A Caipira e a Suécia

O primeiro e maior motivo que me levou a escrever o blog foi o que eu queria partilhar a minha experiência de/do mudar de país com outras pessoas, principalmente pessoas que tivessem o interesse de mudar para o mesmo país para o qual eu mudei. Depois eu percebi que escrever o blog era também uma forma de contar para todo mundo com quem eu tinha contato como é que vai a minha vida, o que deixa bem satisfeitas as fofoqueiras de plantão.

Fiquei bastante surpresa quando descobri que meu público não é somente formado pelo pessoal do Paraná e tampouco só de gente que quer mudar para a Suécia: tem gente que lê o blog porque acha engraçado, tem quem leia porque gosta de torcer pelo povo que mora fora do Brasil e tem que leia para descobrir como se “fisga” um sueco.

Como tenho recebido alguns e-mails decidi comentar três coisas que sempre aparecem no contexto/texto da mensagem. A primeira delas é como você foi parar na Suécia?

Eu me pergunto a mesma coisa. Sério: há três anos atrás eu estava preocupadíssima em comprar uma bota de cowgirl para mim – tava mais ou menos na moda, mas aconteceu mais porque eu tinha assumido meu lado sertanejo (tudo culpa de João Carreiro e Capataz). Se me perguntassem alguma coisa sobre a Suécia eu diria: fica na Europa e é a terra dos vikings –  provavelmente eu achava que aqui se falava alemão… Quando conheci o Joel não tinha nenhum plano mirabolante de mudar para a Europa, tanto que o pessoal tirava uma da minha cara (to sabendo que você vai mudar para a Suécia) e eu saía fora (somos só amigos).

Quando tudo mudou de figura – depois que decidimos namorar e com isso eu mudaria para a Suécia – não estava pensando uau! vou morar na Europa! Eu nunca tive um sonho de morar na Europa, sair do Brasil e experimentar a vida lá (aqui) fora. Eu queria viajar, ir para a Itália (ainda quero… uma vila com vinhedos, cidade bem pequena… pegar um carro e sair num passeio no campo para admirar parreirais e  parreirais de uva, quem sabe parar para um prova de vinhos e comprar um vinho bem gostoso. Me empaturrar de pasta em um restaurante onde todo mundo grita… ai ai) e visitar uma amiga em Portugal.

De repente eu estava de partida, mas meu objetivo com a mudança foi começar uma vida a dois, e dentro dessa perspectiva não há diferença com um casal de namorados de qualquer lugar do mundo. Muitas vezes quem me manda um e-mail diz: meu sonho é morar na Europa, como é a vida ai? Não sei se o povo não fica meio frustrado com a minha resposta, porque para mim a vida aqui não é diferente da vida que eu tinha no Brasil.

Vou explicar melhor: minha vida no Brasil era muito boa, e minha vida aqui é muito boa. Eu tinha família por perto, bons amigos, um bom emprego; não tinha stress com trânsito/transporte coletivo ou com segurança, e quando não tinha nada o que fazer pipoca e tererê resolviam todos os meus problemas. Aqui eu tenho a família por perto (do Joel que é minha também), alguns amigos e um bom emprego; tive que aprender a me virar com o trânsito e a tomar transporte público todo dia, não há grandes grilos com segurança. Comecei coisas novas – to estudando, falo sueco.

Existem diferenças gritantes: se eu morasse em uma cidade com 500 mil habitantes no Brasil não poderia viver sossegada como vivo aqui, e se eu trabalhasse menos de 40 horas por semana no Brasil também  não poderia pagar todas as contas. Mas isso é meio que óbvio, esperado; seu eu comparar o Brasil com a Suécia ele vai ganhar em uns pontos e perder em outros. O que eu quero deixar bem claro é que meu foco não é esse: eu não mudei para a Suécia porque minha vida no Brasil era ruim, não mudei para a Suécia porque eu queria ganhar dinheiro (se esse fosse o caso, eu diria que viver na Suécia é muito melhor do que viver no Brasil), não mudei porque eu quisesse experimentar o primeiro mundo, porque eu tivesse um sonho com expectativas de uma vida melhor… Eu tenho um sonho, mas é o de construir uma vida com uma pessoa especial – e isso vai bem, vamos casar, tô feliz; então morar na Suécia é bom.

Já escrevi isso em outros posts, mas não acho demais repetir: a vida é feita de coisas boas e ruins, alguns momentos difíceis e outros maravilhosos, e do meu ponto de vista isso não depende muito do endereço, depende da cabeça de cada um. Se eu quiser posso desfiar um rosário de dificuldades que eu passo por aqui – coisas que nunca nem imaginei na minha vida, e choramingar que tudo é tão difícil que não sei porque mudei… tô longe de casa e muitas vezes nem tenho colo para chorar… tadinha d’eu né? Ridículo gente. Da mesma forma acho que não preciso ficar dizendo que aqui é um mar de rosas, que tudo é lindo, que acordo pensando uau! que feliz! eu moro na Europa!

Não quero dizer com isso que to respondendo antecipadamente todo mundo que me faz, de uma forma ou outra, as mesmas perguntas. Até mesmo porque tem muita gente que comenta: fiquei muito tempo pensando em escrever, se você iria responder, blá blá blá… Nem sempre consigo escrever tudo o que quero no blog, e às vezes o que eu quero e penso que é importante não é exatamente aquilo que o fulano ou ciclano queriam saber. Então primeiro que deixei meu contato para que quem tem vontade escreva mesmo, e segundo, eu não sou nenhuma estrela, vou responder – às vezes com uma semana de atraso porque eu sou desleixada… mas eu vou responder!

Da mesma forma quem quer deixar coments deve deixar, sem se stressar muito. Conheci muita gente legal por meio do blog: gente que mandou e-mails e gente que deixou o contato em um coments. Isso foi muito interessante e me sinto animada quando posso ajudar alguém que estava com dúvidas – afinal eu tive muitas dúvidas e muitas pessoas me ouviram quando eu estava no status “mudando”. Agora é minha vez – uma coisa meio que corrente do bem, que dá realmente certo.

Enfim… é legal morar em Göteborg, é legal experimentar uma coisa inesperada, é muito interessante perceber que aterrissei em outro universo ainda que no mesmo planeta… por isso escrevo, deixo aqui minha impressões, mas não sou ou estou para exaltar o modo de vida européia.

Talvez eu devesse… mas ainda acho que meu vizinho parece bem humano, uma pessoa normal. Já o cachorro dele…

Diários de bicicleta

Três palavras para definir Göteborg: chuva, frio e reformas. Reforma de tudo: prédios antigos, dentro do shopping, nas ruas, nos trilhos de trem. A cidade de Gotemburgo (Göteborg é o nome sueco, Gothenburg o nome em inglês) não economiza com asfalto, rodovias, ferrovias, ciclovia, calçadas e tudo o mais: há placas e mais placas espalhadas por toda a cidade – que está cheia de máquinas, buracos e homens trabalhando para todos os lados – com dizeres como “Reforma dos trilhos em Gamlestan. Prazo de entrega: agosto de 2012”.

Na verdade, pra os lados de onde eu moro os trens elétricos pararam de circular desde 17 de junho justamente por causa das reformas entre Gamlestan e Angered. Pra ir para a cidade ou para ir para o mercado agora eu preciso tomar ônibus, o que me custa o dobro do tempo tanto porque o ônibus vai mais lento, quanto porque o ônibus percorre um caminho mais longo e quanto porque os ônibus não circulam com a mesma frequência do trem.

Vamos assim até agosto (mesmo) e por isso tenho usado a magrela: até o mercado são 10 minutos e até Gamlestan são 30. O lado positivo: nunca chego suada porque moro no morro e tanto para o lado do mercado (Angered) quanto para o lado da cidade (Gamlestan) vou só na banguela. Já para voltar… precisa coragem viu?

