Uma coisa nova, uma coisa velha…

Uma coisa que ganhei, algo que emprestei… algo roubado e algo azul!

Eu podia contar tim tim por tim tim como foi o dia do meu casamento mas acho que o vídeo por si mostra bastante. Além do mais, seria difícil encontrar as palavras certas… e se eu dissesse que foi tudo o que sonhei, estaria mentindo. Descaradamente.

As duas últimas semanas antes do casamento eu fui dominada por um sentimento de “oh my gosh, tomara que esse dia chegue logo e acabe!”. Não era pânico por conta de coisas a fazer para o casório – essa parte foi bem divertida – ou a preocupação em me apresentar assim ou assado; foi só o sentimento puro e genuíno do “eu não aguento mais esperar” somado a  uma pontinha de pessimismo (sim, eu já contei que sou pessimista) e saco cheio. Tem muita gente chegando para você às vésperas do casamento para dizer como é que tudo tem que acontecer. E tem aqueles que querem gentilmente te lembrar das coisas que você esqueceu. E do que é importante – normalmente aquelas coisas esquisitas que aparecem em revistas e nem de longe são importantes…

Apesar de todo o sentimento negativo das semanas anteriores, todo o stress (sim, apesar de ser um dia lindo é também uma data estressante), eu liguei o foda-se na manhã do casório e decidi que esse era o dia de viver meu casamento do jeito que ele fosse. A chuva torrencial que despencou em Göteborg logo cedo quase me desanimou mas, não é a toa que eu sou apaixonada pelo meu marido… ele soube levantar meu astral e a partir daí… foi só festa até a madrugada do domingo. Chorei a cerimônia toda (de felicidade, obviamente) e ri até ter dor nas bochechas durante a festa. Até rolou uma festa de verdade no final de tudo – coisa extremamente escassa na Suécia. Na verdade, o povo só foi embora mesmo e parou de chacoalhar o esqueleto porque fomos obrigados a mandá-los embora – literalmente. Triste, mas a locação do espaço tinha hora específica para acabar – e a pontualidade sueca não perdoa nem casamento.

Foi um dos dias mais maravilhosos da minha vida. Sempre vou lembrar com carinho de cada pessoa que me prestou homenagens, e acima de tudo, daqueles que ajudaram a fazer a festa possível… eu tive muita ajuda de pessoas maravilhosas que cuidaram de mim e me ajudaram com grandes e pequenas coisas.

O vestido, os brincos, os arranjos de cabelo eram novos.

Meu anel de noivado foi da avó do Joel, tem quase 60 anos.

Usei um sapato que ganhei das minhas amigas queridas, no Brasil, no ano em que visitei a Suécia pela primeira vez.

O véu foi emprestado por uma pessoa querida que conheci durante o primeiro verão que passei aqui.

Roubei as atenções no dia da festa. Sem falsa modéstia, eu já sou linda, mas no dia do casório estive deslumbrante. Meu marido também estava lindo, mas teve gente que duvidou que eu fosse aquela noiva. Haha! Também aproveitei para “roubar” todos os abraços que normalmente o povo acha estranho te dar – sueco fica muito satisfeito com um aperto de mão, mas eu não. Abracei com fé e vontade!

Por fim, ganhei o buquê da minha melhor amiga. E ele era feito de hortênsias azuis!

Desde 27 de julho sou oficialmente Fru Maria Helena Abrahamsson (fru=esposa. Nesse caso eu também traduzo literalmente como dona).

Chique né?

igreja

Ps.: Se você está pensando que será que fez essas fotos maravilhosas e esse vídeo lindo, preciso contar – para felicidade dos suecos e tristeza dos brasileiros – que ela mora em Stockholm. A Maíra não é danada de tão talentosa que é? Você encontra ela aqui.

Promessa é promessa!

Eu vos apresento o meu convite de casamento! Tchrãmmmmmmm!!!

Frente do convite...

