Há tempos atrás, em um belo sábado de sol, em uma velha igreja em Angered…

Há tempos atrás, em um belo sábado de sol, em uma velha igreja em Angered…
As férias já acabaram e a minha família volta para o Brasil essa semana. Eu tenho aquela sensação de que tudo foi tão rápido que eu nem consegui entender o que estava acontecendo.
E não consigo mesmo: como meus pais são um pedaço do Brasil, é difícil entender que eles estão aqui na Suécia. É uma surpresa boa ter eles por perto, como se a cada momento eles estivessem chegando outra vez. Mas eu sinto aquela falta, um vazio esquisito porque todos os meus irmãos não estão aqui também; dá uma pontinha de tristeza o fato de que nem minha irmã mais velha e nem meu irmão mais novo estiveram aqui com a gente nesse período. Sorte que ao menos a Ana está enchendo as minhas orelhas!
Mostrei um pouco da cidade para eles e levei a família Buscapé para aqueles programas de índio típicos de turistas… bom, nem tão típicos assim, afinal, eu nem tinha feito muitas dessas coisas. Ou melhor, algumas delas sim. Sorte que eu tenho uma amiga que sabe tudo sobre os melhores passeios de Göteborg, né Vânia? Quando o calo apertou, eu liguei na cara dura… Andamos de barco, trem, carro, a pé (cansei o povo!); e já que o negócio era para cansar, levei a galera para nadar e até minha mãe se astreveu a entrar na água fria do lago – o verão foi maravilhoso de quente então, foi quase tudo bem. Todo mundo entrou na dança da toalha – aquela em que a gente faz umas manobras engraçadas para trocar de roupa em público sem mostrar as vergonhas…
Agora, se perguntarem para minha irmã o que ela achou mais legal, ela responde com uma só palavra: Liseberg. Eu tenho medo de altura mas não pude me safar… ao menos não de alguns brinquedos. Passei uma semana rouca de tanta que gritei no Kanonen.
Nessa maravilhosa bagunça me perdi, afinal muita coisa aconteceu nesse mês e o blog ficou realmente de lado… tenho dois episódios do Alfons na pasta de rascunhos. Haha! É mole? A menina escreve os posts e ainda nem publica! Eu tenho problemas… principalmente porque eu gosto de responder aos comentários, e como eu não tinha tempo de acessar o blog, o trem foi acumulando… desisti de postar porque eu não podia responder os coments.
Acumularam-se também e-mails com perguntas diversas a respeito da vida na Suécia. Assim que eu me achar eu respondo e também vou partilhando as respostas e incluindo no Leia antes de perguntar. Aliás, tem muita gente que lê a seção e depois me direciona perguntas específicas, fazendo piadinhas a respeito das minhas respostas. Hahaha! Eu acho um barato… tenho leitores muito bem humorados! Obrigada! Mas eu também recebi um par de e-mails de gente que começa com: “eu já li o leia antes de perguntar mas, como é que eu faço para tirar visto de turista para a Suécia?”. Meu amigo… você ficará no vácuo eterno, só para avisar. Ainda assim, obrigado a todos os preguiçosos e engraçadinhos, todo mundo que veio parar aqui sem querer e os leitores de carteirinha (uhuu). Até no meu casamento brincaram com o fato de eu ter um blogue e eu descobri que um grupo de pelos menos 30 pessoas usam o Google translate para tentar acompanhar minhas baboseiras… muito bacana!
