Como namorar um sueco… hã?

Quem tem blog sabe que você pode visualizar um painel com as estatísticas do seu espaço, quantas pessoas leram em tal dia e qual foram os termos de pesquisa que direcionaram as pessoas até ali/aqui. Eu já me deparei com vários que achei super engraçados – por exemplo como é a pele das aves? – mas hoje eu encontrei esse: como namorar um sueco.

?????

Se você é como eu já começou a imaginar que tipo de adolescente ou caipira desocupada senta em frente ao computador para buscar “como namorar um sueco” no google. Não, eu não fiz isso quando conheci o Joel, porque apesar de ele ser totalmente diferente de todos os homens que conheci, eu sou exatamente igual a qualquer donzela apaixonada de filmes: enchi a cabeça das minha amigas.

Mas não deixa de ser interessante a questão – eu to me mordendo para saber quem fez a busca… mas e qual é a hipótese de eu descobrir isso? Ok, voltando ao assunto, eu não posso me lembrar com exatidão o que aconteceu quando eu conheci o Joel, mas a história toda é bem bonitinha… acho que não contei tudo aqui no blog, e se sim, vale a pena escrever de novo.

Maripá é uma cidade de uns 3 mil habitantes, típica do interior, daquelas que todo mundo sabe o que tá acontecendo. Podem imaginar que não é muito comum que estrangeiros apareçam em uma cidade desse porte, que tem como atração turística orquídeas e arrancadas de tratores… se bem que me lembro de que várias vezes grupos de alemães da igreja ou bandas de música passaram por lá, coisa de uma semana. Mas eu nunca aprendi alemão, além de que não me interessava muito pois a maioria dos habitantes da cidade tem sobrenome alemão e são descendentes de – ou seja, nada de novo.

Mas eis que havia um sueco morando entre nós, com cabelos e barba vermelha (que são mais vermelhos aqui na Suécia) e lindos olhos azuis, que falava português muito bem. Ao menos essa foi a opinião da Angela, que por trabalhar no coral da igreja foi apresentada meio cedo ao visitante. Eu acho mesmo que ela disse alguma coisa como “nunca vi uma barba tão vermelha!”, mas… o fato é que eu fiz alguma piadinha típica como seria interessante ajudar ele a trabalhar a língua ou quê, a gente riu muito e fim de papo. Nada de falar do sueco em um mês.

Joel e eu fomos apresentados oficialmente durante uma festa, na qual eu estava razoavelmente feliz (alguém aí conheci free fest? Você paga a entrada e bebe até…), mas devido a minha condição e a concorrência, eu fiquei 5 minutos falando alguma coisa sobre dançar ou o quê, e depois fui procurar a chave de casa que eu tinha perdido. Acreditem ou não, esse fato não aconteceu por causa da bebida, eu vivia perdendo as chaves de casa.

Eu já tinha visto o tal sueco na piscina, na padaria, na rua em algum lugar – afinal a cidade é um ovo – e mais ou menos uma semana depois eu tava com a Janete no ginásio de esportes quando vi ele entrar sozinho e sentar sozinho na arquibancada. Eu disse para ela  “sabe aquele cara é sueco eu falei com ele no baile sábado… vou lá bater um papo”.  Sozinho quem sabe eu teria uma chance de… sei lá. Eu queria que talvez ele lembrasse de mim do Brasil de forma diferente (daquela que eu tava no baile).

Cheguei chegando e disparei um “oi, lembra de mim? Eu tava no baile sábado a gente dançou… mas talvez a música era muito alta e você não lembra meu nome… é Maria.”. E sentei. Enquanto eu pensava é agora que ele diz não e eu vou ficar mais vermelha que tomate e vou dizer… ouvi um “lembro de você, mas não do nome, eu conheci muitas pessoas sábado…” carregado de sotaque. E dai eu tava dividida entre a euforia (ele lembra de mim! ele lembra de mim!) e a vergonha (oh shit! ele lembra de sábado); mas eu sou meio cara de pau e continuei a tagarelice.

Por fim a gente engatou um papo muito bom. O jogo acabou e a conversa foi parar numa mesa de lanchonete, com suco de laranja e X tudo. Quando eu fui embora perto das 1h e meia da matina tava flutuando, e passei o dia seguinte alugando os ouvidos da Angela com toda aquela conversa fiada de paixonite aguda…

O destino tava a meu favor e tinha Arrancadão de Tratores aquele fim de semana. Encontramos, dançamos, conversamos, e… numa dessas conversas acabamos entrando naquela de: do que você tem saudade? Eu falei que tinha saudade de lugares que nunca tinha ido e coisas que nunca tinha experimentado, e ele perguntou se eu tinha saudade de beijar um sueco… fazer o que né? Matei a saudade todos os dias a partir daí, durante duas maravilhosas semanas.

