As loucas aventuras de uma Caipira que só queria ir ao médico

Pra terminar, as boas e velhas histórias de como é fantásticamente maravilhoso viver num país de primeiro mundo.

Ontem liguei para o posto de saúde querendo marcar uma consulta. Já falei por aqui, ou não (não lembro) que posto de saúde na Suécia é como emergência: se você vai parar lá sem febre, muita dor ou desmaiando, você será enviado para casa pela enfermeira. Nas emergências de hospital então, tem que chegar desmaiada, em coma alcoólico, vítima de ataque cardíaco, sangrando ou com fratura exposta. Dadas que as minhas circunstâncias não preenchem nenhum dos quesitos acima (graças a Deus) decidi marcar uma consulta para fazer um check up, afinal, não estou numa situação de sofrimento extremo mas depois que deixei os meus anticoncepcionais o meu mundo está sendo regido pelos meus hormônios.

Eu não me reconheço: não tenho mais dores de cabeça (ótimo, provavelmente não vou morrer por causa de um aneurisma cerebral) mas estou cansada a ponto de dormir o dia inteiro e só levantar porque tenho dores no corpo de tanto ficar deitada. E enjoada. E não, não estou grávida, o que me deixaria feliz por saber exatamente o porquê desses sintomas.

Poderia ser anorexia, não fosse o fato de que comer para mim é quase um esporte. Adoro comer. E muito. Não tenho quilos a menos, nem a mais, provavelmente estou gastando todas as minhas calorias com minha rotina louca. E sim, provavelmente eu estou estressada – e é claro que todo mundo já notou a hipocondria.

Enfim, ligo para o posto de saúde e digo a enfermeira que quero marcar uma consulta. Abaixo segue o diálogo:

Ela: Por que?

Eu: Eu quero fazer um check up.

Ela: De que tipo?

Eu: Sabe, exames de sangue e essas coisas.

Ela: Por que?

Eu: Por que o quê?

Ela: Por que quer fazer exames de sangue?

Eu: Porque penso que posso ter… eu não lembro o nome dessa coisa em sueco… a… anemia?!

Ela: Sim, sim, eu entendo. Anemia. Mas então você pode comprar ferro na farmácia como complemento alimentar.

Eu: Sim, mas eu acho que pode ser anemia. Não sei se é anemia.

Ela: Você tem algum sintoma?

Eu: Sintoma de quê? Febre, dor de cabeça? Não. Não sabia que anemia tem sintomas! Só cansaço.

Ela: Então pode ser apenas que você precise descansar.

Eu: Tenho cansaço e dores no corpo.

Ela: Sim mas as dores no corpo são por causa da sua doença X.

Eu: Doença X???!!! Que doença X? Eu não sabia que vocês já tinham meu diagnóstico!

Ela: Está aqui no seu jornal. Você visitou o dermatologista o ano passado, não visitou?

Eu: Sim.

Ela: E qual o tratamento que você recebeu para a doença X?

Eu: Não tenho nenhuma doença X; tenho melasma e rosácea. Fui ao dermatologista por questões estéticas.

Ela: Mas está aqui no seu histórico de saúde (na Suécia, tudo o que os médicos dizem sobre você fica num histórico o qual as enfermeiras dos postos de saúde tem acesso), que você tem a doença X. Quem tem X sofre muito com cansaço e dores no corpo.

Eu:??? Sei lá do que você está falando. Nunca ouvi falar de X, não sabia que tinha essa doença e nunca fui tratada por causa de X. Eu fui ao dermatologista sim, mas foi por causa de uma mancha no rosto e inflamações na pele, como eu disse, melasma e rosácea. Eu definitivamente não sei do que você está falando!

Ela: Você não a Maria Helena blá blá blá?

Eu: Sim.

Ela: Você não tem uma mancha sobre o nariz?

Eu: Não!!…??

Ela: Você tem certeza de que não foi tratada de X?

Eu: Absoluta.

Ela: Em que partes do corpo você sente as dores?

Eu: (morrendo de vontade de dizer aqui óÓÓó… a consulta agora é pelo telefone???). Nos braços.

Ela: Nos dois?

Eu: Sim. Nos dois braços, no ombro direito, atrás da cabeça. (decidi exagerar, já que o negócio era estar meio morrendo…). E também nas pernas e nas costas. 

Ela: Tem certeza que você não sabe o que é a doença X?

Eu: Eu nunca havia ouvido alguém falar disso antes de conversar com você hoje.

Ela: Então seria melhor você ver um médico.

Eu: Foi exatamente por isso que eu liguei, se você lembra (uá tá faqui mem???).

Ela: Ok. O primeiro horário vago é…

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Isso tudo e eu vou pagar pela consulta. Mas agora estou fazendo uma lista de tudo o que quero falar para o médico. Talvez seja a última vez que consiga marcar uma consulta. Vai que eu peguei a enfermeira mais boazinha do pedaço??

Pensa que é fácil?

Feminismo de meia tigela

Mais uma do facebook: tenho o azar de topar com demagogos o tempo inteiro. Gente que tem o maior discurso para qualquer coisa. E eu entro, fácil fácil. Infelizmente, não para concordar, mas para ser do contra. O Joel diz que nunca conheceu alguém que cai tão fácil nas falácias de propagandas como eu; e é verdade. Por outro lado, nem sempre o discurso massivo me corrompe e eu tenho o azar de, ou melhor, a burrice de me irritar e bater de frente com demagogos facebookianos que encontro por aí. Quando há qualquer idiota discursando sobre o óbvio, lá vou eu bater de frente (sabem, igual aos insetos bestas que ficam batendo de contra luz? Sou eu). Nesse fim de semana descobri, num desses meus rompantes, que não passo de uma analfabeta funcional.

Nem vou entrar no mérito da questão do analfabetismo funcional, eu não teria a audácia de explicar isso e apontar os meus dedos sujos para os demais. Mas, decidi definitivamente que está na hora de eu ser feminista. E como toda boa feminista tem que ser chata, decidi começar a praticar o meu discurso aqui no blog.

Sempre me irrito com gente que fala mal de pobre e mais ainda, gente que fala mal do Bolsa Família. A frase mais repetida do facebook é que os beneficiários do bolsa família são os culpados pela corrupção do Brasil, uma vez que o BF é um programa do PT, e que só no PT é que estão os políticos corruptos do Brasil que usam o programa para continuar no poder – porque afinal, todos os milhões de beneficiários do programa votam no PT. E só no PT.

Obeservação: as colocações do parágrafo acima são um resumo generalizado, é óbvio! Mas o que é um peido para quem tá cagado, não é mesmo?

E o que tem toda essa conversa de Bolsa Família (mais corrupção e PT) a ver com feminismo? Tem a ver que eu acabei de decidir que todo mundo que se diz contra o programa Bolsa Família é MACHISTA.

Porque o programa Bolsa Família é acima de tudo um programa de promoção de mulheres: 90% dos beneficiários do bolsa família são beneficiáriAS, ou seja, mulheres. São as mulheres que são beneficiáriAS do bolsa porque são elas que são os chefes da família depois de serem abandonadas com cinco filhos pelos homens. Assim, não importa muito quem é o homem da casa porque eles vão e vem, mas a mulher sempre fica com as crianças e é por meio dela que o programa atinge a população infato-juvenil miserável do país.

