Göteborg News #02

Eu estava pensando que gostaria de escrever mais no blog, ainda mais quando eu conheço pessoas que escrevem todos os dias. Encontrei (na verdade, foi ela que me encontrou) uma parceira blogueira aqui de Göteborg que acabou de completar (ontem) um ano de Suécia. Fiquei super feliz em conhecer o blog dela – ainda não nos encontramos mas já estamos planejando um café – porque ela consegue escrever muitas das coisas que eu queria mas nunca tenho tesão nem disciplina para, tipo sobre os cafés de Göteborg, restaurantes, lugares, blá blá blá. Quem quiser conferir dê uma passadinha no Diário de uma Teimosa – ou melhor, da Vânia.

E antes de entrar no assunto do Göteborg News de hoje, gostaria de deixar um recado e um feedback para os leitores do blog: tenho recebido e-mails que comentam da dificuldade de deixar comentários por aqui. Gente, eu não sei porquê, já mexi nas configurações de coments e deixei o mais simples possível. Quando comecei o blog foi pura barbeiragem porque era eu que esquecia de acionar a caixinha do tal “permitir comentários” mas agora não posso entender o que seja. Eu também tenho dificuldade de comentar em blogs do Blogger e penso que talvez seja algum tipo de rixa virtual isso: quem é usuário Word Press tem mais facilidade aos blogs de usuários do Word Press e o mesmo acontece entre usuários do Blogger. Dai lascou-se né? Uma vez que a maioria do pessoal que conheço tem Blogger…

Enfim, para tentar melhorar isso e deixar os leitores mais a vontade resolvi mudar a aparência do blog – alguns temas tem os controles da página bem mais acessíveis e permitem mais funções, então não se assustem se a página estiver com um visu diferente na próxima vez que vocês acessarem.

Parada Gay de Göteborg: Mesmo não sendo ativista da causa gay (acho que sou ativista apenas da minha própria causa) achei que seria muito legal compartilhar essa aqui no blog. Não apenas porque foi um grande e importante evento na agenda da cidade de Göteborg como também porque foi a primeira vez que participei de uma coisa assim.

Participei e participei né. Estava na cidade no domingo – quando a parada aconteceu – e encontrei com amigos que estavam indo para a concentração. Sim eu tenho amigos e amigas homossexuais aqui, e foi graças a eles que aprendi que esse tipo de gente é apenas gente como a gente e não morde – mas esse papo é pra depois… Conversa vai, conversa vem, acabei por ir junto com eles para a concentração e fiquei ali observando o pessoal chegar e organizar “os pelotões da parada”. Fui junto com a galera uns 200 metros e depois fui para casa – ainda tava morrendo de cansada e definitivamente nem um pouco afim de caminhar os outros quase que mil metros até o ponto final.

Eu sei muito pouco acerca do universo gay, mas achei extremamente interessante o que vi aqui em Göteborg durante a parada. Primeiro, que a “parada gay” aqui não chama “parada gay” e sim Parada Arco-Íris (Regnbågsparaden). A semana passada foi a semana do Festival HBTQ (numa tradução literal: gays, lésbicas e simpatizantes) e por toda a cidade foram espalhadas bandeiras com as cores do arco-íris (os ônibus e spårvagn’s também tinham) ao mesmo tempo em que ocorriam seminários sobre homossexualismo e pequenos shows com artistas gays. Foi uma verdadeira Semana Arco-Íris.

O tema da Semana Arco-Íris de Göteborg desse ano foi “Vamos colorir Göteborg”, numa alusão de que Göteborg precisa estar mais colorida e feliz – acho que faz imensamente bem para uma cidade tão preto e branco como Göteborg receber um pouco de colorido. Não é a toa que usamos expressões do tipo “a coisa está preta” para situações ruins e dizemos que “o mundo está muito mais colorido” quando nos sentimos felizes. Pra quem não sabe, o termo gay no inglês é nada mais nada menos do que “feliz”, e acho que fica bem claro porque os homossexuais acabaram por receber essa nomeação.