Frente do convite…

Ficou simples mas eu gostei. A arte da caricatura encomendei do Brasil, com uma moça muito simpática e talentosa chamada Elaine (encontrei ela no Mercado Livre, deixo as informações de contato no fim do post). Mandei algumas fotos minhas e do Joel para ela e disse como eu queria que os noivinhos estivessem. Escolhi um visual mais limpo porque afinal, aqui na Suécia o pessoal não é muito acostumado com convites informais – então eu não poderia colocar uma moto no meio do desenho por exemplo. Ou sim, eu poderia, mas não queria parecer a brasileira exótica que fica inventando invencionices. E eu tinha inventado um monte de invencionices, mas somos um casal democrático e decidimos as coisas juntos. Assim, fui experimentando vários modelos – montei o convite em casa sozinha – até chegar nesse em que tanto eu como o Joel achamos legal.

Primeiro, decidimos fazer o convite com uma caricatura, e lá começa a saga pela busca de um caricaturista na internet. Conversei com cinco ou seis, primeiro aqueles que tem os sites que aparecem no topo da pesquisa do Google e já estava desanimando quando decidi ver o que é que estava no Mercado Livre; e encontrei a pessoa que eu precisava. Para mim foi bem importante a segurança que a Elaine me passou desde o primeiro contato com ela. Enviei um e-mail que foi respondido de forma educada. Se algum caricaturista chegar a esse blog eu dou um conselho: sejam mais humildes, principalmente os que estão no ramo há mais tempo.  Um dos caras que contactei por meio de site foi curto e grosso comigo e eu penso por quê? Se a pessoa trabalha vendendo coisas deveria tratar com mais carinho possíveis clientes. Eu conversei com a Elaine quase três ou quatro vezes por dia durante o processo do desenho, enviei dúvidas que foram respondidas e quando ela não respondeu disse que estava correndo e que me mandava um recado mais tarde. Mudei o desenho diversas vezes até ele ficar do jeito que eu queria – separei e juntei os noivos, coloquei as minhas invencionices, tirei quando o Joel não aprovou. E no fim, quando fizemos a coloração, ela também mudou vários detalhes (das cores, e não dos desenhos) a meu pedido.

Frente e verso - convite no meio do meio varal de fotografias!

Frente e verso – convite no meio do meio varal de fotografias!

Com a caricatura pronta cheguei na fase do “e agora”? Que formato de convite escolher? Tamanho? Cor? Bla bla bla? Decidimos adotar o modelo panfleto – é diferente, econômico e melhor para o meio ambiente (uma hora eu conto como é que estou ficando meio maluca com essa coisa de sustentável). Usei um programa do Office mesmo (o Publisher) para montar o convite, usando as molduras do Word Art. Experimentei várias fontes sugeridas por blogs “faça você mesmo o seu casamento”, e cheguei a conclusão de que esse tipo de dica ajuda a soltar a imaginação. Acho que confeccionei no mínimo uns doze modelos diferentes (e alguns vão pensar: pra chegar nesse resultado? Gente, eu não trabalho com Photoshop e Corel Draw, eu tenho que usar os gatos disponíveis). Escolhi e comprei papel (que foi muito grosso para a impressora – dãã); aí a tia do Joel nos salvou (a impressora era dela) e no fim todos foram felizes para sempre… (Fora aqueles que ainda nem sabem que deveriam receber o convite porque eu não acho o endereço. Há pessoas super difíceis de achar e nesse ponto nem o Facebook ajuda a facilitar a vida da gente…).

E contando selos (também para o Brasil), envelopes, papel, caneta, impressão (foi de grátis), caricatura… gastamos cerca de 15sek por convite (um pouco menos de 5 pilas). Eu sei que há páginas brasileiras que oferecem convites a partir de R$3,90 mas eu achei super divertido confeccionar o meu convite.

Dá um pouco de trabalho, mas é um trabalho legal.

*****

Elaine Frias
elaine-frias@ig.com.br
Tel: (48) 30472077
Brasil

Casar na Suécia – Documentação necessária

Vamos para o Brasil em fins de outubro e minha mãe vai costurar meu vestido de noiva (uhuuuuuuuuuuuuu!!!!) então vocês podem imaginar a minha cabeça: e eu só penso naquilo… poderia fazer minha própria versão do Xote das Meninas: ela só quer, só pensa em se casar… Por isso e para quebrar a sequência de chorumelas do post anterior, resolvi escrever algo de utilidade pública: o que é necessário para casar na Suécia?