Em 30 de novembro de 2009 ele saiu de ônibus para POA, e de lá embarcaria para casa. Eu não falei de namorar, eu não falei de sentimentos, e apesar de estar com o coração na mão quando ele foi embora, eu disse só tchau, fique bem e tenha uma boa viagem… manda abraços para o povo sueco. E não chorei.

Mas liguei dentro de dois dias, falando que tinha sido estranho ver ele ir embora, e que eu tinha acostumado com nós dois. Foi legal, gostoso, combinamos de tentar falar por e-mail e skype… depois eu vim conhecer a Suécia… afinal, eu ainda tinha saudade de beijar um sueco.

Toda história de amor é assim, fantástica para quem vive. Eu tinha um monte de expectativas e esperanças desde o primeiro dia em que conversei com o Joel no ginásio de esportes, mas eu vivi cada dia como se fosse aquele e só. Talvez eu tenha aprendido isso justamente porque a gente teria apenas duas semanas quando o encontrei, mas acredito  que a lição valeu e vale muito a pena. Deixe de lado mágoas e cobranças, deixe para lá as expectativas (furadas) e viva intensamente o que dá para viver em um dia. Sonhe sim, e construa um futuro, mas não esqueça do hoje. Isso contribui muito para a saúde de qualquer relação: desde que eu conheço o Joel, eu penso que eu tenho apenas esse dia para gostar dele. E faço meu melhor.

Acho que é assim que se namora um sueco, ou um brasileiro, ou simplesmente… alguém.

E a neve… sumiu!!

HahahAhAHHaha… todo mundo me perguntando se eu to anciosa para que neve e eu: NÃOOOOOO! Esse tem sido o outono mais quente da Suécia desde os anos 1800, e eu to achando simplesmente fantástico.

Tá bom que Göteborg é a cidade que chove, e chove, e chove, mas a temperatura tem variado dos zero aos 10 graus C. E você deve estar pensando: ihhhh, ela virou sueca! Mas não é isso – ainda. Na verdade eu nunca vou me equiparar aos e às vikings, mas eu me sinto bem mais confortável em relação ao frio do que no início; se bem que o quadro ainda é o seguinte: enquanto eu vou com minha grande e quente jaqueta vermelha para todo lado (mais toca e luvas, duas meias nos pés e um sapato bem quente), as suecas andam de meia calça fio 20, botinhas e bolerinho de couro.

Elas usam touca e cachecol, mas eu simplesmente fico sem palavras… elas não tem frio nas canelas ou são acostumadas a passar frio? É que quando a gente entra em lojas e nos trens e ônibus tudo está aquecido. Mas a chuva e o vento são frios pra caralhooooo! E, para mim, 1oo metros com vento super gelado na cara podem parecer mil.

Mas tá bom, tá bom demais porque as temperaturas esperadas para dezembro são de graus negativos – ano passado começou a nevar em outubro. Não sei se vai rolar… tá realmente “quente” para o período, e o povo clama pela neve, o pessoal quer neve no Natal. Primeiro porque é bonito (dizem) e segundo porque quando começar a nevar não vai mais parecer tão escuro.

Se for para dissipar a escuridão, eu também quero! Mas tem como ter um pacote de neve sem muito frio?

=]

Pequenas Grandes Coisas da Minha Vida Sueca #07

No episódio de hoje de Pequenas Grandes Coisas da Minha Vida Sueca…

O mês de novembro foi intenso: eu e Joel conseguimos um apartamento (alugar um, não comprar); ficamos noivos, acabei o SFI e recebi meu presente de Natal antecipado… um grandão – a família do Joel me deu uma viagem para o Brasil. Além disso, teve a viagem de barco para a Dinamarca, e a viagem que eu e Joel fizemos para Stokholm. Me sinto explodindo de alegria!

Em início de novembro o Joel recebeu um convite da boplats para ver um apartamento aqui perto de onde moramos, um etta como os suecos dizem (cozinha, banheiro e um quarto, sendo que às vezes é só banheiro mais um cômodo grandão onde fica a cozinha também) no térreo com um pequeno jardim. Já comentei que essa coisa de alugar apartamento na Suécia é meio confusa, então só posso explicar que você entra em um site de apartamentos (como o boplats por exemplo, que acho que é o maior da Suécia) e faz um perfil explicando onde você quer morar e o que você quer (apartamento com dois, três, quatros cômodos; em que andar), e a partir disso você está oficialmente buscando e pode ver os locais vagos, a planta do apê e etc; quantas pessoas procuraram o mesmo lugar, bla bla bla. Ser convidado para ver um apê não significa que você vai receber o direito de morar lá. Enfim, fomos para a visitinha, eu gostei, o Joel também, mas ficamos em segundo lugar no ranking de possíveis contemplados – porque eles avaliam um monte de coisas, incluindo o tempo que você está esperando na fila, seu salário…  Não sei o primeiro da lista morreu ou quê, mas é quase que só isso mesmo para alguém desistir de um apê aqui, e por fim, nós saímos  ganhando e foi uma surpresa maravilhosa! Eu amo morar no coletivo, mas é tão legal pensar que vamos ter um cantinho só para nós! Mudamos em 03 de dezembro, e isso é uma coisa realmente grande e fantástica se levado em consideração que cerca de 10 mil pessoas esperam para ter a oportunidade de alugar um apartamento em qualquer canto de Göteborg, e que o Joel esperou na fila por dois anos até ser contemplado!