Ok, se você tem uma imagem ruim a respeito dos homossexuais, eu peço para deixar de lado por um momento. Também tive uma imagem depreciativa dos gays a vida inteira: vivi numa cidade pequena em que todo mundo conhecia todo mundo e vocês podem imaginar o que aconteceu quando derepente um rapazito resolveu sair do armário e mostrar toda a “gayseza” dele. Eu nunca sabia se era para rir – porque ele abusava do cabelo vermelho, roxo, roupas extravagantes – ou para chorar – porque todo mundo sabia que ele tinha sido expulso de casa e que o pai dele batia nele se ele tentasse visitar a mãe e os irmãos.

Nem preciso mencionar a questão de que a cultura brasileira reforça isso, afinal, todo mundo sabe. O fato é que cheguei na Suécia pensando o seguinte: não tenho nada contra gays, mas nada a favor também. A gente é bobo pra caramba né? Tudo bem, vocês não, mas eu fui (e ainda sou) muito arrogante pensando que de alguma forma teria que dar a minha aceitação para as escolhas de vida de outras pessoas. Caí do cavalo: uma das primeiras pessoas que conheci por aqui é gay e simplesmente maravilhoso. Em poucos meses me vi cercada por tantos gays que são tão “pessoas normais” que mudei minha visão de mundo sem esforço e sem perceber.

Acredito em Deus e na doutrina da igreja, mas simplesmente deixo para Deus julgar o que é certo ou errado. Aprendi uma coisa muito legal com meu amigos/as gays: amar todo mundo, indiferente das escolhas. Não vou e não quero fazer uma pregação, mas penso que a Igreja Sueca faz um trabalho lindo acolhendo os gays (inclusive a Igreja Sueca é uma das organizadoras da Semana Arco-Íris) que vai exatamente de encontro com o ensinamento de Jesus Cristo, ensinamento de amor.

Segundo o GP mais de 9 mil pessoas participaram da parada. Eu nunca fui a uma parada desse tipo no Brasil, e não sei se posso acreditar no que vejo na televisão, mas sempre me pareceu que o negócio era como que uma grande festa. Por aqui era só um mundo de gente caminhando segurando bandeiras com as cores do arco-íris, com música (mas uma música lagom), sem alcool, sem gritaria; famílias, pessoas idosas, deficientes, crianças em carinhos de bebês ou caminhando com seus passos curtinhos lado a lado com homens de mãos de dadas e mulheres de mãos dadas.

Não é que a Suécia seja um mundo perfeito, aqui também tem muito preconceito contra homossexuais. A polícia já ajudou a deportar estrangeiros gays de volta para países como o Irã, Iraque e Somália – onde ser gay é ser condenado a pena de morte. Mas a sociedade sueca quer conversar, esta aberta ao diálogo e quer melhorar. Existem algumas pessoas no Brasil que estão tentando estimular o diálogo e a discussão a respeito do homossexualismo e eu recomendo que quem quiser e puder deve acompanhar o site da “Rose e Ann” (nomes fictícios, elas assinam apenas R. e A.) Nossa Colcha de Retalhos, que traz muita informação sobre o universo gay. A falta de informação aumenta o preconceito e tem muita gente que quer distância de homossexuais por imaginar que ser gay é contagioso.

E é, de certa forma: o movimento gay tem cores contagiantes…

Fonte: Sveriges Radio

3 comentários sobre “Göteborg News #02

  1. Oi Maria Helena,

    Postar diariamente não é fácil e exige certa dedicação. E outra, não é sempre que bate a inspiração de fazer um texto criativo, mas a gente tenta, né!
    Uma coisa é certa… fazer o que se gosta é o melhor caminho e descobri aqui na Suécia que amo blogar :D

    Beijos e obrigada pelo carinho.

    PS. Lindo texto!

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  2. Obrigada Isa!
    Essa semana a saudade apertou bastante, acho que é isso é um combustível para mim escrever. É maravilhoso saber que vocês acompanham!
    Beijos!

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Agora vamos prosear!

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