Eu tenho que tirar o chapéu para a suecada. Não porque eles seguem meu blog mas porque desde que mudei não paro de me surpreender com a generosidade deles. A primeira coisa que eu disse para o Joel quando ele propôs a mudança foi que ficaríamos isolados. Uma, que a casa precisa de reformas e temos trabalho de sobra… outra, que fica mais longe da cidade e aí ninguém apareceria para dizer um oi. Ledo engano! Por causa do lago que fica aqui perto sempre temos visitas, gente que para só para dizer “oi, estamos indo para o lago, vocês vem também?” ou “fomos nadar no lago, e passamos para dar um olá!”; outros amigos do Joel que ligam porque querem ajudar com as reformas… Sueco é mesmo chegado nessa coisa do faça por si mesmo, e se não tem nada para ele fazer por si mesmo então ele quer ajudar um amigo que tem o que fazer para poder aprender no caso de, sei lá né?, no futuro mudar para uma casa que precise de reformas e então já saber o que fazer e quais amigos chamar para a empreitada.
Além disso, a generosidade deles no casamento me deixou embasbacada: emprestaram o carro para gente transportar para lá e para cá bebidas, o som, os tereco-tecos para a decoração; apareceram no dia antes para ajudar a preparar o local; juntaram todas as coisas no pós festa para os noivos – nós – poderem curtir… Eu sempre imaginei que receberia alguma homenagem das gurias mais chegadas, mas para minha surpresa muitos amigos do Joel me prestaram homenagens durante o jantar e me fizeram ficar com lágrimas nos olhos (eu só não pareço supimpa gente, eu sou supimpa, pergunte para o povo daqui!) e me sentindo a última bolacha do pacote. Eles também nos deram presentes maravilhosos – fora alguém que quis brincar e nos mandou uma galinha “decorativa” em tamanho real. Sei lá se o cartão se perdeu ou se a pessoa nem pensou em por o cartão ou estava com muita vergonha para assumir, mas ainda não descobri quem foi o engraçadinho (se é alguém que lê o blog, me conte por favor para quê serve aquela galinha!?).
Falando em presentes, obrigada Angela e Dani pelos presentes de além mar. E tia Tere, vamos usar o seu presente para viajar!
Eu ainda tô boba demais com essa história do casório, ou melhor, mais boba do que o normal. Vou demorar pra pisar no chão. Só consigo pensar nisso. Melhor parar com a babação… quando eu me acalmar eu faço um post contando como é que foi que fiz a decoração no melhor estilo faça você mesmo (com a ajuda das amigas, é claro), além de outras curiosidades.
A gente se vê em breve!
Uma coisa que ganhei, algo que emprestei… algo roubado e algo azul!
Eu podia contar tim tim por tim tim como foi o dia do meu casamento mas acho que o vídeo por si mostra bastante. Além do mais, seria difícil encontrar as palavras certas… e se eu dissesse que foi tudo o que sonhei, estaria mentindo. Descaradamente.
As duas últimas semanas antes do casamento eu fui dominada por um sentimento de “oh my gosh, tomara que esse dia chegue logo e acabe!”. Não era pânico por conta de coisas a fazer para o casório – essa parte foi bem divertida – ou a preocupação em me apresentar assim ou assado; foi só o sentimento puro e genuíno do “eu não aguento mais esperar” somado a uma pontinha de pessimismo (sim, eu já contei que sou pessimista) e saco cheio. Tem muita gente chegando para você às vésperas do casamento para dizer como é que tudo tem que acontecer. E tem aqueles que querem gentilmente te lembrar das coisas que você esqueceu. E do que é importante – normalmente aquelas coisas esquisitas que aparecem em revistas e nem de longe são importantes…
Apesar de todo o sentimento negativo das semanas anteriores, todo o stress (sim, apesar de ser um dia lindo é também uma data estressante), eu liguei o foda-se na manhã do casório e decidi que esse era o dia de viver meu casamento do jeito que ele fosse. A chuva torrencial que despencou em Göteborg logo cedo quase me desanimou mas, não é a toa que eu sou apaixonada pelo meu marido… ele soube levantar meu astral e a partir daí… foi só festa até a madrugada do domingo. Chorei a cerimônia toda (de felicidade, obviamente) e ri até ter dor nas bochechas durante a festa. Até rolou uma festa de verdade no final de tudo – coisa extremamente escassa na Suécia. Na verdade, o povo só foi embora mesmo e parou de chacoalhar o esqueleto porque fomos obrigados a mandá-los embora – literalmente. Triste, mas a locação do espaço tinha hora específica para acabar – e a pontualidade sueca não perdoa nem casamento.