É mais do que certo que o programa tem ajudado a melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes principalmente porque ele deu aos beneficiados a possibilidade de continuarem na escola. Se a escola tem boa qualidade ou não, essa é uma questão educacional complementar ao programa, uma questão que tem que ser debatida e corrigida por meio das políticas de educação e não por meio da suspensão das políticas de assistência social e transferência de renda.

O livro “Vozes do Bolsa Família” (eu falo sobre ele abaixo) mostra que as beneficiárias sentiram pela primeira vez – por meio do programa – o que significa ter uma fonte de renda regular. Será que eu preciso relembrar que a média do benefício é de R$119 mês por família? Você já se imaginou ficando feliz por causa disso? Pode imaginar qual será que era a situação anterior dessa mulher, qual o grau de miséria, marginalização e submissão ao qual ela vivia para ficar feliz ao receber R$119 mensais? No nordeste – ah, o Nordeste é o prato cheio dos facebookianos preconceituosos, ops! MACHISTAS – o programa tem ajudado a tirar as mulheres da prostituição. Se R$ 119 mensais faz com que as mulheres parem de se prostituir, dá para chegar a conclusão simples de que o que elas ganhavam fazendo programa um mês inteiro era menos do que isso. Sente o drama?

Eu podia encher o meu texto de referências mas é tanta coisa! Ainda assim deixo aqui um texto curto da Carta Capital apenas a modo de tira gosto. Só para ter uma ideia, a cidade de Nova Iorque copiou o modelo do programa. É claro que eles devem ter melhorado a coisa, afinal lá nos EUA tudo é perfeito, mas o meu intuito não é convencer a ninguém de que o programa é perfeito e sim que essa propagação ridícula de preconceito machista no facebook tem que acabar!

E não tem que acabar porque eu quero e sim porque tá na hora de refletir: quando as pessoas compartilham que as beneficiárias do bolsa família são as responsáveis por reeleger candidatos corruptos estão afirmando que mulheres não sabem escolher na hora de votar. Quando o pessoal fica compartilhando que toda beneficiária deveria ter o título de eleitor confiscado está afirmando que as mulheres tem que perder o direito de votar. Quando você fica dando curtir para gente que compartilha que o programa é feito para sustentar vagabundas você está afirmando que mulheres e crianças não precisam ter seus direitos atendidos. Em resumo, você que faz isso é um machista que não quer ver as mulheres independentes e tendo uma vida melhor.

E se você é mulher, vou ser ainda mais cruel e usar todo meu veneno feminista recém adquirido: eu tenho vergonha da sua postura.

Preciso abraçar a minha cunhada por me contaminar com essas ideias feministas.

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Aqui vai uma entrevista com a professora de teoria social da Unicamp, Walquíria Leão Rego que escreveu o livro “Vozes do Bolsa Família”. Note que ela sempre se refere a “elas” e “delas” quando fala do programa, em referência as mulheres que são beneficiárias.

Recomendo também a leitura desse post sobre o livro.

Eu quero muito esse livro.

Facebook

Muita coisa pra falar, pouca organização. Andei fazendo muita coisa… mas precisava usar o espaço para desabafar – como sempre. Então hoje consegui colocar tudo em ordem e lá se vão três posts – não se assuste, isso não vai acontecer sempre.

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Esse mês teve o dia mundial de combate ao suicídio e, como não podia deixar de ser, eu tratei do tema sob o viés da minha opinião furada de analfabeta funcional nesse post aqui. Aliás, recebi um e-mail muito bacana de um Humberto Correia depois de publicar o post, agradecendo o meu empenho da divulgação e discussão do tema (oi?). Claro que me senti mas…

Todo esse papo de depressão, suicídio e doenças psíquicas mexem comigo. Uma, que são do meu interesse afinal, uma vez na minha vida eu já havia sonhado em ser psicóloga. Duas, que eu tive depressão então… né. Enfim, já percebeu o quanto o facebook anda “poluído de gente se sentindo triste”?

Eu fiquei chocada quando o pessoal começou a compartilhar o “humor do dia” por meio daqueles bonequinhos. Tem sempre alguém que aparece no roll da sua página inicial se “sentindo triste”. Uns assim  e outros assim . Sem contar na turma do povo que usa o símbolo para mostrar que está se sentindo desanimado…

E daí né? Não passa de um bando de gente manhosa tentando chamar a atenção. Jura? Bom, pode até ser, no início, porque assim que alguém escreve um “se sentindo triste” ou “desanimado” sempre tem uma Maria curiosa indo lá perguntar: por que fulano? O que aconteceu Zé?

Tá, eu sou daquele tipo que entra no facebook e dá uma rolada na página inicial e depois cai fora. Tenho 300 contatos no facebook – acho que devia ter menos – mas dentro desses 300 contatos percebi que há três pessoas – uma para cada cem – que ao menos uma vez por semana marcam seu status com um “se sentindo triste”. Eu percebo que fica cada vez mais difícil de ver, uma vez que ninguém “curte” um status em que alguém diz que está malecho e menos gente ainda se importa sobre o porquê do cidadão estar fazendo manha – again.

Comentei isso com algumas pessoas e a maioria delas me deu dicas de como excluir o status dos cidadãos tristonhos e desanimados do meu roll da página inicial. Pô, não são meus amigos, afinal, facebook é para você ter contatos e eu entendo que tem gente que usa o “face” só para diversão, então essa coisa do “estar triste” não encaixa bem nos planos. Eu acho que se fossem amigos eu ficaria preocupada, mas como não, eu apenas fico pensativa e com pena, imaginando quantas pessoas eliminaram o sujeito de suas atualizações porque ele sempre está para baixo.

Nem eu gosto de gente que fica o tempo inteiro reclamando, mas mesmo assim não posso deixar de questionar… estou vendo coisas? Vocês também tem contatos gritando no facebook toda semana que estão se sentindo tristes? Quantas dessas pessoas recebem alguma atenção? Quantas delas tem histórico de depressão ou outro transtorno psíquico?

Svenska Kyrkan

No princípio, Deus criou o mundo por meio do big bang. Mas eu não vou meter a minha colher nos detalhes dessa história, ainda mais porque no fim das contas, eu nem sei porquê de tanta discussão em cima disso/dos ditos detalhes. A verdade é que, depois dos homens das cavernas, dos vikings e dos cristãos católicos, eis que a Suécia também chegou a ser um reino que deveria escolher sua igreja.

Pra quem fugia das aulas de história, os cristãos foram uma raça praticamente comunidade homogênea até meados do séc XVI. Todos seguiam o direcionamento da Santa Madre Igreja, sob o comando do papa que já sentava no Vaticano. Mas aí apareceu Lutero escancarando os podres da instituição, o que deixou o papa irritado e gerou uma excomunhão. Mas também não vamos entrar nos méritos dessa outra questão (porque eu acho que foi bem feito para a cara do papa querer empurrar a sujeira embaixo do tapete e não conseguir); basta saber que, a partir de Lutero, o catolicismo já não era o único modo de ser um cristão; e a Reforma se espalhou pela Europa chegando a Suécia.

