Tem dias que eu penso que tô lendo algum tipo de distopia quando olho as notícias. Eu me pergunto quem é que está escrevendo o roteiro dessa bosta e lembro que todo mundo junto está contribuindo, querendo ou não. Aí minha esperança vai parar no fundo do fundo do poço.
Porque, sério mesmo? A gente já discutiu com gente que acredita que vacina provoca o autismo, já revira os olhos com terraplanistas, não consegue acreditar na pachorra dos PhDs de YouTube e (acho que também vou começar a dar carteirada) e agora tem que ler gente defendendo que tomar no koo é o melhor remédio contra Covid.
Como se o brasileiro não estivesse sendo submetido a isso mesmo (subjetivamente) há décadas, agora vai levar a frase ao pé da letra. Porque, como me disse uma parente distante: “a gente tem que tomar azitromicina mesmo, e ivermeticina também, porque se isso ajuda no combate ao Covid é o que temos antes da vacina…” Partindo dessa lógica, o que é que há demais em enfiar ozônio no olho que tudo vê?
Estamos enterrando a humanidade com um belo dumper e uma escavadeira Caterpillar. Tomar antibióticos sem necessidade não mata vírus, fortalece as bactérias que em breve serão imunes aos medicamentos existentes. Aí quando as pessoas voltarem a morrer de uma simples infeção na unha, no pós operatório de apendicite e crianças ficarem surdas por causa de infeção de ouvido vamos poder agradecer a todos os idiotas que tomaram antibióticos contra um vírus. Se você é um deles, obrigada por tornar o futuro dos meus filhos um pesadelo; tudo que desejo é que você pare já de usar antibióticos sem necessidade e comece a usar ozônio… seja lá onde for.
2020: o ano que nunca acaba e que está esfregando na nossa cara diariamente o quanto o homo sapiens não tem um pingo de sapiência.