Parece que meu blog é mais um canto de desabafos que eu uso quando não posso gastar meu pobre português nas orelhas da Lu e da Angela. Parece e é. Mas antes de começar a disparar, rapidinhas da semana (como diria a Maíra – o blog dela é um barato!):
– to mesmo conseguindo ir a academia 3 vezes na semana. Na segunda cheguei no aparelho que eu nunca lembro o nome – um simulador de subir escadas – e coloquei o fonezinho e tals (a academia é um luxo e cada aparelho tem sua própria tela, a gente pode assistir tv enquanto sua…); e tentei encontrar o canal SVT 1 que tem coisas interessantes e programas com subtítulos em sueco. Mas qual não foi a minha surpresa quando descubro que o botão de mudar canal estava estragado, e que o único canal funcionando era um canal de culinária! Tudo bem, gastei boas caloria enquanto comia com os olhos um prato de frango ao molho de curry com arroz…
– Nesse mesmo programa aprendi que o recorde mundial de fatiar um salmão em 40 pedacinhos iguais é de 1min e 24s.
– Fiz a primeira entrevista de emprego decente depois que mudei – talvez a primeira da minha vida.
– Ontem (na academia) perguntei a personal trainer o valor a hora aula… 595kr (quase R$150). Não acho demais, acho muito bom, fiquei pensando na minha querida amiga Lu que ganha uma miséria – comparado a isso – e é uma profissional excelente. Tem coisas que funcionam na Suécia…
Agora, as aulas de sueco… mas primeiro, um conselho para quem está chegando: não espere nada dessa bosta de aulas que são SFI e SAS. Estude muito por si mesmo.
Quando estava no SFI levei alguns bolos da professora. Sério: por duas vezes quando cheguei na escola simplesmente não tinha aula, e outra vez eu perdi de fazer uma viagem de graça porque faltei a aula. O Joel sempre ficava indignado quando isso acontecia, repetindo que era um desrespeito porque o professor não pode simplesmente não aparecer e que… Enfim, cheguei a aula ontem e a minha professora não estava, mas sim a professora B e mais uma guria que acredito seja uma coisa como estagiária.
Minha turma do SAS tem cerca de 40 alunos, por isso na metade da aula sempre somos divididos em dois grupos sendo que o segundo vai para outra sala com a professora B – o que é muito inteligente – e então fazemos exercícios referentes a lição enquanto a professora passa conversando e corrigindo e trocando idéias. Os dois grupos sempre fazem o mesmo trabalho, apenas em locais diferentes e com professoras diferentes. Eu nunca fui para o grupo B, mas gostei bastante da professora deles porque ela tem uma dinâmica de aula muito semelhante a da Birgitta, minha última professora no SFI.
A professora B nos abandonou na metade do caminho com a aprendiz/estagiária/candidata a professora. Então uma série de cenas ridículas começaram a se desenrolar: ela ficava repetindo tyst! (quieto) para qualquer suspiro não permitido entre os alunos, respondia as questões objetivas de forma irônica e quando começamos a analisar um poema ela simplesmente disse que o poema era sobre uma relação amorosa que terminou. E é isso. Teve uma aluna que fez uma tentativa de contestação com um tímido mas, que ela ouviu com um sorriso nos lábios do tipo coitados, eles não entendem!; para em seguida usar um não definitivo, o poema é sobre um amor que acabou.
Instalou-se a ditadura ou eu sou melodramática. Acredito nos dois. Mas fico tão frustrada! Tudo bem que talvez 80% dos estrangeiros não estejam dando a mínima para SFI e SAS, mas precisa avacalhar tanto? Quero a minha professora de volta!! Ela ao menos sempre pergunta: o que você entendeu a respeito desse texto? Qual a sua opinião sobre a história?
O maior pecado do SFI/SAS é tratar os alunos como colegiais. Sim, existe o módulo de inserção para pessoas que nunca aprenderam a ler e escrever, mas minha turma tem um monte de gente com universidade, tem gente com mais de 40 anos que estudou muito na vida! Estrangeiro não é burro só porque não sabe falar a língua, nós aprendemos interpretação de texto na língua mãe também, quem é que não passou poucas e boa tendo que ler Euclides da Cunha?
