Comecei uma coisa nova essa semana: academia. Eu nem tava afim, eu sou meio pão dura e não queria de forma alguma começar – partindo do princípio que eu não to ajudando com as finanças da casa, não acho muito certo gastar com supérfluo. Mas o Joel insistiu tanto! E no fim, foi só eu tentar uma aula para mudar de opinião e perceber que não é tão supérfluo como eu imaginava.
Eu sempre fui preguiçosa, mas nem sempre fui sedentária e tive alguns períodos de febre por academia. Já a questão de esportes coletivos… bem isso nunca foi meu forte. Tentei karatê por dois meses no Brasil, mas eu não tava tão afim assim e por isso comprar kimono (ou quimono?), fazer inscrição em associação, participar de lutas e torneios não foram coisas que me seduziram; ao contrário, me desestimularam.
Quando eu mudei para cá, comecei a fazer kickboxing. Fiz três aulas, aí tive beltross, parei. Kickboxing é muito legal e eu quero continuar quando eles retornarem das férias. Não é tanto pela luta, e sim pelo treino: ao final você está quase morto. Pensa que pular corda é fácil? Além disso, o treinador é latino, Pablo, uma pessoa muito forte mas muito querida para comigo, assim como a sua mulher – a Ingvild que também pratica. São velhos conhecidos do Joel que me acolheram de braços abertos; aí estou entre amigos.
Queria experimentar coisas diferentes, afinal “to pagaaaannnooo!” e o primeiro dia fui tentar Dance Fusion. Fiquei um pouco frustrada quando cheguei na sala e só havia mais três pessoas – sendo uma a professora. Mas a segunda música, para meu espanto foi a “Dança da Mãozinha”, seguida da “Dança da Manivela”! E a treinadora era boa, sabia rebolar – coisa que é um tanto difícil de ver por aqui. Depois teve mais samba, salsa e manbo, e até o Kuduro e a Magalena Rojão estavam na lista. Voltei para casa felizona! Devia ter começado antes!
Ontem tentei Zumba Dance, e é… a mesma coisa! Com a diferença de uma sala lotada com uma mulherada meio doida obviamente de origem latina se acotevelando e que o treinador era um homem (será por isso da sala lotada?). Teve salsa, samba, merengue e mambo e até um tanto de… sei lá, mas eu arriscaria dizer que é uma coisa meio árabe, parecido com o que vi quando os kurdos se apresentaram no Carnaval.
Duas coisas: primeiro, eu fico um tanto quanto decepcionada quando os suecos tocam música para dançar. Se você tiver sorte rola um hip hop, senão a coisa fica em torno de clássicos dos anos 80 e 90 que eles adoram – sabe aquele estilo Quen que os músicos de uma banda de repente tiram da manga no meio do baile só para tirar onda? Pois é… isso sempre marcava o momento que todo mundo saía para tomar um ar – pegar – com alguém. Aqui é o hit da festa. Segundo: suecos dançando parecem que não estão se divertindo muito, é uma coisa no meio entre constrangido e “é que eu não sei dançar”. Que saudade dos bailão por aí, com a Lu gritando “tchê tchê tchê” ou com a Rô falando alto e fazendo algazarra, todo mundo meio bêbado pedindo para o “Nerso” dançar a Dança da bicicletinha… e ele dançava!
A “Dança da Mãozinha” e a “Dança da Manivela” já passaram no Brasil há tempos… até a Dança da Bicicletinha é do ano passado… mas tem uma coisa que não passa não, que é aquela energia gostosa que tem na música brasileira, aquela coisa contagiante que mesmo quando a letra é uma merda, fazer o quê? gruda na cabeça e a gente sai dançando que é para deixar essa vida bem mais leve!
É uma pena ver as suecas dançando de cara fechada, sem sorrir, e dá uma vontade de interagir com o treinador! Tá lá ele motivando, dançando e fazendo huruu!! e todo mundo… quieto! Eu fico imaginando que cara eles iriam fazer se eu começasse a cantar e gritar hurru no meio da aula! Eu lembro da Lu (que é educadora física) dizendo que tinha uma turma difícil em Palotina que não interagia, não sorria, nem gritava, nem gemia… que graça!
Essa muvuca toda mexeu um monte comigo e eu percebi que tenho uma saudade imensa do Brasil, do povo brasileiro, de calor entre as pessoas e de alegria! Coisas que a gente tem todo dia, igual feijão com arroz… É o cúmulo mudar para o outro lado do mundo e ainda achar graça em participar de coisas que eu sempre pude fazer no Brasil?
Feijão com arroz, gente, pode ser simples e barato. Mas é a coisa melhor que tem no mundo!