Benjamin completou dois anos e eu também – de maternidade. Parece uma vida inteira desde que ele nasceu e muitas vezes a sensação de que não havia vida antes do filho é tão forte que me faz esquecer que eu já fui criança. Só não esqueço de todo porque a gente pensa muito na própria infância, o que foi bom e o que não foi, e usa como parâmetros para a própria maternidade. O foda é que eu penso tanto que muitas vezes fico na dúvida se estou realmente lembrando de fatos vividos ou são apenas experiências resignificadas depois de ouvir tanta gente repetindo o “lembra quando isso e aquilo? daí aconteceu pau e corda…”
E é isso mesmo, como o título sugere, estou de barriga e o bebê chega em novembro. Tenho várias conhecidas suecas parindo agora ou em um futuro próximo, o que deveria me garantir um pouco de companhia para “empurrar o carrinho por aí”; o que infelizmente não será verdade. Não é pra me fazer de coitada, é só que o meu jeito de encarar a maternidade não bate com o jeito da galera daqui. Um exemplo simples: Benjamin não desmamou. Porque não precisa – minha gravidez é tranquila, ele quer mamar e vai continuar mamando enquanto quiser. Já ouvi gente sugerir o desmame delicademente e também na cara dura – assim ó: você terá enormes problemas se não desmamar pra ontem – além das pessoas que, apesar de não dizerem nada, estão gritando corporalmente o quanto isso é esquisito. Das gurias com quem eu convivo que tiveram uma criança ao mesmo tempo que eu a maioria está na segunda rodada e falando do desmame do filho número dois.
Já fiz o ultrassom de rotina daqui – que acontece entre a semana 18 e 20 – já sei que o bebê está se desenvolvendo como deveria, que viu ter mais um piá (yes!), e que nos preciso de mais ultrassons. Durante a primeira gestação essa falta de ultrasonografias me deixava desconfortável, agora eu vejo isso com mais naturalidade. Acredito que o fato de morar na Suécia e ter contato com um sistema de acompanhamento a gestante mais simples – veja bem, é humanizado mas nem sempre – em que a gravidez não é tratada como doença me ajudou muito a crescer como mulher. Eu quero muito ajudar outras mulheres a se fortalecer nesse sentido e para isso me formei doula. Não sei se terei possibilidade de utilizar o que aprendi aqui, ser doula na Suécia ainda é um trabalho pouco conhecido e a maioria das mulheres escolhe ter apoio exclusivo do parceiro durante o parto mas, apesar de sentir que esse é um projeto que talvez precise de alguns anos antes que eu possa aplica-lo, espero começar aos poucos a deixar o mundo burocrático da assistência social de escritório em que entrei e ficar mais perto das pessoas.
Uma das coisas que preciso dar jeito é na carteira de motorista. Aham, continuo bandida, mas uma bandida de meia tigela que vai ao mercado próximo de auto quando está com a massa do bolo pronta e percebeu que esqueceu o fermento. Agora que já perdi a autorização para tirar a carteira tenho que pagar por uma nova autorização, um novo exame de vista e esperar ter mais sorte nas minhas provas.
Enquanto isso, vou de bike. Tenho uma vida um tanto quanto intensa em duas rodas, o que tem preservado minha sanidade física e mental: vou e volto do trabalho de bicicleta, aproximadamente 16km por dia que me custam meia hora pedalando (são cerca de 50 minutos de transporte público por causa das conexões escrotas que tenho que fazer para chegar ao bairro vizinho). É ótimo, mas não vai funcionar no inverno de -10°C com duas crianças, sendo uma delas um bebê de poucos meses. Então bora mexer a bunda da cadeira e tirar a carteira – rimou.
Falando em coisas a tirar, vou tirar a cidadania sueca e da próxima vez que ir ao Brasil registrar minha saída definitiva. Estou com uma lista grande de coisas a fazer no Brasil, muito do que tem a ver com essa coisa de registrar que mudei – na qual nunca pensei por acreditar que voltaria logo e por pura ignorância mesmo – mas que teria facilitado a minha vida e me preservado de algumas cobranças desnecessárias. Então fica a dica para quem estiver saindo: conte para receita federal que você está mudando, mesmo que não seja para sempre.