O bom de morar em um etta é que não preciso, definitivamente, me preocupar com móveis, além do que, ganhamos muitas coisas do avô do Joel. Sim, eu sou extremamente feliz porque a família dele me acolheu de uma forma muito calorosa, sempre me tratam com respeito e puxa… eles até pagaram minha viagem para o Brasil! Eu fiquei tão emocionada que chorei…

Então no dia 11 de novembro eu fui com outros assistentes pessoais que trabalham com o Zé para a Dinamarca. A gente fez essa viagem para se entrosar, conversar e tals, já que todo mundo sempre se encontra rapidinho quando o turno termina. Infelizmente, a Joahanna ficou doente e o Magnus… não sei! Mas então embarcamos em um navio daqueles que aparecem em filmes e ficamos 3 horas tagarelando até chegar a Dinamarca. A foto abaixo é do café da manhã. Ficamos na Dinamarca apenas uma hora e meia, mas foi extremamente divertido. Eu comprei um UNO! na Dinamarca e na volta a gente ficou jogando UNO! e rindo e falando merda.

Da esquerda para a direita: Leila, Emília, Fredrik, Robert e Jasmina.

Então, Joel, eu e Stockholm. Emprestamos um apê de uma amiga e passamos uns dias fantásticos. Caminhamos muito, porque o apê era pertinho de Gamla Stan e de um dos centros de Stockholm. Conheci a Paula e o marido dela, Tobias. Jantamos juntos e fomos andar em Gamla Stan, ver os guardas reais e o Castelo do Rei assim como o Parlamento Sueco. O Gustaf nem mora lá, mas foi super divertido conhecer pessoalmente a Paula, a primeira pessoa com que eu conversei sobre casar e morar na Suécia. Ano passado ela fez um super favorzão para mim e puxa, é super bom encontrar alguém com quem você falou pela internet um milhão de vezes ou o quê, e perceber que essa pessoa é ainda mais especial do que você tinha imaginado! Agora ela tem de vir para Göteborg, e se quiser até pode dormir no meu sofá cama… hahahHahaha – amiga pobre é isso!

Paula, Tobias, Joel e uma caipira, em Stockholm, Suécia!

Eu queria muito ter encontrado a Maíra também – do Sonhos Escandinavos – mas o Joel me pediu… ahhhhhhhhh!! Eu ainda fico suspirando e olhando o anel de noivado no meu dedo. Que brega né? To fudida porque nunca pensei nessa coisa toda de casamento, nem sei por onde começar… no Brasil – lá nas bandas donde eu moro – a gente serve muito churrasco e cerveja (alguma coisa de whisky também) e da-lhe baile sertanejo! Pronto, todo mundo feliz. Mas oi Jesus, nem sei bem direito sueco, agora vou ter que aprender a preparar um casamento sueco!!!

HahAhahAHAhAh!! Que bom que é reclamar de barriga cheia!!

O inacreditável mistério das saunas…

Que casinha charmosa, parecendo uma pipa de vinho... né? É uma sauna, de frente para o lago.

Você já ouviu alguém dizer que sauna é bom?

Você já ouviu alguém dizer que sauna é melhor ainda quando você pode correr pelado na neve ou direto para um lago congelante em seguida?

Se você acha que isso soa bizarro demais para ser verdadeiro, venha para a Suécia, converse com um europeu ou simplesmente leia o blog de alguém que mora no “mundo civilizado”.

Primeiro, é por demais esquisito ficar em um quartinho minúsculo cheio de vapor com um monte de gente [semi] nua suando. Suando muito. Mas daí vem a surpresa quando alguém abre a porta e diz que vai dar uma voltinha, e você pensa “aleluia! parece que não to sozinha no barco! não sou só eu que acha chato ficar suando…”. Mas o quê pensar quando você percebe que esse foi o sinal para todo mundo sair tresloucado para fora antes de você formular algum comentário e cair na água mais do que gelada de um lago?