Em todo o caso, a Igreja Sueca (Svenska Kyrkan) não é bem uma igreja luterana. Como no caso da Inglaterra, a Igreja Sueca também acabou virando uma mistura entre as doutrinas católica e protestante, sofrendo até mesmo influências do calvinismo. A Reforma em terra suecas teve início em meados de 1520 quando o rei Gustav Vasa era o regente sueco. Já ouvi dizer que o rei determinou que a Reforma de Lutero fosse implantada na igreja sueca mas que, por medo de causar um grande esvaziamento nas paróquias, a liturgia continuou sendo praticada conforme o culto católico (na verdade, a liturgia de uma missa na Igreja Sueca é exatamente igual a liturgia do culto católico hoje).

logoÉ por essas e outras que a Svenska Kyrkan, apesar de ser fruto da reforma, não é chamada de igreja luterana, e sim, de Igreja Sueca.

Enfim, no final do séc XVI todos os padres da Igreja Sueca foram obrigados a se converterem pastores luteranos ou deixarem o país, uma espécie de “agora a coisa ficou séria”, um sinal de que todos deveriam ser protestantes. A Svenska Kyrkan seria a partir de então a igreja oficial sueca, mas o culto luterano estava longe de ser uma verdade suprema dentro do país e a partir do século XIX enfrenta a forte concorrência dos metodistas, batistas e pentecostais em geral. Muitos crentes eram obrigados a ser rebatizados na Igreja Sueca e a possibilidade de pertencer a outra congregação que não fosse a “oficial” nasceu apenas em 1858. Mas isto era válido somente para as pessoas que queriam trocar de congregação. A possibilidade de se desvincular da Igreja Sueca sem pertencer a nenhuma outra congregação vem praticamente um século depois, em 1951.

Na minha opinião, a Igreja Sueca sempre foi estatal porque, por exemplo, até 1996 todas as pessoas nascidas na Suécia eram consideradas membros da Svenska Kyrkan indiferentes de terem recebido o batismo ou não (se você não estava registrado como membro em outra congregação). Somente a partir daquele ano é que apenas os batizados são considerados membros. O que eu quero dizer é que, antes disso, sendo seus pais membros da Igreja Sueca, assim que você nascia se tornava um membro, e seria membro até comunicar a igreja oficialmente pedindo sua remissão.

Por causa dessa peculiaridade – da Svenska Kyrkan ser tão estatal – o dízimo não é pago a Igreja e sim em forma de imposto que vem descontado anualmente no salário. Assim, se você é contabilizado entre os membros da igreja até o dia primeiro de novembro pagará o kykoavgift (imposto da igreja ou simplificando, dízimo) num valor de aproximadamente 1% dos seus ganhos no ano seguinte; dependendo da kommuna (município) em que você vive. Pelo que entendi na página da igreja é possível pagar menos se você não tem interesse de ter um enterro na igreja. Ou pagar menos se você mora em um município em que a Igreja Sueca não tem muitos gastos.

Em todo o caso, essa peculiaridade traz algumas consequências: outubro é o mês do ano em que o maior número de pessoas deixam a Svenska Kyrkan. Pelo que parece, cada vez menos gente quer ser enterrado numa igreja (humor negro). E segundo, uma vez que a Igreja Sueca recebe esse tipo de contribuição, o controle a respeito das finanças da igreja é extremamente aberto e os cargos existentes na Igreja – músico, pastor, diáconos – são como que públicos.

Pasmem: não é necessário ter fé em Deus para ser um pastor na Igreja Sueca. Mas é necessário ter formação em filosofia e teologia. É claro que nenhum ateu vai se candidatar a ser pastor, ainda mais dentro de uma igreja, mas não é proibido. Se você quiser ser diácono, por exemplo, deve ter formação em teologia (ou filosofia? Não estou certa…) e também na área social – pode ter completado seus estudos de teologia com algumas disciplinas de Serviço Social ou o contrário. Da mesma forma, se você quer ser o cara que rege o coral e toca o órgão nos finais de semana, basta ter formação em música.

E… a questão do controle dos dinheirinhos que a igreja recebe: as diretrizes das ações da Svenska Kyrkan não são estabelecidas somente pelos membros da igreja ou pelos clérigos. A cada quatro anos é realizada uma votação para estabelecer as diretrizes da Igreja e as eventuais mudanças que são necessárias. E essas propostas são apresentadas por meio  dos… partidos políticos!

No úlitmo domingo 15 de setembro foi o dia da votação na Svenska Kyrkan, ou kyrkovalet. A participação no processo é facultativa, ou seja, o voto não é obrigatório. As propostas que mais receberam votos foram as apresentadas pelo Arbetarpartiet – Socialdemokraterna ou, simplesmente o maior e mais popular partido na Suécia até a agora.

Não estou por dentro das propostas apresentadas por cada partido e não saberia dizer o quanto boa ou má é essa intervenção da sociedade dentro da igreja, mas entendo que esse processo dentro da igreja é muito interessante. Se por um lado há alguns movimentos reclamando que aqueles que estão de fora da Igreja não sabem o que é melhor para ela, não fosse por causa dessa intervenção a Igreja Sueca não seria a favor do casamento de homossexuais: desde 2009, se você é homossexual e quer se casar tem todo o direito de fazê-lo dentro de qualquer igreja que pertença a Svenska Kyrkan. Até mesmo tem direito de ser um/a pastor/a homoafetiva, casadx ou solteirx, não importa.

Certeza que isso não seria bem assim não fosse gente de fora metendo a colher. Ainda há muito conservadorismo, mesmo numa igreja na Suécia. Um exemplo básico: um dos resultados mais preocupantes no kyrkovalet foi que o partido mais racista da Suécia (o Sverigedemokraterna) conseguiu duas vezes mais votos no último pleito do que em 2009. E o que eles querem dentro da igreja? Entre outras coisas, que a Igreja Sueca pare de dar apoio aos imigrantes pobres, e que passe a trabalhar apenas com suecos pobres… tá fácil não?

Agora, falem sério, não é de cair o queixo?

E só para refletir: que diferença hein… no Brasil, a igreja metendo o bico na vida das pessoas e fazendo tudo mais difícil enquanto na Suécia é a sociedade civil usando a Igreja como instrumento de transformação.

Saudades

Na semana antes do meu casamento a minha sogra avisou que haveriam dois convidados surpresa para a festa. Adivinhem qual foi o meu pensamento?

Sim, a primeira coisa que passou pela minha cabeça é que essa maravilhosa família sueca que me acolheu havia feito uma vaquinha para trazer meus irmãos – a Gio e o Jorge – para o casório. É claro que a minha sogra percebeu de uma vez como as minhas expectativas pararam em um trilhão, então ela mais que rapidamente explicou que era uma surpresa pequena e que os convidados não vinham do exterior.

Ainda assim, eu esperei até o último minuto que – tanto meus irmãos como mais umas pessoas especiais – aparecessem de surpresa. Sei lá, sabe essas coisas bestas de filme? Sim, eu esperei. Esperei ver eles na igreja. Mas eles não estavam lá.

