To super animada com os acontecimentos da minha semana: comprei as cortinas para casa (faz um ano que mudei e as janelas ainda estão peladas), reencontrei amigos que não via há alguns dias, despendi uma tarde inteira tricotando com minha amiga nicaraguenha, tomei porre de assistir filmes, fui a uma fábrica de chocolates para um chokladprovning (prova de chocolate… na verdade, eu fiz trufas) e recebi visitas em casa.
Comprei as cortinas no Ikea e ir ao Ikea na Suécia é uma verdadeira tradição tanto, que se alguém me pergunta dos costumes suecos eu posso facilmente citar “ir ao Ikea com a família”. A Ikea é a maior loja de móveis e utilidades domésticas da Suécia e quando você chega lá vê as famílias (sim: papai, mamãe e filharada) com seus carrinhos e sacolas, todo mundo tão animado como se estivesse indo ao parque ou ao Liseberg. Eu já fui ao Ikea em diferentes dias da semana e não importa qual o horário que você escolha para chegar na loja, sempre vai encontrar ela lotadíssima. Eu sei de gente que vai passear no Ikea, gente que vai lá só para comer (recentemente falando com meu tio que mora em Mallorca fiquei sabendo que lá na Espanha o pessoal faz o mesmo: vai à Ikea apenas por causa do restaurante), gente que vai para comprar/renovar os móveis para casa e gente como eu, que vai só para dar uma olhada e comprar as cortinas.
Duas coisas que quero sublinhar a respeito dos suecos: primeiro, eles nunca te dão informação se eles não tem certeza, não tem domínio sobre o assunto que você está perguntando. Pode ser só orientação (moço, onde fica rua tal), se o cidadão não tem certeza vai devolver um “desculpe eu não sei”. Segundo: eles sempre querem que tudo seja feito em segurança.
E daí nós brasileiros que somos acostumados com “o de jeito que dá vamos/levamos” podemos encontrar um pouco de dificuldade para entender e ter paciência a respeito da situação. Isso significa que às vezes eu perco a paciência com o Joel porque ele vira e revira qualquer coisa que vai para dentro do carro da melhor forma possível para não danificar/rolar/estragar (a própria coisa ou o carro) ou ainda pior, machucar alguém. Isso posto vocês podem imaginar o baile que foi colocar uma cadeira e uma mesa dentro do auto!
Para piorar, sempre que sai uma dessas é devido a uma situação limite: semana passada no Ikea compramos algumas coisas que não estavam na lista por que estava com 50%. Então não nos preparamos, chovia, eu estava atrasada para o trabalho e a gente precisava montar um quebra cabeça gigante com peças que não eram para encaixar dentro do carro… O Joel tem uma paciência e um zelo fenomenais, acho lindo, mas tem coisas que eu simplesmente não consigo entender: ele revirou tanto as coisas do lugar que eu quase achei que o carro falaria “meu, de boa, tudo certo… toca a boleia aí parceiro!” Apesar disso nem precisei contar até 10 e agora tudo está na casa e ficou perfeito.
Minha amiga da Nicarágua é um barato e o papo dela deixa qualquer desavisado com os cabelos em pé! A gente se diverte a valer quando podemos tricotar, pena que ela sempre trabalha a noite e que eu tenho horários loucos que nunca batem com os dela… no final das contas tiramos um pouco dos atrasados, já que estávamos um bom tempo sem ter saído para um programa de Lulús.
Ganhamos a chokladprovning de amigos, e foi bem interessante. Infelizmente, eu não sou apaixonada por chocolates e não como sempre dessa guloseima e penso que talvez seja por isso que passei mal: era tão gostosos que comi demais em um espaço muito curto de tempo (o equivalente a uns 7 ou 8 bombons em uns 30 minutos) comecei a me sentir cansada, tonta e enjoada. Ataquei discretamente uns confeitinhos salgados e em uma meia hora comecei a recuperar o “controle”. Eu realmente fiquei com medo: o pessoal convidou a gente para um coisa especial e eu quase vomito na cara de todo mundo. Talvez foi a combinação (chocolate+vinho+trufas) de muito açúcar de uma vez… sei lá! Pior que nem sei o nome do botequinho em que estivemos, sei apenas que a lojinha é muito mimosa, está próxima a Brunsparken/Nordstan e que é uma fábrica de chocolate!
Compramos um projetor e agora temos um cinema em casa. Sempre achei o maior barato isso pois meu cunhado tem um projetor e meus sobrinhos faziam cinema em casa com os amigos. Assistimos a alguns exemplares em Blu.ray – entre eles Avatar que o Joel não tinha visto e Black Swan que eu tinha somente assistido no avião – e agora queremos fazer uma lista de clássicos para assistir na telona! Aceito sugestões!
Por fim, no sábado saiu o I Encontro de Blogueiras Brasileiras de Gotemburgo (ao menos, das que conheço): eu e Vânia, do blog Diário de um Teimosa, e os respectivos maridos fizemos uma coisinha aqui em casa. Foi super engraçado com o Angelo e o Joel na cozinha enquanto a gente discutia a blogosfera… O encontro contou com a cobertura de um site local e você pode ver as fotos das celebridades presentes bem aqui. O trem deu tãooo certo que o pessoal da comissão organizadora prometeu que o II Encontro sai ainda esse ano… na casa de uma teimosa dessa vez!
Falando nisso, eu estaria super afim de um Encontro de Blogueiras Brasileiras da Suécia, alguém mais se anima com a ideia? Ah, e a Joana do Boneca de Neve também – afinal, já perguntaram para ela se ela era brasileira porque ela fala português! Hahahaha…
No mais, ainda não coloquei as cortinas nas janelas – que deveriam ser limpas antes de receber a ornamentação nova – e to pensando que preciso aposentar o meu All Star, não porque tenha ficado velho ou estragado mas porque chove dia sim e dia também aqui em Göteborg… tênis de pano já viu né? Não é nada confortável passar o dia com os pés molhados!
E pra fechar com chave de ouro quero dividir com vocês a pérola do meu fim de semana: sabe aqueles dias quando alguém te diz umas palavras que te deixam mole? Mas mole de um jeito gostoso, como brigadeiro um pouco antes do ponto? Sabe aqueles que não tem mais jeito de enrolar mas são ainda melhores porque se come de colher… Pois é, no sábado e domingo o Joel foi para uma exposição de motos com uns amigos testar umas “máquinas”. Chegou em casa todo animado e da-lhe assistir vídeos de viagens de moto no You Tube… Lá pelas tantas eu percebo que ele tava assistindo o Paris-Dakar e comento: Tá fazendo planos para participar da próxima edição? E ele: Sim, mas eu não queria ser um competidor, queria viajar tranquilo e curtir o vento e a paisagem. Mas não é uma viagem de moto para duas pessoas…
Eu entendi que essa era a deixa para mim declarar em alto e bom tom “mas é claro que você pode ir sem mim!” e foi isso que eu fiz. O Joel apenas sorriu e rebateu “Eu sei… mas seria ainda mais präglat, e eu quero curtir o meio”. Eu liguei a matraca com o “mas daí é que você pode curtir o quanto quiser”; e ele insistiu que: “não, isso é que seria präglat“. Aí me rendi: “Não sei quem é o tal do präglat!” e ele só: “Präglat é alguma coisa que influencia outra. Eu não ia aproveitar nada do caminho, nem o vento e a paisagem sem você porque a saudade iria estragar todo o passeio… não importa quão bonito fosse o caminho, eu ainda só iria pensar em voltar para você…”.
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