Primeiro: um partner (engraçadinha!) que esteja de acordo em casar-se com você. Obviamente que ninguém se casa sozinho, mas talvez seja bom lembrar que ainda existem países no mundo em que a mulher pode ser obrigada a casar-se com um homem ainda que esteja esperneando e gritando. Não é o caso da Suécia e por isso é bom que os interessados tenham certeza de estar de acordo do causo… Na Suécia o casamento de parceiros homossexuais é legal e pode ser realizado até mesmo dentro da Igreja Sueca (acho muito interessante isso: a Igreja Sueca deixa que o pastor decida se ele celebraria ou não casamentos entre homossexuais… sendo assim a única coisa que o casal precisa é encontrar um pastor que concorde em casá-los. E há muitos por aqui).

A cerimônia do casamento é chamada de “vigsel” e pode ser celebrada tanto na Igreja Sueca (religiös vigsel) como frente a um juiz de paz (vigselförrättare), uma espécie de casamento civil (borgerlig vigsel). Uma vez realizado um vigsel – tanto de natureza religiosa como civil – a pessoa não precisa realizar de novo; ou seja, se vai casar na Igreja Sueca não é necessário procurar um juiz de paz para casar no civil também. Casou, está casado; o documento gerado tanto na Igreja Sueca como no escritório do governo tem o mesmo valor e é enviado ao Skattverket onde será arquivado e incluído na ficha do indivíduo dentro do sistema de dados.

Assim como no Brasil, na Suécia os noivos devem provar que não há nenhum impedimento (hindersprövning) frente ao casamento e isso é feito junto a Skattverket. São três fatores que podem impedir um casamento na Suécia: ser menor de 18 (só com autorização do governo local – mesmo se os pais autorizem mas o governo local não, o casamento não sai), que os noivos não sejam parentes e que nenhum dos noivos esteja casado. Mesmo se você não é cidadão sueco (só turista, por exemplo) pode realizar o casamento na Suécia, mas ainda assim deve primeiro ir ao Skattverket e submeter-se à investigação por parte do escritório antes de receber a permissão de casar.

Para submeter-se à investigação da Skattverket é necessário preencher um formulário (7880) que pode simplesmente ser baixado da internet e enviado ao escritório da Skattverket quando ambos noivos tem registro na Suécia (por registro entenda-se personnummer). Nesse caso não é necessária a apresentação de documentos porque todos os documentos necessários existem junto a Skattverket. No caso de um ou ambos os noivos não contarem com o registro é necessário preencher o (mesmo) formulário e apresentar-se ao escritório da Skattverket com passaporte e mais um documento oficial de seu próprio país que comprove a condição civil de solteiro do(s) solicitante(s). Segundo a página do Skattverket esse documento não pode ter sido emitido há mais de quatro meses (para maiores informações a respeito do hindersprövning clique aqui – página em sueco). No caso dos dois noivos não terem nada a ver com a Suécia precisam apresentar ainda um documento de seu próprio país em que esteja claro que não há impedimentos para que fulanx e ciclanx se casem.

Infelizmente eu não encontrei (ou não entendi, a página está em sueco eu posso ter deixado passar) quanto tempo demora para que a Skattverket devolva o resultado da investigação, mas este vem na forma de outro formulário que será preenchido no dia do “vigsel” pelo pastor ou juiz de paz – aquele que vai para a Skattverket fazer parte dos arquivos do sistema…

Antes da chuva de arroz é também interessante pensar em como é que vai ficar o sobrenome: vai adotar um “son” ou vai continuar com o mesmo? A mudança de sobrenome, obviamente, não é obrigatória mas o envio de um formulário comunicando o causo a Skattverket (no caso de cidadãos suecos) é. Para aqueles que moram na Suécia mas não tem cidadania sueca o comunicado é opcional. No caso de querer comunicar significa preencher mais um formulário…

