Felizmente, eu não sou a única semi-empregada sonhando com um emprego no reino de Carl XVI Gustav. Infelizmente, eu também não sou a única batendo em portas que não estão para mim no momento. Mas, eu já reclamei que chega no post de ontem, aqui eu quero mesmo é deixar um alerta para todo o povo que acha que vir para a Suécia e conseguir um trabalho não deve ser tão difícil assim.
A reportagem abaixo eu tirei do jornal Metro – que convenhamos, não é lá o tal jornal mas traz sempre algumas curiosidades. Hoje eles publicaram um pequeno “report” a respeito dos sem tetos da Suécia que, em sua maioria, são estrangeiros. Pessoas que vieram, principalmente, em busca do sonho do emprego que nunca se concretizou.
Antes de publicar o texto só preciso sublinhar que a reportagem trata exclusivamente dos sem teto que são cidadãos europeus. E como eu já falei aqui cidadãos europeus tem algumas vantagens no que se refere a caça de emprego na Suécia, entre elas o direito de mudar para a Suécia e viver no país por três meses mesmo sem ter emprego. Durante esses três meses eles tem alguns poucos direitos como cidadãos europeus, depois desses três meses se eles ainda não tem emprego passam a ter direito nenhum – uma espécie de convite discreto para que eles voltem para casa. O que nem sempre acontece. Cidadãos brasileiros não tem direito de viverem na Suécia SEM VISTO a não ser como turistas. Ou seja, cidadãos brasileiros tem os mesmos 90 dias que um cidadão europeu, com a diferença que: não contam com nenhum tipo de direito a não ser os direitos de um turista; se forem pegos trabalhando – por exemplo – sem visto serão mandados embora, ao contrário dos cidadãos europeus que assim que conseguirem um emprego só vão lá e regularizam a situação (e mesmo se não conseguirem nada dentro de três meses nunca podem ser mandados embora – a menos que seja provado que eles estão envolvidos em atividades ilícitas). Se você, como cidadão brasileiro, vier para cá a passeio e “milagrosamente” conseguir um emprego tem que voltar para casa e esperar que o seu visto de trabalho seja aprovado lá no Brasil antes de mudar para cá. Ou seja, blá blá blá, não pense que mudar para a Suécia sem visto seja algum negócio.
Flyytar till hemlöshet för chans till jobb i Sverige (link para reportagem original)
Vivendo nas ruas por apostar em um emprego na Suécia
Imigrantes da EU são vistos com mais freqüência nas ruas pedindo aos transeuntes algum dinheiro. Pela primeira vez foi feito um levantamento para mostrar que a grande maioria desses migrantes não são sem-teto em seus países de origem – mas eles vêm parar aqui devido a esperança de emprego.
Em 2011 verificou-se que o número de pessoas sem-teto dormindo nas ruas da Suécia havia diminuído, de acordo com uma pesquisa nacional. Mas esta pesquisa não incluía os imigrantes europeus desabrigados; apesar das pessoas que trabalham com sem-teto terem percebido o aumento desse público nos últimos anos. Portanto, o governo deu as entidade de assistência social a missão de complementar a pesquisa nacional por meio da inclusão do número de cidadãos europeus sem-teto na Suécia.
– A razão pela qual isso não havia sido feito antes é porque muitos não têm personnunmmer (número social sueco). Portanto, não é possível afirmar que não tenhamos contado o mesmo cidadão várias vezes, o que pode resultar numa pesquisa sem sentido, diz a coordenadora do projeto de pesquisa Annika Remaeus.
(Parenteses! Há: o sistema de identificação sueco é tão bom que exclui qualquer outra hipótese. Tipo, seria tão difícil assim identificar o cidadão pela data de nascimento? Nesse caso o sem teto nem precisa deixar o nome – alguns tem mania de perseguição, acreditam que realmente tem gente na cola deles e que qualquer informação significaria a morte! E depois, qualquer tipo de pesquisa está sujeita a falhas. Cada desculpa…)
A pesquisa, que é a primeira do gênero na Suécia, identificou 370 cidadãos da EU desabrigados no país, sendo que cerca da metade dormem ao ar livre. Oitenta por cento deles são do sexo masculino e a maioria deles não eram sem-teto quando viajaram para a Suécia. A razão pela qual eles vêm parar aqui é a busca de um emprego, determina o mapeamento.
– Em comparação com, por exemplo, a Espanha, apresentamos maiores possibilidades de emprego. Ao contrário do sem-teto com cidadania sueca (nota minha: em sua maioria dependentes químicos ou doentes mentais) este grupo encontra-se fisicamente num melhor estado de saúde. Poucos são alcoólatras ou viciados em drogas, diz Annika Remaeus.
A razão pela qual nós estamos vendo mais imigrantes nos últimos anos, de acordo com Annika Remaeus, é a crise econômica que atingiu alguns países da Europa. Desde então, houve um aumento da mobilidade dos cidadãos que saem do seu país de origem e buscam sustento em outros países. É uma tese que é apoiada pela pesquisa que mostra que os migrantes geralmente não estão sem-teto na Suécia há mais de um ano.
– Se eles não conseguem obter qualquer oferta (de emprego) aqui, eles vão continuar a busca em outro lugar.
A edição impressa traz alguns depoimentos:
“Meu sonho era mudar para a Suécia desde há muito tempo. Você sabe, a gente ouve dizer que esse é um país lindo e rico. Agora eu estou aqui e eu quase choro.” (Carlos, 33, do Peru/Espanha).
“Eu não posso acreditar que esta é a mesma Suécia sobre a qual eu ouvi no Equador e depois na Espanha. Eu acreditei que havia empregos por todos os lados.” (Roberto, 41 anos, do Equador/Espanha).
“Meus pais me mandaram para cá. Eu preciso arranjar dinheiro para os remédios do meu pai e para pagar a energia elétrica.” (Ernö, 20 anos, eslovaco que estudou apenas 6 anos mas sonha ser médico).
“Eu estou aqui para ajudar os meus pais. Somos seis irmãos e eu sou o mais velho. Minha mãe e meu pai estão velhos e doentes.” (Karl, 21 anos, eslovaco que contou ser maltratado na Suécia. Um casal haveria cuspido nele enquanto declarava que era uma pena que Hitler não havia acabado com todos os ciganos nas câmeras de gás.)
Os depoimentos foram tirados do documento “Hemlösa Kartläggning” (Mapeamento dos Sem Teto) que é o fruto da pesquisa realizada pelo Socialstyrelsen (digamos, o ministério que controla a política de assistência social) sueco. Quem tem curiosidade de acessar o documento original é só clicar aqui – em sueco, claro.
Eu também percebi no meu trabalho que há um grande número de não suecos sem teto na Suécia. Hoje mesmo apareceram alguns me perguntando em espanhol se eu era mexicana, ou de algum lugar da América Latina. E eles contam suas histórias… que no fundo são as mesmas dos depoimentos aí de cima.
Já dizia o velho ditado: nem tudo que reluz é ouro.
Observação: eu não sou tradutora oficial e meu texto provavelmente contém erros. O que eu posso afirmar é que o texto traduzido é fiel a ideia e aos dados apresentados no original.