Foi um dos dias mais maravilhosos da minha vida. Sempre vou lembrar com carinho de cada pessoa que me prestou homenagens, e acima de tudo, daqueles que ajudaram a fazer a festa possível… eu tive muita ajuda de pessoas maravilhosas que cuidaram de mim e me ajudaram com grandes e pequenas coisas.
O vestido, os brincos, os arranjos de cabelo eram novos.
Meu anel de noivado foi da avó do Joel, tem quase 60 anos.
Usei um sapato que ganhei das minhas amigas queridas, no Brasil, no ano em que visitei a Suécia pela primeira vez.
O véu foi emprestado por uma pessoa querida que conheci durante o primeiro verão que passei aqui.
Roubei as atenções no dia da festa. Sem falsa modéstia, eu já sou linda, mas no dia do casório estive deslumbrante. Meu marido também estava lindo, mas teve gente que duvidou que eu fosse aquela noiva. Haha! Também aproveitei para “roubar” todos os abraços que normalmente o povo acha estranho te dar – sueco fica muito satisfeito com um aperto de mão, mas eu não. Abracei com fé e vontade!
Por fim, ganhei o buquê da minha melhor amiga. E ele era feito de hortênsias azuis!
Desde 27 de julho sou oficialmente Fru Maria Helena Abrahamsson (fru=esposa. Nesse caso eu também traduzo literalmente como dona).
Chique né?
Ps.: Se você está pensando que será que fez essas fotos maravilhosas e esse vídeo lindo, preciso contar – para felicidade dos suecos e tristeza dos brasileiros – que ela mora em Stockholm. A Maíra não é danada de tão talentosa que é? Você encontra ela aqui.
Dia primeiro de junho eu tive a minha despedida de solteira. Hahaha! E foi muito legal! Particularmente acho que tenho imensas dificuldades de contar histórias direito, mas vamos lá.
Tudo começou muito antes, é claro, porque eu nem imaginava quando seria o dia D. Aqui na Suécia as amigas da noiva fazem uma bela de uma conspiração para planejar o dia da despedida de solteira e, na verdade, eu não sei desde quando as gurias prepararam a minha surpresa. Só sei que em meados de março enviei uma lista a Karolina – que será minha värdina ou konferensier durante o casamento – com o nome da mulherada que eu gostaria que estivesse na minha despedida.
Qualquer dia desses o Joel me perguntou se eu não queria sair de barco em primeiro de junho. Desde que eu comecei a trabalhar a noite eu tenho tido mais finais de semana vagos. E isso é maravilhoso. E é claro que eu disse sim. Pra melhorar o dia havia amanhecido lindo, ensolarado e até mesmo quente. Eu estava super animada pensando que a gente não podia ter escolhido um dia melhor… aí o Joel me disse que a gente precisava de umas ferramentas para ajeitar o mastro e que passaríamos na casa do David (da Karolina) para emprestar. Eu estava tão feliz com o sol e a temperatura que nem desconfiei…
Quando tocamos a campainha na casa deles o Joel deu um passo para trás foi aí que eu percebi confete e serpentina caindo em cima de mim junto com “surprise”! Eu morri de rir de mim mesma porque ali naquele instante tudo parecia incrivelmente óbvio: o passeio de barco e a história maluca de emprestar ferramentas do David (que mora num apartamento); sem falar no fato que eu dirigi até a casa deles e o Joel não reclamou nenhuma vez que eu estava fazendo barbeiragens.
