Dia desses eu no trem (temos trens de novo!!!) e escuto a conversa de dois jovens:
Ele: todo mundo sai viajar e tenho pensado nisso. Eu quero sair e fazer alguma coisa diferente, grande… talvez a gente podia ir juntos. Ela: Opa, que legal! Sim a gente podia ir para a Grécia! Ele: Não, Grécia não… todo mundo vai para a Grécia. Vamos para a Tailândia ao invés disso! Ela: Aham… todo mundo vai para a Tailândia também! Ele: O que eu queria mesmo era ir para a América Latina, para o Brasil… Ela: Ta louco? Eu tenho uns amigos que foram para o Rio de Janeiro e olha só: no primeiro dia eles foram assaltados e levaram o dinheiro deles, no segundo dia foram assaltados de novo e ficaram sem máquina fotográfica e celulares. Se você acha que isso é tudo eles ainda foram assaltados uma terceira vez, até o usb da minha amiga carregaram embora! Ele: É, mas nada disso acontece se você fica experto, a gente não precisa ir para uma favela! Ela: Não precisar não precisa mas lá tudo é favela… além disso não é bom para mulheres irem para o Brasil porque os homens de lá não tem nenhum respeito. (e falando meio baixo) Ela foi quase estuprada na frente do namorado!Três coisas me passam pela cabeça quando eu ouço uma conversa como essa: primeiro, que eu tenho uma opinião muito dura e preconceituosa contra gringo que vai para o Brasil e quer entrar numa favela, pelo motivo que for… pra não ser politicamente incorreta, paro por aqui.
Dois, é que eu acho um saco que todo mundo entende o Brasil a partir de três palavras: samba, futebol e Rio de Janeiro. E pensar no tamanho do Brasil! E na diversidade cultural! E na cara do povo quando eu digo que “não sei sambar” e que eu não morava nem no Rio de Janeiro e muito menos na praia. É, o Brasil tem 6 mil quilômetros de praia mas eu fui nascer as beiras do mar de soja e milho, lá onde comer carne não é pecado e ser vegetariano é que é ser esquisito. Minha cidade não tem estádio de futebol, acho mesmo que é uma das únicas cidades no Brasil que construiu uma pista de corrida para tratores – é um “tratoródromo”; o maior show que já teve por lá foi de Fernando e Sorocaba (na minha opinião, claro); a gente dança, canta e vive sertanejo (alguns gostam de vanera, vanerão e mais um monte de coisas gaúchas também); e nem por isso sou menos brasileira que uma carioca.
E três… puxa essa coisa do machismo brasileiro realmente não casa com o feminismo sueco – se é que eu posso simplificar as coisas desse jeito. Só para reafirmar: não sou a favor de nenhum “ismo”. A verdade é que há uma imagem muito forte de que as mulheres latinas gostam de homens sem vergonha, porque somos todos passionais e queremos emoções fortes, sejam quais sejam. Também posso acrescentar que as brasileiras (em especial) são fáceis e promíscuas. Homens acostumados com mulheres como essas não respeitam ninguém; e apesar de não concordar que o X esteja aí, também não acho que seja hora para discutir quem nasceu primeiro – o ovo ou a galinha; ao menos não nesse blog. O que posso afirmar é que os homens brasileiros são extremamente confiantes em si mesmos e muitas vezes não aceitam um não como resposta. Em contrapartida, na Suécia nenhuma mulher precisa se preocupar com avanços indesejáveis porque qualquer movimento incalculado de um homem pode e será usado contra ele em um tribunal em um processo de assédio sexual ou estupro, como no caso de Julian Assange.
O que eu quero testemunhar é que me dá um sentimento super estranho, mais ou menos do mesmo jeito que me incomoda que alguém pergunte como vai meu alemão e se a Suiça é mesmo fria, me incomoda escutar as pessoas falando que no Brasil tudo é uma merda, que a violência está em toda a parte e que as mulheres só servem para servirem.
Enfim, estamos mal na foto hein?
Generalizar é fácil. É muito mais fácil do que tentar conhecer de verdade, daí todo o “preconceito”.
Olha, eu ouço apenas “Ah, você fala Português! É Brasileira?” E no momento que digo que sou Portuguesa acontece uma de duas a) O pessoal perde o interesse; b) “Ahh, Portugal! Ronaldo! Mourinho!”.
Hei-de começar a dizer “Ah, você é Sueco! É alcoólico? Verdade que se desloca para o trabalho de rena?” Hehehe :)
Beijo
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Oi Joana!