Desde o dia do casamento eu sinto muito mais falta deles do que o normal. Eu tenho cá essa saudade que não passa, e coisas bestas me fazem lembrar de momentos gostosos que passamos juntos, ou, em outros casos, coisas que eu gostaria de fazer com eles.

Passei a viagem toda na Grécia fazendo planos infalíveis.

Mas ainda não posso ir ao Brasil.

Então eu fecho os olhos e vivo na minha cabeça esses momentos que eu sei que foram reais e que agora são lembranças especiais. Eu faço de conta que posso fazer isso amanhã e daí fica um pouco menos pesado. Eu sei que faz quase um ano, a minha vida está se ajeitando e tenho encontrado muita gente legal, mas vocês são insubstituíveis! E estão fazendo falta…

Eu não ficar nominando, não precisa.

Eu tenho saudades…

Dia Mundial de Combate ao Suicídio

suicidioO dia 10 de setembro foi escolhido como Dia Mundial de Combate ao Suicídio. Foi ontem, mas às vezes, mesmo que eu queira, não dá nega e eu não consigo blogar. Enfim, suicídio pode até soar bonitinho em romances do tipo Romeu e Julieta, mas a verdade é que envolve muito sofrimento para todos os envolvidos e um enorme problema de saúde.

To tocando no assunto porque desde que eu mudei para cá tem muita gente que fala disso: a Suécia tem uma das maiores taxas de suicídio do mundo/ não adianta tanta tecnologia e dinheiro se tem um monte de gente que se mata lá/ existem tantas pessoas que se suicidam na Suécia porque ninguém acredita em Deus; blá blá blá…

A gente pode especular e especular a respeito do tema. Na minha opinião, a cultura sueca é um dos fatores que contribui sim para esses números mas, não porque aqui há mais ateus do que crentes ou porque o aborto é permitido (já ouvi cada uma que até parece que os ouvidos viraram pinico!), e sim simplesmente porque os suecos tem essa coisa de se virarem sozinhos, dar conta do recado por si próprios. Sueco “guarda” suas dificuldades para si e compartilha apenas com as pessoas que ele considera próximas. E não é que eu veja isso como um defeito não, pelo contrário: conheço muito gente (inclusive eu) que seria mais feliz se aprendesse a ser mais discreto. Mas essa dificuldade de expor os sentimentos pode virar uma bomba relógio.

E daí que eu sublinhei o pode porque essa não é uma regra. É só um chute baseado em alguns poucos textos que eu li sobre a importância de procurar ajuda quando você está mal.

Lendo algumas coisas ontem sobre o tema eu acabei nesse artigo do Humberto Corrêa que traz alguns dados, como, por exemplo, que cerca de nove milhões de pessoas se suicidam no mundo por ano e que o número de suicídios no Brasil cresceu em 30% nos últimos vinte anos, sobretudo entre homens jovens. O principal ponto do texto do Humberto é a afirmação de que o suicídio seria mais facilmente combatido se a gente deixasse o tabu de lado. Eu concordo.

Tem que se botar para fora o que não sai da cabeça

Tem que se botar para fora o que não sai da cabeça

Concordo porque, indiferente de acontecer no Brasil ou na Suécia, o caso é que ninguém se mata porque está feliz. E, indiferente da cultura sueca ou brasileira, todos nós temos imensa dificuldade de lidar com a tristeza. Na cultura sueca, talvez porque eles sejam fechados e det är inte okej (não é aceitável) pedir pinico para os outros. Na cultura brasileira simplesmente porque a gente é muito feliz para ser triste.

É só para pensar: quantos dos seus amigos estão postando semanalmente no facebook que não veem a hora do final de semana chegar só para entortar o caneco? Quantas dessas pessoas escondem um sentimento enorme de frustração e tristeza por detrás do “soltar a franga”? Por que é que beber para esquecer é aceitável?

E quando o tiro sai pela culatra e, de repente, o cara mais legal da roda se enforca, todo mundo fica surpreso porque ele “sempre” estava feliz.

É claro que eu to tocando em apenas um dos fios de uma meada muito embaralhada: o bullyng mata, a homofobia, o machismo, a marginalização,  o racismo e mais um monte de “ismos”. Eu ficar na “carne” daquela guria até essa gorda se tocar que precisa emagrecer NÃO é uma ajuda; tratar a namorada na coleira porque você é um maníaco carente NÃO vai fazer ela te amar, vai destruir ela (e o contrário também é verdadeiro, só menos frequente porque mulheres nem sempre dispõe do poder para manipular); excluir homossexuais, pobres e negros porque o problema é deles por serem assim NÃO te faz uma pessoa tolerante à diversidade, só serve para mascarar o teu preconceito.

Mesmo os mais fortes e grandes sofrem

Mesmo os mais fortes e grandes sofrem

E que mal há em falar algumas verdades, não é mesmo? Nenhum, não fosse por um detalhe: as pessoas que estão azucrinando as demais, por qualquer motivo que seja, sempre estão tentando esconder algum sentimento de inferioridade ou frustração. Há muitos relatos sobre isso (dá uma lida nos guests posts do blog da Lola): eu tenho medo de virar o objeto do bullyng, então em me junto à rodinha do pessoal que azucrina assim eu fico fora da linha de tiro. Ao menos por enquanto. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, e parece que as redes sociais estão aí para isso: a gente fala o que quiser na rede e, na maioria dos casos não é punido. Isso legitima as redes de ódio que já estão pulando da internet para a vida real.

E isso tudo não acontece apenas no Brasil (tem muito aqui também, apesar do pessoal dos direitos humanos estarem em cima o tempo inteiro) mas no Brasil é visto por muito poucos como problema. Eu sobrevivi ao bullyng, alguns dirão, mas quando você estudava já existia facebook? A gente não quer ver, não quer aceitar que há pessoas que sofrem ao nosso lado, e que a tristeza é mais comum do que é socialmente aceitável (no Brasil).

Eu volto a combater a imagem que a gente vende do Brasil: somos um povo alegre e descontraído, com super “força na peruca”; o país do carnaval que chora suas mágoas na avenida do samba e lava a alma nas ondas de Copacabana. O povo mais simpático e forte do mundo, que mesmo com tantas dificuldades sempre aparece na TV com aquele sorrizão na cara, povo de jeito de moleque que encanta no futebol, na música, na dança…

…e não tem absolutamente o direito de ficar triste. E que esconderá a tristeza por detrás do ódio (duvidam que gente que fica xingando pobre na internet é porque tem problema?) ou de festa. Afinal, sempre é bom encontrar um canal por onde a gente vai descarregar as mágoas, e desde eu que faça o bem para mim mesmo, tá valendo.

suicidio 3

Eu não tenho a menor dúvida de que há muita gente feliz no Brasil. Feliz de verdade. Temos uma cultura de festa, dança, música e travessuras e isso ajuda realmente a limpar a alma. Mas quando nem isso ajuda é sinal de que a coisa está realmente feia e a gente deve perder o medo de declarar que está triste e que perdeu o tesão de viver.

