Diário Caipira – 19

Há bastante críticas ao modelo sueco de trato à pandemia. Eu passei a última semana ouvindo a coletiva de imprensa que as autoridades responsáveis pelo plano de contenção sueco dão diariamente. Tenho que confessar que aumentou bastante a minha confiança na forma sueca de combate a pandemia.

Pois bem que hoje mesmo eu estava ouvindo os questionamentos a respeito de restaurantes: a primavera não pode ser considerada uma realidade nesse país se não houver gente passando frio em mesas ao ar livre. Assim que muitos municípios permitiram que os restaurantes abrissem o seu espaço exterior precocemente. Não obstante, as autoridades sanitárias não estavam felizes porque estavam recebendo denúncias de que as pessoas estavam aglomerando em mesas ao ar livre.

Pois bem, hoje no trabalho uma das minhas colegas não tinha consigo sua marmita. Conversa vai e vem e decidimos que iríamos almoçar fora – literalmente, porque i restaurante da pracinha perto do trampo tem mesas ao ar livre e hoje faziam agradáveis 18°C.

Estávamos as três sentadas falando coisas nada a ver quando aparece uma senhora de óculos escuros e vem em nossa direção. Eu imaginei que se tratasse de uma dessas pobres almas que tentam arrecadar fundos para as diversas causas nobres que existem pelo mundo afora (tipo Cruz Vermelha ou Médicos sem Fronteiras ou Greenpeace). Ela pediu licença, se apresentou como “hälsovärd” (inspetora de saúde?) e foi direto ao assunto:

– Vejo que vocês precisam informações sobre a situação atual. É recomendado manter distância de no mínimo um metro e meio das demais pessoas. (E apontando para minhas colegas) Vocês duas estão à uma boa distância mas você (apontando para mim) está muito próxima dela e deveria trocar de lugar sentando-se nessa ponta da mesa. Se tiverem alguma dúvida posso lhes dar maiores detalhes baseados nas orientações da Folkhälsomyndigheten.

Bom. A vida não segue como sempre, nem na Suécia.