No final das contas, a reclamação não é só minha não. Antes de chegar a Paula me alertou para não esperar muito do SFI. Mas eu sou meio boba assim, sempre tenho uma esperança. Agora minha maior esperança é ter a professora de volta, aquela com a qual comecei o curso do SAS.
Senão, fazer o que?
Oie. Nao existe uma especie de teste para avalias nivel de aprendizagem? Digo porque tanto aqui na Holanda, quando na Dinamarca eu fiz o teste. Na Dinamarca existia um grupo para quem falava ingles, havia a turma onde as explicacoes eram em ingles e assim terminavamos o curso em um periodo mais curto.
Na Holanda nao existe a turma pra quem fala ingles, na minha sala mesmo muitos nao falam, mas fizemos um teste antes das aulas comecarem que indica sua capacidade de aprendizado e te manda pro curso adequando. Pessoas com nivel superior ou que falam outros idiomas podem ir para o NTII que e o Holandes como segunda lingua, e pessoas com dificuldade de aprendizado de idiomas ou pouca escolaridade vao para o Inburering que o curso basico, somente com coisas do cotidiano, dependendo do interesse depois eles podem ir para o NTII.
A cidade onde moro e uma das poucas com curso gratuito da prefeitura, que tem uma fama pessima, talvez porque eu estudo no noturno e as pessoas que estao la sao super interessadas os professores realmente se empenham em ensinar. Nos primeiros modulos eu tive um professor incrivel e agora tenho uma professora muito boa, a unica coisa ruim eh que eles ficam doentes com muita frequencia, as vezes por semanas e os substitudos sao uns piores do que outros. Essa semana mesmo estou tendo aula com uma professora que fala conosco parecendo narrador de futebol, nao pesco nem metade. Enfim escrevi demais.
Boa sorte com o seu curso.
beijos
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OLá Maria. Estou para escrever um post sobre a reunião que tive com o diretor da nossa escola. Por aqui a coisa anda complicada também :(
Eu vim para agradecer os parabéns e dizer que ontem provei o Semla. Adorei! Hum… e vou comer mais! Valeu pela dica ;)
beijão
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Oi Simone!!
Acho que existe um teste sim, se você declara que pode falar/entender um pouco da língua. Como eu cheguei aqui sabendo apenas dizer oi, sim, não e tchau, a única coisa que contou para que eu fosse encaminhada para um grupo diferente foi a questão de eu ter curso superior no Brasil.
Aqui na Suécia o curso de suecos para estrangeiros (SFI) é dividido em 4 níveis: o nível A é para estrangeiros com até 3 anos de alfabetização ou analfabetos, pessoas que mal e mal sabem ler e escrever; o B é para pessoas com 7 anos de estudos no país de origem; o C para pessoas com mais do que isso e o D para quem já tem algum domínio da língua.
Iniciei o curso no nível C e em dois meses passei para o D. Isso porque até eu conseguir vaga e etc demorou, foram quase dois meses sem estudar. Enquanto isso tive aulas com a tia do meu noivo. Entrei no curso, tive 3 semanas de aula e depois férias de verão – 1 mês e meio que fiquei estudando por conta. Quando voltei fiz mais um mês de aula e então passei para o próximo nível. É o professor que encaminha você para as provas. Ele fica de olho na sua evolução e quando acha que está bom marca o dia para a prova e então você passa ou não de nível.
Não sou muito a favor das aulas em inglês. Tive dois dias aula com um professor que falava tudo em inglês, fiquei boiando legal. Não porque eu não entendesse, mas porque a pronúncia e formação da frase em sueco são bastante peculiares, e não tem porquê você prestar atenção duas vezes em algo que já entendeu: ele falava em inglês, para mim estava ok, porque prestar atenção no sueco?
É claro que toda a formação/educação depende muito do esforço do aluno. O que acho intrigante é que não há muita exigência (não havia) nas turmas de sueco para imigrantes em que eu estava. Estava tudo bem, se esse fosse seu terceiro ano de curso, sem problemas. Ainda no nível C depois de 4 anos? Sem problemas. Outra coisa é que não parece haver uma grade definida. Quem termina o SFI o faz porque consegue falar, ler e escrever sueco mais ou menos; não importando se você entende gramática ou não, se sua pronúncia é boa ou não.
Boa sorte com o holandês!
Abraços!
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