É importante começar uma verdadeira conscientização a respeito da natureza da tristeza; da diferenciação entre tristeza e depressão e da necessidade de buscar ajuda profissional quando você percebe que o tesão de viver está morrendo. Afinal, um suicida não é bem uma pessoa que acorda numa manhã de segunda feira e resolve que já deu; muitas vezes a alma dele já morreu há tempos, só falta mesmo é deixar o corpo.

Quem quer se matar não decide de uma hora para outra, o sentimento aparece sorrateiro e vai crescendo e crescendo incentivado pelos transtornos psíquicos que a pessoa sofre. E aí que as vezes compartilhar isso com amigos vira piada e a única maneira seria buscar a um profissional, mas a oferta de ajuda profissional no Brasil ainda é muito precária no que se refere ao atendimento de pessoas com transtornos psíquicos.  A OMS recomenda (segundo esse artigo) um mínimo de 4 leitos psiquiátricos para cada 100 mil pessoas enquanto no Brasil há cerca de 0,4. Só mesmo trazendo a tona a realidade desse problema vai fazer com que sejam tomadas providências a respeito desse déficit.

Quando não há profissionais disponíveis e os amigos levam tudo na flauta a situação se vê desesperadora. Os transtornos psíquicos que levam a morte são um tabu e eu posso afirmar isso: quando eu tive depressão teve muita gente que disse que eu fazia manha, afinal, eu era jovem, talentosa, bonita, inteligente, tinha um bom trabalho, uma família que me amava e… o que mais eu poderia querer?

Mas nada é assim tão simples. Não é apenas uma questão de querer, ainda que esse seja o primeiro e mais importante passo em direção a cura. Sim, porque transtornos psíquicos são doenças, não são manha, faz de conta para chamar a atenção ou fazer piada. E se queremos que as pessoas que estão com problemas sintam-se confiantes para falar disso, temos também de vencer mais esse obstáculo: o de julgar quem está triste como fraco ou como só mais um cheio de mi-mi-mi-mi.

Enfim, se enfrentarmos os tabus que envolvem o suicídio esses números vão diminuir, tanto aqui como em qualquer lugar.

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A Suécia dispõe de uma linha de ajuda para pessoas que não se sentem bem: a nationella hjälplinjen.

Telefone: 020 22 00 60

Internet: 1177.se (chat com psicólogos).

Esse atendimento é gratuito.

Pesquisa no blog

Essa semana eu postei mais no blog.

Mas… não respondi a nenhum coments que não fosse uma pergunta e também não respondi aos coments atrasados.

Eu gosto de bater um papo. Gosto muito de comentar os comentários do pessoal que segue. O problema é que como eu escrevo o mesmo tanto que eu falo responder aos comentários leva tanto tempo como escrever um post, ainda mais porque eu sempre tenho alguns coments pra responder em vários posts, e eu nem sempre lembro de tudo o que escrevi.

Eu acho que deveria abrir uma página no facebook para o blog mas, ao mesmo tempo, eu tenho quase absoluta certeza de que isso ia acabar meio abandonado – igualzinha a minha conta no twitter. Daí que o principal meio de comunicação entre nós é aqui mesmo e pelo e-mail…

Pensando nisso resolvi deixar uma enquete e tanto quem comenta como quem nunca comenta pode responder.

Isso parece meio besta mas eu acredito que seja importante porque, por exemplo, eu gosto mais de comentar nos blogs das pessoas que eu sei que me respondem. Tem gente que vem deixar um coments aqui, tem gente que responde no próprio blog e tem aqueles que mandam um recadinho rápido por algum outro meio (no face por exemplo); e isso para mim não faz diferença, eu apenas gosto de iniciar uma conversação e saber que a pessoa não me deixou no vácuo. Ainda assim, tem gente que – eu sei – nunca me responde, e mesmo assim eu deixo lá um coments de vez em quando. Nesse caso é porque eu tenho um carinho pelo blog da pessoa, gosto do que ela escreve e quero só dizer: eu continuo lendo! Não pare. É um motivo puramente egoísta, eu sei. É pra satisfazer o meu ego, com certeza, e sei que é também por isso que eu não me sinto tão motivada assim para deixar o coments nos casos em que eu sei que não terei respostas… é pessoal.

Diante disso eu gostaria de conhecer o perfil dos meus leitores (que chique né?): você é o tipo que quer conversa (assim como eu)? Você só quer passar para mostrar “oi Maria, eu tô lendo!”? Você não se importa com nada disso desde que eu responda as eventuais perguntas que você deixar?

É claro que tudo depende também do conteúdo do post. Se alguém escreve sobre balet, por exemplo, eu não tenho ideia do que comentar. “Ai eu acho balet lindo! ” seria uma alternativa, mas… uma coisa dessas não dá para esperar resposta. Eu gosto de contribuir (quando eu comento) com alguma coisa – importante ou não – bem humorada para o autor (do post ou do coments). Mas agora já fugi do assunto, pra variar.

Eu queria deixar a enquete aqui na barra lateral também mas não encontrei a forma de fazer isso. Sei lá… só não funciona. Se alguém sabe como e quiser me dar um help, manda um alô ou deixa umas instruções nos coments?

Obrigada

Nem tudo que reluz é ouro…

Já deixei claro muitas vezes aqui no blog a minha postura, no mínimo, reticente quanto aos EUA. Acho o país um modelo de merda e me deixa realmente triste ver quanta influência esse modelo de merda tem no mundo inteiro.

Eu torci muito para que o Obama se reelegesse o ano passado. Não tanto por acreditar nele e sim muito mais por temer o tal do Roney. O povo estadunidense já tá lascado o suficiente, e apesar de o governo por lá ser tão ou mais corrupto quanto o brasileiro, eu acho que há um tiquinho de esperança enquanto os republicanos estiverem longe do poder, ou, ao menos, da cadeira presidencial.

Ainda assim, é uma palhaçada tanto alarde por causa da visita de um chefe de Estado: Stockholm parou ontem só porque Obama teria um encontro de algumas horas em solo sueco. Eu não acompanhei a visita (acredito que a atitude norte americana é no mínimo esnobe ao visitar um país por apenas um dia e causar tanto estardalhaço por causa da segurança) mas, querendo ou não, Obama é influente no mundo e não adianta eu fazer birra que isso não vai mudar.

Mas eu gostaria que a minha birra pudesse fazer a diferença. O líder do país símbolo de merda vem para a Suécia por um dia como se fosse um favor e daí, até mesmo a Suécia, que é um país que normalmente luta por igualdade, passa o perobão na cara e age como se o mundo estivesse cor-de-rosa. O encontro de ontem mais parece o concurso de misses daquele filme Miss Simpatia: o presidente dos EUA veio a Suécia discutir a paz mundial.

Pelo jeito, não fui só eu que fiquei de birra por causa de tanta superficialidade (graças a Deus!!):

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet.

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet*.

ãhnn, vocês sabem que a visita do Obama a Suécia vai custar 24 milhões e que Carl Bildt (ministro das relações exteriores) disse que esse vai ser um encontro bacana, em que nenhuma questão delicada será discutida?