As informações do post foram retiradas da página da Skattverket (clique sobre o nome para acessar o conteúdo) e quem quiser conferir é bom dar uma checada, afinal, eu posso ter deixado alguma(s) coisa(s) passar(em). Fica a dica de leitura sobre acordo pré nupcial também, para refletir qual o regime de bens que o casal vai adotar com o casamento ou mesmo após o casamento. Na falta de um documento declarando que o casal quer um regime de separação de bens (äktenskap) o casamento se dá em forma de comunhão de bens (partnerskap), mas o regime pode ser alterado posteriormente a qualquer tempo através do preenchimento de outro formulário (plus uma carta dizendo quem tem o que) junto a… tchã-ram! Skattverket.

Agora fiquei com a musiquinha na cabeça: ela só quer, só pensa em se casar

Faça você mesmo

Não tenho ideia se este é um costume europeu mas já repeti várias vezes aqui no blog que os suecos vão muito na onda do faça você mesmo, desde coisas simples – como o pacote das compras no supermercado – até coisas mais complexas – como pintar a casa e a decoração para o casamento.

Como assim, a decoração para o casamento? Isso mesmo.  Semana passada – no sábado – fomos aquele casamento tão comentado aqui nessas páginas e advinha quem estava ajudando o pessoal a fazer a decoração para a festa na sexta a feira a tarde? Eu Zinha da Silva.

Fonte: mittdrombrollop.blogg.se

E ficou simplesmente lindo. Mas, para variar, eu não tenho fotos porque nem pensei em tirar uma foto do negócio pronto… cabeça de vento. Ficou mais ou menos assim como a imagem ao lado (com exceção de que as velas estavam em castiçais altos, mas no mais tudo muito semelhante: o salão era branco; as toalhas, guardanapos e louça brancos; os arranjos com rosas brancas e detalhes em verde). Tudo simples, mas muito lindo e tudo – os arranjos, o buquê da noiva e o arranjo da lapela do noivo – confeccionado pela mãe da noiva.

O melhor de tudo é que cada revista de noiva sueca (e os melhores sites de noivas como o Bröllopstorget) dão dicas de como preparar o casamento praticamente sozinha: com a ajuda de algumas amigas e as irmãs (quem tem) e mãe (quem quer), a noiva faz os convites, o programa da igreja e da festa, os arranjos, a decoração e o buquê, às vezes até o bolo do casamento (quem fez o bolo eu não sei, mas no fim de semana a decoração do bolo de casamento ficou por conta das irmãs da noiva – com a supervisão da própria – e ficou um charme); detalhes esses que ajudam, e muito, a diminuir o rombo da carteira por conta do casório.

Eu definitivamente estou super dentro da onda “faça você mesma” no que se refere ao meu casamento. Infelizmente ainda não sou tão pró a ponto de entender sueco de cabo a rabo, mas já adquiri uma revista de noivas e já estou garimpando sites de casamento – em sueco – porque visitar as páginas brasileiras me dá um desespero: tudo é luxuoso demais, quase nada conta com “como fazer por si própria”, e tudo é cheio de muita propaganda – contrate o serviço da empresa tal, especializada em qual e que te cobra os rins.

Obviamente algumas coisas não há como fazer sozinha, como o buffet do dia do casamento e a fotografia, por exemplo; coisas que eu prefiro pagar a ter dor de cabeça depois. Apesar de ter gente que compartilha ótimas experiências de alguém da família ou amigo que preparou o jantar eu não arriscaria – penso que fazer comida para um pelotão de gente não é para qualquer um; e além disso, quem quer ter boas recordações de um dia especial como esse tem que contar com um fotógrafo experiente. Para tudo o mais, ainda tenho um ano pela frente (tempo de sobra até para confeccionar um convite de casamento por dia, se eu quisesse).

Me sinto mais avarenta, obviamente, mas também muito mais criativa. E já que to morando na Suécia…

Despedida de SolteirO

Olá! Algum tempo atrás contei para vocês como é que funciona a despedida de solteirA aqui na Suécia, e hoje quero compartilhar como é que funciona a depedida de solteirO. Como eu expliquei nesse post aqui a depedida de solteira tem o nome de möhippa e a despedida de solteiro de svensexa.

