No post passado comentei algumas das minhas impressões gerais sobre a viagem a Portugal e como prometido, voltei para deixar maiores detalhes. Eu não sou muito boa com essa coisa de guia de viagens mas como foi a primeira vez que eu realmente viajei para algum canto e conheci/visitei lugares históricos, museus, igrejas e etc; deixo aos interessados a tentativa de descrever um pouco do que descobri em Lisboa e que me deixou maravilhada.
Fica a dica: quem gosta de fazer esse tipo de turismo pode adquirir (já dentro do aeroporto) o Lisboa Card, um cartão que te dá acesso gratuito a maioria dos locais históricos, além de funcionar como cartão de ônibus/bonde/metrô dentro da cidade. Só não vale para o aerobuss, o busão que vai direto ao aeroporto. Maiores informações aqui. Preço (adultos): para 24h, 18,50€; 48h, 31,50€ ; e 72h 39€.
Em Belém:
Belém é um bairro de Lisboa no qual se localizam o Mosteiro dos Jerônimos, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Também em Belém estão as pastelarias mais famosas de Lisboa, assim como foi lá que encontramos o verdadeiro arroz de marisco. Foi em Belém que comemos em um café/pastelaria em que a garçonete é brasileira, super simpática; sem falar que o preço do prato do dia (incluindo bebida) foi o mais barato (4,50€) e um dos mais saborosos que comemos durante a viagem. Pra variar, não lembro o nome do lugar.
Padrão dos Descobrimentos: sabem aquela velha história de que Portugal começou a buscar uma rota alternativa de comércio com as Índias? Pois é, ela tem início muito antes do que nós, brasileiros, costumamos estudar: Henrique o Navegador, filho do Rei João I de Portugal, foi o primeiro português a organizar as viagens marítimas daquele tempo; e pelo que se sabe provavelmente as viagens promovidas por Henrique não tinham nada a ver com o sonho do descobrimento da rota das Índias. Uma das especulações é a de que a mãe do navegador, Filipa de Lancaster (a única mulher a ocupar um lugar no Padrão dos Descobrimentos) teria incitado os filhos a procurarem a um rei pastor legendário que moraria em algum recanto africano, e que segundo a lenda seria a chave para que os cristãos vencessem as cruzadas. O tal do Henrique o Navegador só fez duas viagens marítimas, mas foi o responsável, por exemplo, por fundar uma escola/instituição que ensinava os portugueses a navegarem a partir dos parcos instrumentos de orientação existentes na época. Foi ele também que obrigou Gil Eannes a contornar o Cabo Bojador – conhecido na época como o último ponto antes do precipício do fim do mundo – o que encorajou outros navegadores a irem ao infinito e além. Todos os principais navegadores portugueses da era dos descobrimentos são retratados no padrão (Henrique é o primeiro, olhando para o mar/rio Tejo; e Cabral também está lá!), assim como alguns padres Jesuítas, João I e Filipa de Lancaster.
Mosteiro dos Jerônimos: uma grande, linda e maravilhosa obra arquitetônica do séc XVI, quando o rei de Portugal era Dom Manuel I. O mosteiro tem um estilo tão marcante que foi batizado como “estilo manuelista”. A igreja do mosteiro é gigante, muito rica em detalhes e cheia de imagens. Dentro da Igreja do mosteiro encontram-se os túmulos de Vasco da Gama e do rei Manuel, assim como no pátio do mosteiro encontra-se o túmulo de Fernando Pessoa. O lugar é tão cheio de detalhes que passamos horas a apreciar – e vale a pena. Curiosidade: na calçada em frente ao mosteiro há uma cópia do Contrato de Lisboa de 2007, no qual há todas as assinaturas de todos os representantes dos países europeus (ou da União Européia – inclusive do primeiro ministro sueco, Reinfeldt). Quando voltamos para casa, viajamos no mesmo bonde elétrico que todos os participantes daquele encontro de 2007 utilizaram – quem quiser conferir, é o trem número 510.
Torre de Belém – daqui saíam todas as caravelas para mundo, e aqui desembocavam trazendo especiarias, pau brasil, marfim, ouro… O mais legal foi subir até o alto da torre (a escada em caracol é super estreita, prepare-se para encontrar turistas mal humorados, gente com criança no colo, mochilão…) e ver que a vista alcança realmente o infinito – ou ao menos, o Atlântico.