Ano passado eu fui à um casamento com o Joel no norte, e é costume por aqui caprichar na despedida de solteiro (de ambos os noivos). Pra encurtar a história, a irmã da noiva não esteve presente nesse grande dia e por isso deu um dia de sauna como surpresa para ela. E convidou todas as moças para irem também – inclusive eu. Eu nunca tinha ido para uma sauna e achei que ia ser legal. Foi divertido, eu não posso dizer que não, mas é uma insanidade, percebe? A moça iria casar no dia seguinte e estava em um quartinho suando com muito vapor, mas no momento seguinte ela tava dentro do lago gelado sorrindo e feliz. Daí correu de volta para a sauna, e de volta para o lago e de volta para a sauna para o lago para a sauna para… eu já estava vestida nesse meio tempo, porque não achei graça nenhuma suar e tremer de frio e suar e tremer de frio… além disso, morro de medo de choque térmico. Já pensou? Ir para o casamento com cara de Coringa? Ao menos em todas as fotos estaria sorrindo…

Você pode ter uma casa grande, móveis lindos, o carro do ano, mas nada desperta mais admiração do que ter uma sauna em casa… Ano passado, no Natal, o Joel e um amigo foram para uma sauna, e como não tinha lago, eles iam da sauna para a neve para a sauna para a neve… PELADOS. E os vizinhos viram eles pelados, porque eles tiraram fotos e o flash da máquina…

Dá para acreditar?

Tchau SFI… Oi SAS!

Terminei o SFI. E… bom, nada que quem já mora aqui não saiba: SFI é uma introdução, eu posso me virar sozinha o suficiente para não ter de levar o Joel para todos os cantos; mas o dicionário… agora é que eu comecei mesmo a usar, porque posso entender quase toda uma frase menos algumas palavras, e não o contrário como é o comum do início – daí todo mundo sabe que dicionário serve para nada, porque procurar 20 palavras diferentes até conseguir pescar o significado do texto, ninguém merece!

Mas a independência ainda é  capítulo que vai ficar muito mais a frente nessa aventura. Agora é ler mais para expandir o vocabulário – eu acho esse o caminho mais curto – e começar o SAS. Esse é o curso que vai me dar mesmo o ó do borogodó no sueco – ou eu espero né…

Eu vou pedir o bônus do SFI, e a coisa é mais simples do que eu pensava. Eu fui ao VUF – eu não lembro o significado da sigla mas é uma coisa com educação de adultos e tem em todas as cidades – e lá eles entregaram um formulário que pede as mesmas informações que eles solicitam em todo o lugar (personnumner, nome, endereço, telefone) mais o número da conta bancária. Ademais, precisa anexar a cópia da permissão de residência e um personbevis (número 120) que você consegue na Skatteverket. O resultado da prova a escola envia direto para o VUF, então você não precisa mostrar nenhum papel que diga que você foi aprovado na prova nacional do SFI – ao menos não em Göteborg.

Eu fiquei stressada quando fui buscar o bônus porque na página do SFI na internet diz que você tem direito ao bônus assim que termina o módulo B, C ou D do curso, podendo receber 6 mil, 8 mil ou 12 mil coroas, respectivamente. Eu terminei o C em setembro, mas eles me disseram que eu não tinha direito até terminar o D. Pode ser que cada município tenha o direito de administrar o bônus como bem quiser, e que as regras sejam diferentes em Göteborg. Mas enfim, eu já tinha me decepcionado grandão com o Arbestförmdlingen mais ou menos na mesma semana, então deixei pra lá, também porque eu sabia que eu iria fazer a prova do D em novembro. Mas ainda desconfio que eles agiram de má fé comigo.

Fiz a prova e fui aprovada então agora não tem choro nem vela. Se Deus quiser…

10 frases que são o que são em sueco

Sabe aquele tipo de expressão que somos tão acostumados a dizer todos os dias e que derepente… como é que se diz em sueco? O português tem uma lógica bem diferente da lógica do idioma sueco, e por isso quando você pega o dicionário para traduzir frases como: eu vou também; eu também; eu posso fazer isso; etc, não dá certo.

Primeiro, que penso que o sueco não tem um modo informal, e sim o formal A e o formal B, ou seja, as gírias são poucas. Mesmo assim, esse tipo de coisa a gente vai pegando com o tempo e graças a Deus nos meus meses de Suécia eu já tive alguns insights – quando a gente tem o “ahhhhh, então é isso…”. Deixo aqui os dez que acho mais comuns, quem tem mais estrada favor acrescentar – se puder e quiser!

1. Jag med. A tradução literal é “eu com” mas a frase funciona como o “eu também”. Se você está entre amigos e alguém pergunta: “Vocês querem sorvete?” [vill ni ha glass?] e alguém responde: “Sim obrigado!” [ja, tack!] você pode dizer “Eu também!” [jag med!]. Ou quando você conversa com alguém e a pessoa diz por exemplo “Eu amo gatos!” [jag älskar katter!],  e você “Eu também!” [jag med!]. Ou seja, pra expressar que você pensa o mesmo, quer o mesmo que os outros.

2. Jag hänger med. A tradução de hänger é pendurar, tanto é que o verbo é usado quando você coloca roupas no cabide ou em algum gancho, mas aqui significa seguir alguém, ir junto com outras pessoas para algum lugar. Pode aparecer na pergunta: “Você vai lá em casa?” [hänger du med mig hem?] ou em situações como: “Vamos para o cinema, você vem?” [Vi går* på bio, hänger du med?]. Se a resposta é o “Eu vou junto”,você usa o jag hänger med. 