Toda noiva tem que usar alguma coisa esquisita durante a despedida de solteiro e assim que eu passei pela porta começou a transformação; enquanto elas me produziam num “look anos oitenta” (essa era a intenção) a gente comeu umas coisinhas e tomou “champagne” (=espumantes), o chamado champagne frukost. Depois cada uma se apresentou as outras contando como haviam me conhecido e eu respondi a um quiz sobre a minha história com o Joel. Ele já havia respondido o quiz anteriormente e a comparação das minhas respostas com as dele fez a gente dar boas risadas.
Acabado o momento light foi a hora de sair a rua para pagar mico. Mas sei lá, acho que eu sou muito bobona porque eu não estava com vergonha. A primeira brincadeira que eu tive que encarar foi um touro mecânico. Era um touro velho porque eu aguentei bem o tranco e cai só depois de 40 segundos! Hahahaha… até brinquei de novo e depois quase todo mundo tentou.
Haha! As fotos não são boas mas dá para ver que eu tenho estilo! E que roubei, afinal, não pode usar as duas mãos…
Em seguida eu deveria escrever um poema em sueco sobre o Joel. O detalhe é que ganhei uma palavra de cada uma das gurias, uma palavra que obrigatoriamente deveria constar no meu poema. Adivinhem? É claro que ia rolar sacanagem:
Min viking är så kul Han gör mig kärleks full Mitt hjärta hoppar i min bröst Varje gång jag lyssnar på han röst Han är ganska knasig, men gosig Och förresten har stor snoppQuando meu poema ficou pronto partimos para o shopping, o Nordstan. Lá eu deveria fazer duas coisas: declamar o poema e coletar cinco etiquetas de cueca. Declamar o poema foi muito fácil, ninguém parou para prestar atenção em mim. Já as etiquetas de cueca… bem, primeiro que eu deveria cortar as etiquetas de cuecas de caras que estivessem passando por ali, ou seja, as cuecas deveriam estar no corpo de alguém. Teve gente que não gostou muito da brincadeira, ignorando legal; outros fugiram declarando que não tinham cueca – o que nos deixou com a questão: usariam eles calcinhas? Ou os gotemburgueses andam sem cueca? Melhor nem querer saber… demorei quase meia hora para juntar as benditas etiquetas – isso que eu estava bem sem vergonha de pedir. No fim das contas eu ganhei um colar de etiquetas de cueca – que nojento!
Por fim eu devia convencer alguém na rua a me deixar desenhar um retrato. Achei um tiozinho super bacana sentado num banco que ficou super feliz de eu querer desenhar o retrato dele. Um dos objetivos da brincadeira era de eu vender o retrato, mas o cara ficou tão emocionado de a gente ter abordado ele que ganhou o “lindo retrato” que eu havia desenhado.
Depois dessa partimos para o Liseberg jogar Femkamp.
E pegamos uma super chuva dentro do parque de diversões! Por um momento eu pensei que estava mesmo no Brasil: ensolarado, quente e com direito a chuva de balde de uma hora para outra. Todo mundo acabou molhado!
Não fomos eu e minha parceira as vencedores da disputa e isso foi a coisa mais chata que aconteceu no dia da minha möhippa. O dia era para mim, ora bolas, elas deveriam ter me deixado ganhar!! Hahahaha! Beicinho!
O banho de chuva não desanimou a nossa gangue que saiu do Liseberg para um hotel (de volta para o centro) aonde a gente curtiu um banho na hidromassagem e depois se aprontou para comer num restaurante.
E o prato da noite foi… linguini! Eu amo massa e as meninas sabem, então fomos parar num delicioso restaurante italiano.
E pra fechar o dia, ou melhor, a noite, saímos dançar. O clube escolhido (por mim) foi o Tranquilo que toca sucessos latinos remixados.