Ainda tô aprendendo a usar a bike aqui e apesar de a cidade ter ciclovias muito boas e bem sinalizadas no primeiro dia com a magrela rumo ao desconhecido me perdi: a ciclovia acabou e fiquei sem entender se deveria seguir a estrada mesmo ou o quê… fiz uma volta enorme e depois achei a estrada de novo. No caminho de volta para casa percebi que a ciclovia está interrompida apenas cerca de 300m; coisa que será resolvida em pouco tempo: Gotemburgo (assim como a maioria das cidades suecas) tem projetos para melhorar as ciclovias como forma de incentivar os cidadãos a usarem mais a bicicleta. Ainda que com algumas falhas, pedalar mesmo sem saber o caminho é realmente muito seguro: a cada cruzamento existem placas (às vezes  um pouco escondidas) orientando que o centro fica pra lá, o bairro tal para lá também mas o bairro X é para cá.

Outra coisa é que aqui todo mundo que sai de bike sai buzinando para todo o lado: existem marcas no caminho que apontam qual o lado dos pedestres e qual o lado dos ciclistas; invadiu o povo não tem dó e usa e abusa da buzina. Eu ainda sou meio insegura, às vezes quase paro a bicicleta para esperar alguém passar – acho meio desagradável aquele “tlim-tlim” constante.

Preciso providenciar três coisas para minha vida de ciclista ficar melhor: um bom  conjunto de calça e jaqueta a prova de vento e água (chove e chove aqui…); um banco melhor para a magrela e uma luz – que funciona a base do dínamo (se eu fosse sueca adicionaria a lista um capacete e um colete amarelo daqueles reflexivos!). Agora temos luz do dia até as 00 – isso mesmo, meia noite! Ontem voltando do trabalho as 22h ainda podia ver uma pontinha do sol que não tinha se escondido no horizonte – mas a partir de agora a luz vai diminuir e diminuir até que em dezembro a noite vai cair a partir das 15h.

Mas daí vai estar nevando (talvez) e o trem vai estar funcionando de novo – ainda bem!!

As flores de plástico não morrem…

Se tem uma coisa que marca muito a primavera/verão sueco são as flores. Tudo fica verde e a primeira coisa que explode para todos os lados são dentes de leão – que eu sei que em muitos lugares são vistos apenas como pragas, mas aqui na Suécia dão um toque todo especial para a paisagem. Depois vem os rododendros – tipo azaleias gigantes! – e por fim, as rosas em julho! Ano passado tirei um monte de fotos nas ruas para postar aqui no blog, coisa que nunca fiz…

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Então, quando mudei para o apê recebi a visita da sogra e claro, ganhei flores. Um tipo bem típico de flor de Natal (era dezembro) e uma orquídea. A flor de Natal logo morreu – e isso era esperado. Mas a orquídea também foi – em pouco tempo – e isso definitivamente não era esperado. Orquídeas funcionam muito bem em todos os lares suecos: basta regar com 3 colheres de água uma vez na semana – foi isso que me disseram – e deixar a planta próxima a janela e ela sempre estará bonita. Até conversei com ela, o que não definitivamente não impediu que ela “partisse”.

Depois disso sempre comprei buquês de flores – acho legal ter na casa, ou botões de rosa… até que na semana passada vi umas rosinhas (pés de rosa, não buquês) no ICA. Apaixonei. Comprei um dos vasinhos com maior número de botões, li as informações do frasco e estava muito feliz da vida esperando os botões abrirem. Até mostrei para minha mãe pela web cam, afinal eu tava para lá de entusiasmada com minhas recém adquiridas rosas amarelas.

Hoje elas estão murchas. Reguei e fiz tudo o que o rótulo dizia, mas acho que falta sol. Chove em Gotemburgo.

Lembram daquele filme “28 dias” com Sandra Bullock? Se você tem uma planta e deixa ela morrer não está pronto para ter um relacionamento sério com alguém. Espero que isso realmente não tenha nada a ver, senão lasquei-me. Nunca consegui cuidar de uma flor – nem aqui, nem no Brasil – e não to com vontade de começar terapia…

Comprar flores de plástico está absolutamente fora de cogitação. Acho que não há nada mais deprimente do que flores falsas que ficam empoeiradas e de cor esmaecida com o tempo.

Realmente não gostaria que minha rosa morresse. Alguma dica?

 

 

Pequenas Grandes Coisas da Minha Vida Sueca #18

Chove, chove e chove. Nada de anormal, afinal eu moro em Gotemburgo, uma das cidades com maior fama de “chuvosa” de toda a Suécia. A dificuldade é que como brasileira eu não cresci com essa de que não tem tempo ruim, e que não importa se faz chuva ou sol a programação vai ser a mesma; como brasileira eu cresci com o “se chove hoje vamos amanhã, ou no primeiro dia depois da chuvarada” porque esse dia vai chegar. Já na Suécia…

Final de semana rolou o Midsommar, e eu não festejei porque trabalhei todos os 3 dias do feriado. Festejar e festejar né; ano passado estavam 10 graus C e garoando e eu não achei graça nenhuma celebrar na “natureza” o solstício de verão (verão de 10 graus C!). Para mim o melhor do Midsommar foi o “snaps” ou o momento do brinde (todo mundo canta e ao fim de cada música tem que brindar! O brinde é feito com um martelinho…) mas esse ano nem pude participar. O “snaps” rola com um tipo especial de destilado – o brännvin – feito a base de batata, maçã ou flores.

O Midsommar é uma festa típica sueca que acontece a cada solstício de verão – lá pelo dia 20 e tantos de junho. Uma das regras do Midsommar é que não importa qual o clima, ele tem que ser celebrado fora. Eu não estava trabalhando em Gotemburgo, estava trabalhando em Halmstad mas lá também estava chovendo (uma pena, porque a cidade é cheia de praias de areia – coisa não muito comum na Suécia); o que significa apenas que o pessoal improvisou uma barraca – tipo aquelas típicas de festa do interior. Graças a Deus não ficou frio – a temperatura segurou nos 20 graus C – e todo mundo sentou para o tradicional middag do Midsommar – que tem que ter salmão (assado ou defumado – ou os dois), batatas e sill (conversa de peixe agridoce), além de ovos, knäckebröd (um tipo de pão muito duro), manteiga e queijo. Tem uma torta também, feita de peixe, que simplesmente não lembro o nome…

Eu fui convidada a participar da ceia mas eu não curto muito não. Não que a comida não seja saborosa, mas para mim comida tem que estar quente e o pessoal aqui não se importa um pingo se tudo esfriou… comi um bocadinho para não fazer desfeita mas fui para casa morrendo de fome!

Parêntese um: quando a gente trabalha como assistente pessoal significa que temos de estar disponíveis para acompanhar o “cliente” em eventuais viagens ou programas de fim de semana. O assistente faz o que o assistido e/ou família tiverem resolvido para a ocasião, mas não quer dizer que tudo possa ser de qualquer jeito: Halmstad fica a cerca de 150km de Gotemburgo – 1h e 15min de trem; como passamos o fim de semana tínhamos um apartamento onde podíamos ficar (já pensou viajar 2 horas de trem/ônibus por dia para ir e mais 2h para voltar do trabalho? Tá o pessoal de São Paulo faz isso, mas o resto pode imaginar?) além de um extra para comprar comida – o que significa que eles foram muito gentis ao me convidarem para a ceia. É isso mesmo gente, tem assistente que nunca é convidado a compartilhar do jantar! Cada um é responsável por levar a sua marmitinha e há tempo para comer, mas não significa que é o mesmo tempo em que todo mundo come. Sorte minha que não morro de amores pela culinária sueca, não posso me lembrar de uma só vez que sentei a beira da mesa e fiquei com água na boca sem poder experimentar um bocadinho…

Parêntese dois: quem quiser saber mais sobre as peculiaridades do Midsommar pode entrar no blog do pessoal listado entre os “Cumpadis e Cumadis”. Todo mundo que mora na Suécia participa do Midsommar de uma ou outra forma. Eu não li os posts de  todo mundo, mas sei que a Vânia deixou um vídeo da Små Grodorna (dança típica) e fotos e a Mari postou muitas informações sobre o significado da data; leia aqui e aqui.