3. Jag handlar. É usado para fazer compras, quando você vai ao mercado ou para o shoping. O verbo sueco para comprar é att köpa, mas quando você vai ao mercado por exemplo, pode acontecer a seguinte conversa: “Eu vou ao mercado, você quer alguma coisa?” [jag handlar, vill du ha nåt?]. Sua amiga liga quando você tá no shopping: “Oi fulana, o que você está fazendo?” [hej, vad gör du?] e você “Eu to no shopping” [jag handlar** ou jag är i affär och handlar].

4. Det handlar om… Att handla é um verbo meio estranho para definir, mas ele significa uma “ação”, digamos assim, por isso ele é usado também quando as pessoas falam de livros e filmes. Ele é para aquelas horas do “Mas o filme é sobre o quê?” “Qual é a história do livro?” [vad handlar om filmen/boken?]. A gente diria “É a história de um menino…” ou “É a respeito de uma mulher…”, mas você pode usar simplesmente o det handlar om (en pojke/en kvinna/en man/en hund)… e explicar qual é o tema principal do filme/livro.

5. Tar hand om. O verbo tar [att ta] tem o uso semelhante ao to take do inglês, e para quem não estudou inglês… fudeu porque significa muita coisa diferente, como ter ou pegar. Tar hand om em tradução literal seria ter as mãos sobre, e significa nosso cuidar. Por exemplo: “Cuidem uns dos outros” [ta hand om varandra] “Você pode cuidar do bebê?” [kan du ta hand om babyn?] Se cuida! [ta hand om dig!]

6. Vad menar du? Att mena é um verbo que significa pensar, assim como att tro, att tycker [att], att tänka, att fundera***. Mas esse funciona para: o que você quer dizer? E é usado quando alguém está explicando alguma coisa. Por exemplo: “Blá blá blá, você entende o que eu quero dizer?” […förstår du vad jag menar?] Quando você está começando a falar um pouquinho de sueco, acontece de (a Maria) se empolgar e tentar falar de alguma coisa para o qual ainda não se tem todas as palavras. Algumas pessoas ajudam: “Hmmm, eu entendo o que você está querendo dizer.” [hmm, jag föstår vad du menar.], já outras: O que você disse? Eu não entendo o que você está querendo dizer… [vad säger du? Jag förstår inte vad du menar…].

7. Det spelar ingen rol. Apesar de a tradução literal ser algo em torno de ‘não ter um papel’ (uma posição em algo), essa serve para ‘não importa’ ou ‘tanto faz’. Mas não para importar-se com algo. Quando uma pessoa quer dizer que algo é importante para ela ou não utiliza o verbo att bry, por exemplo: “eu me importo com a paz” [jag bryr mig om fred], “ele não se importa com os outros” [han bryr sig inte om de andra]. Já para “você quer doces ou pipoca?” [vill du ha godis eller popcorn?] a resposta pode ser um “hmmm, tanto faz” […det spelar ingen rol]; ou quando alguém diz que não quer ir tomar uma cerveja ou comer um kebab porque não tem dinheiro, você pode dizer “não importa, eu pago” [det spelar ingen rol, jag bjuder].

8. Jag fixar det. Quando eu conheci o Joel ele dizia muito “Eu tenho que consertar comida para amanhã” ou “eu tenho que consertar as coisas para a viagem”. Ao invés de perguntar porquê, eu ensinei ele a falar o correto – até mesmo porque eu nem tinha pretensões de estudar sueco naquela época. Agora eu entendo: att fixa significa mesmo corrigir ou consertar alguma coisa, mas é muito utilizado como “fazer”. Imagine que você vai acampar e que seu grupo de amigos fez uma lista de coisas a fazer, e cada um será responsável por alguma coisa. E alguém fala: “Precisamos comprar comida” [vi måste handlar] e você “Eu posso fazer isso” [jag kan fixa det]; ou quem sabe fazer fogo? montar a barraca? bla bla bla? Para todas as perguntas, se você pode e quer fazer, a resposta pode ser simplesmente jag fixar det [eu faço isso] ou jag kan fixa det [eu posso fazer isso].

9. Jag är på väg. A tradução literal é ‘eu to na estrada’ e o sentido você pode imaginar: é o nosso eu to indo! Quando as pessoas querem perguntar “você vai sair?” usam o “är du på väg?”, e a resposta “jag är på väg till skolan/jobbet/till stan… [eu to indo para a escola/o trabalho/a cidade]. Você está atrasado e alguém te liga com um cade você? onde você tá?, apenas jag är på väg já resolve muita coisa.

10. Jag måste… Significa “eu devo”, no sentido de ter um dever e não uma dívida, mas serve como o nosso ‘eu tenho que’. Eu tenho prova amanhã, tenho que estudar [jag har prov imorgon, jag måste studera]; não tenho nada em casa, tenho que ir ao mercado! [jag har ingeting hemma, jag måste handla!].

