Mais histórias sem pés e nem cabeça

Não é que tenha encontrado o meu tesão de escrever, mas é que nunca experimentei postar duas vezes no mesmo dia. Estou treinando para escrever mais coisas sem sentido.

Acho que é um esforço de mostrar – um esforço quase que inútil, eu diria – de mostrar que aqui fora a vida é só vida. Tipo, nada de glamour porque eu moro na Suécia. Aqui a gente também tem que fazer três refeições por dia, também tem que trabalhar, também tem que ir no centro resolver umas coisas, escovar os dentes, lavar roupas, levar o lixo pra fora… essas coisas do cotidiano sabe?

Seja lá como for, fui fazer a tal prova de equivalência do inglês. São seis questões – três focadas na leitura/compreensão, três de escuta/compreensão – mais um pequeno texto de 200 palavras. Depois de tudo eles batem um papo rápido – coisa de cinco minutos – para medir o seu nível de conversação. Demorei uma hora e meia pra terminar a prova (o tempo máximo de prova era de três horas), esperei meia hora para ter os meus cinco minutos de conversação e tcha-rammm: meu nível de inglês corresponde ao inglês 6 (engelska 6). Fiquei feliz! Eu não preciso perder tanto tempo com isso afinal. Sim, porque apesar de ter o nível 6, eu preciso fazer o curso pois a prova que eu fiz não me dá o direito a nenhum certificado. Já fiz a matrícula e começo em outubro. Se tudo der certo, entro no mestrado que eu queria o ano que vem!

Além de inglês vou ter que estudar mais sueco – é pracabá viu? – pois o nível de sueco para universidade agora é o sueco 3. Hahá! Começo em outubro também. Eu só preciso torcer para que os dois cursos não caiam em escolas diferentes, mas no mesmo horário – daí sim é pra fazer o peão chorar em alemão – porque, como eu não to estudando, por exemplo, todo o terceiro ano do ensino médio, eu tenho que aplicar para cada curso em separado. Mas aí seria azar demais né não?

Quem quiser mais informações sobre essa prova de equivalência deve entrar em contato com a vuxenutbildning (ou komvux) da sua cidade. Aqui em Göteborg tem prova de equivalência todas as terças, quartas e quintas lá em Rosenlund (não sei se há outra vuxenutlbildning além daquela aqui), a partir das 10h da manhã até as 15h (na quinta encerra as 13h). É só chegar lá com sua identidade, pois a prova é individual e funciona no sistema de “drop in”. Além de inglês você pode conferir a equivalência do sueco, matemática e outras cositas mas.

Como estava “no centro” aproveitei para dar uma olhada num biquíni novo. Eu sei, o verão sueco acabou, as promoções de verão também, e com elas tudo que era relacionado a estação mais feliz destas bandas onde o Papai Noel vem pra a praia. Primeiro, que biquíni na Suécia não é biquíni e, em condições normais, eu não compraria um bíquini aqui. Mas… vamos pra a Grécia em lua de mel e, na hora de fazer as malas percebi que meus biquinis velhos de guerra estão desintegrando…

Aí fica aquela dúvida cruel: correr o riso de ficar pelada com os meus biquínis normais ou comprar um cuecão sueco? Ok, como eu não sou adepta de praia de nudismo – eu ainda não cresci o suficiente para isso – resolvi pela opção b.

Mas não dá né cara? Primeiro, as cores foram banidas da Suécia junto com Deus. Sinceramente, eu acho um charme biquíni preto, e na falta de algo melhor… lá vou eu com um S preto para o provador. Detalhe que eu já tinha achado que o S era grande, mas como eu falei, fim de estação, eu quase me senti feliz por achar um S (que é o equivalente ao nosso P) lá  no meio dos restos mortais do verão.

E a minha bunda sumiu!

Minha mãe ficaria orgulhosa de me ver vestida naquela calcinha. Mais comportada só se eu voltasse aos anos 20, quando todo mundo usava aquele macacão – nem era maiô – na praia. Gente é sério… com o tecido daquele P lá dá para fazer três P’s do modelo brasileiro. E isso que eu não to falando de fio dental – eu não tenho coragem pra tanto. Com um biquíni daqueles eu bem posso ir a praia com uma das cuecas boxer do Joel, a marca de sol seria a mesma.

Desisti. Ou quem sabe eu compre um short jeans? Eles usualmente são menores do que a calcinha do biquíni sueco.

Resultado: os biquinis velhos de guerra é que vão para a mala, e com eles a esperança de que não se desintegrem na próxima semana, ou que existam lojas de biquínis um pouco mais interessantes na Grécia.

E da próxima vez que for ao Brasil, trago um estoque.

O batismo da princesa Estelle

Fonte: diariodigital.sapo.pt

Hoje o país de maioria ateia praticamente parou para assistir ao batismo da princesa Estelle, nascida em 23 de fevereiro. Estelle é herdeira do trono da Suécia, segunda na linha de sucessão. Apesar da moral do rei da Suécia andar em baixa, muita gente se espelha nos atos da família real sueca e a Igreja Sueca espera que o batismo da princesinha causa uma enxurrada de batismos durante o ano.