Parenteses três: Halmstad é uma cidade de gente mal educada e de ônibus que atrasam… impressionante!

Lá ninguém dançou e nem foi olhar a dança – coisa que todo sueco faz: mesmo quem não dança a “små grodornatem que ir para o parque ou concentração olhar os outros pagarem mico dançarem. Bom, não fiz nem um e nem outro – sai do trampo direto para o McDonalds mais perto – não que eu goste, mas quando não há opção… afinal, em dia de véspera do Midsommar ninguém quer trabalhar e por isso o comércio funciona em horário especial e quase tudo está fechado muito cedo.

Falando em McDonalds um dia ainda vou escrever sobre os tipos de perguntas que o pessoal faz aqui quando está conhecendo gente nova – tipo você prefere McDonalds ou Burger King? (na Suécia existe o Max que é mesmo muito melhor e todo mundo ama, mas eles sabem que isso é uma coisa sueca)…

Fiquei pensando: o X da lanchonete da Bete contaria como quê?

Futebol na Suécia

A Suécia já foi desclassificada mas eu resolvi dar uma palhinha já que a Eurocopa me levou a desejar uma televisão em casa. Sim, eu funciono igualzinho a maioria dos homens: sempre vivi a minha vida muito bem e tranquila, até que fui na casa de um amigo e assisti futebol em uma TV grandona… passei a imaginar que seria maravilhoso ter uma igual na sala lá de casa. E daí seria legal trocar também o sofá, comprar as cortinas e…

Voltando ao futebol: a Suécia não é um país com uma louca paixão por esse esporte, tanto que nem participou da ultima Copa do Mundo e o melhor resultado dos últimos tempos foi o terceiro lugar em 94 – depois de ser eliminada pelo Brasil na semi-final… Aliás, o Brasil é a pedra no sapato da seleção sueca: quando eles quase chegaram lá em 58, perderam a final para nós.

Já quando o assunto é a seleção feminina de futebol os papéis se invertem: a seleção sueca está em todas, sempre disputando as finais contra os EUA, e é considerada, juntamente com Japão e os próprios EUA, uma das três melhores seleçoes do mundo. E a Marta, brasileira e melhor jogadora do mundo, joga aqui.

Apesar da Eurocopa ter acabado para a seleção sueca eles ao menos se despediram com um feito fan-tás-ti-co: meteram 2 golaços na França. A França deu mole e ficou o jogo inteiro brincando (os zagueiros apostaram numa linha de impedimento que funcionou só porque jogador sueco não consegue correr) depois de a Suécia ter perdido de virada tanto para a Inglaterra como para a Ucrânia; mas eu também acho que a seleção francesa não é lá aquelas coisas.

Os favoritos ao título são Espanha e Alemanha, sendo que também se classificaram para as quartas de final Portugal, Inglaterra, França, República Tcheca e Grécia. Quero deixar aqui o vídeo do gol do Zlatan sobre a seleção francesa, simplesmente porque foi de um primor:

 

Saudade do futebol brasileiro sabe? E eu acho errado quando algumas pessoas dizem que brasileiro só come e respira futebol, que não tem que se orgulhar, que tem que pensar na corrupção e em melhorar a política pública brasileira etc. Primeiro que para melhorar as últimas duas questões temos que sair do discurso e segundo, por que não ter orgulho das coisas boas que temos na nossa terra? Vocês não tem noção de como são duros esses pernas de pau europeus! Somos bons de futebol sim e tem que torcer e vibrar e saborear isso!

Se é para morrer por futebol já é outra história…

Formatura Sueca

Uma das primeiras coisas que você percebe em toda casa sueca é uma foto (como essa aqui ao lado) do próprio dono da casa ou dos filhos no dia da formatura de ensino médio, ou Studenten Dag em sueco.

O ensino médio sueco é chamado de Gymnasiet e também tem três anos de duração. A diferença é que os suecos tem no mínimo 18 anos quando tem o seu Studenten Dag: um dia marcado por muita festa – a começar por um café da manhã com champagne.

Completar 18 anos é um marco muito grande na vida de todo sueco: com 18 anos espera-se que você termine a escola (tenha seu Studenten Dag) e se mude da casa dos seus pais para dar início a vida adulta. Nem todo mundo muda de casa imediatamente após os 18 e os pais não costumam “expulsar” os filhos depois disso, mas então toda e qualquer regalia paga pelo pais é cortada, para que o jovem trabalhe e pague o que precisa por si mesmo. A partir dos 18 anos os suecos não são mais barrados em alguns bares (alguns não permitem a entrada de menores de 20 anos, e não permitir a entrada significa que há um guarda pedindo documento de identidade para qualquer pessoa que aparente ser de “menor”) além de obterem permissão de comprar cigarros e bebidas no Systembolaget.

Fonte: Amanda Astrid (blog)

Uma das características marcantes da formatura sueca é esse quepe que me lembra um uniforme da marinha. Na verdade, os meninos parecem mesmo oficiais, porque todo mundo usa terno no dia da formatura. As meninas também usam o quepe e um vestido branco – a maioria delas. Como estamos vivendo a época das formaturas, é muito comum encontrar garotas e garotos no trem com seu traje de formando. Quem contou uma experiência bem interessante com relação a um Studenten Dag foi a Nara do blog Moda Escandinava. Quem quiser conferir mais detalhes e fotos pode clicar aqui.

Fonte: Samntha Ericsson (blog)

A formatura propriamente dita acontece pela manhã (quase meio dia) e depois dela os formandos são recepcionados pelos pais, que esperam pelo filhotes com uma foto do formando quando bebê. Além disso o pessoal entrega ao formando flores e um monte de badulaques que serão pendurados no pescoço. Depois os formandos costumam desfilar num carro aberto, caminhão ou qualquer coisa pela cidade, cantando, gritando, apitando e fazendo todo o barulho possível.

Algumas famílias de formandos organizam e oferecem uma recepção para alguns convidados. Esse ano eu participei de uma delas e o que as pessoas fazem é sentar, conversar e comer. O formando pode receber os amigos na recepção ou pode fazer parte do grupo de amigos que fica pulando de recepção em recepção. Normalmente o pessoal encerra a noite com muita bebida e festa longe da família em alguma boate da cidade.

Parece meio absurdo o tamanho da importância dessa festa, mas por aqui tem muita gente que não cursa a universidade depois do ensino médio. Segundo o Instituto de Pesquisas Sueco, um em cada três estudantes não completam o ensino médio em 3 anos e por esse motivo quase 50% dos alunos (em algumas kommunas) desistem do curso. O que não significa que esses jovens nunca terminarão o ensino médio, mas tem muita gente que por não poder participar da festa decide por fazer um tipo de supletivo – o Komvux.

Como eu já comentei por aqui o ensino médio sueco pode ser profissionalizante. Em Göteborg é muito comum que os jovens façam um ensino médio técnico em mecânica de automóveis – afinal de contas, a Volvo Caminhões e a Volvo Carros tem indústria por aqui; e mesmo quem não opta por esse tipo de curso durante o ensino médio pode frequentar diversos cursos profissionalizante pós ensino médio, os chamados yrkesutbildning.

