Eu to tentando escrever alguma coisa desde sexta, mas nada parece muito pertinente. Foi aniversário do Joel sábado, comemoramos, estivemos com a família dele o fim de semana inteiro, e ontem eu cheguei a conclusão de que, por incrível que pareça, o que acontece é que estou chocada com os acontecimentos da Noruega.
Primeiro, que eu fico puta de pensar que uma pessoa sozinha possa fazer tamanho estrago. Segundo, eu fico puta com o fato do indivíduo se autodenominar cristão – não sei o que rola no noticiário brasileiro, mas aqui é isso; e, terceiro, que a primeira coisa que se pensa por aqui é que quem fez tudo foi um estrangeiro.
Eu não sei se eu senti alívio ou o que quando o noticiário divulgou que o autor dos atentados era um norueguês. Um branco de olhos azuis. Um de seus pares. Dai eu lembrei da tira do Benett que eu li poucos dias atrás, e de uma das mais célebres frases de Marx “O homem é o lobo do homem” (aliás, que eu achava que era de Marx mas que a Lorena ai em baixo me corrigiu: a frase é de Thomas Forbes. Aí Thomas, foi mal…).
Fiquei filosofando sobre essa questão para constatar o óbvio: o mundo é aquilo que nós deixamos ser. Afinal, sempre é trabalho demais fazer o bem sozinho, mas parece que é quase nenhum trabalho plantar uma bomba ou atirar em jovens. Quanta energia gastamos diariamente recalcando mágoas? Quanto tempo gastamos planejando algo construtivo? Para nós mesmos ou nossa família? Para o bairro? Por que somos tão incrivelmente lentos para o bem e tão visivelmente dispostos a estupidez e ódio?
E enfim, é sempre fácil colocar a culpa em terceiros. Foi um estrangeiro. São os islâmicos radicais. São os pobres. Ou os ricos. Os nordestinos! As mulheres, sempre sensíveis demais. Os homens, sempre tão duros. A escola. Deus. O diabo. Alguém, qualquer um, menos nós mesmos, até quando a questão é a nossa vida… sempre tem alguém culpado, ruim demais, que não nos deixa ser feliz, ou que começou a briga, ou que sei lá. A culpa é dele: nunca colabora! Já eu… putzzzzzz! Até faria alguma coisa, se tivesse tempo…
Somos um exército, o exército de um homem só
No difícil exercício de viver em paz
Somos um exército, o exército de um homem só
Sem bandeira
Sem fronteiras
Pra defender
Pra defender
Não interessa o que o bom senso diz
Não interessa o que diz o rei
Se o jogo não há juiz
Não há jogada fora da lei
Não interessa o que diz o ditado
Não interessa o que o Estado diz
Nós falamos outra língua
Moramos em outro país
Somos um exército, o exército de um homem só
No difícil exercício de viver em paz
Somos um exército, o exército de um homem só
Todos sabem
Que tanto faz
Ser culpado
Ou ser capaz
Tanto Faz…
Até quando seremos covardes assim?
Maria! Engraçado, depois de me passar o choque inicial da notícia sobre o massacre na Noruega, a minha reação também foi de alívio, por se tratar de um loirinho de olhos azuis! Quando eu vivia em Portugal eu não tinha pensamentos assim… De certa forma, lá não há grandes tensões raciais, pelo menos no Norte onde eu sempre vivi. Só quando virei imigrante é que comecei a sentir a diferença na pele e a pensar de forma diferente. Beijo
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Oi… a frase “O homem
é o lobo do homem” não é de Marx, é Thomas Hobbes!
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Ooii!! Bem vinda ao blog!
Obrigada, vou corrigir!
=D
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Oi Joana!
Eu acho que é bem essa a situação: a gente começa a pensar e sentir diferente quando é imigrante. Eu fiquei aliviada também pelo motivo de que eles estavam usando muito as palavras ataque terrorista e 11 de setembro; acho sinceramente que o mundo islâmico não precisa de reforços para que alguém já julgue antecipadamente as coisas desde o episódio de WTC, imagine se juntando a isso houvesse sido um extremista que tivesse plantado as bombas em Oslo.
Beijos!
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