Por fim, se tem uma coisa que eu gosto com relação a gramática sueca é que os verbos não são o bicho da goiaba, e tudo que eles complicam com en/ett é compensado por meio de verbos simples, como por exemplo: mejlar, googlar, smssar… . Se você chutou que os verbos acima são enviar e-mail, procurar no google e mandar sms, acertou. Tudo fica fácil: Googla det! [procure no google], Jag mejlar varje dag [eu mando e-mails todos os dias]; Jag smssar dig sen [te mando um sms mais tarde]. Fique atento porque existem mais cognatos como skejtar, markerar, diskuterar…

Que post comprido né? Também fazia tempo que eu não escrevia sobre sueco…

* Acho que já coloquei isso aqui, mas só para lembrar que att gå é usado quando a pessoa está a pé, e se vai de carro, moto, trem ou barco, usa o att åka.
** Simmmm!!! Eles são econômicos nas palavras.
*** Em algum lugar desse blog está escrito (hPAUhpauihspUHAspa) que ‘att tycka’ você usa para dizer o “na minha opinião…” e ‘att tro’ para o “eu acho” ou “eu acredito”. ‘Att mena’ é para pensamentos no sentido do que eu estou pensando e tentando comunicar; e ‘att tänka’ é para indicar que você está refletindo sobre uma questão, mas não é comum utilizá-lo para expressar que você está avaliando uma possibilidade. Quando você quer indicar que está estudando muito um assunto, que você está realmente refletindo e avaliando todas as possibilidades, aí entra o ‘att fundera’, como por exemplo: Vi funderar på att köpa ett nytt hus. 

Eu to noivaaaaaaa!!!!

Eu nem consigo pensar ou escrever, mas aconteceu que comemoramos dois anos de namoro no sábado – Joel e eu, claro – e fomos para Stockholm. No domingo passeamos pela cidade, conheci pessoalmente a Paula e o Tobias – marido dela, e quando voltamos para o apê em Östermalm ele me pediu!!!

Ahhhhhhhhh!!!!

Agora eu não posso parar de olhar para minha mão, porque eu tenho um símbolo de um compromisso para
uma vida toda!! Eu to taoooo feliz! Como não poderia ser?

O homem mais lindo do mundo e que eu amo quer casar comigo!!!

 

Dias de … na Suécia

No Brasil todo mundo sabe de cor os dias do “comércio”- como eu chamo: dias das mães, dos pais, das crianças, dos namorados… tudo para dar uma animada nas vendas, e fazer o povo comprar um monte de coisas desnecessárias.

Na Suécia, o comércio também faz essas promoções, mas eu acho que a coisa não é tão grande como no Brasil. Na liquidação de verão – que acontece lá pelos dias do midsommar (24 de junho) – as ruas do centro estavam lotadas de pessoas, todo mundo comprando, uma verdadeira loucura! Os mercados então, bem mais apertados do que mercearia de cidade pequena no dia do cheque do leite. E dizem que o mesmo acontece na liquidação de Natal. Mas hoje, por exemplo, o comércio estava bem tranquilo apesar de o dia dos pais acontecer no próximo domingo.

O dia das mães sueco é em maio, mas é comemorado no último domingo de. O dia dos namorados é comemorado no dia de São Valentim – eu li a história do tal Valentim e ainda não entendi porque ele foi considerado santo, e nem porque ele é o santo dos namorados… se bem que, por que é que Santo Antônio é o santo casamenteiro mesmo? – ou seja, em 14 de fevereiro e por aqui tem o nome do “Dia de todos os corações”. Bonitinho não?

Não tem um dia das crianças, mas tem Halloween. Sim, daquele tipo que as crianças batem na porta das casas e pedem: gostosuras ou travessuras? Ou melhor: bus eller godis?, em sueco. No dia 29 de outubro terminou o horário de “verão” sueco, então no dia 30 e 31 eu estava bem perdida, achando super estranho que a noite começava às 17h. Justo no dia 31 eu voltei para casa tarde – depois das 17h, e tava pensando na morte da bezerra quando me deparo com um grupo de crianças vestidas de monstrinho na porta de casa. O apê onde eu moro fica no primeiro andar então eu subo as escadas, e mal e mal eu pisei no último degrau todas aquelas crianças (uma multidão de… cinco) viraram para mim: de preto, eu nem ia reparar que era uma fantasia não fosse a maquiagem de sangue e os dentes de vampiro. “É você que mora aqui?” “Sim” “Bus eller godis?” em coro. Eu só ãhnnnnn… e o Joel abriu a porta e me salvou. Sei lá, acho que ele deu um pacote de bolacha para as crianças.