Apesar do nome lembrar sexo a svensexa não tem nada a ver com isso. Dizem que a svensexa é uma tradição existente na Suécia desde 1600, quando o noivo era o organizador do evento, uma forma de despedida dos amigos e das farras da vida de solteiro. A partir de 1800 a svensexa passou a ter características que lembram a svensexa atual, quando o noivo promovia campeonatos e brincadeiras entre os amigos. Foi a partir desse período também que a organização do evento passou a ser responsabilidade do bestman (melhor amigo do noivo). Claro que eu não posso afirmar que as despedidas de solteiro sueco não incluem putaria (como no Brasil, onde despedida de solteiro é muitas vezes sinônimo de “meus amigos pagaram uma stripper/puta”) mas acho meio difícil uma vez que pagar por sexo na Suécia é crime.

Em resumo, na svensexa o pessoal “sequestra” o noivo e leva ele para pagar mico na cidade e depois para fazer alguma coisa legal. Cada svensexa é diferente uma vez que a galera tenta explorar as qualidades e os defeitos do pobre coitado do noivo ao extremo: pode ser que os amigos peçam para ele tocar violão na praça em troca de dinheiro, ou que ele tenha que fazer um discurso anti-feminista em frente à universidade, por exemplo. No verão não é difícil topar com várias despedidas de solteiro na cidade, especialmente em finais de semana, e você vê de tudo (mesmo): caras vestidos de frango, com snorkel e máscara de diving, com sunga (aqui na Suécia sunga=king kong), de maiô de natação, de cueca, pelado…

O que eu acho mais legal é que ninguém é obrigado a fazer nada e o noivo apenas entra no clima e se diverte (um dos únicos momentos da vida em que o sueco se permite a “sair da casinha”). Um dos melhores amigos do Joel se casa no sábado e eu vou contar como foi a svensexa dele para vocês terem uma idéia:

– a gang sequestrou ele as 8 da manhã de um domingo. Sequestrar significa invadir a casa, vendar o cara e levar ele para o primeiro desafio – que normalmente é uma  pegadinha.

– o João (nome fictício) supostamente pularia bungee jump de olhos vendados. O detalhe é que na verdade ele estava a 50 cm do chão com um colchão em frente dele. Eu vi o vídeo do negócio e apesar de ele não ter pulado como se fosse realmente o bungee jump, foi hilário.

– ele recebeu uma sacola de variedades que deveriam ser vendidas no centro (artigos de merda, tipo 1,99).

– cantou para pedir dinheiro.

– dançou Michael Jackson – também para ganhar dinheiro (não ganhou nem um real com isso!).

– com o dinheiro que ele conseguiu ele deveria comprar alguma coisa e oferecer para os passantes experimentarem (ele comprou creme para as mãos).

Fonte: Google. Bom, ele não tinha as armas… mas o kilt escocês, sim!

– ao final de cada atividade ele ganhou uma peça de roupa e peruca, ao final ele estava vestido como William Wallace do filme Coração Valente.

– com o traje ele deveria conseguir que alguém fizesse o retrato dele a mão (foi feito por uma criança de 11 anos… imagine!).

– o João teve que fazer o discurso do filme (da guerra escocesa contra a Inglaterra) em um café super lotado.

– todo mundo foi para uma prova de queijos e cerveja.

– paint ball.

– churrasco (sueco) e cerveja.

Em algumas svensexa o povo passa dos limites: já colocaram gente em uma bóia no canal enquanto os amigos, ao redor, jogam ovos. Não acho a mínima graça nisso – até pode ter coisas para pagar mico, mas não para humilhar – esse humor Jack Ass e Pânico só é engraçado para as mentes insanas dos organizadores, e para ninguém mais.

Uma das coisas que acho complicado com relação a toda essa brincadeira é que na maioria das vezes é a noiva que ajuda a galera a enganar o noivo. Sou péssima com essas coisas, acho que ia entregar tudo nos primeiros dias e por isso já avisei os amigos do Joel que infelizmente eles não podem contar com a minha ajuda quando forem organizar a svensexa dele.

