Sinceramente não acho que sou muito boa contando o que fiz assim e assado quando fui viajar. Me falta essa capacidade descritiva de que dispõe minha colega blogueira Vânia, por exemplo, que sabe contar tintim por tintim a respeito dos lugares que ela visitou. Mas vamos lá!
Só pra registrar também: acho que existem pessoas que confundem muito essa tentativa de serviço com o famoso se gavar. Não, eu não estou me gavando de ter ido a Grécia, até mesmo porque aqui na Suécia ir a Grécia é o mesmo que ir a praia no fim do ano no Brasil: todo mundo, assim que tem uma oportunidade, faz. O causo é que antes de ir a Grécia procurei posts relacionados e encontrei pouca informação a respeito. Já falei que não me considero uma boa guide, mas alguma informação que seja partilhada é melhor do que nada, não é mesmo?
Viajamos para a cidade de Χανιά (em português Chania ou Hania; e se pronuncia algo como rânia) localizada na ilha de Creta e nos hospedamos em um hotel de pequenos apartamentos a beira da praia de Kato Stalos (não da para escrever o nome grego… pena). Acho importante ressaltar que a gente se instalou numa das pontas da praia o que, nesse caso, nos deu a possibilidade de ficar num cantinho tranquilo e maravilhoso. Para quem quer agito, é só procurar algum hotel lá pelo meio da mesma praia porque a gente deu uma longa volta a pé e, eu garanto: não há sequer espaço para estender uma toalha.
Apesar de estarmos num dos cantos da praia havia boas opções de mercados (há muitas mercearias) por todos os lados, lojas de bugigangas e até restaurantes mistos. Por misto eu entendo restaurante que serve tanto comida local como pratos mais “internacionais”. Não que eu acho essencial ter essa opção internacional nos restaurantes, mas tem gente que não tem cara nem coragem de experimentar coisas novas, e eu não posso culpar porque eu não gostaria de ir a China e ter que comer comida local. Mas ao final isso torna o cardápio meio chato às vezes, e a gente percebe que aparece muito mais opções internacionais do que comida local. Num dos restaurantes que estivemos tinha até mesmo macarrão com almôndegas no cardápio, é mole?
A necessidade de “alugar” os visitantes escandinavos é tanta que fica a beira do ridículo: ao lado do nosso hotel havia um café chamado “kaffe stugan” que além de servir “café sueco” (não existem plantações de café na Suécia, apenas café preparado a moda sueca) exibia o noticiário sueco todas as noites. Além disso, na cidade havia muitos restaurantes em que as placas estavam em inglês e sueco ao invés de estar em inglês e grego. Esquisito é pouco…
Kato Stalos fica a aproximadamente 20 minutos de ônibus do centro histórico da cidade de Χανιά, sendo assim a gente pegou um busão (1,60€) e demos uma longa caminhada pela cidade. Χανιά é rodeada pelas ruínas de uma fortaleza construída pelos venezianos que durou até 1645, quando os turcos invadiram a região. Apesar de ter sido bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade é muito charmosa e definitivamente vale a pena gastar uma boas horas dando pernadas, ou simplesmente sentado num café/restaurante/praia/mirante/ou nas próprias muralhas para admirar a vista, a arquitetura ou o mar.
Falando no mar… o Mediterrâneo é lindo mas na Grécia ele é exuberante! As águas são super claras e é ideal para praticar mergulho. Eu sou péssima na água, não sei nadar direito, mas com meu excelente professor particular eu pude aproveitar muito com meu snorkel. Até saímos de barco (de Χανιά) para um passeio onde pudemos ver os destroços de um avião no fundo do mar. Há uma porção de barcos que fazem esse passeio saindo do centro histórico da cidade, e eu posso dizer que vale muito a pena (15€ por pessoa): além de ver os destroços do avião o passeio oferece mais um ponto de parada para banho, e depois a bordo são servidas frutas (melancia e melão) e raki (cachaça grega) gratuitamente aos passageiros.
Fizemos dois passeios – um para a garganta de Samaria e outro para Knossos – e para tanto alugamos uma moto lá por perto das bandas de onde nos hospedamos. Não faltam “rent a bike” espalhados por todos os cantos da cidade e, apesar de a gente ter lido muito na internet que o pessoal era chato, que tem que tomar cuidado porque eles tentam afirmar que você riscou a moto aqui e ali (e cobrar mais por isso), não tivemos nenhum problema do gênero. Não sei se os gregos ficaram mais simpáticos por causa da crise, mas eu já ouvi muita gente dizer que achou os gregos de Creta extremamente simpáticos. Além disso, alugar uma moto/carro é muito mais legal e barato do que sair com os pacotes existentes: para alugar a moto pagamos 30€ por dia (mais cerca de 15€ em combustível) quando pagaríamos 40€ por pessoa para sair com a caravana.

A estrada pra Samaria é ruim, e o próprio pessoal da agência sugeriu que a gente pegasse uma cross. Já para Knossos foi só asfalto – a beira do mar.