Mas e daí como é que tem tanta gente “rica” morando na Suécia? Como é que o pessoal aqui nem estuda e tem tanto dinheiro? Porque a distribuição de renda no país é mais uniforme. Só por curiosidade: quem trabalha na Volvo (carros) na linha de montagem (precisa apenas ensino médio completo) tempo integral tem o mesmo salário de uma enfermeira ou assistente social (universitário completo).

Aí faz muito sentido uma formatura com pompa e circunstância!

Göteborg News #03

To scaneando o note em busca de vírus e desinstalei uma porrada de programas que estavam esquecidos na minha maquininha desde que eu mudei – já saquei que não vou utilizá-los mesmo… O Google Chrome entrou na lista também, não porque eu queira deixar de usar o navegador mas porque estava muito lento. Até agora o scaning não acusou vírus, mas eu percebi que havia uma série daquelas “ferramentas de busca” no meio dos programas (aquelas coisas que não servem para nada além do que poluir o navegador e deixa-lo mais lento). O porque de toda a função é que meu perfil no facebook foi invadido por spam (tipo jogue poker online ou perca barriga sem esforço, clareie seus dentes, etc) e eu to tentando resolver o causo – já que não consigo contactar a ajuda do facebook.

Duas coisas me chamaram muito a atenção nessa semana nos jornais de Göteborg: a história dos pedintes do centro e do lixo na rua em Andra Långgatan (mais ou menos centro, uma rua importante de um bairro importante de Göteborg). Mas antes de falar disso, uma palhinha: estreei a bike na quarta, e pedalei mesmo longe demais para o primeiro passeio. Decidi que ia pedalar até no mínimo Gamlestan (8km) mas no fim fui até um poquito mais longe (10km). A magrela funciona muito bem, eu fiquei bem feliz, não me cansei muito, não tenho dores no corpo (em decorrência da pedalada) mas to com uma senhora dor na bunda – preciso trocar o banco da bici urgente!

Também fui no tal encontro de apresentação da escola e foi uma completa perda de tempo. Eu não sei porque eles (os suecos) fazem com que seja uma exigência você comparecer a escola 2 meses antes do início das aulas para assinar uma folha de papel e olhar para a página da escola na web. Ah, a gente também conheceu as saídas de emergência da escola e agora eu me sinto muito mais segura porque em caso de incêndio eu ainda vou me lembrar – daqui a dois meses -para aonde eu devo correr. Sem falar no pior: troquei de escola e a professora mala do SAS A tá incluída no pacote: sem mentira, a primeira pessoa que vejo quando coloco os pés na sala de introdução é quem? Quem???? Elaaaa. Ainda vou tentar trocar de escola.

O caso do lixo em Andra Långgatan. Fim de semana rolou uma festa de rua em Andra Långgatan, umas das ruas mais frequentadas por jovens em Göteborg (a maioria dos bares com cerveja boa e barata estão lá, então se você quer beber cerveja barata tem que chegar bem cedo para brigar por um lugar). Não encontrei maiores informações sobre quem organizou a festa e no final das contas a discussão começou porque a festinha rolou no sábado mas as ruas estavam cheias de lixo até a segunda de manhã.

Pra simplificar a história, alguém se indignou e ligou para a kommuna (tipo prefeitura) questionando porque ninguém apareceu para fazer uma limpeza cedinho já no dia depois da festa e recebeu como resposta um “a kommuna não foi informada a respeito do caso e não pode fazer tudo sozinha”. A resposta atravessada do responsável da kommuna gerou uma discussão e muita  gente mandou fotos para o jornal mostrando que a kommuna  não esta cumprindo o seu papel – no que concerne ao recolhimento do lixo – também nao se importa com o lixo espalhado pela ruas daqui e dali, que nesse parque não tem lixeiras, nos lagos e entornos blá blá blá e etc.

Uma das primeiras coisas que me impressionou quando mudei foi que sueco adora fazer pequinique, sair com uma marmitinha e sentar aqui e acolá ou simplesmentes comprar um lanche na rua ou comer um fika nos parques; e que a maioria do pessoal é super organizado e não deixa lixo depois que vai embora. Como toda regra tem exceção, sueco bêbado e festando é exatamente como qualquer povo bêbado festando. Quer ver lixo na rua é só dar uma passada na Aveny sábado ou domingo cedinho: garrafas, latinhas, sacolas, comida, tudo esparramado pelo chão. Como esse é um padrão que se repete a cada fim de semana a komunna dispõe de um pelotão especial para dar um uma boa faxinada na Aveny, afinal é uma das ruas principais da cidade; assim os turistas não veem o lixo.

Parece que esse detalhe também foi responsável por apimentar a discussão do caso de Andra Långgatan: por que alguns locais tem tratamento especial e outros tem de ser soterrados por lixo? Boa pergunta. Eu já comentei aqui no blog que o negócio aqui no bairro às vezes fica degradante, e nós também temos de esperar que a kommuna recolha tudo… depois de vários dias. Antes da reportagem eu imaginei que isso sempre foi assim porque é um bairro afastado, bairro de estrangeiros e etc e tal, mas o jornal mostrou fotos de bairros do centro da cidade e até de locais específicos do Slottskogen virados num verdadeiro lixão. A pior imagem na minha opinião é essa aqui: vaso sanitário ao lado do parquinho das crianças! Que nojo!

Fonte: Göteborgs Posten (www.gp.se)

Claro que depois de uma semana discutindo o assunto algum expert do jornal declarou que a população e a kommuna devem realizar um trabalho em conjunto para que a cidade fique mais limpa (cara… só um expert mesmo pra chegar a essa sábia conclusão!). A reportagem traz também a informação que a multa para o caso de pessoas que jogam lixo em local impróprio é de 800 koroas suecas (o equivalente a R$200) e que é aplicada pela polícia. Nunca vi um policial vigiando lata de lixo! E pensando bem, a imagem seria cômica…

Eu comentei no post sobre racismo que tem um monte de ciganos pedindo diariamente nas portas do Nordstan (o shopping que fica bem no centro de Göteborg). Hoje o GP apresentou uma reportagem com dados sobre essa “população de rua” formada principalmente por ciganos búlgaros: alguns dizem ter sido enganados ao mudar para a Suécia atrás de um posto de trabalho que nunca existiu e que não tem como voltar para casa; outros assumem que sempre pediram e que é o que continuarão fazendo.

Segundo o GP há indícios que os pedintes tem um grupo organizado, pois os mesmos são deixados por um carro nas proximidades do Ullevi pela manhã e recolhidos pelo mesmo carro ao entardecer – informação que é confirmada pela polícia. Pedir não é ilegal na Suécia (desde que você não esteja sendo obrigado a fazer isso por outro) e a polícia não pode prender e enviar de volta (a Bulgária, no caso) cidadãos europeus só porque eles estão pedindo.

Para mim o grupo realmente cresceu e ficou mais ofensivo: houve um tempo em que eles apenas sentavam as portas do Nordstan ou tocavam algum instrumento dentro do spårvagn, agora eles literamente correm atrás de você pedindo sua comida, sua lata de refrigerante ou qualquer lata de alumínio (você recebe uma coroa sueca por cada lata devolvida em estações de reciclagem) ainda que você não tenha terminado de beber; e dinheiro. Alguns apresentam papéis que supostamente são atestado da doença de uma criança ou de uma cirurgia.

