…e o mundo vai acabar por causa da soja!

A Suécia é um país onde se discute muito a questão de preservação do meio ambiente, da criação de fontes de energia renovável, do combate a emissão de gases e toda essa coisa que envolve a luta pela preservação de espécies animais e vegetais e do combate ao aquecimento global.

Já comentei por aqui que tem uma propaganda grande contra a carne brasileira. Ontem eu vi no jornal – de novo – comentários a respeito da necessidade da diminuição do consumo de carne per capta. Na minha opinião, a carne (bovina, suína e de frango) disponível nos mercados suecos além de ter gosto de papel é extremamente cara, o que em si já é uma enorme contribuição para a redução do consumo. É claro que você consegue comprar carnes saborosas, mas é caro. É muito caro. Um corte especial de carne pode custar mais do que R$50,00 o quilo. Não entendo porque ninguém investe na venda da carne de alces e veados que é muito saborosa. Aliás, eu sei porquê: os ativistas da causa dos animais já ficam loucos por causa do tamanho do rebanho de corte no mundo, imagine só se alguém inventar de confinar os pobres dos veadinhos e alces também.

Brincadeiras a parte, a culpa não é dos vegetarianos ou tampouco dos ativistas pela causa dos animais. Eles sempre estão discutindo a questão, mas ao menos os vegetarianos e ativistas que eu conheço são educados o suficiente para respeitar o apetite sanguinário dos amantes da carne. Sim, sempre há aquele povo sem noção que gosta de discutir por discutir, mas isso não vem ao caso, porque o que eu acho importante sublinhar aqui é que a discussão ao redor do consumo de carne – e especialmente da carne produzida no Brasil – vem ganhando foco cada vez maior por causa da luta contra o aquecimento global.

Segundo o que eu tenho visto, pesquisas recentes (eu não tenho as fontes) apontam que a bosta de vaca contribui mais para a emissão de gases do que uma fábrica. O que alimenta os rebanhos de corte? Principalmente a soja. Então o problema fica mais ou menos assim: agricultores brasileiros são irresponsáveis e gananciosos e insistem na manutenção de um sistema agrícola de degradação do meio ambiente, com queimadas, derrubada de mata, não proteção aos rios, além do uso desenfreado de pesticidas e herbicidas. Some-se a isso o fato de que a Floresta Amazônica  é derrubada por pecuaristas inescrupulosos que tem milhares de cabeças de gado, que comem soja e cagam muito – contribuindo em escala superior a industrial para a emissão de gases no planeta.

(Aposto que o criador dessa teoria é um estadunidense filho da puta que quer tirar o deles da reta. É, porque os EUA são um dos únicos países que se recusa a assinar os tratados de emissão de gases no mundo. Eles também tem muito gado – sim, mas eles não tem nenhuma Floresta Amazônica que tenha de ser preservada – sei lá se eles tem alguma floresta ainda… Por isso mesmo eles, além de tudo, queriam muito cuidar da nossa floresta.)

E o queco? Não vai demorar muito para que os consumidores europeus façam um boicote a compra e consumo de carne e grãos provenientes do Brasil. O movimento vegetariano e ativista da causa dos animais pode ser fraco, mas o movimento “compre comida ecológica e saudável” é muito grande e forte. Até eu compro comida que tem o selinho “I love eco”, que em geral é mais cara, mas muito mais saborosa; e no fundo do fundo, acho isso fantástico.

É por aí mesmo que tem que começar a conscientização, cada consumidor tem que fazer a sua parte. To querendo que os agricultores brasileiros se fodam? Alouuuu, eu sou caipira bem, respirei a vida inteira pesticida e sei como é difícil para os pequenos agricultores viverem da terra hoje em dia. Eu fico triste porque sei que se esse movimento (de boicote aos produtos brasileiros) que eu acredito que não demora muito para se concretizar der mesmo pé, quem vai se dar mal são esse povo miúdo, os pequenos agricultores, os colonos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul mais os caipiras do interior de Minas e SP, porque os latifundiários de Mato Grosso e tal vão ficar de boa na lagoa.

Ok, nem todo sulista é bonzinho, e não é o povo do Centro Oeste brasileiro que é mau. Eu lembro inclusive de assistir a uma reportagem sobre a cidade de Lucas do Rio Verde (MT) que estava fazendo um programa de reflorestamento no munícipio para conseguir um selo de “soja verde”, ou “aqui se produz soja com respeito ao meio ambiente” ou o quê, de uma organização  internacional, e que essa seria a primeira cidade brasileira a contar com esse selo. O processo é fácil? Nem de longe…

Quando trabalhei na prefeitura de Maripá lembro bem das reuniões da Itaipu, que todo mundo considerava um saco e que poucos agricultores queriam participar, por causa da conotação ecológica e mais um monte de perequetês. Mas se tem algum outro caipira lendo esse post, gente, acredite: é por aí o caminho para quem quiser sobreviver. Bom que já tem alguém querendo e tentando fazer alguma coisa, mas cada um vai ter que se conscientizar e tentar entrar no ritmo da dança, por mais estranha que seja. Realizar um plano centrado e forte para produção de grãos ecológicos, produtos com menos agrotóxico e mais consideração ao meio ambiente, alguma coisa com um selo de qualidade para mostrar para o mundo que os brasileiros se importam sim em cuidar do planeta. E começar ontem.

É, porque se o mundo não acabar em 2012, a soja e os rebanhos de corte brasileiros serão os responsáveis pelo “próximo” fim do mundo…

Um comentário sobre “…e o mundo vai acabar por causa da soja!

Agora vamos prosear!

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