Palácio da Ajuda: não fica exatamente em Belém mas fica muito próximo e dá para ir a pé do mosteiro ao Palácio sem problemas. Bom, o Palácio da Ajuda foi uma empreitada portuguesa que nunca foi acabada. Com o terremoto de 1755 o palácio real virou uma bagaça e o rei português da época, Dom Jose I, viveu o
resto da vida em uma tenda (uma tenda real, muito chique) devido ao pavor de morar novamente em recintos fechados. Mas o rei morreu e todo mundo queria um palácio, que foi proposto ser construído na área próxima a Belém –
região em que o terremoto não deixou muitos estragos. Projeto pronto, chega Napoleão para estragar tudo e João VI foge com a família para o Brasil, deixando o palácio para depois. Apenas o rei D. Luís I com a esposa francesa Maria Pia viveram no Palácio (1861-1911) que ainda estava inacabado, e assim ficou pois a coroa portuguesa já não era tão rica e a república seria logo proclamada. Curiosidade: dentro do palácio há uma sala decorada com móveis que pertenceram a João VI e que viajaram com a família real portuguesa para o Brasil.
Nós estivemos hospedados em um hotel perto da Restauradores, ou seja, bem no centro histórico de Lisboa. A impressão que tive é que isso facilitou muito o acesso a todos os pontos turísticos a que visitamos. Estar hospedado na Baixa ou Chiado, não sei ao certo o nome, nos garantiu assistir de camarote até mesmo a São Silvestre de Lisboa, no sábado 29 de dezembro. Primeiro me matei de rir com o pessoal correndo em todas as direções imagináveis (e estava sim pensando que era coisa de português), mas depois é que fui me tocar que a besta da história era eu que não tinha entendido a parada; aquele era o aquecimento dos atletas. Enfim, aí também há várias lojas e livrarias, assim como muitos bares e restaurantes. Me faltou assistir a um fado ao vivo, mas na verdade estava exausta depois de caminhar e caminhar os dias inteiros e só queria mesmo era deitar e esticar as pernas.
Terreiro do Paço/Praça do Comércio
Lisboa foi destruída por um terremoto no ano de 1755 e como citei, o Rei José I ficou meio que em pânico depois disso. Quem tomou as rédeas da situação foi o Sebastião José de Carvalho e Melo, ou Marquês de Pombal, que pôs em prática uma política de reestruturação social e de reconstrução do coração de Lisboa – ele liderou todas as ações pós terremoto na cidade, desde o enterro dos mortos e recaptura de presos até distribuição de comida aos sobreviventes e o novo projeto arquitetônico da cidade. O Marquês decidiu que os prédios do centro de Lisboa não teriam mais de três andares, que as ruas seriam largas e pavimentadas e que no local em que antes existia o Palácio Real existiria uma grande praça aberta, esta que ficou conhecida como Terreiro do Paço ou Praça do Comércio. Nessa praça há um centro histórico no qual é possível ouvir mais a respeito da história de Lisboa – pelo menos até o início do séc XX. Curiosidade: nessa praça foram assassinados o Rei Carlos e o filho Dom Luís Felipe, em 1908.
Igrejas
Visitei várias Igrejas em Lisboa, ao todo foram 7: a igreja do Mosteiro dos Jerônimos, de Santa Luzia, de Santo Antônio, a Sé, a Igreja dos Padres Jesuítas e as ruínas de Nossa Sra do Carmo. Tenho um interesse particular por igrejas seculares, nada histórico ou devocional, é apenas curiosidade. Todas as igrejas era lindas por dentro, a mais rica de todas elas (ao menos aparentemente) é a Igreja dos Padres Jesuítas e a Sé. Na Igreja dos Jesuítas também é possível ver a um par infindável de relíquias de santos (em sua maioria, ossos do braço), mas é difícil entender a que Santo a tal relíquia pertenceu. A Igreja que mais me comoveu visitar foi a Igreja de Santo Antônio pois meu avô materno era muito devoto do santo. Ao lado da Igreja é possível visitar o local em que Santo Antônio nasceu, assim como ver um pequeno museu. Curiosidade: as ruínas da Igreja do Carmo só podem ser apreciadas pelo lado de fora pois ainda é perigoso entrar no edifício. A Igreja ruiu devido ao terremoto e muitas pessoas morreram lá uma vez que se celebrava a missa de todos os santos.
Apesar de Santo Antônio ter nascido em Lisboa ele é mais conhecido como Santo Antônio de Pádua e, o padroeiro de Lisboa é, na verdade, São Vicente. Também visitamos o Cristo Rei que fica em Almada, mas de lá não tenho nenhuma foto decente. Achei meio caro (5€ pra subir até os pés do monumento), mas a vista é maravilhosa: dá para ver toda a cidade de Lisboa, até mesmo as atrações de Belém. O Cristo Rei de Almada foi inspirado pelo Cristo Redentor do Rio.