Sou contra a políticas de dar esmolas. Mesmo que não houvessem suspeitas de que eles são um grupo de pessoas que trabalham pedindo, ou pior ainda se há um grupo de pessoas sendo obrigadas a pedir, aquela moedinha que deixamos não é caridade, não ajuda a pessoa a crescer e melhorar na vida. Só não entendo porque a kommuna não fez nada ainda a respeito disso também…

Ou será que os ciganos estão na mesma conta do lixo das ruas?

Pequenas Grandes Coisas da Minha Vida Sueca #17

Esses dias me peguei pensando que não tenho ideia se os “episódios” de “Pequenas grandes coisas da minha vida sueca” estão numerados corretamente… Ainda não conferi, e se de repente o próxima capítulo for o número 33 não se assustem!

Ainda com relação ao blog, gostaria de pedir de novo para os leitores deixarem um coments sobre o novo tema/aparência/layout. Nem percebeu que o tema mudou? Legal, isso significa que meus textos são tão fascinantes que nem deixam que o leitor percebam qual a moldura… hahahaha! Eu to insistindo nisso porque é muito difícil eu receber críticas negativas aqui no blog – é sempre: seu blog é muito engraçado, você escreve muito bem, que linda sua história, que linda você é… ahh! Eu sou super né? Não que eu deseje que apareça alguém para furar os meus olhos e esmagar a minha auto estima, é que também é muito legal quando alguém deixa feedbacks construtivos. Pode ser, por exemplo, assim: Oi, adoro o seu blog mas…

Estou com saudades pacas do Brasil. Não do Brasil-Brasil, mas parafraseando a Maíra Albuquerque (menina, adorei o que tu escreveu sobre isso no Facebook!) TO COM SAUDADE DO MEU BRASIL! Sim, leitores de Maripá-Paraná, morro de saudades dessa “vila”, do leitE quentE esquenta a gentE, churrasco e bla bla bla etc e tal. Já escrevi isso aqui tantas vezes que até parece ladainha de missa, mas acredito nunca ser demais repetir que, apesar de ser uma princesa morando em um reino, minha vida não tem nada de conto de fadas. Esses dias me bateu uma saudade enorme de salão de beleza!

Por exemplo, é uma questão de senso comum que todo mundo que muda para a Europa começa a viajar mais; e isso está certo. Faz parte do mesmo senso comum que o viajar mais está relacionado a ficou rico; e isso está errado. Não posso dizer que meu salário é igual ao que eu ganhava no Brasil, porque não é. É maior o salário e o custo de vida também: aluguel custa no mínimo o dobro (triplo ou quadruplo se calcular pelo tamanho do apê que você ta alugando), a gasolina a R$4 pilas o litro e fazer uma obturação no dentista sai por no mínimo R$250 (por cárie, não por dente). Uma das primeiras coisas que a gente nota por aqui é a enorme quantidade de gente com dentes amarelos e tortos: amarelos por conta do “snus” e tortos porque eles preferem viajar a ter um “sorriso colgate”. Não tenho cárie e meus dentes são perfeitos, já meu cabelo…

Já reclamei em alto e bom tom – inclusive dediquei um post inteiro a esse “problema cabeludo” –   que os produtos para cabelo aqui – além de caros – simplesmente não combinam com meu humor: eu compro, uso duas ou três vezes – e meu cabelo fica bonito, a partir da quarta vez volta a paiosidade de sempre… Minha longas madeixas estão tão secas que não posso usar meu cabelo solto! E qualquer hidratação que você escolha num salão meia boca aqui custa no mínimo 300 pilas (por causa do tamanho do meu cabelo). A equação aqui se torna a seguinte: gastar 300 pilas para arrumar o cabelo ou comprar uma viagem de 3 dias para a Espanha pelo mesmo valor?

Fomos convidados para dois casamentos – os dois em agosto – e desde abril to procurando algum vestido bonito para a ocasião. Difícil, porque a moda sueca não caiu no meu gosto principalmente devido a questão das cores serem muito pastel. Agora no verão as vitrines deram uma colorida legal num movimento que eu nomeei de “restart sueco”: azul royal, rosa choque, verde limão, amarelo e laranja de trabalhador de rodovia… mas tudo o que é formal e festa tem as cores de sempre. Suecos tem um medo danado de estampas também, então o que você mais vê por aqui é o xadrez e listrado, qualquer coisa fora disso é muito simples, tipo verão, ou muito louca, tipo uma coisa para usar numa balada ou o quê, quando sua intenção é aparecer.

O tamanho europeu também é cruel com meu corpito: o 34 fica bom no busto, o 36 no corpo e o 38 na bunda. Com o 34 o busto fica perfeito, a questão é apenas quanto tempo eu aguentaria sem respirar ou respirando moderadamente – sem contar que eu pareço ter uma bunda de tanajura… O 36 fica um pouquinho grande nos seios, mas acho que daria para disfarçar legal usando dois sutiãs; ok no corpo mas a bunda ainda fica marcada demais. Se eu comprar o 38 fica mais ou menos legal na cintura e não marca tanto a bunda, mas então tenho de comprar enchimento para os seios. A maioria dos vestidos que não acompanham o corpo são bem esvoaçantes e cheios de “rabos” (como diria a minha mãe): um lado é mais comprido, ou atrás é mais comprido que na frente, ou o modelo tem várias pontas… Que saudade dos meus vestidos sob medida, lindos e floridos feitos pela minha mãe!!!

A vida é dura não?

To cansada pacas, trabalhei todos os dias no mínimo 5 horas desde a terça feira passada, e hoje ainda tenho que ir para a escola porque vai rolar a apresentação do curso de sueco do próximo semestre. Sorte que é o último curso que eu tenho que frequentar, porque mudaram minha escola lá para o caixa prego – 30 minutos de trem – e não me deram chance de trocar para uma escola mais perto daqui – apesar de ligar direto para o Vuxutbildning e chorar as pitangas.

Ta rolando a Euro Copa e com isso matei minha vontade de assistir futebol. Sério, adorei perder 90 minutos olhando um monte de homens correndo atrás de uma bola. Assisti Portugal e Alemanha (0x1), Itália e Espanha (1×1) e Suécia e Ucrânia (1×2). A Suécia perdeu depois de uma virada espetacular da Ucrânia, e eu percebi que mesmo num país que não tem no futebol um time forte e nunca ganhou uma Copa do Mundo que o pessoal pára tudo para assistir, compra camiseta, vai para os bares, torce, vibra e fica triste porque o único cara bom de bola do país (Zlatan) não consegue levar o time nas costas afinal. Apesar disso tudo, ninguém fala de outra coisa e realmente acredita que o time furreba da Suécia pode bater a Inglaterra na próxima sexta.

O otimismo sueco é mesmo inacreditável…

Concurso de textos do Borboleta

Faz mais  ou menos um mês escrevi um texto para o concurso “Uma Música, Mil Lembranças” do blog Borboleta Pequenina Somniando na Suécia. O concurso terminou em 31 de maio e agora rola a votação, o texto preferido da galera vai ganhar uma tela muito linda!

Quando escrevi o texto não pensei em ganhar a tela mas sim em tentar colocar em palavras uma época especial da minha vida. Foi muito legal escrever um texto para o blog de outra pessoa e receber críticas boas a respeito dele. Por causa disso decidi deixar aqui um pedacinho dos textos que participaram do concurso, e quem quiser pode entrar no blog da Somnia e votar no seu preferido. O objetivo do concurso era o de contar lembranças referentes a uma música que fez parte de uma época especial da vida do autor.

