O SAS começou e a minha indisciplina, somada a decisão de ir para a academia ao menos 3 vezes na semana são as minhas desculpas esfarrapadas para a ausência de posts. Inspiração e assunto não faltam, muito menos tempo, mas minha capacidade inata de gastar muito tempo filosofando sobre a cabeça de um alfinete torna tudo um pouco mais complexo.
Uma das coisas que tem me deixado bem feliz esses dias é que meu pai e mãe estão usando a internet agora, e isso facilita e muito a comunicação. Agora a gente não precisa falar 5 minutos e desligar. Melhor para mim, pior para eles porque tem que ficar dentro de casa naquele calorzão absurdo que anda fazendo no sul do Brasil – que continua recebendo poucas visitas da Senhora Chuva!
Falando em tempo, vivi minha primeira experiência – que vou chamar de extrema – de contato com o frio: saí na noite de sábado com o Joel para dar uma voltinha de 10 minutos quando os termômetros marcavam MENOS DEZOITO GRAUS!! Não que eu quisesse, mas depois de o Joel muito insitir – e de aguçar a minha curiosidade com uma história de que o gelo “canta”, vesti todas as roupas térmicas disponíveis na casa da mãe dele e fui. A sensação é de que os dedos vão virar picolé se você não se cuidar…
A respeito do gelo cantante, é realmente impressionante. Os pais do Joel moram perto do lago Mjörn – que tem 55 quilômetros quadrados – e que está coberto por uma nata de gelo. Como o frio chegou mais tarde esse ano, não é seguro caminhar sobre o lago – apesar de ter muita gente fazendo isso – porque o gelo não se forma de modo uniforme e não há como saber se a espessura é maior do que 10 cm – o recomendado para que uma pessoa não seja engolida por uma rachadura. A temperatura caiu tanto no fim de semana que fez com que o gelo trabalhasse, e o ruído do gelo se formando e deformando é alto: como o som que ecoa quando batemos em um cano de ferro, seguido de agudos e “kraks” de possíveis rachaduras… Show, mas eu nem precisei chegar perto do lago para ouvir, e na verdade, não teria coragem de ficar sobre o gelo com toda essa “movimentação”.

O Mjörn no inverno... com o Joel em pé mais ou menos no mesmo lugar onde antes estava o atracadouro para os barcos!
No domingo nevou e as temperaturas voltaram a subir. Foi a primeira vez que teve um dia de neve inteiro desde que eu cheguei, e eu posso dizer que é mais do bonita; a neve não cai, ela flutua em direção ao chão, e pode mudar de curso a qualquer momento: vai para os lados, em diagonal e até mesmo para cima. Muito lindo mesmo e acho que a melhor forma de descrever é mysigt, esse adjetivo danado que significa tudo de bom e gostoso…
E o SAS… não sei ainda, tenho esperança de que seja intenso, difícil e bom. Quem não lembra ou não sabe, o SAS é o curso de sueco como segunda língua (svenska som andra språket) para quem quer aprender o sueco de nível avançado. Gostei do SFI, mas toda a gramática do sueco que aprendi até agora fiz sozinha ou com as orientações da Gunnel. Espero aprender isso no SAS e se não for, daí sei lá, faço um curso universitário.
Quem sabe não me matriculo em um curso de etimologia da língua sueca e aproveito para usar ainda mais a minha capacidade de filosofar?