Talvez eu já tenho escrito isso por aqui, mas quando eu disse ao Joel que iria viajar para a Suécia, ele ficou – claro – imensamente feliz e me perguntou se eu estava preparada para fazer isso mesmo. Como boa tagarela que sou, respondi que eu iria fazer o passaporte dia tal, que eu tava olhando a coisa com bagagem, e com a alfandega, e com… Mas não era isso. Ele me perguntou se eu estava preparada para mudar, porque toda viagem que se faz também pode ser uma viagem dentro de nós mesmos.
E foi assim. Eu só podia pensar em chegar na Suécia e encontrar o Joel. Puxa eu lembro que a viagem parecia interminável. Teve tanta gente que perguntou depois: ô Maria e você teve medo de voar? Que medo o quê, eu nem pensei nisso. Talvez dois segundos, mas no instante seguinte eu estava como o burro do Shrek: a gente já chegou?
Eu pus meus pés na Suécia a primeira vez em 30 de junho de 2010, imaginando que ia curtir minhas férias com uma pessoa especial, e depois voltar para casa e ficar de boa. Encontrei o Joel. Foi maravilhoso. Encontrei também um velhinho que me disse que iria voltar dentro de um tempo, que ia me lascar estudando sueco… não, isso é brincadeira. Mas aquilo que a gente havia conversado antes era verdade, mudei meu lugar no mundo para um mês, e nunca mais voltei para o mesmo plano dentro de mim mesma.
Primeiro, obviamente porque eu estava (estou) tão apaixonada. Sempre fui passional, mas era tudo fugaz. Segundo porque eu percebi que meu mundo era imensamente bom, mas que estava na hora de eu sair da zona de conforto. Ou eu iria ficar ali sempre e sempre, esperando… a oportunidade de alguma coisa.
É maravilhoso perceber que eu tive coragem para mudar. Não porque eu ache errado alguém viver anos a fio ou todo uma vida em um lugar só, não é isso. A verdade é que precisei mudar muito mais dentro de mim mesma, do que a distância que me separa do Brasil agora. Deixar meus velhos preconceitos, mudar um tanto a filosofia de vida, pensar a minha forma de produzir e consumir nesse mundo…
Hoje eu estava respondendo um e-mail para a Dani e pensando nisso. O que teria sido de mim se eu não tivesse dado a cara a tapa? Eu gosto de pensar que estaria igualmente feliz, mas igualmente teria mudado de cidade. Porque quando cheguei aqui, ano passado, sem querer esqueci algumas coisas, perdi outras…
Elas não me fazem falta, porque é exatamente como diz o ditado: “Deus nunca nos tira nada, apenas deixa nossas mãos livres para receber coisas novas”.