Mas até lá, quem sabe… tudo muda todo tempo!

Despedida de SolteirA

Oii povo! Ontem foi a despedida de solteira da Anna (nome fictício, bem sueco! hahá) – uma sueca que eu considero minha amiga. Como comentei no post passado despedidas de solteiro são levadas muito a sério por aqui, e para complicar descomplicando vou explicar que a despedida de solteira da noiva tem o nome de möhippa, e a despedida de solteiro do noivo de svensexa. 

Foi a primeira möhippa “oficial” que participei. Digo “oficial” porque da primeira vez que estive na Suécia fui ao casamento da Ellinor e a irmã dela preparou uma mini despedida de solteira dois dias antes do casório. No fim das contas fomos parar numa sauna e essa história eu contei aqui nesse post.

Já em relação a esta möhippa a coisa foi muito diferente e começou a mais de um mês atrás (o povo aqui é traquino pacas, maior organização): desde abril eu estava sabendo que a data da despedida de solteira da Anna seria em dois de junho. Foi criado um grupo no facebook e então as ideias começaram a pipocar. Como eu sou principiante, fui apenas seguindo a discussão. Em meados de maio o roteiro estava definido e todo mundo sabia o que aconteceria, menos é claro, a noiva. Tanto a möhippa quanto a svensexa costumam ser uma surpresa para a vítima. O termo talvez não seja apropriado no caso das noivas, mas os noivos pagam cada mico!

Cada participante deveria levar um presentinho para a Anna, e escolher entre fazer um bolinho para o fika ou levar um presentinho de sacanagem. Eu como não entendi que tinha de escolher um ou outro fiz uma máscara de carnaval e um bolinho. Nem deu nada, o pessoal achou muito bonitinho que eu tava lá (ah, que legal uma brasileira!). Agora, sem mais delongas, vou a um resuminho dos fatos:

– a noiva chegou de olhos vendados, e daí todo mundo usou o famoso “surprise” quando ela tirou a venda. Imediatamente ela teve de trocar das roupas normais para um vestido tipo anos 80 (de cetim) e usar uma faixa de miss (I’ll get a married – eu vou me casar), uma tiara com os mesmos dizeres, um daqueles anéis de boate que piscam e etc;

– cada um se apresentou, bebemos, comemos o fika e ela abriu os presentes;

– na sequência rolou um quiz com perguntinhas sobre a história do casal que foi demais porque a resposta certa não era exatamente a resposta correta mas responder a mesma coisa que o noivo já tinha respondido (por e-mail). Coisas do tipo qual a roupa que vocês usavam no dia do primeiro encontro? Eu não saberia responder (o que o Joel diria?)! hahaha… foi hilário.

– ela recebeu uma sacola com todos os presentes de sacanagem que fizemos, uma caneca de pedir esmola e um cordão com os prêmios. O objetivo era que por 5 koroas (colocados dentro da caneca) qualquer pessoa compraria um bilhetinho com o qual poderia ganhar um dos presentes de sacanagem, um pedaço do vestido dela ou uma dança. Para a execução da dança havia três opções: balé, break/disco ou robô.

– ela também recebeu três provas: tinha que tirar fotografias ao lado de 5 coisas que lembrassem o noivo; perguntar a cinco casais qual era o segredo para um relacionamento feliz e tirar fotos nas estátuas mais famosas de Göteborg (Posseidon, Gustav Adolfs e Kopparmärro).

– a partir daí saímos para o centro e caminhamos, a noiva pedindo as 5 koroas da rifa (algumas pessoas participam e são muito legais, já outras…), dançando, tendo o vestido picotado (os vestido estava sobre outras roupas, ela não ficou pelada – nem meio pelada), tirando foto com as celebridades acima citadas e tals.