O resultado foi que caí na cama exausta as 3h da matina e que tive dores nas pernas (por causa do touro mecânico) no domingo mas foi super legal, as gurias daqui pensaram mesmo em coisas que me fariam feliz, me encheram de mimos, me fizeram rir a beça e exigiram que eu pagasse micos lights. Eu não poderia imaginar uma despedida de solteira melhor… mas eu senti falta das minhas amigas brasileiras nesse dia, fiquei imaginando como teria sido ter elas ao meu lado. Sem falar nas minhas irmãs também, é claro. Bate aquela saudade sabe? Deu um gosto de quero mais…
Ainda tem tempo até o casório para mais umas…
Eu vos apresento o meu convite de casamento! Tchrãmmmmmmm!!!
Ficou simples mas eu gostei. A arte da caricatura encomendei do Brasil, com uma moça muito simpática e talentosa chamada Elaine (encontrei ela no Mercado Livre, deixo as informações de contato no fim do post). Mandei algumas fotos minhas e do Joel para ela e disse como eu queria que os noivinhos estivessem. Escolhi um visual mais limpo porque afinal, aqui na Suécia o pessoal não é muito acostumado com convites informais – então eu não poderia colocar uma moto no meio do desenho por exemplo. Ou sim, eu poderia, mas não queria parecer a brasileira exótica que fica inventando invencionices. E eu tinha inventado um monte de invencionices, mas somos um casal democrático e decidimos as coisas juntos. Assim, fui experimentando vários modelos – montei o convite em casa sozinha – até chegar nesse em que tanto eu como o Joel achamos legal.
Primeiro, decidimos fazer o convite com uma caricatura, e lá começa a saga pela busca de um caricaturista na internet. Conversei com cinco ou seis, primeiro aqueles que tem os sites que aparecem no topo da pesquisa do Google e já estava desanimando quando decidi ver o que é que estava no Mercado Livre; e encontrei a pessoa que eu precisava. Para mim foi bem importante a segurança que a Elaine me passou desde o primeiro contato com ela. Enviei um e-mail que foi respondido de forma educada. Se algum caricaturista chegar a esse blog eu dou um conselho: sejam mais humildes, principalmente os que estão no ramo há mais tempo. Um dos caras que contactei por meio de site foi curto e grosso comigo e eu penso por quê? Se a pessoa trabalha vendendo coisas deveria tratar com mais carinho possíveis clientes. Eu conversei com a Elaine quase três ou quatro vezes por dia durante o processo do desenho, enviei dúvidas que foram respondidas e quando ela não respondeu disse que estava correndo e que me mandava um recado mais tarde. Mudei o desenho diversas vezes até ele ficar do jeito que eu queria – separei e juntei os noivos, coloquei as minhas invencionices, tirei quando o Joel não aprovou. E no fim, quando fizemos a coloração, ela também mudou vários detalhes (das cores, e não dos desenhos) a meu pedido.
Com a caricatura pronta cheguei na fase do “e agora”? Que formato de convite escolher? Tamanho? Cor? Bla bla bla? Decidimos adotar o modelo panfleto – é diferente, econômico e melhor para o meio ambiente (uma hora eu conto como é que estou ficando meio maluca com essa coisa de sustentável). Usei um programa do Office mesmo (o Publisher) para montar o convite, usando as molduras do Word Art. Experimentei várias fontes sugeridas por blogs “faça você mesmo o seu casamento”, e cheguei a conclusão de que esse tipo de dica ajuda a soltar a imaginação. Acho que confeccionei no mínimo uns doze modelos diferentes (e alguns vão pensar: pra chegar nesse resultado? Gente, eu não trabalho com Photoshop e Corel Draw, eu tenho que usar os gatos disponíveis). Escolhi e comprei papel (que foi muito grosso para a impressora – dãã); aí a tia do Joel nos salvou (a impressora era dela) e no fim todos foram felizes para sempre… (Fora aqueles que ainda nem sabem que deveriam receber o convite porque eu não acho o endereço. Há pessoas super difíceis de achar e nesse ponto nem o Facebook ajuda a facilitar a vida da gente…).