Não estou pedindo votos (acho que ganhei uns 3 votos até agora) mas quem quiser conhecer um pouco da minha história com o Joel, pode dar um pulinho no link que vou deixar abaixo. Aqui vai um cadinho de cada texto – após o nome do autor e a da música que inspira as lembranças:

Texto 1  Que sorte a nossa hein? (autor Ricardo Perez, música “Ai,ai,ai,ai” Vanessa da Mata)

O relacionamento deles havia acabado há pouco mais de um mês. Programada para ser a comemoração de 4 anos juntos, a viagem não foi cancelada e ambos acharam que tudo bem. Tinham sido felizes juntos mas o que fazer se não dava mais certo, se as brigas tinham se tornado mais frequentes que os bons momentos, se havia tantas outras possibilidades, tantas outras paixões perdidas por aí, tantos outros corpos a serem descobertos? Então, pegaram o avião com a certeza de que tinham o que festejar. Seria um final feliz.(para ler o texto na íntegra clique aqui)

Texto 2 Escorrendo pelos dedos (autora Ingrid K Lima, música “Slipping trough  my fingers” ABBA)

Parece que o tempo passa cada vez rápido, o tempo escorrega pelos meus dedos. Sinto mesmo que foi ontem que eu vim ao mundo, mas se páro para pensar que já fazem 12 anos que estou vivendo simplesmente não acredito. Se pensar que apenas poucos anos atrás que eu queria estudar no colégio que estou hoje e isso já correram dois anos. Quando me lembro que queria viajar para vários lugares para os quais já viajei. As emoções que eu vivi, as pessoas que eu conheci, tudo isso é fantástico! (para ler o texto na íntegra clique aqui)

Texto 3 The Story (meu texto povo! Música “The Story” Brandi Carlile)

Foram sete meses até nos reencontrarmos, sete meses marcados por ansiedade, impaciência, insegurança, “The Story” e uma santa loucura. Uma loucura movida por lembranças fantásticas – de um amor de verão; pela certeza de que ele me conhecia como ninguém apesar do curto tempo em que estivemos juntos e pela necessidade que eu tinha de dizer para ele: “aquelas semanas maravilhosas não eram uma fantasia, elas são uma verdade porque eu fui feita para você”. (para ler o texto na íntegra clique aqui)

Texto 4 A história da amor entre Pingo e Laura (autora Nina Sena, música “Com minha mãe estarei”)

Eu adoro lembrar da minha avó. Porque foi com ela que senti amor pela primeira vez na vida. Foi ela, com seu jeito simples de mulher interiorana e lutadora e mãe de uma penca de filhos e avó de uma porrada de moleque, quem me ensinou sobre cuidar do outro, sobre solidariedade e amar a todos sem fazer desdén de ninguém. Eu nunca havia pensado nisso, mas foi vovó quem me ensinou o dom de ser generosa. Ela repartia o amor tão bem entre os netos quanto a sopa que sempre fazia em quantidade bem maior que precisava porque sabia que sempre iria aparecer alguém na sua porta com fome. Esse amor era tão bem distribuído que se você perguntasse pra cada um dos netos quem era o mais querido da vovó, cada um iria dizer: eu mesmo, claro! (para ler o texto na íntegra clique aqui)

Espaço para comentar: eu chorei quando li esse texto da Nina, na minha opinião foi lindo demais e o melhor de todos. Quem não lembra das músicas de Maria na infância?

Texto 5 Já sei namorar ( autora Beth Lilás, música “Já sei namorar Tribalistas”)

Quando eu era menina, formava com minha irmã e mais duas amiguinhas um quarteto a que denominamos  “Quarteto fora de si” parodiando um famoso daquela época chamado “Quarteto em Si”, e eu sempre ficava com a voz aguda e estridente da boa soprano que era, ou melhor, achava que era. Cantava muito, parecia uma cigarra durante o dia e também inventava palavras em inglês que eram bem parecidas no som com as originais, já que eu não manjava nada daquela língua.  Era tão divertido cantar com as amigas ou mesmo sozinha em casa, no quarto, no banheiro, em banhos demorados em tardes quentes de domingo. Coisa boa, tempo bom! Babaluuuuuuuuu! (para ler o texto na íntegra clique aqui)

Texto 6 Os verdes campos da minha infância (autora Irene Cechetti, música “Os verdes campos da minha infância” Agnaldo Timóteo)

Nos sábados e domingos a escola se transformava em um salão de baile. As carteiras eram encostadas e a música tocada por instrumentos musicais como a sanfona, violão e pandeiro que animavam os pares dançantes. Foi num desses bailes que conheci meu primeiro namorado. Uma paixão, um amor puro e verdadeiro que meu pai, um italiano ciumento e brigão, de uma maneira violenta, dando um soco na cara do “meu príncipe encantado” colocou um ponto final no romance. (para ler o texto na íntegra clique aqui)

Texto 7 Até mais ver (autora Daniela Barbagli, música “Até mais ver” Trio Virgulino)

Era algo transcendente que ditava o ritmo dos passos numa sintonia sem igual. A felicidade estava no ar. Num desses momentos mágicos, quando o sol estava quase a raiar, a música parou. O silêncio da caixa de som não interferiu no ritmo do salão. Com o céu clareando, continuamos dançando ao som de nossos próprios passos: dois pra lá, dois pra cá; dois pra lá, dois pra cá… a areia trazida das dunas fazia um chiado difícil de resistir. (para ler o texto na íntegra clique aqui)

Gostou de algum dos textos? Clique aqui e deixe seu voto na enquete que aparece ao lado direito da página!

Vi ses!!

De Assistente SOCIAL para Assistente PESSOAL

O assunto de hoje é trabalho!! Mas primeiro: estou experimentando o novo tema do blog e gostaria que o pessoal deixasse nos coments um “o que estou achando desse novo visual”. Ainda gosto mais do tema antigo mas ao mesmo tempo acho que esse aqui é mais simples tanto no que diz respeito a navegação quanto no que diz respeito a facilidade de acesso e de visualização dos posts. Digam se ficou mais fácil comentar também!

Så där… (então é assim) em julho do ano passado eu consegui o meu primeiro emprego aqui na Suécia – que foi como Marinete (faxineira) – e quase que na mesma semana (acho que apenas um 3 ou 4 dias depois) consegui fazer um teste como assistente pessoal, no que eu tenho trabalhado até hoje. Às vezes quando alguém me pergunta o que eu to fazendo aqui eu digo “Sou assistente pessoal” e o fulano já responde “Que bom, tá trabalhando na sua área então…“; e simplesmente não: assistente SOCIAL (socialsekreterare em sueco) é uma coisa, e assistente PESSOAL (personlig assistent em sueco) é outra. .

Talvez essa confusão tenha a ver com o fato de que a Suécia não fica na Suíça mas mesmo assim ainda me perguntam se o chocolate aqui é bom e se eu já falo alemão… Primeiro que para ser assistente social (tanto no Brasil quanto na Suécia) é preciso obter um diploma de bacharel em Serviço Social – no Brasil – ou de Socionom – na Suécia. Para ser assistente pessoal não é necessário um curso universitário mas sim paciência e vontade de trabalhar com pessoas doentes, idosas e com deficiência (física e/ou mental) – ou seja, assistente PESSOAL está mais para a área de saúde.

Cursei a universidade durante 4 anos e obtive meu diploma de Serviço Social, tendo trabalhado durante 5 anos como assistente social de prefeitura. Assistente social definitivamente não cuida de pessoas, assistente social é para auxiliar indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social a ter conhecimento e acesso aos seus direitos tendo como objetivo maior a superação da situação de vulnerabilidade/risco. Mais ou menos grego, não? Certo, vamos focar somente no fato de que assistente social não cuida de pessoas e que não trabalha individualmente.

