Como namorar um sueco… hã?

Quem tem blog sabe que você pode visualizar um painel com as estatísticas do seu espaço, quantas pessoas leram em tal dia e qual foram os termos de pesquisa que direcionaram as pessoas até ali/aqui. Eu já me deparei com vários que achei super engraçados – por exemplo como é a pele das aves? – mas hoje eu encontrei esse: como namorar um sueco.

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Se você é como eu já começou a imaginar que tipo de adolescente ou caipira desocupada senta em frente ao computador para buscar “como namorar um sueco” no google. Não, eu não fiz isso quando conheci o Joel, porque apesar de ele ser totalmente diferente de todos os homens que conheci, eu sou exatamente igual a qualquer donzela apaixonada de filmes: enchi a cabeça das minha amigas.

Mas não deixa de ser interessante a questão – eu to me mordendo para saber quem fez a busca… mas e qual é a hipótese de eu descobrir isso? Ok, voltando ao assunto, eu não posso me lembrar com exatidão o que aconteceu quando eu conheci o Joel, mas a história toda é bem bonitinha… acho que não contei tudo aqui no blog, e se sim, vale a pena escrever de novo.

Maripá é uma cidade de uns 3 mil habitantes, típica do interior, daquelas que todo mundo sabe o que tá acontecendo. Podem imaginar que não é muito comum que estrangeiros apareçam em uma cidade desse porte, que tem como atração turística orquídeas e arrancadas de tratores… se bem que me lembro de que várias vezes grupos de alemães da igreja ou bandas de música passaram por lá, coisa de uma semana. Mas eu nunca aprendi alemão, além de que não me interessava muito pois a maioria dos habitantes da cidade tem sobrenome alemão e são descendentes de – ou seja, nada de novo.

Mas eis que havia um sueco morando entre nós, com cabelos e barba vermelha (que são mais vermelhos aqui na Suécia) e lindos olhos azuis, que falava português muito bem. Ao menos essa foi a opinião da Angela, que por trabalhar no coral da igreja foi apresentada meio cedo ao visitante. Eu acho mesmo que ela disse alguma coisa como “nunca vi uma barba tão vermelha!”, mas… o fato é que eu fiz alguma piadinha típica como seria interessante ajudar ele a trabalhar a língua ou quê, a gente riu muito e fim de papo. Nada de falar do sueco em um mês.

Joel e eu fomos apresentados oficialmente durante uma festa, na qual eu estava razoavelmente feliz (alguém aí conheci free fest? Você paga a entrada e bebe até…), mas devido a minha condição e a concorrência, eu fiquei 5 minutos falando alguma coisa sobre dançar ou o quê, e depois fui procurar a chave de casa que eu tinha perdido. Acreditem ou não, esse fato não aconteceu por causa da bebida, eu vivia perdendo as chaves de casa.

Eu já tinha visto o tal sueco na piscina, na padaria, na rua em algum lugar – afinal a cidade é um ovo – e mais ou menos uma semana depois eu tava com a Janete no ginásio de esportes quando vi ele entrar sozinho e sentar sozinho na arquibancada. Eu disse para ela  “sabe aquele cara é sueco eu falei com ele no baile sábado… vou lá bater um papo”.  Sozinho quem sabe eu teria uma chance de… sei lá. Eu queria que talvez ele lembrasse de mim do Brasil de forma diferente (daquela que eu tava no baile).

Cheguei chegando e disparei um “oi, lembra de mim? Eu tava no baile sábado a gente dançou… mas talvez a música era muito alta e você não lembra meu nome… é Maria.”. E sentei. Enquanto eu pensava é agora que ele diz não e eu vou ficar mais vermelha que tomate e vou dizer… ouvi um “lembro de você, mas não do nome, eu conheci muitas pessoas sábado…” carregado de sotaque. E dai eu tava dividida entre a euforia (ele lembra de mim! ele lembra de mim!) e a vergonha (oh shit! ele lembra de sábado); mas eu sou meio cara de pau e continuei a tagarelice.

Por fim a gente engatou um papo muito bom. O jogo acabou e a conversa foi parar numa mesa de lanchonete, com suco de laranja e X tudo. Quando eu fui embora perto das 1h e meia da matina tava flutuando, e passei o dia seguinte alugando os ouvidos da Angela com toda aquela conversa fiada de paixonite aguda…

O destino tava a meu favor e tinha Arrancadão de Tratores aquele fim de semana. Encontramos, dançamos, conversamos, e… numa dessas conversas acabamos entrando naquela de: do que você tem saudade? Eu falei que tinha saudade de lugares que nunca tinha ido e coisas que nunca tinha experimentado, e ele perguntou se eu tinha saudade de beijar um sueco… fazer o que né? Matei a saudade todos os dias a partir daí, durante duas maravilhosas semanas.

Em 30 de novembro de 2009 ele saiu de ônibus para POA, e de lá embarcaria para casa. Eu não falei de namorar, eu não falei de sentimentos, e apesar de estar com o coração na mão quando ele foi embora, eu disse só tchau, fique bem e tenha uma boa viagem… manda abraços para o povo sueco. E não chorei.

Mas liguei dentro de dois dias, falando que tinha sido estranho ver ele ir embora, e que eu tinha acostumado com nós dois. Foi legal, gostoso, combinamos de tentar falar por e-mail e skype… depois eu vim conhecer a Suécia… afinal, eu ainda tinha saudade de beijar um sueco.

Toda história de amor é assim, fantástica para quem vive. Eu tinha um monte de expectativas e esperanças desde o primeiro dia em que conversei com o Joel no ginásio de esportes, mas eu vivi cada dia como se fosse aquele e só. Talvez eu tenha aprendido isso justamente porque a gente teria apenas duas semanas quando o encontrei, mas acredito  que a lição valeu e vale muito a pena. Deixe de lado mágoas e cobranças, deixe para lá as expectativas (furadas) e viva intensamente o que dá para viver em um dia. Sonhe sim, e construa um futuro, mas não esqueça do hoje. Isso contribui muito para a saúde de qualquer relação: desde que eu conheço o Joel, eu penso que eu tenho apenas esse dia para gostar dele. E faço meu melhor.

Acho que é assim que se namora um sueco, ou um brasileiro, ou simplesmente… alguém.

8 comentários sobre “Como namorar um sueco… hã?

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  3. Oi Maria,
    Que interessante quando voce mencionou no final “Eu tinha um monte de expectativas e esperanças desde o primeiro dia em que conversei com o Joel no ginásio de esportes, mas eu vivi cada dia como se fosse aquele e só.” Era exatamente assim que eu pensava quando comecei a me corresponder com meu marido, que eh americano. Eu prometi a mim mesma nao esperar nada dele e vivi com ele um dia apos o outro ate me casar com ele e vir pra ca. Bjao!

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