Eu ando com muita saudade de blogar. Mas tenho dormido em pé. E sinceramente… sinto que há muitas coisas das quais eu gostaria de falar que não cabem aqui. Então por enquanto fica como está.
Beijos pra quem fica!
Que delicia de post, como sempre (alias, como costumava ser, ja que vc nao escreve mais rsrs).
Parabens ao Ben e a vcs! Estou te sentindo mais animada com a gravidez agora … perdoe minha ignorancia, mas como faz com uma crianca de dois anos e um bebe mamando? Eu nunca pensei nisso, te juro!
No mais, muita paz, muita luz (se bem que visso vc ja tem de sobra), mil beijos e conta comigo sempre.
Amo-te!!
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Já estava com saudades ! Parabéns pelo novo piá e parabéns ao Ben pelo segundo aniversário!
Beijos
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Poxa, que saudade eu estava de ver post novo aqui! Parabéns pela nova gravidez, que venha com muita saúde como o Benjamin. E não pare de escrever, mesmo que demore um pouco.
Abraços e que Deus abençoe você e sua família!
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Oi Carioca!!
Hahahahahaha! Eu também não sei como faz com duas crianças querendo mamar. Eu acho que isso é uma coisa que eu vou ter que resolver na hora… afinal não adianta eu resolver que vou amamentar se eu não sei se Benjamin ainda vai querer mamar daqui a seis meses, ou se eu vou aguentar amamentar duas crianças. Vai que o novo rebento mama 24/7?
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Que bom ver você voltando a postar, eu estava com saudade. Felicidades e aproveite esta fase linda da sua vida! Grande bj
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Olá!!
Moro em Gotemburgo há pouco mais de 1 ano e desde que soube que viria para cá, venho acompanhando o blog. Especialmente esta parte da maternidade!
Tb estou gravida de um guri e o due date é 14/11! Ahh, e uma das opções de nome que temos é Benjamim…. Algumas coincidências! :)
Boa gestação! Que esse novo bebê traga muita felicidade!
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Oi Maria,
parabens pela gravidez! Te acompanho ha alguns anos e tudo comecou por eu procurar no google como fava creme de leite em sueco e vir parar no seu blog. rs
Fico feliz em te ver dando todos esss passos e tambem com varios textos onde vc escreve sobre politica no Brasil. Te acho sensata e sempre gosto de ler seus pensamentos. E guria, como vc venceu etapas nesse pais. Nao desanima com essa carteira de motorista, isso vai dar certo uma hora ou outra. Fico pasma com todos os trabalhos que vc ja fez, os niveis de sueco que ja estudo, ‘e inspirador!
Eu tambem sou casada com um sueco ha 3 anos mas mudei pra Suecia ha um ano. Antes a gente morava na Belgica. A gente comecou a falar sobre tirar cidadania tambem porque li que a partir de 3 anos de casados ja pode pedir. Mas vi que vc mora aqui ha 5 anos, mas ‘e casada ha 2, nao ‘e? Se vc tiver tempo, vc pode responder isso num post como funciona a cidadania? O migration verket ja me ferrou quando mudamos pra ca e agora quando pergunto pra eles nao fica claro se eu tenho direito. Ai to comecando a perguntar pras gurias ao lado como funciona.
Desejo muito saude pra vc, pia na barriga, Benjamin e marido!
Beijos!
Tina
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Oi querida! Que delícia acompanhar seu blog.
Sou psicóloga e doula e estou indo a Estocolmo (por enquanto só para visitar, rs) e adoraria conhecer você e trocar um pouco do que sei do trabalho das doulas na suécia e outras coisa também.
Fica o convite! Se topar, me mande um email.
Abraços,
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Alô Carol,
Eu moro em Göteborg. Se passar por aqui me manda um alô e aí paramos para uma prosa.
Abracos
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