E contando selos (também para o Brasil), envelopes, papel, caneta, impressão (foi de grátis), caricatura… gastamos cerca de 15sek por convite (um pouco menos de 5 pilas). Eu sei que há páginas brasileiras que oferecem convites a partir de R$3,90 mas eu achei super divertido confeccionar o meu convite.
Dá um pouco de trabalho, mas é um trabalho legal.
*****
Elaine Frias elaine-frias@ig.com.br Tel: (48) 30472077 BrasilTô toda enrolada. Na real eu não aprendi a dividir o meu tempo para isso, aquilo e aquele outro; se faço exercícios não blogo, se como direito não limpo a casa e se leio livros não consigo me concentrar para estudar. A verdade é que gasto muito tempo na internet também, sou facilmente capturada por um artigo que alguém postou no facebook ou que está sublinhado no post de alguma amiga. E se esse artigo trouxer outras referências lá se vai mais meia hora perdida em coisas – muitas vezes – que deveriam ficar para depois.
Agora mesmo eu deveria estar lendo as normas de trânsito suecas e me preparando para a prova teórica. Semana que vem faço o Risk 1 e não tenho ideia que quando poderei marcar uma data para a prova teórica mas quanto antes eu estiver pronta com a carteira melhor para mim. Só que né… faz uma semana que não blogo e por que não fugir uns minutinhos? Só para contar uns causos…
Cortei o cabelo num salão sueco na semana passada. Fiquei o tempo inteira tensa, a menina sendo muito gentil comigo (não simpática, mas gentil), puxou papo o tempo inteiro e foi legal. Aí ela perguntou o que fazer com a minha franja e eu disse deixa como tá; mas ela me deu um olé e cortou a danada. Muito curta na minha opinião. Falei para ela que não tinha curtido a ideia de cortar tão curto e ela me disse que era só para ajeitar o corte… quase chorei. Fora disso fiquei bem satisfeita, nada comparado a ir a um salão no Brasil mas ela (a mocinha que cortou meus cabelos) não foi o monstro dos meus piores pesadelos (se eu jogo a franja meio de lado e escovo bastante não dá para perceber que tá no meio da testa). Além disso preciso arrumar um local para arrumar os meus cabelos no dia do casamento, a minha irmã estará aqui e com certeza vai querer ajudar mas tenho que ter um plano reserva se algo precisa mudar.
Falando em casamento, ainda não terminei de enviar os convites e, de quebra, me faltam os endereços de algumas pessoas. Dos convites que enviei ao Brasil metade chegou e metade sei lá… os Correios são uma empresa engraçada: minha irmã mora a 70 km da minha mãe e recebeu o convite dela há quase duas semanas e para minha mãe até agora, nada. E tem mais gente no vácuo; mas se o convite não chega a unica coisa que posso fazer é pedir desculpas e mandar outro. Se todo mundo usasse a internet a coisa toda seria bem mais fácil. Eu seu que tem gente que quer guardar de lembrança e tal, mas tem aqueles que só vão anotar data hora e tals e depois jogar o convite no lixo. Pra quê todo o gasto com papel, impressora, envelope e selos?
E com relação a papel que só serve para parar no lixo, o governo sueco vai exigir que todo o cidadão tenha ao menos um e-mail que esteja acoplado ao seu personnummer (número social) para que as correspondência expedidas por partições públicas sejam enviadas apenas eletronicamente. Com isso o governo vai economizar milhões de coroas com papel, impressão e envelopes – e ajudar a preservar o meio ambiente afinal, metade da papelada que chega pelo correio tem informações que quase ninguém lê e – a exceção dos boletos de despesas diversas – vão direto para o lixo.
Ainda no quesito papel versus mundo digital: ando pensando em comprar um tablet para ler livros. Adoro estantes e pockets, eu penso que é deveras charmoso comprar livros mas por outro lado há tanto que está disponível gratuitamente para download que eu gostaria de aproveitar… E queria uma coisa simples mesmo, nada de Ipad ou similares. Quero contar o que ando lendo mas isso fica para outro post.