Assistente pessoal é só simplesmente alguém para cuidar de uma pessoa. O assistente pessoal vai estar ao lado de um indivíduo e ajudar ele/ela a realizar as tarefas do dia-a-dia: fazer comida, comer/beber, organizar a casa, ir ao supermercado, tomar um ônibus, ir ao banheiro, tomar banho, se vestir, tomar remédios na hora e quantidade certa.  O trabalho que um assistente pessoal vai desenvolver depende somente do grau de dependência da pessoa com quem ele trabalha (que recebe o nome de brukare): algumas pessoas recebem assistência de apenas algumas horas por dia, enquanto outros dependem de assistentes 24 horas.

Não penso que seja difícil ser um assistente pessoal na Suécia. Para conseguir um trabalho como este basta falar sueco e ser simpático (consegui meu trampo mais por ser simpático do que por dominar a língua =). Além disso, existe uma rede de organizações que trabalham em benefício do brukare, assim quando este precisa de órteses e próteses; ir ao dentista, médico ou psicólogo; trocar a cadeira de rodas ou consertar o óculos basta ligar para a pessoa responsável e tudo será arranjado. Uma dessas organizações é o Hjälpmedelcentralen (centro de aparalhos de ajuda – mais ou menos), que trabalha com as cadeiras de rodas (rullstol), lampadas de laser (peklampa) que são utilizados pelos deficientes que não podem falar e usam a linguagem “Bliss” e com o “lyften” (um aparelho que parece um guincho utilizado para auxiliar os assistentes a mover o brukare da cama para a cadeira de rodas, por exemplo, de forma que não é necessário ser forte e carregar um indivíduo que não pode se sustentar nas próprias pernas), entre outras coisas.

Ainda que o brukare seja muito doente e extremamente dependente sua assistência será garantida pelo governo. O atendimento a saúde não é gratuito na Suécia, mas as consultas tem um preço acessível a todos e se você tem algum tipo de doença ou o quê que te leva a gastar mais de mil coroas por ano com o atendimento de saúde você recebe o dinheiro de volta por meio do imposto de renda; ou por meio de um cartão chamado “frikort” deixa de pagar pelas consultas a partir do momento em que o cartão mostra que a marca de mil coroas foi alcançada. Existem taxis especiais para usuários de cadeiras  de rodas (färdtjänst), e esse tipo de taxi tem um preço fixo e  bem menor do que os demais. Ainda, os assistentes pessoais não são pagos pelo usuário, e sim pelo INSS sueco (Försäkringskassan).

Eu já enviei os meus documentos da graduação na universidade traduzidos para a Högskoleverket e só estou esperando a resposta deles para tentar conseguir o meu diploma como assistente social por aqui. Para isso, preciso também terminar o SAS 2, o que vai acontecer talvez em dezembro desse ano. Então, não há pressa em obter a resposta da Högskoleverket, pelo menos ainda não.

Fica talvez para o ano que vem voltar a ser assistente SOCIAL e deixar de ser assistente PESSOAL…

Göteborg News #02

Eu estava pensando que gostaria de escrever mais no blog, ainda mais quando eu conheço pessoas que escrevem todos os dias. Encontrei (na verdade, foi ela que me encontrou) uma parceira blogueira aqui de Göteborg que acabou de completar (ontem) um ano de Suécia. Fiquei super feliz em conhecer o blog dela – ainda não nos encontramos mas já estamos planejando um café – porque ela consegue escrever muitas das coisas que eu queria mas nunca tenho tesão nem disciplina para, tipo sobre os cafés de Göteborg, restaurantes, lugares, blá blá blá. Quem quiser conferir dê uma passadinha no Diário de uma Teimosa – ou melhor, da Vânia.

E antes de entrar no assunto do Göteborg News de hoje, gostaria de deixar um recado e um feedback para os leitores do blog: tenho recebido e-mails que comentam da dificuldade de deixar comentários por aqui. Gente, eu não sei porquê, já mexi nas configurações de coments e deixei o mais simples possível. Quando comecei o blog foi pura barbeiragem porque era eu que esquecia de acionar a caixinha do tal “permitir comentários” mas agora não posso entender o que seja. Eu também tenho dificuldade de comentar em blogs do Blogger e penso que talvez seja algum tipo de rixa virtual isso: quem é usuário Word Press tem mais facilidade aos blogs de usuários do Word Press e o mesmo acontece entre usuários do Blogger. Dai lascou-se né? Uma vez que a maioria do pessoal que conheço tem Blogger…

Enfim, para tentar melhorar isso e deixar os leitores mais a vontade resolvi mudar a aparência do blog – alguns temas tem os controles da página bem mais acessíveis e permitem mais funções, então não se assustem se a página estiver com um visu diferente na próxima vez que vocês acessarem.

Parada Gay de Göteborg: Mesmo não sendo ativista da causa gay (acho que sou ativista apenas da minha própria causa) achei que seria muito legal compartilhar essa aqui no blog. Não apenas porque foi um grande e importante evento na agenda da cidade de Göteborg como também porque foi a primeira vez que participei de uma coisa assim.

Participei e participei né. Estava na cidade no domingo – quando a parada aconteceu – e encontrei com amigos que estavam indo para a concentração. Sim eu tenho amigos e amigas homossexuais aqui, e foi graças a eles que aprendi que esse tipo de gente é apenas gente como a gente e não morde – mas esse papo é pra depois… Conversa vai, conversa vem, acabei por ir junto com eles para a concentração e fiquei ali observando o pessoal chegar e organizar “os pelotões da parada”. Fui junto com a galera uns 200 metros e depois fui para casa – ainda tava morrendo de cansada e definitivamente nem um pouco afim de caminhar os outros quase que mil metros até o ponto final.

Eu sei muito pouco acerca do universo gay, mas achei extremamente interessante o que vi aqui em Göteborg durante a parada. Primeiro, que a “parada gay” aqui não chama “parada gay” e sim Parada Arco-Íris (Regnbågsparaden). A semana passada foi a semana do Festival HBTQ (numa tradução literal: gays, lésbicas e simpatizantes) e por toda a cidade foram espalhadas bandeiras com as cores do arco-íris (os ônibus e spårvagn’s também tinham) ao mesmo tempo em que ocorriam seminários sobre homossexualismo e pequenos shows com artistas gays. Foi uma verdadeira Semana Arco-Íris.

O tema da Semana Arco-Íris de Göteborg desse ano foi “Vamos colorir Göteborg”, numa alusão de que Göteborg precisa estar mais colorida e feliz – acho que faz imensamente bem para uma cidade tão preto e branco como Göteborg receber um pouco de colorido. Não é a toa que usamos expressões do tipo “a coisa está preta” para situações ruins e dizemos que “o mundo está muito mais colorido” quando nos sentimos felizes. Pra quem não sabe, o termo gay no inglês é nada mais nada menos do que “feliz”, e acho que fica bem claro porque os homossexuais acabaram por receber essa nomeação.

Ok, se você tem uma imagem ruim a respeito dos homossexuais, eu peço para deixar de lado por um momento. Também tive uma imagem depreciativa dos gays a vida inteira: vivi numa cidade pequena em que todo mundo conhecia todo mundo e vocês podem imaginar o que aconteceu quando derepente um rapazito resolveu sair do armário e mostrar toda a “gayseza” dele. Eu nunca sabia se era para rir – porque ele abusava do cabelo vermelho, roxo, roupas extravagantes – ou para chorar – porque todo mundo sabia que ele tinha sido expulso de casa e que o pai dele batia nele se ele tentasse visitar a mãe e os irmãos.