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet

Mas então a gente podia pensar assim:

O quê? Faz sentido gastar 24 milhões para que o Obama e o governo sueco sentem e tenham tipo… um tempo legal juntos, comendo tacos, vestindo uggs (um tipo de bota meio que na moda na Suécia), assistindo Bridesmaids (o filme Missão Madrinha de Casamento), completando as frases um do outro… mas sem falar de Guantamo enquanto falam, tipo, de guacamole ao invés disso???

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet

Mas não serei eu a reclamar. Eu quero, ao contrário, dar uma sugestão construtiva! E por isso eu apresento a minha ideia:

O Obama não pode simplesmente enviar um drone a Suécia?

Todos sabemos o quanto o Obama adora enviar drones para diversos países!

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet

Charge de Liv Strömquist publicada no Aftonbladet

É claro que não estou sugerindo que ele venha explodir alguma coisa!!! Eu só penso que ele é MAIS BARATO, e funcionaria TÃO BEM QUANTO (no sentido de traria os mesmos resultados), um drone que sentasse por duas horas no Palácio de Sagerska enquanto o Carl Bildt balbucia sobre parmesão, em meio a piscadelas, e tira fotos do seu ídolo para serem publicadas em seu próprio blog!!!

– Mais vinho?

Liv-obama04

Isso sem falar do jantar no palácio com o rei que o Obama vai comparecer!! Um drone seria MUITO, MAS MUITO melhor companhia para Carl Gustav (o rei da Suécia)! Pois ele (o drone) não teria problema algum em ouvir um longo monólogo terrivelmente baixo nível a respeito de, tipo, política de energia sueca, caça aos alces ou dança popular! ADMITAM! SERIA MELHOR!

– Mais sill (conserva de peixe típica sueca)?

Muito obrigada, e de nada pela ideia!

Fonte: Aftonbladet

Tradução meio porca minha mesmo.  Mas joga no Google se quiser conferir.

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Drones são aviões não tripulados que estão bombardeando, por exemplo, o Paquistão. Os drones são enviados pelo governo do USA para os países onde há terroristas. Claro, o mundo inteiro precisa temer aos terroristas islâmicos porque eles são loucos que amarram bombas ao redor de seus corpos para explodir pessoas. Eles matam muitas pessoas, esses terroristas maus seguidores de Alá. Sorte que eles fazem ataques suicidas né? Assim, eles só podem se explodir uma vez. E puxa, ainda bem que os USA usam aviões não tripulados para explodir muitos terroristas, assim um só avião mata muuuiiiiitaaa gente sem nunca, nunquinha mesmo, sacrificar uma vida branca. Às vezes eles explodem crianças também, animais, vilas inteiras… porque os aviões são manobrados a distância e às vezes as coordenadas podem estar erradas, ou o alarme de terrorismo foi falso. Mas melhor assim né? Sabem que as crianças sempre são o futuro de uma nação e qual será que pode ser o futuro de crianças em um país cheio de loucos que querem ser homens bombas?

E obviamente, isso que os EUA faz, isso não é terrorismo.

Preconceito? Imagina…

O país mais acolhedor do mundo é o Brasil.

Só que não.

Na verdade, o Brasil é um país excelente no que se refere a acolher turistas. Tá certo que existem casos e mais casos de turistas que foram roubados e juram nunca mais voltar para o Brasil. Mas isso passa. Morre em questão de dias. Afinal, o Brasil é o país mais simpático do mundo.

Só que não.

Se você não é um turista europeu ou estadunidense, ou melhor, se você não for um turista branco cheio de grana, você será tratado como um turista qualquer. Afinal, pra quem serve um turista se ele não for o cara cheio de grana que vai deixar muito dinheiro no Brasil?

Eu to generalizando, eu sei.

Mas é foda. Sim é foda, não é triste, é foda. É foda abrir o navegador e ver mais gente compartilhando o quanto é que os médicos brasileiros estão sendo mesquinhos e infantis na forma de tratar os médicos cubanos.

Provavelmente, eu não devia meter a colher porque eu nunca trabalhei na área de saúde. E tá certo. Eu nunca trabalhei na área de saúde, mas eu já usei o sistema de saúde brasileiro, tanto o particular como o privado e sabem, não há lá tantas diferenças.

Não me lembro de uma só vez que eu tenha pago uma consulta no Brasil e que eu não tenha esperado para ser atendida. Sempre uma desculpa: é que o “doutor” teve uma chamada de emergência, então, nos desculpe, você não pode ser atendida no horário em que marcou. Ou seja, todo mundo pode esperar pelo médico, todo mundo DEVE esperar pelo médico, no sistema público de saúde ou não, porque ele é o senhor doutor.

Esse é um argumento emocional que não vale de quase nada. É só um choramingo igual a de praticamente duzentos milhões de pessoas que vivem no Brasil. Então passa.

O que eu quero dizer mesmo é que eu sei o quanto é chato você ter que provar para todo mundo que você é qualificado. Sim, porque a situação pela qual os médicos cubanos estão passando no Brasil não é diferente da situação da maioria dos expatriados que estão trabalhando ou tentando trabalhar fora do Brasil, não é diferente da minha situação atual. Mas o quê? Tá chorando de barriga cheia, menina, afinal, tu tá na boa, nos estrangeiro… acabou de voltar da Grécia.

Eu não entendo essa mania, essa merda que incutiram na cabeça do povo, que viver na Europa é bom pra caralhoooo (sim, esse é um post com muitos palavrões, eu sinto falta também de falar palavrão em português), então você tem que ficar apenas feliz e contente de viver na Europa. Se estiverem fudendo com você, se estiverem te tratando com preconceito porque você não tem um diploma europeu, que se dane minha filha, “tu tá nas Europa”.

Isso cansa.

Mas dizer que eu sofro algum tipo de discriminação aqui que eu já não sentisse no Brasil – ou que eu mesmo reproduzisse – é mentira. A exceção do campo de negócios e de tecnologia (que eu acredito sejam mais abertos porque eles querem simplesmente pessoas inteligentes e audaciosas, corajosas); os demais campos de trabalho são extremamente fechados. A gente fica olhando uns e outros com desconfiança, brigando para sermos reconhecidos e para construirmos um status semelhantes aos dos médicos. Exatamente isso, no fundo no fundo, todo mundo gostaria que a sua profissão tivesse o mesmo status quo que a dos senhores de branco.

E por que não? Por que algumas profissões são tão absolutamente invejadas e veneradas enquanto outras, sei lá, ficam como em segundo plano?

Porque somos humanos, e gostamos de nos gavar. A gente sempre quer ter alguém olhando lá de baixo. Se não for a empregada doméstica, tem que ser o mecânico, ou o professor (sim, infelizmente, professor já foi uma categoria profissional com status quo, mas isso foi no tempo das fadas), o gari.

Eu, como assistente social, fico puta da cara se me compararem a um conselheiro tutelar, e fico puta da cara porque minhas palavras e meus relatórios tem menos peso do que os mandatos de um senhor promotor. É um ciclo parecido com o da cadeia alimentar, onde os menores, no mínimo, tem que mostrar respeito aos maiores se quiserem continuar respirando.