Parece brincadeira, mas quando do casamento da princesa Victoria em 2010 muita gente entrou na onda e casou também. O nome escolhido para a princesinha – Estelle – causou certa polêmica por não ser um nome tradicionalmente sueco, mas já é com certeza o nome mais popular entre as recém nascidas do ano de 2012. Assim, por que os suecos não entrariam na onda do batismo também?

Segundo o Göteborgs Posten – jornal de maior circulação da cidade de Göteborg – no ano de dois mil e sete 67% das crianças nascidas na Suécia foram batizadas contra 53% no ano passado (segundo dados da Igreja Sueca). Infelizmente a notícia não trazia maiores informações como se o número é restrito a bebês filhos de suecos ou filhos de pessoas que pagam impostos para a Igreja.

Enquanto isso no mundo das pessoas “reais”…

Faz calor de novo. E muito. Tanto que – durante meia hora – desejei muito ter usado shorts. Claro que logo depois estava bem feliz por ter o casaco junto – ainda levo um casaqueto para todo o canto. Ontem quase tivemos uma chuva de verão – e isso me entusiasmou: o tempo fechou, trovejou, choveu forte e parou.

Hoje durante  dia pude me embasbacar de novo com a capacidade sueca de ficar quase  sem roupa em qualquer lugar público: qualquer metro quadrado de grama é disputadíssimo pela mulherada com seus biquínis enormes. Comentei isso no trabalho com um colega, e ele me olhou espantado. Seguiu o diálogo: “Ué, no Brasil vocês não andam de mini blusa e sarongue?” Não, tem gente que gosta de mini blusa, mas não é todo mundo que usa. Normalmente as pessoas se vestem de modo normal quando não estão na praia ou a beira de uma piscina. “Ahhhh… (meio desapontado, meio envergonhado) Sempre imaginei as mulheres brasileiras com um cabelão pela cintura, desfilando de biquíni e canga por todos os lados”.

What?

Apenas sorri. Afinal, eu sempre achei que no Hawaii as mulheres…

Pequenas Grandes Coisas da Minha Vida Sueca #15

A primavera deu as caras por esses dias: estamos acima dos 10 graus C minha gente! E tudo indica que ficaremos por ali… hehe. Mas é super, não dá realmente para explicar. Todos mundo me dizia que eu entenderia a felicidade do povo sueco quando o termômetro atinge essa marca insignificante aos olhos brasileiros depois do meu primeiro inverno aqui, e veja só, é verdade. Isso que meu primeiro inverno sueco não foi um “daqueles” invernos – como a Mari e a Paula experimentaram – mas eu me sinto imensamente satisfeita com esse calorzinho.

Ontem tivemos 15 graus e eu e Joel nos aventuramos a beira mar. Ventava muito, o vento a beira mar é super gelado mas eu me senti quase no verão: céu azul, eu com apenas dois casacos, uma sensação maravilhosa de liberdade! Entrei na onda e agora eu sou mais uma entre os entusiasmados suecos que comemoram os 10 graus C. É muito lindo: as pessoas parecem mais sorridentes e até mesmo as árvores parecem contentes ao exibir suas novas folhas verdes e flores.

No trabalho o Zé começou a ouvir um CD com músicas de verão. E qual não foi a minha surpresa ao ouvir uma versão do Biquíni de Bolinha Amarelinha em sueco? Na verdade, a versão original da canção é dos Estados Unidos (com o nome Itsy Bitsy Teeny Weeny Yellow Polka Dot Bikini, e eles falam de um biquini normal! haha), que ganhou o mundo em várias versões na década de 60, no Brasil na voz de Celly Campelo.

Eu já comentei que as calcinhas suecas são enormes, mas acho que não dá para explicar sem mostrar. Em todo o caso eu tenho uma amiga que foi para o Brasil e levou umas amigas suecas e me contou que as suecas ficaram horrorizadas com o tamanho do biquíni brasileiro (sim, aqui elas tapam a bunda inteira e os seios inteiros quando não fazem topless). Não quero ser repetitiva, mas o que quero deixar claro é que uma calcinha sueca, ainda que fio dental, vai ter mais pano do que a calcinha convencional brasileira. É uma contradição inexplicável, uma vez que quando a gente vai para um local de banho (próximo a um lago ou numa praia) não há cabines para trocar de roupa e todo mundo fica ensaiando uma coreografia louca com a toalha de banho – mostra aqui, tapa lá, puxa para o lado, opa! foi muito, volta agora para baixo…  – mas as crianças em geral ficam peladinhas, e eu já vi mulher grávida se trocando sem toalha alguma e sem nenhum pingo de vergonha: só e simplesmente ela tirou a calcinha e colocou a calcinha do biquíni, depois tirou o sutiã e colocou o sutiã do biquíni…

Eu uso um biquíni normal. Mesmo assim quando fui nadar com a Frida e a Liv tinha uma monte de gente olhando para mim como se eu estivesse pelada. Não, definitivamente não foi porque essa brasileira aqui – apesar de não ser mulata – é muito linda (minha modéstia me consome) – afinal, eu engordei quase 3 quilos depois que mudei, e esse três quilos foram parar só na barriga! Foi por causa do tamanho do meu biquíni! Hahahaha – ah se ele fosse amarelo!

E com vocês, direto de 1961, Lil Babs com…

O coro masculino é em norueguês, e eles perguntam: 1, 2, 3 o que a gente não pode ver? O restante da música segue o mesmo padrão da versão em português…