Em contrapartida, o espírito natalino aqui começa cedo. Cedo, quero dizer porque em meados de outubro já tinham propagandas de shows do Natal espalhados pela cidade. Agora, já é possível ver muitos motivos natalinos nas casas, e nas lojas (que vendem esse tipo de artigos). E o rei da festa não é o Papai Noel. Isso é bem engraçado porque a Suécia não é um país cristão (64% dos suecos se declaram ateus, e pensando que 13% da população sueca é imigrante e que dentre esses imigrantes a fatia maior é islâmica…) as pessoas se preparam para uma festa de paz – com muitas velas vermelhas e luz.

Faz sentido… muita luz para iluminar esses dias escuros!

We Can Do It

Falar das mulheres suecas é muitas vezes falar de feminismo, principalmente do ponto de vista de pessoas como nós (latinos), que vivemos em um mundo de longe machista. Pra falar bem a verdade, acho ridiculamente chata essa discussão e só vou me dar o trabalho de escrever algumas linhas porque eu tenho ouvido e lido tanto ultimamente sobre igualdade de gêneros que chega a ser dolorido.

Pra mim, há muito mais perdas do que ganhos em ambos os sentidos. Não estamos em uma guerra contra os homens a favor dos direitos das mulheres, ou o que quer que seja. Anatonicamente homens e mulheres são muito diferentes. Psicologicamente, podem ser muito diferentes ou não – independente do sexo. Mas é a definição cultural que demarca o quanto machista ou feminista é uma sociedade. E é isso que os suecos já entenderam: os pais (pai e mãe juntos) educam o filho/a de forma igual.

Meninos aprendem obrigações domésticas e meninas vão trabalhar no quintal. Blá blá blá, blá blá blá, mas na verdade quem fala disso é quem está de fora, quem chega como eu. Suecos já esgotaram essa discussão há muito tempo e se alguns leitores bem lembram, para a sociedade sueca o importante é ser lagom  (você pode ser o que quiser, desde que esteja na medida sueca de ser). E para mim isso é mais importante.

Eu acho tão exaustivamente chato quando alguém decide defender ardentemente o feminismo, o machismo, ou qualquer “ismo” que seja. As pessoas gostam tanto de criticar a religião (leia-se o catolicismo) por causa do discurso salvação versus  condenação, mas não percebem que estão atirando pedras em telhados de vidro: seja feminista ou você será sempre burra e retardada, seja machista ou as mulheres dominarão o mundo, seja racista ou negros e pobres conquistarão espaço na sociedade… e por aí vai. Eu sou bem mais o lagom, seja o que quiser, desde que essa seja a sua decisão.

E é assim que funciona para mim. Eu acredito na frase (We can do it!) mas simplesmente tem dias que eu não quero. Porque eu to cansada, porque eu gosto de ser uma donzela, porque eu penso que a arma maior de uma mulher é a doçura, porque eu acho bonitinho ser protegida por alguém que quer me cuidar (sim, eu sou a mocinha que será salva pelo herói!) e só e simplesmente porque eu quero e acho legal. As mulheres podem tudo, e penso que é maravilhoso viver em um tempo e numa sociedade em que as pessoas concordam com isso, mas isso não significa que eu tenho que querer fazer tudo o que posso sozinha.

Caraca que pensamentinho pequeno não? Quem pensa dessa forma será facilmente dominada por um homem. Por que? Eu sou brasileira, graças a Deus, mas não é por isso que sou menos feminista. Só que minha cultura é diferente, não posso negar. E mudar a raiz cultural de um povo é um processo longo e demorado, que não vai ganhar em nada se eu começar a gritar o meu “ismo”a todos pulmões. Essa etapa já passou e o segredo da transformação está nas mãos de quem educa as crianças. Se são só as mulheres que fazem isso no Brasil, porque ainda somos uma sociedade em que o homem pode mais?

Quem educa os meninos a pensarem assim? Os pais que não acompanham o crescimento deles, ou as mães que fingem que o fazem?

Pequenas Grandes Coisas da Minha Vida Sueca #06

Agora que tenho uma “rotina” eu talvez possa responder a pergunta: você gosta de morar na Suécia? Apesar de ter completado seis meses na terra dos vikings eu, sinceramente, não sei o que pensar. O que está claro é que: minha vida com o Joel é maravilhosa [Ponto]; minha vida escolar se resume a uma noite por semana, 3 horas de exercícios e pequenos textos (estudar por conta não entra aqui nesse contexto); minha vida de Marinete é como a vida de uma Marinete seria – ou como eu imagino que seria; minha vida como assistente pessoal…

A assistência pessoal é um capítulo a parte porque, puxa eu nem imaginava. Antes de partir eu pensava em trabalhar como Marinete, ou como garçonete, ou qualquer tipo de serviço desses para o qual não é preciso muito mais do que a vontade… acho que tive sorte de conhecer uma pessoa que acabou gostando de mim a ponto de aceitar que alguém que fala mal e mal sueco possa ser parte da equipe de assistentes que trabalham com ele. Sim, porque a coisa mais importante nesse tipo de trabalho é que tem que existir uma “química” entre os envolvidos, tem que rolar uma amizade ou o que meio que desde o primeiro minuto.