Sim, deixemos as nossas máscaras caírem: somos preconceituosos. Brasileiro tem horror a gente negra, porque o símbolo do Brasil é um corpo moreno, não negro; brasileiro tem horror a gente pobre, porque estamos cansados de ser um país de terceiro mundo, então eu quero fugir daqui, sair dessa zona. Brasileiro tem muito mais orgulho do seu sangue branco do que muito alemão nazista. Eu quero viver no glamour europeu porque lá todo mundo tem uma vida boa, porque lá a diferença de classes é menor e não importa se você é formado nisso ou naquilo, a diferença salarial é pequena. Imagina que até mesmo uma faxineira tem uma vida boa lá! Eu ficaria contente de limpar banheiros por um salário assim mas, meu Deus do céu! Eu não vou pagar um absurdo desses para uma “tatinha” cuidar das minhas crianças, ou para uma Dona Maria esfregar o chão em que eu piso. É um absurdo que o governo queira dar privilégios a classe serviçal.

É um absurdo que o sistema de saúde seja poluído de médicos negros que a gente nem sabe se tem qualificação.

Mas essa é outra história não é mesmo?

Não, isso é hipocrisia. E nem é velada, é escancarada: a gente não quer morar no Brasil porque é fora do Brasil que está a vida boa. Só que a sociedade brasileira é um reflexo dos nossos desejos: a gente quer ter acesso a tecnologia como nos países de primeiro mundo, a gente quer ter salários de primeiro mundo, mas a gente quer perpetuar o modelo colonial, em que os senhores de branco, os engravatados, o pessoal que trabalha em escritórios continua tendo a possibilidade de ter seus escravos. E onde todo mundo que não está tão mal na fita assim, e que tem uma profissão intermediária, sonha chegar lá no status quo dos grandões, só para ter seus próprios escravos.

Enquanto isso não acontece, a gente, dessas profissões intermediárias (ou ao menos alguns de nós) não estão nem aí se precisarmos nos comportar como os cachorrinhos dos grandões, seja no Brasil ou aqui na Europa. Afinal, se a gente ficar nas proximidades da mesa, quem sabe nos sobrem algumas migalhas.

É foda ter que ficar provando que você é qualificado. Mas a gente só pensa nisso quando tá queimando na própria pele. E é por isso que me irrita ver o comportamento dos médicos brasileiros.

Eu não sou cachorra não. Nem gostaria de ser, ainda que eu fosse um cachorro de madame. Não quero ser tratada como alguém que veio de um país em desenvolvimento, quero ser tratada como uma pessoa. Acho estupidez, mesquinharia, rabugice e burrice tratar os médicos cubanos como cachorros que vieram pra pegar os restos da mesa dos senhores médicos brasileiros, só porque eles são negros e cubanos.

Sabe o que é mais chato de tudo isso? A Suécia é um país fechado. Suecos tem fama de ser um povo, no máximo, gentil. Gentil, mas frio, fechado, organizado. E são tão organizados que não importa de que lugar do mundo que você veio, se a sua formação não tá dentro dos parâmetros suecos, você pode vir do Reino Unido, não tem choro e nem vela, o jeito é voltar para os bancos universitários e estudar até que esteja no nível que é exigido. Ao menos eu sei que o tratamento que me é dispensado até esse momento não é diferente do tratamento que é dispensado a qualquer outro estrangeiro, vindo ele do primeiro velho mundo ou não. Mas no Brasil…

Bom, pelo menos Brasil é o país mais simpático do mundo. Está de braços abertos como o Cristo Redentor, não é mesmo?

Só que não.

Uma caipira em Creta

Sinceramente não acho que sou muito boa contando o que fiz assim e assado quando fui viajar. Me falta essa capacidade descritiva de que dispõe minha colega blogueira Vânia, por exemplo, que sabe contar tintim por tintim a respeito dos lugares que ela visitou. Mas vamos lá!

Só pra registrar também: acho que existem pessoas que confundem muito essa tentativa de serviço com o famoso se gavar. Não, eu não estou me gavando de ter ido a Grécia, até mesmo porque aqui na Suécia ir a Grécia é o mesmo que ir a praia no fim do ano no Brasil: todo mundo, assim que tem uma oportunidade, faz. O causo é que antes de ir a Grécia procurei posts relacionados e encontrei pouca informação a respeito. Já falei que não me considero uma boa guide, mas alguma informação que seja partilhada é melhor do que nada, não é mesmo?

Viajamos para a cidade de Χανιά  (em português Chania ou Hania; e se pronuncia algo como rânia) localizada na ilha de Creta e nos hospedamos em um hotel de pequenos apartamentos a beira da praia de Kato Stalos (não da para escrever o nome grego… pena). Acho importante ressaltar que a gente se instalou numa das pontas da praia o que, nesse caso, nos deu a possibilidade de ficar num cantinho tranquilo e maravilhoso. Para quem quer agito, é só procurar algum hotel lá pelo meio da mesma praia porque a gente deu uma longa volta a pé e, eu garanto: não há sequer espaço para estender uma toalha.

stalos

Apesar de estarmos num dos cantos da praia havia boas opções de mercados (há muitas mercearias) por todos os lados, lojas de bugigangas e até restaurantes mistos. Por misto eu entendo restaurante que serve tanto comida local como pratos mais “internacionais”. Não que eu acho essencial ter essa opção internacional nos restaurantes, mas tem gente que não tem cara nem coragem de experimentar coisas novas, e eu não posso culpar porque eu não gostaria de ir a China e ter que comer comida local. Mas ao final isso torna o cardápio meio chato às vezes, e a gente percebe que aparece muito mais opções internacionais do que comida local. Num dos restaurantes que estivemos tinha até mesmo macarrão com almôndegas no cardápio, é mole?

A necessidade de “alugar” os visitantes escandinavos é tanta que fica a beira do ridículo: ao lado do nosso hotel havia um café chamado “kaffe stugan” que além de servir “café sueco” (não existem plantações de café na Suécia, apenas café preparado a moda sueca) exibia o noticiário sueco todas as noites. Além disso, na cidade havia muitos restaurantes em que as placas estavam em inglês e sueco ao invés de estar em inglês e grego. Esquisito é pouco…

Achei que a maioria dos gregos fala inglês muito bem. Bom, até sueco eles falam né...

Achei que a maioria dos gregos fala inglês muito bem. Bom, até sueco eles falam né…

Kato Stalos fica a aproximadamente 20 minutos de ônibus do centro histórico da cidade de Χανιά, sendo assim a gente pegou um busão (1,60€) e demos uma longa caminhada pela cidade. Χανιά é rodeada pelas ruínas de uma fortaleza construída pelos venezianos que durou até 1645, quando os turcos invadiram a região.  Apesar de ter sido bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade é muito charmosa e definitivamente vale a pena gastar uma boas horas dando pernadas, ou simplesmente sentado num café/restaurante/praia/mirante/ou nas próprias muralhas para admirar a vista, a arquitetura ou o mar.

To descabelada, eu sei. Mas a vista é linda né?

To descabelada, eu sei. Mas a vista é linda né?

