Diário Caipira – 27

Já fazem quatro semanas que a entidade na qual trabalho está fechada. Ainda não há previsão para que voltemos as atividades normais. Enquanto isso, trabalho no escritório de assistência social.

É incrível como recebemos um tratamento diferente na entidade em que eu trabalho. Como a gente faz coachning para que as pessoas que dependem de auxílio financeiro possam ter um emprego muitos ficam muito felizes e agradecidos pelo nosso trabalho.

No escritório nunca é assim. Sempre que vou atender o telefone é gente irritada reclamando porque ganhou dinheiro de menos, porque eu não respondi o telefone no segundo toque, porque o fulano ganha mais do que eu, porque ninguém me ajuda, porque outra pessoa não fez bla bla bla.

Hoje era meu dia de ficar no “plantão” que é quando a gente responde uma linha direta onde as pessoas podem entrar em contato pra tirar dúvidas. Só-gente-reclamando. É extenuante. Todo mundo vira Jó, acometido pelas mais diversas desgraças. É um rosário de queixas seguidos de “ninguém me ajuda”, “o responsável pelo meu caso não entende a minha situação”; “ela/ele nunca responde o telefone”.

E eu nem posso imaginar porque alguém não responderia a telefonemas tão agradáveis…