Também visitamos alguns museus, mas acho que museu fica muito mais interessante quando tem alguém que entende de arte junto com a gente. Com os tios do Joel aprendi que, por exemplo, pinturas renascentistas que retratam a Anunciação tem sempre o anjo a esquerda de Maria, que está rezando e tem lírios próximos a si. No Museu de Arte de Lisboa estava a mostra um enorme ostensório feito de prata, ouro e pedras preciosas brasileiras trazidas para Portugal no tempo do Brasil colonial. A peça continha mais de 2600 pedras!
Por fim, os dias ficaram curtos e não vimos o Castelo de São Jorge e nem a fortaleza, tampouco o “mercado de pulgas” (que acredito não ter esse nome, mas eu não lembro qual é), esse último porque choveu. Como a nossa última atração lisboeta tomamos o elevador de Santa Justa para apreciar a cidade a noite (esse é uma facada: 5€ para subir e mais cinco para descer se não tiver o Lisboa Card). A foto não é das melhores mas, vamos lá:
Caraca, acho que foi o post mais comprido que já escrevi! No próximo conto o resto da viagem…
olá venha até ao Algarve sera bem recebida
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terei todo o gosto em recebe-la a si e sua familia , gosto imenso do seu blog
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Essas fotos, essas descrições, dão muitas saudades de casa, mesmo a minha casa não sendo Lisboa. É engraçado como vocês “absorveram” a história dos locais… Às vezes sou uma turista desnaturada, pois não tenho paciência ou capacidade de concentraçäo para realmente estar atenta aos folhetos de informação, livros etc. Mas gosto muito, sim, de visitar locais novos. perder-me pelas ruas, absorver energias e ganhar memórias.
Beijos, Maria!
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Agora consegui ler tudo! Mas o bom mesmo foi ouvir vc contar tudo pessoalmente :)
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O meu tempo em Portugal foi muito curto, espero poder voltar um dia, pq me parece mesmo encatadora. Conhecemos um pouco do centro da cidade, do castelo Sao jorge e da Fortaleza. Os pontos que voces não conseguiram ir. Vale a pena.
Beijos
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Olá já vi que já regressou da sua viajem, quando lhe falei de visitar o Algarve que fica a sul de Portugal tem mm boas praias e bom clima sol os transportes p carro ou via aerea etc são faceis, teria todo gosto em vos encaminhar, eu sou uma seguidora do seu blog assim como de outros blogs, já estive de ferias na noruega na Dinamarca , e estive para ir viver ai p Suécia , pois tenho ai um familiar o qual me foi enganando sempre com uma possivel ajuda ai de procurar emprego etc. Eu moro num,a das zonas mais bonitas e badaladas do Algarve , a bonita cidade de Albufeira. muito conhecida turisticamente, mas com a complicada crise gravissima que o pais atravessa ,está mm complicado de arranjar emprego . Continue a postar em seu blog desejo-lhe mm sorte p sua vida . Abraço Maria Anjos
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Olá!!
Maria dos Anjos!
Bem vinda ao blog! Eu sempre fico me achando uma meia hora quando alguém deixa um coments e diz que sempre lê o blog. Eu já devia ter ido a Algarve há muito tempo, tenho uma amiga que morou lá depois de casar (marido brasileiro mesmo), mas ela voltou para o Brasil em novembro. Estou com muita vontade de conhecer mais de Portugal, sabe que esse país se revelou de forma muito forte para mim, apaixonei. Acho que o povo também é muito simpático e acolhedor. Obrigada pelos votos de felicidade, desejo a você o mesmo e saiba que estou junto na torcida para que Portugal saia dessa crise.
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Joana,
Eu sou mais largada também, acho importante apenas me informar de uma coisa antes de viajar: comida. Hahahaha! Um dia serei uma baleia. Fizemos toda essa maratona turística graças aos tios do Joel que adoram ler e fuçar e remexer a história atrás de curiosidades. Mas valeu muito a pena. Como eu comentei com a Ana, acredito que deva doer um bocado no seu coração deixar tanta beleza para trás – eu sei que a gente aprende a amar essa cinzenta e carrancuda Suécia também, indiferente de seus 50 tons de cinza – mas imagino que fica aquela saudade…
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Debora,
Não lembro porque não fomos ao Castelo de São Jorge, mas sei que não fomos a fortaleza porque todo mundo estava cansado e só o Joel estava no gás de subir até lá. Quero voltar a Lisboa – se Deus quiser – e aí faço questão de conhecer.
Abraços raparigas!
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