Falando no mar… o Mediterrâneo é lindo mas na Grécia ele é exuberante! As águas são super claras e é ideal para praticar mergulho. Eu sou péssima na água, não sei nadar direito, mas com meu excelente professor particular eu pude aproveitar muito com meu snorkel. Até saímos de barco (de Χανιά) para um passeio onde pudemos ver os destroços de um avião no fundo do mar. Há uma porção de barcos que fazem esse passeio saindo do centro histórico da cidade, e eu posso dizer que vale muito a pena (15€ por pessoa): além de ver os destroços do avião o passeio oferece mais um ponto de parada para banho, e depois a bordo são servidas frutas (melancia e melão) e raki (cachaça grega) gratuitamente aos passageiros.

mediterrâneo

Eu esqueci de pedir para o Joel tirar uma foto de mim na água... e como ele é o peixinho...

Eu esqueci de pedir para o Joel tirar uma foto de mim na água… e como ele é o peixinho…

Fizemos dois passeios – um para a garganta de Samaria e outro para Knossos – e para tanto alugamos uma moto lá por perto das bandas de onde nos hospedamos. Não faltam “rent a bike” espalhados por todos os cantos da cidade e, apesar de a gente ter lido muito na internet que o pessoal era chato, que tem que tomar cuidado porque eles tentam afirmar que você riscou a moto aqui e ali (e cobrar mais por isso), não tivemos nenhum problema do gênero. Não sei se os gregos ficaram mais simpáticos por causa da crise, mas eu já ouvi muita gente dizer que achou os gregos de Creta extremamente simpáticos. Além disso, alugar uma moto/carro é muito mais legal e barato do que sair com os pacotes existentes: para alugar a moto pagamos 30€ por dia (mais cerca de 15€ em combustível) quando pagaríamos 40€ por pessoa para sair com a caravana.

A estrada pra Samaria é ruim, e o próprio pessoal da agência sugeriu que a gente pegasse uma cross. Já para Knossos foi só asfalto - a beira do mar.

A estrada pra Samaria é ruim, e o próprio pessoal da agência sugeriu que a gente pegasse uma cross. Já para Knossos foi só asfalto – a beira do mar.

Então primeiro, Samaria. Eu li algumas informações na internet antes de ir para lá mas infelizmente, parece que nem sempre o que você procura acha; e definitivamente eu não tinha encontrado esse post aqui. Fomos para Samaria e eu estava acreditando piamente que dava para ter ao menos uma panorâmica da vista sem precisar sair a pé. Me fu… como diz o outro. Não dá para ver nada além do início da garganta a partir do último ponto em que se chega de carro/moto/busão. O rio se encontra a cerca de 2km do ponto de partida e, como eu queria porque queria ver o danado do rio, decidi que desceria a montanha assim mesmo, só eu, minha câmera fotográfica e uma garrafa d’água. Tudo muito bem, mas eu precisava de um tênis melhor: só levei meu All Star (converse) para Creta e o caminho é para gente preparada mesmo. Tropecei, escorreguei, quase cai; desisti de ver o rio antes de quebrar alguma coisa. Mas eu vou voltar… se vou. E aí vou caminhar os 18km!

Pena que eu me atrapalhei toda... se apenas a vista da entrada é assim! No último quadro, a vista do restaurante que falei.

Pena que eu me atrapalhei toda… se apenas a vista da entrada é assim! No último quadro, a vista do restaurante que conto em seguida.

Apesar de todo o desencontro de informação, eu super recomendo o passeio. A estrada até Samaria é um zigue-zague em meio as montanhas que nos brindaram o caminho inteiro com vistas espetaculares. Inesquecível! A alguns metros da entrada do parque (para fazer o caminho paga-se a taxa de 5€) há um restaurante que fica no topo da montanha, e a vista de lá é simplesmente fantástica.

Essas foram pelo caminho... Creta tem montanhas de até 2.500m!

Essas foram pelo caminho… Creta tem montanhas de até 2.500m!

Eu gosto demais de mitologia grega. Já li tantas de suas histórias que chego a confundir algum seres mitológicos… Pois bem: na ilha de Creta estão as ruínas do Palácio de Knossos (descoberta no fim do séc XIX), aquele no qual, segundo a mitologia grega, se encontrava o labirinto do Minotauro. Para simplificar a história, o rei Minos pede a ajuda de Posseidon para derrotar seus inimigos e depois tentar passar a perna no deus. Como castigo, a mulher dele se apaixona por um touro e acaba dando a luz a uma criatura horrível, com cabeça de touro e corpo de homem que só se alimentava de carne humana. O rei construiu um labirinto para prender o monstro, uma vez que nenhum guerreiro conseguia matá-lo. Como o rei havia ganhado a guerra sobre Atenas, de lá todos os anos eram escolhidos alguns jovens que eram enviados como sacrifício para que o Minotauro não deixasse o labirinto até que Teseu, o filho do rei de Atenas, resolve que está na hora de salvar seus conterrâneos. A filha de Minos se apaixona pelo príncipe e decide ajudá-lo a matar o Minotauro. Com a ajuda da princesa e um novelo de lã, Teseu encontra o monstro e o mata, libertando os jovens atenienses do castigo. A história completa você pode ler aqui (link do wikipedia).

Eles até construíram uns chifres de touro em uma das partes mais elevadas das ruínas... será que?

Eles até construíram uns chifres de touro em uma das partes mais elevadas das ruínas… será que?

Não há nenhum registro no local que confirme a lenda (nem o cadáver do Minotauro – hahaha); mas o Palácio tinha de fato mais de 1300 câmaras, era enorme e por si só e um verdadeiro labirinto. Se além do próprio palácio havia um labirinto subterrâneo… não dá para perceber, infelizmente. Mesmo assim adorei entrar no sítio que mescla as ruínas do palácio com pequenos detalhes reconstruídos que remetem a arquitetura original, e achei o preço bem acessível (6€ e estudantes não pagam).

Li demais e comi muitas azeitonas e queijo de cabra. Vale a pena experimentar a culinária local, principalmente o crepes e os pratos a base de ovelha. A única coisa que não curti foi o vinho de lá, porque não tem gosto de vinho. Mas o tzatziki, o raki e o uzzo eu super recomendo! Além de azeitonas e queijo de cabra. Oh, eu esqueci dos crepes!

hmmmmmmmm

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A ilha de Creta serviu de cenário para muitos clássicos, mas o mais famoso deles com certeza foi o filme “Zorba, o grego”, filme que consagrou o “Sirtaki” como a dança e música símbolo da cultura grega. Zorba também foi gravado em Chania!

Por fim… no caminho para a cidade de Ἡράκλειον (Heraklio, Heraclião ou Iraclio, a maior cidade da ilha) passamos pela praia de Stavros e é nela que foram gravadas as cenas do filme em que o “Zorba” ensino o turista inglês a dançar o sirtaki.

Meu All Star cheio de pó e a praia de Stavros

Meu All Star cheio de pó e a praia de Stavros

E o que tem o Converse a ver com a treta? Lá nas bandas de onde eu venho o povo sempre dizia que quem vinha da roça tinha como marca os pés sujos…

Foi culpa do Joel!