Nem preciso mencionar a questão de que a cultura brasileira reforça isso, afinal, todo mundo sabe. O fato é que cheguei na Suécia pensando o seguinte: não tenho nada contra gays, mas nada a favor também. A gente é bobo pra caramba né? Tudo bem, vocês não, mas eu fui (e ainda sou) muito arrogante pensando que de alguma forma teria que dar a minha aceitação para as escolhas de vida de outras pessoas. Caí do cavalo: uma das primeiras pessoas que conheci por aqui é gay e simplesmente maravilhoso. Em poucos meses me vi cercada por tantos gays que são tão “pessoas normais” que mudei minha visão de mundo sem esforço e sem perceber.

Acredito em Deus e na doutrina da igreja, mas simplesmente deixo para Deus julgar o que é certo ou errado. Aprendi uma coisa muito legal com meu amigos/as gays: amar todo mundo, indiferente das escolhas. Não vou e não quero fazer uma pregação, mas penso que a Igreja Sueca faz um trabalho lindo acolhendo os gays (inclusive a Igreja Sueca é uma das organizadoras da Semana Arco-Íris) que vai exatamente de encontro com o ensinamento de Jesus Cristo, ensinamento de amor.

Segundo o GP mais de 9 mil pessoas participaram da parada. Eu nunca fui a uma parada desse tipo no Brasil, e não sei se posso acreditar no que vejo na televisão, mas sempre me pareceu que o negócio era como que uma grande festa. Por aqui era só um mundo de gente caminhando segurando bandeiras com as cores do arco-íris, com música (mas uma música lagom), sem alcool, sem gritaria; famílias, pessoas idosas, deficientes, crianças em carinhos de bebês ou caminhando com seus passos curtinhos lado a lado com homens de mãos de dadas e mulheres de mãos dadas.

Não é que a Suécia seja um mundo perfeito, aqui também tem muito preconceito contra homossexuais. A polícia já ajudou a deportar estrangeiros gays de volta para países como o Irã, Iraque e Somália – onde ser gay é ser condenado a pena de morte. Mas a sociedade sueca quer conversar, esta aberta ao diálogo e quer melhorar. Existem algumas pessoas no Brasil que estão tentando estimular o diálogo e a discussão a respeito do homossexualismo e eu recomendo que quem quiser e puder deve acompanhar o site da “Rose e Ann” (nomes fictícios, elas assinam apenas R. e A.) Nossa Colcha de Retalhos, que traz muita informação sobre o universo gay. A falta de informação aumenta o preconceito e tem muita gente que quer distância de homossexuais por imaginar que ser gay é contagioso.

E é, de certa forma: o movimento gay tem cores contagiantes…

Fonte: Sveriges Radio

Despedida de SolteirA

Oii povo! Ontem foi a despedida de solteira da Anna (nome fictício, bem sueco! hahá) – uma sueca que eu considero minha amiga. Como comentei no post passado despedidas de solteiro são levadas muito a sério por aqui, e para complicar descomplicando vou explicar que a despedida de solteira da noiva tem o nome de möhippa, e a despedida de solteiro do noivo de svensexa. 

Foi a primeira möhippa “oficial” que participei. Digo “oficial” porque da primeira vez que estive na Suécia fui ao casamento da Ellinor e a irmã dela preparou uma mini despedida de solteira dois dias antes do casório. No fim das contas fomos parar numa sauna e essa história eu contei aqui nesse post.

Já em relação a esta möhippa a coisa foi muito diferente e começou a mais de um mês atrás (o povo aqui é traquino pacas, maior organização): desde abril eu estava sabendo que a data da despedida de solteira da Anna seria em dois de junho. Foi criado um grupo no facebook e então as ideias começaram a pipocar. Como eu sou principiante, fui apenas seguindo a discussão. Em meados de maio o roteiro estava definido e todo mundo sabia o que aconteceria, menos é claro, a noiva. Tanto a möhippa quanto a svensexa costumam ser uma surpresa para a vítima. O termo talvez não seja apropriado no caso das noivas, mas os noivos pagam cada mico!

Cada participante deveria levar um presentinho para a Anna, e escolher entre fazer um bolinho para o fika ou levar um presentinho de sacanagem. Eu como não entendi que tinha de escolher um ou outro fiz uma máscara de carnaval e um bolinho. Nem deu nada, o pessoal achou muito bonitinho que eu tava lá (ah, que legal uma brasileira!). Agora, sem mais delongas, vou a um resuminho dos fatos:

– a noiva chegou de olhos vendados, e daí todo mundo usou o famoso “surprise” quando ela tirou a venda. Imediatamente ela teve de trocar das roupas normais para um vestido tipo anos 80 (de cetim) e usar uma faixa de miss (I’ll get a married – eu vou me casar), uma tiara com os mesmos dizeres, um daqueles anéis de boate que piscam e etc;

– cada um se apresentou, bebemos, comemos o fika e ela abriu os presentes;

– na sequência rolou um quiz com perguntinhas sobre a história do casal que foi demais porque a resposta certa não era exatamente a resposta correta mas responder a mesma coisa que o noivo já tinha respondido (por e-mail). Coisas do tipo qual a roupa que vocês usavam no dia do primeiro encontro? Eu não saberia responder (o que o Joel diria?)! hahaha… foi hilário.

– ela recebeu uma sacola com todos os presentes de sacanagem que fizemos, uma caneca de pedir esmola e um cordão com os prêmios. O objetivo era que por 5 koroas (colocados dentro da caneca) qualquer pessoa compraria um bilhetinho com o qual poderia ganhar um dos presentes de sacanagem, um pedaço do vestido dela ou uma dança. Para a execução da dança havia três opções: balé, break/disco ou robô.

– ela também recebeu três provas: tinha que tirar fotografias ao lado de 5 coisas que lembrassem o noivo; perguntar a cinco casais qual era o segredo para um relacionamento feliz e tirar fotos nas estátuas mais famosas de Göteborg (Posseidon, Gustav Adolfs e Kopparmärro).

– a partir daí saímos para o centro e caminhamos, a noiva pedindo as 5 koroas da rifa (algumas pessoas participam e são muito legais, já outras…), dançando, tendo o vestido picotado (os vestido estava sobre outras roupas, ela não ficou pelada – nem meio pelada), tirando foto com as celebridades acima citadas e tals.

No caminho encontramos outra möhippa e mais duas svensexa que estavam rolando na Aveny. Um outro local em que eu já vi o desenrolar dessas despedidas de solteiro é o Slottskogen, mas o pessoal caminha a cidade inteira, então começa lá e termina não sei onde e vice-versa. Ontem uma das svensexa tinha um ônibus inglês vermelho… e na outra o noivo tinha uma cueca amarela na qual estava escrito “5 koroas”. Não, não era a cueca que valia isso, mas sim o aluguel da tesoura para você cortar um pedaço da cueca onde você quisesse…

Depois de cumprir todas as tarefas, nos reunimos em um restaurante e tivemos um jantarzinho, mas a galera iria terminar o dia no Liseberg, eu que não fui porque tava pregada e iria começar as sete da madrugada no trabalho hoje. Eu queria deixar umas fotos mas primeiro tenho que pedir a permissão da minha amiga (não é legal postar fotos dos outros sem perguntar!).

Foi um dia muito gostoso. Sim, o retetê começou as 11h e eu fui embora quase 20h e o pessoal ainda estava animado.  Algumas moças tinham espumante e beberam durante o dia, mas a maioria ficou mesmo na água, cafezinho e uma taça de vinho no jantar. Tudo muito lagom, nada de gritaria e humilhação – isso fica mais para uma svensexa mesmo.

A Josy (do blog Enfim Suécia) comentou que a cunhada dela estaria preparando uma möhippa para ela. Espero que o pessoal seja maravilhoso contigo como foi com minha amiga Anna ontem! Eu já tô ansiosa pensando o que será que o pessoal vai aprontar comigo!

Só tenho pena do Joel…

Advinha quem é o noivo?