Então primeiro, Samaria. Eu li algumas informações na internet antes de ir para lá mas infelizmente, parece que nem sempre o que você procura acha; e definitivamente eu não tinha encontrado esse post aqui. Fomos para Samaria e eu estava acreditando piamente que dava para ter ao menos uma panorâmica da vista sem precisar sair a pé. Me fu… como diz o outro. Não dá para ver nada além do início da garganta a partir do último ponto em que se chega de carro/moto/busão. O rio se encontra a cerca de 2km do ponto de partida e, como eu queria porque queria ver o danado do rio, decidi que desceria a montanha assim mesmo, só eu, minha câmera fotográfica e uma garrafa d’água. Tudo muito bem, mas eu precisava de um tênis melhor: só levei meu All Star (converse) para Creta e o caminho é para gente preparada mesmo. Tropecei, escorreguei, quase cai; desisti de ver o rio antes de quebrar alguma coisa. Mas eu vou voltar… se vou. E aí vou caminhar os 18km!

Pena que eu me atrapalhei toda… se apenas a vista da entrada é assim! No último quadro, a vista do restaurante que conto em seguida.
Apesar de todo o desencontro de informação, eu super recomendo o passeio. A estrada até Samaria é um zigue-zague em meio as montanhas que nos brindaram o caminho inteiro com vistas espetaculares. Inesquecível! A alguns metros da entrada do parque (para fazer o caminho paga-se a taxa de 5€) há um restaurante que fica no topo da montanha, e a vista de lá é simplesmente fantástica.
Eu gosto demais de mitologia grega. Já li tantas de suas histórias que chego a confundir algum seres mitológicos… Pois bem: na ilha de Creta estão as ruínas do Palácio de Knossos (descoberta no fim do séc XIX), aquele no qual, segundo a mitologia grega, se encontrava o labirinto do Minotauro. Para simplificar a história, o rei Minos pede a ajuda de Posseidon para derrotar seus inimigos e depois tentar passar a perna no deus. Como castigo, a mulher dele se apaixona por um touro e acaba dando a luz a uma criatura horrível, com cabeça de touro e corpo de homem que só se alimentava de carne humana. O rei construiu um labirinto para prender o monstro, uma vez que nenhum guerreiro conseguia matá-lo. Como o rei havia ganhado a guerra sobre Atenas, de lá todos os anos eram escolhidos alguns jovens que eram enviados como sacrifício para que o Minotauro não deixasse o labirinto até que Teseu, o filho do rei de Atenas, resolve que está na hora de salvar seus conterrâneos. A filha de Minos se apaixona pelo príncipe e decide ajudá-lo a matar o Minotauro. Com a ajuda da princesa e um novelo de lã, Teseu encontra o monstro e o mata, libertando os jovens atenienses do castigo. A história completa você pode ler aqui (link do wikipedia).
Não há nenhum registro no local que confirme a lenda (nem o cadáver do Minotauro – hahaha); mas o Palácio tinha de fato mais de 1300 câmaras, era enorme e por si só e um verdadeiro labirinto. Se além do próprio palácio havia um labirinto subterrâneo… não dá para perceber, infelizmente. Mesmo assim adorei entrar no sítio que mescla as ruínas do palácio com pequenos detalhes reconstruídos que remetem a arquitetura original, e achei o preço bem acessível (6€ e estudantes não pagam).
Li demais e comi muitas azeitonas e queijo de cabra. Vale a pena experimentar a culinária local, principalmente o crepes e os pratos a base de ovelha. A única coisa que não curti foi o vinho de lá, porque não tem gosto de vinho. Mas o tzatziki, o raki e o uzzo eu super recomendo! Além de azeitonas e queijo de cabra. Oh, eu esqueci dos crepes!
A ilha de Creta serviu de cenário para muitos clássicos, mas o mais famoso deles com certeza foi o filme “Zorba, o grego”, filme que consagrou o “Sirtaki” como a dança e música símbolo da cultura grega. Zorba também foi gravado em Chania!
Por fim… no caminho para a cidade de Ἡράκλειον (Heraklio, Heraclião ou Iraclio, a maior cidade da ilha) passamos pela praia de Stavros e é nela que foram gravadas as cenas do filme em que o “Zorba” ensino o turista inglês a dançar o sirtaki.
E o que tem o Converse a ver com a treta? Lá nas bandas de onde eu venho o povo sempre dizia que quem vinha da roça tinha como marca os pés sujos…
Foi culpa do Joel!
Também quero voltar à Creta! E sinceramente você fez a pior parte do trekking de Samaria! :) Brigaduuu pela indicação do Turomaquia.
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Você sempre me empurrando para cima, né?! Já falei que te admiro? Não? Então lá vai… Te admiro pra raio! ;)
Não conheço a Grécia, mas morro de vontade de ir e espero que um dia eu consiga realizar isso. Adorei as dicas, porque assim a gente consegue se planejar melhor e nada como a visão de alguém de fora e com todos os prós e contras. Desculpe, mas gostei de ver você metendo as caras em novos lugares e zoando o seu converse. Eu sei ele é caro por essas bandas, mas super valeu à pena. Essa é a Caipira invadindo a “zoropa”!
Bjs.
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Que linda a sua lua de mel, caipira! E que linda você de cabelão longo.
Curta bastante!
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Livro de economia durante as férias? Ninguém merece ;) Mas amei as fotos, obrigada por partilha. Também sonho ir à Grécia um dia! Beijos
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