No caminho encontramos outra möhippa e mais duas svensexa que estavam rolando na Aveny. Um outro local em que eu já vi o desenrolar dessas despedidas de solteiro é o Slottskogen, mas o pessoal caminha a cidade inteira, então começa lá e termina não sei onde e vice-versa. Ontem uma das svensexa tinha um ônibus inglês vermelho… e na outra o noivo tinha uma cueca amarela na qual estava escrito “5 koroas”. Não, não era a cueca que valia isso, mas sim o aluguel da tesoura para você cortar um pedaço da cueca onde você quisesse…

Depois de cumprir todas as tarefas, nos reunimos em um restaurante e tivemos um jantarzinho, mas a galera iria terminar o dia no Liseberg, eu que não fui porque tava pregada e iria começar as sete da madrugada no trabalho hoje. Eu queria deixar umas fotos mas primeiro tenho que pedir a permissão da minha amiga (não é legal postar fotos dos outros sem perguntar!).

Foi um dia muito gostoso. Sim, o retetê começou as 11h e eu fui embora quase 20h e o pessoal ainda estava animado.  Algumas moças tinham espumante e beberam durante o dia, mas a maioria ficou mesmo na água, cafezinho e uma taça de vinho no jantar. Tudo muito lagom, nada de gritaria e humilhação – isso fica mais para uma svensexa mesmo.

A Josy (do blog Enfim Suécia) comentou que a cunhada dela estaria preparando uma möhippa para ela. Espero que o pessoal seja maravilhoso contigo como foi com minha amiga Anna ontem! Eu já tô ansiosa pensando o que será que o pessoal vai aprontar comigo!

Só tenho pena do Joel…

Advinha quem é o noivo?

Casar na Suécia

Fonte: lembrancinhasonline.blogspot.com

Eu vou casar genteeeeee!

Mas primeiro, um parênteses:

(Depois que comprei o smart phone sinto que abandonei meu notezinho, e como consequência, a internet. Sempre adorei checar meus e-mails – lê-los e respondê-los sempre foi meu vício… O caso é que tenho o Hotmail no celular e recebo tudo “na hora”. Às vezes respondo, às vezes não; tudo depende da minha vontade de brigar com o sistema do aparelho que tem sueco como idioma. Dai que leio tudo como antes, mas respondo quase nunca – inclusive escrevo menos aqui e apesar de seguir e ler uns 20 blogs diferentes, nunca deixo comentários. Isto soa como desculpa e é, mesmo assim eu acho que devo uma satisfação para todo mundo que sempre lê o blog e comenta, ou que pelo menos comenta volta e meia: sou preguiçosa e indisciplinada, mas amo o blog de todo mundo que está nomeado nestas pequenas listinhas de links do lado esquerdo! E mais um par que não está mas que vou nomear ainda hoje…)

Na real eu sou casada, uma vez que eu e Joel dividimos cama, comida e quem vai deixar ou pegar as roupas na lavanderia; ainda assim queremos realizar aquela cerimônia tradicional na igreja e tals. E como prometi – agora que já sei onde e quando – decidi começar uma série para contar as facilidades e dificuldades de ter um casamento sueco. Por enquanto não vou ter muito o que dizer (o casório sai só no ano que vem) além das questões da reserva do local e igreja mas estas são, ao mesmo tempo, o ponto de largada e uma das decisões mais importantes.

Casar na Suécia em princípio não tem lá tão grandes diferenças com o casar no Brasil: tem-se a cerimônia do casamento propriamente dito – que pode transcorrer na Igreja ou não, tendo a presença de um pastor ou de um juiz de paz. Na Suécia rola apenas uma cerimônia porque não existe o casamento “civil” e “religioso”, é apenas “o casamento”. Para o caso nostro – das exportadas – fica a critério de cada par a realização de um casamento a mais na Embaixada do Brasil em Stockholm que serve apenas para que o mesmo papel que diz que você é casada na Suécia seja válido no território brasileiro. Penso que é mais simples proceder assim do que realizar o casamento civil no Brasil também (maiores informações aqui).

