Todo mundo odeia estar perdido

Hammarkullen, 2011

Pensando naqueles episódios de “Everybody hates Chris” eu estou criando uma lista de coisas para tentar entender porque parece que em alguns dias todo mundo odeia a gente. Alguns dias as coisas simplesmente não funcionam. E você ali, todo otimista, levando uma atrás da outra.

Nesta semana completo um mês de Suécia. E se eu for fazer uma avaliação séria, nada funcionou. Eu tinha uma boa perspectiva com relação a ter um emprego logo aqui. Veio a burocracia, eu tive que esperar. Eu iria começar o curso de sueco para estrangeiros – SFI. Mais burocracia e eu continuo esperando.

Hoje eu liguei para um cidadão atrás de trabalho. Eu falando em inglês e tals ele disparou algo em sueco e desligou. Vai a Maria pedir pinico para o Joel, para descobrir que ele achou que eu falava sueco e se eu ao menos entendesse, eu teria um emprego para começar amanhã.

A coisa é que se eu não precisasse esperar 4 meses até começar o sueco, eu estaria entendendo mais. O sueco é difícil para caralho, e eu pesquisando, e procurando, e me esforçando… mas sozinha. Parece que o governo odeia os estrangeiros, e se for olhar bem, todo mundo odeia os estrangeiros, até eu, porque muitos deles estão cagando no pinico o tempo inteiro e a merda respinga em todos os estrangeiros. Como eu.

Eu preciso explicar que “todo mundo” nesse texto é uma hipérbole?

Existe uma espécie de Bolsa Família na Suécia para os estrangeiros (sobretudo refugiados) que é exatamente como no Brasil: ninguém sabe ao certo como funciona, apenas que é um tanto fácil burlar algumas regras e receber um bom dinheiro mensal para coçar o saco. Se existe 1%, 5% ou 10% dos estrangeiros que fazem isso, eu não tenho a mínima idéia. Só sei que isto deixa o povo sueco bem irritado – o suficiente para que você tenha que provar que quer mais do que viver as custas dos impostos que eles pagam.

Isto posto, recomendo você aceitar que vai ser mais difícil do que imaginava, porque às vezes, focinho de porco é tomada e ponto. Mas (agora vem a parte Pollyana do texto)… Graças a Deus, basta que você faça amigos! Mostre à que veio…

Meus amigos suecos são incríveis. Eles me ouvem, tem paciência, abriram as portas para mim, me ajudam com o sueco! A Carolina, por exemplo, tira um tempo no café da manhã para tentar me ensinar um pouco. E agora a tia do Joel se dispôs a me dar uma lição – talvez – semanal de sueco. Enfim, nada do que eu imaginei que seria é, mas de certo modo é bem melhor.

Até, desculpe, mas eu preciso dedicar um espaço ao Joel. Eu odeio estar perdida – e isso acontece com frequência agora porque eu não estou entendendo muitas frases (mas ainda peço para que todos falem sueco!) ou porque por causa da minha caipirice eu não sei como me virar na “cidade grande”. Ele é atencioso, paciente, carinhoso, pró. Eu não estaria aqui se não fosse para ficar perto dele, mas ele faz valer esse esforço (EU AMO VOCÊ!).

A vida é uma gangorra com seus altos e baixos, clichês, bla bla bla. Não tenho tudo que quero, mas amo tudo que tenho, e vou esperar a gangorra subir para curtir melhor a paisagem…

Agora vamos prosear!

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