Salada de frutas

Estou realmente viciada no meu e-mail. Dai que estava checando ele todo o dia várias vezes ao dia. E sabe o que? Fico imensamente aborrecida com a quantidade que recebo daquelas correntes chatas. Não porque elas lotam a caixa de entrada, não é isso, é que me chateia o tamanho da preguiça das pessoas que reencaminham este tipo de e-mail. Se você está lendo isso e é esse tipo de pessoa, antes de se irritar por favor pense: quantas vezes você recebeu um e-mail pedindo ajuda para Raquel/Laura/Sofia/qualquer-nome-de-menina e era a mesma foto? Você não viu que era a mesma foto? Por favor, antes de encher os olhos de lágrimas com o sofrimento de alguma criancinha que vai morrer, repare na foto!  E os pais do João/Pedro/Matheus/qualquer-nome-de-menino já recebem há mais cinco anos dinheiro da AOL e não sei quem mais, porque desde que eu tenho e-mail é o mesmo menino que está com algum tipo de problema para a qual a cirurgia é imensamente cara.

Essa semana eu recebi um daqueles sobre ser cristão. Normalmente eles vem com uma oração – tipo o Salmo 22/23 – com aquele final dramático: se você não reencaminhar essa mensagem está negando a Jesus, e todos aqueles que negarem a Jesus, Ele também os negará… e vão arder nas chamas do inferno (isso eu acrescentei para parecer mais apocalíptico). Mas era sobre o deputado Jean Wilis que está perseguindo os cristãos no Brasil porque os cristãos são (?) contra os homossexualismo. Todos os cristãos brasileiros devem se unir contra esse movimento e testemunhar Jesus senão… fogo do inferno!

Hummm duas coisas: se ser contra o homossexualismo significa não ficar de boa quando tem dois caras (ou duas gurias) se amassando loucamente na rua, eu também sou. Não porque são homossexuais, mas porque para isso existe quarto, casa, motel, hotel, banheiro, sei lá. Também não curto quando tem um casal heterossexual a meio caminho das vias de fato em público. Dois: se ser contra o homossexualismo significa não entender porque alguns homens tem que fazer papel de tolos… puxa, acho que lugar de palhaço é no circo e ser gay não precisa necessariamente ser igual a ser ridículo, tem um monte de gente que curte sua opção sexual de forma saudável, não precisa parecer uma gata no cio.

Enfim, eu não to a fim de discutir essa questão do homossexualismo, ou do que é ser cristão, eu só usei isso para poder perguntar: o que aconteceu com a liberdade? Ou o que aconteceu com o livre arbítrio? Você não pode expressar sua opinião – qualquer que seja, preconceituosa ou não – que já começa a rolar uma corrente (de novo elas!!) no twitter, facebook, por e-mail, na mídia e bla bla bla… de repúdio a declaração de fulano/ciclano/beltrano porque ele/ela não é a favor dos homossexuais, ou dos cristãos, ou da preservação da floresta Amazônica, ou da luta pelos direitos dos animais, ou em defesa das mulheres que quebraram o salto do sapato que mais gostavam justo no meio da festa – quando estava tão boa!

E no fim, balela. Um dia depois ninguém lembra que assinou eletronicamente em favor daquela causa ou outra. Sai na rua e começa a zoar com o colega de classe/trabalho ou qualquer coisa porque ele tem trejeito, parece bixinha. Vai no mercado e não compra nem um produto ecológico, nem um que seja para dizer que pensa um pouquinho no meio ambiente. Nunca lê a Bíblia ou reza uma ave-maria, mas enche a caixa de e-mail dos outros com um monte de orações – deve ser medo do fogo do inferno.

Eu fico puta da cara com hipocrisia. Puta da cara com discurso. E mais puta ainda da cara porque antes de ler qualquer coisa que preste eu tenho que deletar trocentas correntes do meu e-mail. Pra quê? Você já reparou que até no You Tube as pessoas ficam discutindo? Alguém vai lá e escreve adorei isso, o outro embaixo escreve isso é merda você tem que gostar disso… Porque de repente parece que todo mundo tem que ter a mesma opinião? Gostar das mesmas coisas?

Ninguém é igual a vida inteira. Tudo muda todo o tempo, a opinião das pessoas também. Porque crescemos, aprendemos, pensamos, sofremos, choramos, amamos, vivemos! E por causa disso, temos menos direito de expressar o que sentimos ou pensamos em relação ao mundo?

Eu por exemplo, hoje, odeio correntes.

Um comentário sobre “Salada de frutas

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