Dias desses eu encontrei um folhetim com propaganda do Brasil daquele tipo com o slogan “conheça o Brasil” no céu de uma praia ensolarada, mulheres bonitas e todo mundo feliz, mais ou menos pelado. Abri o folhetim para espiar – o que será que teria ali? – e vi duas páginas sobre o Rio de Janeiro, meia página sobre Salvador, e dali em diante um quarto de página para algumas outras localidades brasileiras – a Amazônia, o Pantanal, Fernando de Noronha, e pasmem, nesse folhetim Foz do Iguaçu existe!
Eu não sei como se sente o resto do povo brasileiro, mas me dá uma depressão disso! Todo brasileiro é da cor de jambo – até se assustaram por eu dizer que sou brasileira porque “sou branca demais”, toda mulher sabe sambar, em todo o Brasil tem praia, todo mundo usa bíkini – para trabalhar também… Assim assim, o Brasil é formada de um número sem fim de Rios de Janeiro com direito a um pacote completo que contém desde o glamour de Ipanema a bizarrice da favela – porque até a favela está cool devido algumas produções hollywoodianas.
So… o que dizer dos índios de verdade? Sim, aqueles que em pouco tempo serão afogados… O que dizer de nós, do sul, que não sambamos, não temos praias famosas (Balneário Camboriú talvez?), que somos colonos, gaúchos e caipiras? Quem sabe o que é chamamé? Alguém sabe que nem todo baiano pratica candomblé, e que nem todo mundo na Bahia curte axé? Sabem que o nordeste é mais do que sertão, é mais do que pobreza, falta d’água e forró? E o povo do meio do Brasil, que está agorinha mesmo descobrindo o que é água, energia elétrica e estrada de asfalto?
Sabe que às vezes quando o Joel diz para um grupo “minha namorada é brasileira”, alguém me olha e fala só: Ronaldo (?). E sorri. Ou faz um pouco de mímica do tipo o cara que joga bola. Puxa, índios falam o que mesmo, tupi? Não, os brasileiros falam espanhol.
Tinha uma festa de funk, no sábado e eu fui. Acho que gosto de tortura enfim. Ouvi cada coisa… “mulher brasileira tem vergonha de dançar o funk, tem vergonha de mostrar a cultura do seu país!” Imagina se eu teria vergonha de mexer as cadeiras como se estivesse transando com o cara que canta ‘vai que vai, vou na frente, vou atrás…’
Eu amo mesmo o Brasil. E puxa vida, penso que está crescendo e melhorando. Mas daí ver um folhetim mostrando o Rio de Janeiro como “o Brasil” e ouvir que funk é a cultura do nosso país… tipo TODA A CULTURA, e não uma das expressões culturais de um país de 180 milhões, me faz sentir tanta estranheza, tanta tristeza…
Que país é esse???
Oi, Maria
cheguei aqui através do blog da Maíra por acaso. Sou de Porto Alegre, RS, e moro há 3 anos e meio na Croácia porque me apaixonei por um croata! Li alguns posts iniciais e achei muito legal o teu blog e tua maneira de escrever!
Dou aula de História e Civilização Brasileira na faculdade de Português aqui e sempre pergunto por que os alunos querem aprender nossa língua e o que pensam quando falo em Brasil.
Com certeza a nossa cultura é muito mais que bunda,futebol e carnaval. Como disseste, quando meu namoraddo falava que tinha uma namorada brasileira todo mundo esperava uma mulata gostosona! Sou branquela e pareço até croata.
Enfim, muito legal teu blog!
Beijo e tudo de bom,
Marília
P.S Tamo indo em janeiro pra Foz, tens alguma dica? Brigada!
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Alô Marília!!
Bem vinda ao blog, obrigada pelo carinho.
Como é que rola a coisa com Foz? Vão por conta ou tem amigos e tal? Eu não conheço muito a cidade, mas em janeiro passado também estive lá com Joel. Não posso te dar dicas de restaurantes ou o que, afinal faz tempo, mas eu posso te dar umas dicas com relação ao transporte (se não vão alugar carro ou ter um carro a disposição tudo é looooonnge e táxi é caro): tem coletivo para todo o lado à R$2,50-R$3,00 (cerca de R$5,00 para ir para o Paraguay e/ou passar para o lado argentino) e os horários e itinerários estão aqui: http://www.clickfozdoiguacu.com.br/pagina/transporte-publico-em-foz-do-iguacu.
Se for algo diferente ou mais específico, pode me escrever!
Beijos
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Oi!
Então, vamos nós dois de avião e alugamos um hostel no centro. Vamos passar só dois dias e a ideia é fazer tudo de ônibus.
O que tu viste que achas mais interessante pra recomendar?
Valeu pelo link!
Beijo,
Marília
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