Capaz que o povo pergunta se tu é brasileira? Que estranho, mas pensando bem, nunca me perguntaram se eu era de Portugal. Já me perguntaram se eu falo espanhol, italiano, e quando eu digo que não me dizem: ahh, vocês falam brasileiro?
Já encontrei um mala também que passou a noite inteira falando “Ronaldo” toda a vez que me via!
Beijos!
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Olha Maria, a generalização não legal, mas ela sempre vai existir. Eu não sei muito sobre outros países do mundo. Vários deles eu nem sei a capital, a religião, a quantas anda o sistema econômico… então eu não me assusto quando encontro pessoas que perguntam se falamos espanhol ou coisas do tipo. É um tipo de ignorância muito comum, da qual eu também sofro. A diferença é quem abre a boca prá falar com propriedade daquilo que não conhece e isso normalmente acontece com gringo que só foi ao Rio de Janeiro. Sempre que me perguntam sobre o Brasil e eu vejo espaço prá falar, conto mil coisas que eles nunca leram ou assistiram. E quando me perguntam do Rio de Janeiro, eu respondo a verdade: “Não conheço ainda!” Eu falo da cultura com muita naturalidade e percebo muito interesse e curiosidade. O papo normalmente é longo e o Rio de Janeiro nem é citado, afinal, eu desconheço.
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eu sou carioca e conheço pessoas de muitos países e a parte que me deixa mais chateada é saber que as pessoas só pensam em favela… sonham com favela, querem morar em favela, ir a favela e acham ponto turístico quando é uma triste realidade do cotidiano alheio. Eu nunca fui assaltada, e essas eventualidades acontecem em qualquer lugar. É um índice de violência maior o daqui? Sim. É preciso mais cuidado? Sim, mas não é como estar no meio de uma guerra ou num navio pirata. Tenho uma amiga que recebeu como conselho não usar chinelos, porque poderiam ser roubados aqui. Até que ponto vai a ignorância alheia? Roubar CHINELOS? Aquilo que é o mais fácil de se conseguir aqui? E a fama das mulheres, nem se fala… As pessoas que me conhecem falam: ué, mas você não vai a praia o tempo todo? você não samba? você não anda feito uma prostituta? você não é fácil? você fala inglês? Só falta perguntarem se eu como de garfo! Sei que nós também somos MUITAS vezes ignorantes sobre outros países, que pra brasileiro ‘exterior’ e ‘inglês’ é só de Estados Unidos, ou também como confundem Suécia e Suíça, e como não há nem uma curiosidade com culturas alheias de países menos conhecidos, mas até eu que não sou uma brasileira muito apegada ao Brasil e nada patriota, me incomodo muito com a fama que o Brasil tem no mundo INTEIRO e como nós não fazemos o mínimo esforço para mudar isso.
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Querida, vc tem razão, no Brasil existem mulheres maravilhosas, e muito cultas assim como vc, e lugares lindo onde existem essas mulheres como vc, como nós……..adoro vc saudades………….. Amiga avisa ai, que no Brasil as mulheres so servem quando são bem servidas, e a Suécia pode ser fria sim, más nós com nosso calor humano e Brasileiro de ser mesmo com sertanejão hehe esquentamos qualquer lugar………… hehe muitos beijos em seu coração…………..
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Oi Cíntia!
Concordo com você, não sou expert em cultura mundial, nem por isso eu saio por aí afirmando que no Hawaii as mulheres usam saiam de palha o dia inteiro e os homens camisas floridas. Até entendo me perguntarem se eu falo espanhol afinal, com exceção do Brasil, toda a América Latina fala… mesmo assim às vezes enche! O Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa mas não é a única cidade maravilhosa brasileira. Já tentei, como você, falar um pouco sobre o Brasil, principalmente o Brasil que eu conheço, mas a maioria nem se importa em ouvir. Nesse tempo em que moro aqui sempre pergunto as pessoas se elas ouviram falar das Cataratas do Iguaçu, e advinha? Apenas 4 disseram que sim, que gostariam de conhecer, que é um lugar lindo e tals. O resto só mas o que é? Uma enorme queda d’água! E daí só ahhh… legal. No fundo no fundo, o que eu queria mesmo ouvir é que o Brasil tem uma imagem mais bonita, mesmo aqui!
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Oi Lays!
