infelizmente isso não torna ela mais fácil. A gramática, particularmente, não faz sentido… e eu sou latina, e o sueco não é uma língua latina. Mas é legal, afinal é um desafio e eu não tenho inglês fluente. Na verdade, sempre achei inglês estranho e feio, é maravilhoso ter a oportunidade de aprender uma língua estrangeira bonita.

No mais, é importante aprender sueco para ter um emprego lá. Se você tá no mesmo barco, aí vão algumas dicas: a Elisa (que vai para Malmo) e a Paula (que mora em Estocolmo) fizeram um curso de sueco pela Folkuniversitetet. Mas tem curso grátis pela internet no Livemocha, e a Maíra também me contou do Rosetta Stone. Eu to fazendo de tudo um pouco e ouvindo rádio sueca. Enfim, é sempre difícil aprender uma língua nova quando não se pode praticar, mas aprender um número grande de palavras vai ajudar a se virar os primeiros dias (ou semanas).

Vi hörs!

P.S.: A Paula me lembrou uma coisa importante: quem vai para a Suécia pode se inscrever no SFI – Svenska för Invandrare (sueco para imigrantes) e no SAS – Svenska som Andra Språk (sueco como segunda língua), que são cursos grautitos de sueco, presentes em todos os municípios (segundo informações do site). As dicas anteriores são para os apressadinhos…

Sair do Brasil?

Com certeza todo brasileiro tem uma coisa em comum: orgulho de ser brasileiro. Afora as questões políticas e algumas vezes futebolísticas, todo brasileiro gaba esse país, por qualquer motivo que seja, e adora morar num dos países mais populares do mundo.

Sempre pensei que eu não iria mudar para outro país. Mas, como diriam os Melhores do Mundo “a vida é uma caixinha de surpresas, e numa bela manhã de sol…” eu conheci um sueco. Não, não foi paixão a primeira vista, foi mais ou menos “nossa… como europeus são metidos!”, para oito meses depois estar falando em ficar mais perto (porque ninguém merece namorar pelo skype!) e correr atrás de visto e todo o blá blá blá.

Agora eu to arrumando meus livros e sapatos preferidos para mudar de hemisfério. A neve e o frio são coisas que me assustam, mas acho que isso não vai ser difícil. Difícil foi encontrar pessoas para conversar sobre isso quando eu tomei a decisão. Queria muito escutar experiências de quem já foi, quanto tempo demorou para sair o visto, como foi a entrevista, para que cidade iam, qual o trabalho que tem, qual a expectativa depois que mudou e tudo o mais…

Enfim, encontrei boas dicas e pessoas para conversar no Brassar. E, é claro, tem minhas amigas do coração aqui, que eu estou chateando diariamente com tudo que eu consigo descobrir de novo sobre a Suécia, e sobre o idioma sueco. Eu tenho que aproveitar ao máximo esse tempo em que eu tenho elas e elas me tem…

Tudo muda, todo tempo!

Essa coisa de blog é bem nova para mim, e bem, não sou assim disciplinada. Mas adoro escrever, e ler. E estou lendo muitos blogs na internet os últimos dias, porque eu vou me mudar para a Suécia.

Eu sou caipira. E não to usando o pejorativo. Eu sou caipira porque moro em uma região agrícola, e sempre vivi em cidades com menos de 10mil habitantes… Sempre fui a pé ao trabalho – distante 5 min de caminhada – ao mercado, padaria; não sei o que é congestionamento. Dormi com a janela do quarto aberta. Voltei para casa às 4h da madrugada (a pé) sozinha. Adoro como minha cidade é limpa e tranquila.

Adoro ser caipira. Mas isso definitivamente é uma questão delicada quando você vai mudar. Não porque você seja lerdo ou inocente. É só porque parece muito estranho filas, congestinamentos, grades, todo mundo com medo de todo mundo. Dai você precisa pesquisar, perguntar, o que é melhor quando e onde…

É tão reconfortante saber de experiências que deram certo, o que as pessoas fizeram, onde procurar o que, com quem conversar, que eu decidi – tentar – ajudar também. Então, sejam bem vindos aqueles que estiverem mudando – caipiras ou não – especificamente para a Suécia – ou para qualquer lugar – e que queiram conversar alguma coisa…