Me disseram que agosto é o mês da noivas na Suécia e eu acho que é mesmo, ou pelo menos para mim foi: fui a dois casamentos… no sábado passado estivemos em uma boda de um casal muito apaixonado que se casou em uma ilha; o tema do casório foi a Idade Média e o noivo não tinha terno – estava meio de cavaleiro, digamos assim. O mais lindo de tudo foi que os pombinhos fizeram a travessia entre a igreja e o salão de festas de barco, um barco muito lindo de madeira, tipo um veleiro.
Mas talvez seria melhor dizer que agosto é o mês de fazer festa pois além dos casamentos fomos a duas festas de aniversário; uma delas de 50 anos. Não tenho certeza de já ter comentado no blog o quanto é importante a comemoração dos cinquentinha – ou pelo menos é dentro do círculo de amizades que tenho – mas o pessoal capricha na comemoração. Comemoramos os 50 anos de um Zé em meados de agosto, e a festa foi emocionante, com os melhores amigos contando as farras e os podres da junventude e a família entregando as travessuras de criança do cidadão. Eu me emocionei muito quando a mulher e as filhas do Zé se puseram a cantar Fields of gold enquanto um telão exibia fotos da família: o Zé com as filhas recém nascidas, cozinhando com a esposa, brincando na neve com as crianças, velejando, em diversas viagens com a família e os melhores amigos… foi arrepiante!
É super interessante como a alma de uma festa desse calibre (como um casamento ou a celebração do aniversário de 50 anos) na Suécia é a formalidade, a festa tem quase que uma pauta a ser seguida: os convidados chegam e são recepcionados com um drinque leve, depois são convidados a sentar (nessa festa de 50 anos os lugares estavam marcados como em um casamento), a comida é servida, começam os discursos, o café é servido, continuam os discursos, pausa para respirar ar fresco, depois vem a torta (ou o bolo de casamento/aniversário) e mais café, as últimas homenagens e discursos.
E tudo fica ainda mais incrível se comparado a festa de aniversário da Jenixa (aquela nicareguenha das vitaminas): nada de pauta, nada de organização, nenhum discurso ou homenagens. Como ela trabalha com muitos latinos os únicos suecos da festa eram o marido dela e o Joel e todo mundo estava gritando em falando espanhol, eu e o Joel cochichando em português – eu traduzindo o pouco que entendia daquela maravilhosa balbúrdia – enquanto eu inventava um “portunhol” para me comunicar com os demais (a maioria não fala sueco) e usava meu sueco capenga com o marido da minha amiga. Uma loucura. Todo mundo falando ao mesmo tempo, um tentando gritar mais alto do que o outro e do que a música latina que rolava no som – sem falar que tinha duas crianças pequenas… A festa começou atrasada e as mulheres sentaram em uma roda para falar de crianças, dos cabelos, das unhas, de maquiagem, dos móveis e todas aquelas coisas que eu nunca consegui conversar com uma sueca.
Enquanto toda a festa se desenrolava e o pessoal comia e tomava ao mesmo tempo que dançava e conversava fiquei comparando a “nossa festa” com as demais festas suecas a que fui. Lembro bem que durante o primeiro casamento sueco em 2009 achei tudo tão bonitinho, tão organizado e íntimo, tão emocionante com os melhores amigos se rasgando em homenagens… para em seguida morrer de decepção quando os noivos foram embora, o que deu fim ao jantar antes da “festa começar”! Simples assim: os noivos saíram, algumas poucas pessoas passaram a recolher a bagunça e o resto foi para a casa dormir, sem dança, sem auê, “sem festa”. A festa dos 50 anos do Zé também foi assim, acabou quando eles disseram: então pessoal, muito obrigado pela presença de vocês. Por hoje é só, a gente se vê na festa de 75 anos do Zé (ahãn, o humor sueco é…).
É certo que a Jenixa não completou 50 anos mas se eu pudesse usar uma palavra para definir a festa de aniversário dela seria “festa”. Já com relação a um casamento ou 50 anos sueco eu diria que a melhor palavra seria “evento”. Isso não quer dizer que as comemorações suecas não sejam boas, afinal, a gente nem sempre vai a um evento para se divertir e ainda assim sai muito satisfeito. Ou não – quando vi os noivos irem embora no sábado mais uma vez no final do “jantar” e antes do “baile” me deu um desapontamento!
Será isso caipirice demais?
Pois é, esse é o estilo sueco de viver. Acho que nós “latinos” somos mais “calientes” :D
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Sabe o quê? Às vezes acho que isso é por causa da era dos vikings: eles eram tão fodões (ao menos é o que a gente lê) e fizeram tanta arruaça por aí que agora todo mundo quer ficar na paz… numa boa… haha!
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