Pois é, acho ridículo pessoal pagar para fazer turismo na favela. Me indigna ao extremo porque eu penso: o que eles esperam ver? Não, realmente, qual a lógica dessa barbaridade? E o que o guia poderia dizer? E a nossa esquerda estão os traficantes de drogas mais fodas do mundo… me irrita! Acho que nós somos responsáveis por mudar a fama brasileira, ainda que esse seja um trabalho de formiguinha que vá levar uns milênios!
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Oi Isa!
Obrigada pelo carinho! E sim, mulher brasileira é muito mais do que objeto, tem muito mais na cuca do que apenas uma cabeleira bonita (porque fala sério, no Brasil sim é que o pessoal tem cabelos lindos!). O Joel sempre afirma o quanto é impressionante como a mulherada brasileira é para frente e acredito que como ele, outros suecos que tem uma companheira brasileira já entenderam a força do nosso caráter!
Beijos gente!
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Nem vou comentar sobre o tema, até porque é meu primeiro comentário.
Só quero dizer que amei seu blog! Espero lê-lo sempre! Parabéns!
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Oi Gio!
Que legal saber disso! Seja bem vindo ao blog moço!
Abraços!!!
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Eu também não entendo essa fissura em visitar favela … pode parecer muito exótico, olhar para a pobreza, estando bem do lado de fora, mas pra mim isso é quase crueldade e também acho de péssimo tom esse comportamento do governo de esvaziar essa miséria das pessoas e transformar-lá em atração turística.
Eu sou carioca, mas não acho que o Brasil se resuma ao Rio de Janeiro.
Acho que a opinião das pessoas está começando a mudar, leva milênios, como você disse, mas muda … e quanto a achar que as mulheres são fáceis, infelizmente há muitas que auxiliam nisso, mas há muitas outras, como você, que desmistificam.
E vamos combinar, que gente idiota está em todo lugar e não seria na Suécia, que seria diferente.
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Talvez pode ser um pouco da mídia que divulga coisas erradas ou só/mais o que é ruim/estereotipado? Ou como o caso que você citou, que foi os amigos que falaram. Ou talvez a pessoa já ouve certas coisas desde pequena. Por exemplo, dificilmente eu iria para algum país muçulmano… ou mesmo do oriente médio, sem sólidas garantias de segurança. “Aqui temos futebol, lá eles tem guerras, é o esporte deles” Nem para a Índia, cuja cultura antiga que sempre admirei, desde que tomei conhecimento, eu iria mais hoje em dia, Outro lugar que eu não iria, África do Sul, mas aí já é caso de parente que se deu mal. Muito mal. – isso é ignorante da minha parte? Sim é, pois não conheço.
E brasileiros mesmo tem muita culpa nisso…
Por exemplo, moro no sul do Brasil, e ouvi muitos amigos meus, uns contando que foram para o Rio – inteligentemente – em uma favela, bem no dia que estava acontecendo um tiroteio… pensa nas maravilhas que esses falaram, outros falando do terror que é Carnaval de perto.
Tenho outros amigos de SP, que contam horrores, querendo dizer “Não vá morar em SP, lá ser assaltado é normal” Outros em Fortaleza, que falam coisas piores ainda que os que estiveram no Rio ou os que moram/moravam em SP “se sair a pé corre o risco de chegar no destino pelado, ou nem chegar, porque levam tudo, ou mesmo matam e não se tem justiça” quando não acredito muito que seja tanto assim, retrucam dizendo que moro “em outro planeta”, outros em Curitiba e também no interior do Paraná, que dizem que é super violento, que te matam simplesmente porque não foram com sua cara, sendo muito fácil fazer inimigos mortais sem que nem te conheçam, porque são descendentes de poloneses, sim eu ouvi isso e não foi uma vez só, Porque sao descendentes de poloneses!!! Pode isso???
Outros do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, interiores e capitais, que dizem que na regra, são terras meio sem lei, chegam, tomam sua casa, seus terrenos, suas terras e fica por isso mesmo. E os da Bahia (discriminam os brancos) e até RS (roubos, grosseria, violencia, preconceitos de todos tipos, generalizados e não tem conversa). Nenhum estado/região, escapa, praticamente todos falam mal.
Para a maioria, a primeira impressão é a que fica, mas não que esteja certo isso, até porque coisas ruins assim se tem em todos os lugares em maior ou menor grau e isso não exclui as boas. Certo seria os brasileiros serem mais bem educados a respeito de seu país e suas leis, seus direitos e as coisas boas.
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