A Suécia paga para que pessoas idosas, com deficiência, autismo, doenças graves que causem dependência e/ou vítimas de acidentes que levarão traumas que as impossibilitem de alguma forma pelo resto da vida tenham o acompanhamento de um assistente pessoal, às vezes 24 horas por dia, que garanta a elas certa independência. Penso que posso dizer que isso é parte da política de assistência social sueca.

Às vezes o assistente é pago diretamente pelo governo/Estado por trabalhar em uma espécie de programa similar ao “nosso” programa saúde da família: uma equipe vai atender o usuário em casa, fazendo-lhe visitinhas. Essas podem ser de 30 min a 1 hora e tem por objetivo verificar se o cidadão come, está vestido, está bem, está tomando a medicação… enfim, cuidar dele sem estar ao lado monitorando. Essas pessoas fazem também comida, as compras no supermercado e outros, tudo para garantir que o beneficiado, na maioria idosos, possam estar fora de risco. Isso porque na Suécia é extremamente importante respeitar a vontade da pessoa [idosa], e mesmo se ela está doente (como com Alzeheimer em fase inicial, por exemplo) tem o direito de morar sozinha. Mas como assim mesmo eles podem se machucar, o Estado provê essa assistência que pode ser minimizada ou maximizada de acordo com o caso e o tempo.

Pessoas que se machucam em acidentes contam com assistência até a recuperação e/ou pelo resto da vida, e podem escolher se vão ter isso em casa ou em uma clínica. No caso de clínicas, estas servem também para a internação de idosos – desde que o mesmo esteja doente e seja dependente. As clínicas mais parecem um prédio comum: a pessoa vai ter um quarto exclusivo, um tanto quanto espaçoso com banheiro privativo e uma pequena cozinha (que conta com pia e geladeira). As refeições serão servidas em um espaço comunitário, mas no mais a pessoa pode ter coisinhas que são só suas. Eu vi um desses lugares e penso que é muito bom e bonito, tranquilo e com uma equipe completa de profissionais de saúde que estarão trabalhando para cuidar da pessoa doente, em recuperação ou idosa.

O Estado paga também empresas que prestam assistência pessoal aos cidadãos. Elas dispõe de uma lista de assistentes que podem ser solicitados a qualquer hora – chamados substitutos, ou assistentes que já tem uma rotina de trabalho específica com um usuário. Este é o meu caso: eu trabalhei como substituta por dois meses e depois passei a trabalhar dois dias por semana com o Zé [nome fictício do cidadão que eu cuido].

O Zé conta com assistência pessoal 24h, como muitas pessoas com deficiência aqui. Certo dia ele me perguntou como era isso no Brasil, como era para as pessoas com deficiência… e eu fiquei falando da falta de rampas e banheiros adaptados, e de bla bla bla… “Eles podem morar sozinhos? Eles tem assistentes como eu?” e quando eu disse não: “Que chato morar toda a vida com os pais!”.

Eu não sei se o sistema é similar Europa a fora, mas depois do comentário do Zé os meus olhos se abriram para uma série de questões que eu até então não tinha percebido. Agora eu vejo os deficientes físicos (mentais leves e moderados) passeando na cidade, fumando, fazendo compras, comprando bebidas, saindo para baladas. Assim, se por um lado eles tem uma vida marcada pela dependência de outras mãos e braços (a dos assistentes), por outro estão extremamente livres para fazer as próprias escolhas e experimentar muito mais do que um deficiente com o mesmo grau de dependência teria no Brasil. Afinal de contas, qual seria a mãe ou pai que concordaria que o filho deficiente (parcialmente ou totalmente dependente) fumasse ou bebesse? Qual seria o irmão que levaria ele para a balada? É óbvio que o assistente responsável pelo fulano ou ciclano não pode dar a ele/a bebida até o cidadão entrar em coma alcoolico, e que ele não vai poder usar drogas ilegais ou o quê. Mas ele pode decidir, e tentar.

No último post quando falei da clínica de saúde para pessoas idosas eu disse que isso foi estranho para mim. Parece abandono. Mas então a assistência pessoal para pessoas com deficiência também não seria correta, porque é um serviço que igualmente tira a responsabilidade dos ombros da família. E por que a família tem que ser responsável? Se o cidadão paga por isso uma vida inteira, é direito dele desfrutar o serviço. Assim o Estado e a família fazem um trabalho em conjunto: a família cuida de contratar um dos bons serviços que o Estado oferece, e monitora  os resultados. Não é que o idoso será deixado na clínica e ninguém mais vai ir visitá-lo; e não é porque o deficiente tem assistentes que a família vai esquecê-lo.

Abandono e negligência podem estar muito perto. E às vezes, pessoas que moram juntas estão mais longe do que se pode imaginar. Cuidar é muito mais do que estar perto!

PS.: a íntegra da charge que eu não consegui postar da ultima vez!