Depois do “casamento” é que rolam as diferenças: a festa é um pouco menos agitada – não teve dança em nenhum dos três casamentos dos quais eu participei – e todo mundo fala e conversa muito. Sabe aquele lance de filme, que um padrinho vai lá na frente e começa a fazer piadinhas a respeito do noivo, ou a irmã enciumada da noiva começa a falar merda dela? Não, nenhuma irmã enciumada acabou com qualquer das festas em que estive, mas rola muito dessa conversação o tempo todo. O pessoal fala de um tudo: das travessuras de infância, de babaquices da adolescência e dos micos na universidade ou trabalho, faz homenagem, chora… e assim o tempo passa entre a entrada, o prato principal e o café. Dai rola uma espécie de intervalo, e depois tudo começa outra vez agora com o bolo, talvez uma salada de frutas, algum drinque especial e show pirotécnico. Detalhe é que em dois desses casamentos em que estive não havia nenhum tipo de bebida alcoólica (definitivamente sem chance alguma de rolar dança – pouquíssimos suecos arriscam qualquer passo de dança sóbrios) e no terceiro rolou uma tentativa de bailinho que murchou – e foi ali que eles partiram para o show pirotécnico.

Obviamente que quando faço essas comparações penso nas festas de casamento que fui no Brasil, com no mínimo 250 convidados e muito churrasco, cerveja, whisky e dança. O pessoal gosta de caprichar na decoração, nas flores que serão escolhidas para as mesas e para a Igreja, de ter um requinte a mais durante o jantar, mas o tchan do momento sempre ficava para a hora do “baile”. E isso eu entendi que posso esquecer por aqui.

Casamento sueco é mais íntimo – a maioria deles com  menos de 100 convidados – e a maior preocupação é com a forma como a mesa foi posta, se as pessoas foram distribuídas de forma inteligente para que elas desfrutem de uma conversa tranquila e amigável durante todo o jantar – que vai durar umas seis horas – se o pessoal responsável pela animação do casamento desenvolve a coisa legal… Animação aqui não é um tipo de banda não, é que eles costumam preparar algum tipo de brincadeira que envolva os convidados, nada espalhafatoso, mas animado o suficiente para todo mundo dar umas boas risadas.

Na verdade, o fato de os casamentos suecos serem festas íntimas tem um ponto que eu considero imensamente positivo: ninguém fica fazendo beicinho porque não foi convidado para a festa, os noivos não precisam convidar os vizinhos e amigos dos pais e também não precisam convidar todos os primos e parentes de segundo, terceiro e quarto grau. Tudo isso por causa do famoso e irrepreensível lagom sueco e também porque todo mundo sabe que o casamento na Suécia custa (e muito) caro.

Sim, quando eu e Joel começamos a busca pelo local da festa eu quase desisti: a maioria dos salões abertos para aluguel de festas (como de casamento) cobra o aluguel mais a refeição por cabeça. Só como exemplo: um dos salões de festa que fomos visitar ficava às margens do lago Anten, um local muito aconchegante e bonitinho, mas muito simples. O aluguel seria de quase R$1,5 mil e o preço do buffet de 200 pilas por pessoa somando cerca de 22 mil reais só pelo local da festa mais o jantar (a entrada, o prato principal – com direito a duas taças de vinho – e o café). Ainda faltaria o bolo da noiva – que eles confeccionam a parte por um precinho exorbitante. Caí de costas.

Outra coisa complicada é que se você sabe o local no qual quer realizar a festa e quer tê-lo não importa o quanto custe tem que correr com todas as forças para chegar primeiro: é estranhamente louco como tudo já está agendado para os próximos dez anos. Rapidez e paciência para com os administradores e/ou responsáveis pelo local que nunca respondem o telefone, salões de festas com páginas na internet com pouquíssimas informações e um número de telefone – daqueles que ninguém vai responder; gente mau humorada que não gosta de falar com estrangeiros (peça para o noivo resolver o pepino daí), cara de pau para não parar de respirar quando eles te dizem que o aluguel do local custa só R$ 8 mil, e por aí vai…

Felizmente, encontramos outro lugar a beira de um lago, também muito simples e que nos dá a oportunidade de ter o jantar ao ar livre (se o tempo cooperar) para o qual podemos contratar o serviço de buffet que quisermos. Fica imensamente mais barato contratar esse tipo de buffet (no mínimo a metade do preço) e comprar a própria bebida que será distribuída aos convidados. Agora só precisamos decidir qual será o cardápio da festa!

Já que churrasco não vai rolar, aceito sugestões!