Há muito tempo atrás (às vezes eu sinto como se tivesse sido há décadas) falei um pouco das palavras enormes em sueco que são verdadeiros palavrões no sentido literal da palavra. Lembram que eu partilhei no post sobre trava língua suecos umas das maiores que eu consigo dizer? Aí vai:
Hidronevrukusticadiafragamkontravibrationer.
(pausa para respirar…)
Essa belezinha aí em cima nada mais é do que soluço (ou melhor, o termo médico para o soluço). Eu chateei muito o Joel quando ele me disse isso a primeira vez… a cada pessoa que eu apresentava ele, eu dizia: “Cara, sueco é uma língua muito louca! Fala soluço para eles em sueco Joel, fala!”.
Quem perdeu esses primeiros posts do blog (quando eu tinha aquela pretensão besta de ajudar os interessados na língua) e não está entendendo nada, aqui vai uma curta explicação: no sueco, você junta uma palavra com outra e forma uma coisa gigantesca para dar nome à algumas outras coisas. Um exemplo simples: cortar é att klippa e grama é gräs. Advinha como é que fica cortador de grama? Gräsklippare. Essas junções criam palavras enormes que às vezes é difícil pacas de pronunciar. Outros exemplos: Drottningtorget e Kungsportsplatsen: no primeiro Drottning é rainha e torget é praça (Praça da rainha); e no segundo, Kung é rei, sport é esporte e platsen é local, lugar (ou Campo de esportes do Rei).
Agora e os palavrões mesmo? Aqueles que são palavras feias? Como é que o sueco xinga?

A fonte já tá aí na figura…
Suecos xingam muito no jeito americano. “What a fuck man?”, “fuck you” e “your ass” são alguns dos que mais ouço, sendo que com certeza o primeiro da lista tá na boca da moçada o tempo todo. Com certeza isso é resultado do fato de os suecos não assistirem nada dublado por aqui uma vez que todas as séries e filmes são apenas legendados (também, dublar em sueco deve ser o ó). E isso pega gente! Eu mesmo vivo falando shit! desde que mudei para cá.
Entre os palavrões em sueco mesmo, acho que o mais popular deles é “fy, fan…” uma espécie de “diabos!”, que eles usam tanto no início da frase como no fim. Se você usa somente o fy fica mais ou menos como o nosso “nossaaa!” e não é considerado palavrão.
Talvez seria um erro afirmar que fy fan é um dos mais utilizados, uma vez que tudo depende do tipo de grupo com o qual você está acostumado e da época não é mesmo? Novos palavrões vão e vem com a moda. Assim que mudei para cá com certeza o que eu mais ouvia é o “jävla”, que pode ser traduzido de diferentes formas, entre eles maldito, maldição ou diabo (quando se usa jävel): aquele condutor maldito! seu idiota maldito! uma impressora dos diabos! No mais, se mandamos alguém à algum lugar é ao inferno (dra åt helvet – vá para o inferno), diferente de no Brasil que mandamos à muitos lugares. Além disso há os tradicionais, como “hora” (puta), “neger” (negro), helvet (inferno) e “kärring” (cadela) ou “gubbe” (velhaco), os dois últimos no pejorativo.
Na Suécia é muito feio utilizar palavrões. Jovens e principalmente adolescentes usam muito isso, mas não é legal soltar palavrões no ambiente de trabalho e você pode levar uma cara muito feia de uma mãe se começa a soltar impropérios em frente a crianças pequenas…
No meu ambiente de trabalho muitas pessoas usam palavrões. Acho que isso se explica devido ao fato de que estou em contato com gente que tem uma história de vida difícil e que não vai se importar em usar um vocabulário apropriado, assim, a gente que trabalha com assistência social fala muito palavrão.
Isso me faz lembrar que há também os palavrões socialmente aceitos, que não significam nada de mal mas realmente soam como algo sinistro, e esses são “sjutton” (dezessete) e “tusan” (mil). “Sjutton gubbar” (dezessete velhacos) aparece até mesmo em livros infantis (lembram do Alfons? Está lá).
Döh… Se alguém perguntar, (för sjutton gubbar!) não fui eu que ensinei ok?
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Döh… eu aprendi a pouco tempo e dizem que é uma forma bem gotemburguesa de chamar a atenção de outrem, que pode ser traduzida como o “Ei você” ou aquele “ô você” ou simplesmente “ô”.