No princípio, Deus enviou o Homem para o Brasil

É uma afirmação piegas, mas é fato: o Joel veio para o Brasil por meio de um intercâmbio entre a Igreja Luterana Sueca e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB; e apesar de o sonho dele ser conhecer o nordeste, ele veio parar na minha cidade – extremo oeste do Paraná, sul do Brasil. Brincadeiras a parte, eu sou cristã e acredito realmente que as coisas maravilhosas que acontecem na minha vida são presentes de Deus.

Como o objetivo não é adentrar uma discussão sobre a complexidade do destino, a vontade de Deus e o peso que as decisões humanas tem sobre a história de cada um; eu apenas quero sublinhar o fato de que o Homem (no caso Joel, lindo, olhos azuis, gentil e maravilhoso… na época solteiro) apesar de todos seus esforços de ficar no norte do Brasil veio parar praticamente na porta da minha casa! Definitivamente, isso não é uma simples coincidência do destino. E eu agarrei meu presentão com todos os braços e abraços que pude.

E deu certo.

Eu seria uma mentirosa se dissesse que eu não pirei os primeiros dias. Li tudo que eu encontrei sobre a Suécia, a Escandinávia, a moeda, a língua, a cultura, sobre a Rainha Silvia – afinal ela casou com um sueco; olhei Gotemburgo tantas vezes no Google Earth que eu poderia dizer como chegar ao centro da cidade a pé, de trem ou ônibus. Isso, e a gente nem estava namorando! O Joel foi embora, a gente ficou no status de amigos e eu nunca mais visitei a página da Embaixada Sueca, até agosto do ano passado.

Decidimos que eu ia tirar o visto, e me mudar para a Suécia!!

Passada a euforia da coisa, a gente realmente sente um frio na barriga. No começo eu não tava muito segura para pedir residência por laço familiar (que é o famoso visto) pois parecia rídiculo ter que provar para outras pessoas que eu tinha realmente um compromisso. Mas quando eu comecei a ler blogs de pessoas que saíram do Brasil percebi como era complicado para todo mundo. Não é fácil ou romântico ser um estrangeiro, e não importa se você está estudando, é au pair, está trabalhando ou só seguiu seu parceiro lá fora; todo o processo de visto é desgastante, toda a adaptação – por maior que seja o sonho, por mais maravilhoso que seja o país e as perspectivas que você tem a respeito da mudança sejam fantásticas – é difícil: você não vai mais estar no Brasil, e não vai mais ter “jeitinho” para tudo.

A observação acima não é para dar a impressão de que ser estrangeiro é um desastre. Afinal, qualquer escolha da vida pode ser um desastre, se você não estiver seguro a respeito do que quer. Algumas pessoas repetem todo dia para mim que eu sou muito corajosa por decidir mudar de “mundo”, mas eu não decidi isso num impulso. Aluguei os ouvidos da Angela e da Lu por horas a fio, com todo o blá blá blá imaginável a respeito de uma das perguntas mais famosas da humanidade “Ser ou não ser? Eis a questão.”. 

Eu decidi ser estrangeira porque conheci uma pessoa por quem vale a pena mudar de ares. Mas talvez você seja uma pessoa que está pensando em mudar para outras terrinhas para estudar, ou porque surgiu uma ótima oportunidade profissional. Se você já tem essa idéia na cabeça, o melhor a fazer é buscar todas as informações que você puder sobre o país de destino e os tipos de visto que você pode ter para o tal lugar. Visite o site da embaixada do País das Maravilhas, e procure descobrir o que eles pensam sobre ter “Alices” em suas terras.

Uma página que eu considero deveras importante é o site da Polícia Federal do Brasil. Primeiro, porque é aqui que você vai ter que fazer o cadastro para ter o seu passaporte, e segundo, tem a lista dos endereços da PF no mundo, as chamadas adidâncias. Ninguém quer pensar em coisas ruins, ainda mais quando tem um leque de possibilidades sorridentes a sua frente, mas todo País das Maravilhas tem sua Rainha de Copas, então, não custa nada ser uma pessoa bem informada.

É dificil lembrar de ficar atento aos detalhes quando se está eufórico, e muitas vezes parece que tudo vai ser tão demorado (o visto, guardar dinheiro, esperar respostas) que é melhor fazer e ter tudo o mais rápido possível. Mas vale a pena esperar, ter paciência, estudar. Eu ainda fico impressionada como tudo aconteceu rápido, ao final, para mim. Conheci o Joel em novembro de 2009, e em 12 de abril vou mudar para a Suécia, já sabendo que vou ter imensas saudades do Brasil…

” Minha terra tem palmeiras,

  Onde canta o sabiá;

  As aves, que aqui gorjeiam,

  Não gorjeiam como lá.”

4 comentários sobre “No princípio, Deus enviou o Homem para o Brasil

  1. Quando se fala de Maria, lembro de uma menininha de cabelos escuros sentada no fundo de uma sala de odontológica com ares cinza; Fico bem feliz que essa Maria cresceu e vai ganhar o mundo e lucrar muita experiência! Amei o blog e, embora você vá abandonar as terras tupiniquins e a nossa língua “brasilis” quase que cotidianamente, vou te pedir que não abandone o hábito de criar português. A redação já mostra muito estilo! Gute Reise und ich wünsche dir alles Beste! (Como é alemão e não sueco, vai ter que pedir pra tuas conterrâneas. Bjo

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  2. Pingback: Como namorar um sueco… hã? « Uma Caipira na Suécia

  3. Olá! Não sei teu primeiro nome (freitasmh), mas venho aqui te deixar um comentário.
    Pelo jeito, deves estar adorando morar na Suécia. Legal tua história! Parabéns. Tu és uma pessoa bem-sucedida.
    A única vez que pisei no exterior foi quando fui numa excursão para Rivera no Uruguai, logo na divisa com Santana do Livramento aqui no Rio Grande do Sul, de ônibus. Fora isso, nunca fui para outros países. Falta de condições financeiras é o principal motivo. Tenho 32 anos. O que eu faço perante a sociedade, ou seja, minha profissão, é funcionário público administrativo. Logo, um cargo de renda não muito generosa. Sou de Porto Alegre.
    Desculpe o desabafo.
    Saudações.

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  4. Oi guri,
    Desanima não. Viver no exterior não é lá grandes coisas também.
    Quando eu era pequena (minha mãe que diz isso, eu não lembro) dizia que queria viver no RS. Tenho que confessar que acho o estado um dos mais charmosos do Brasil. Nós do sul (e não é só orgulho besta não) temos uma cultura linda que sempre é meio que deixada de lado ou ofuscada pelo glamour das praias do RJ, Bahia e dos estados do Nordeste. Rapaz… viver aqui fora sem ter emprego não é diferente de viver aí não. Olha, não deixa a peteca cair, faça cursos e procure aprender coisas novas, inglês, entre para a universidade, faça dança, sei lá. Mesmo que você ache pouco ir até a divisa do país, pode ter certeza que tem gente que, apesar de viajar o mundo, continua com horizontes fechados. E esse sim, guri, é um diferencial. Dê asas aos seus sonhos…
    Abraços

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