Diário Caipira-95

O telefone toca as dez. No visor o nome de um dos postos de saúde do bairro. Atendo e ouço um: “Bom dia, eu sou o João, médico do posto de saúde. Você fez o teste pra saber se tem corona e o resulta é negativo. Tenha um bom dia.”

E desligou. Eu digo “obrigada” para o tu-tu-tu-tu.

Então, não sei o que sinto. Não quero ter corona, não quero ficar doente. Ao mesmo tempo queria ter essa bosta de uma vez. Eu sei que está por aí, por todos os lados; e eu queria parar de sentir todos os germes de todas as coisas que eu toco e ficar fazendo malabarismos mil pra abrir portas ou não tocar em meu rosto. To cansada desse receio quando beijo meus filhos ou quero lhes bagunçar os cabelos.

E deveras egoísta. Eu sei. Mas o que será de nós se isso nunca passar?

Agora vamos prosear!

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