Outra coisa que anda chocando a população sueca é a caça ao pessoal que mora ilegal por aqui (papperlösa – sem papel). Não que não existam pessoas a favor de que os ilegais sejam deportados mas a forma como tudo começou gerou polêmica: a polícia sueca começou a fazer “batidas” e exigir documento de identidade de todo mundo em Stockholm. Foi um caos pois, como dá para se esperar, há estrangeiros nascidos na Suécia que tem a papelada em dia mas não tem olhos azuis e cabelos loiros. Cidadãos suecos também foram abordados pela polícia e a coisa toda inflamou. Nada de briga, mas muita crítica contra a ação (da polícia e do governo). Essa semana começa a mesma coisa aqui em Göteborg. Vamos ver se alguém vai me abordar…
No mais, vou fazer um teste para um trabalho novo. Mas não, ainda não é como assistente social. A história é longa e fica para depois…
Agora to meio enrolada…
Me disseram que agosto é o mês da noivas na Suécia e eu acho que é mesmo, ou pelo menos para mim foi: fui a dois casamentos… no sábado passado estivemos em uma boda de um casal muito apaixonado que se casou em uma ilha; o tema do casório foi a Idade Média e o noivo não tinha terno – estava meio de cavaleiro, digamos assim. O mais lindo de tudo foi que os pombinhos fizeram a travessia entre a igreja e o salão de festas de barco, um barco muito lindo de madeira, tipo um veleiro.
Mas talvez seria melhor dizer que agosto é o mês de fazer festa pois além dos casamentos fomos a duas festas de aniversário; uma delas de 50 anos. Não tenho certeza de já ter comentado no blog o quanto é importante a comemoração dos cinquentinha – ou pelo menos é dentro do círculo de amizades que tenho – mas o pessoal capricha na comemoração. Comemoramos os 50 anos de um Zé em meados de agosto, e a festa foi emocionante, com os melhores amigos contando as farras e os podres da junventude e a família entregando as travessuras de criança do cidadão. Eu me emocionei muito quando a mulher e as filhas do Zé se puseram a cantar Fields of gold enquanto um telão exibia fotos da família: o Zé com as filhas recém nascidas, cozinhando com a esposa, brincando na neve com as crianças, velejando, em diversas viagens com a família e os melhores amigos… foi arrepiante!
É super interessante como a alma de uma festa desse calibre (como um casamento ou a celebração do aniversário de 50 anos) na Suécia é a formalidade, a festa tem quase que uma pauta a ser seguida: os convidados chegam e são recepcionados com um drinque leve, depois são convidados a sentar (nessa festa de 50 anos os lugares estavam marcados como em um casamento), a comida é servida, começam os discursos, o café é servido, continuam os discursos, pausa para respirar ar fresco, depois vem a torta (ou o bolo de casamento/aniversário) e mais café, as últimas homenagens e discursos.
E tudo fica ainda mais incrível se comparado a festa de aniversário da Jenixa (aquela nicareguenha das vitaminas): nada de pauta, nada de organização, nenhum discurso ou homenagens. Como ela trabalha com muitos latinos os únicos suecos da festa eram o marido dela e o Joel e todo mundo estava gritando em falando espanhol, eu e o Joel cochichando em português – eu traduzindo o pouco que entendia daquela maravilhosa balbúrdia – enquanto eu inventava um “portunhol” para me comunicar com os demais (a maioria não fala sueco) e usava meu sueco capenga com o marido da minha amiga. Uma loucura. Todo mundo falando ao mesmo tempo, um tentando gritar mais alto do que o outro e do que a música latina que rolava no som – sem falar que tinha duas crianças pequenas… A festa começou atrasada e as mulheres sentaram em uma roda para falar de crianças, dos cabelos, das unhas, de maquiagem, dos móveis e todas aquelas coisas que eu nunca consegui conversar com uma sueca.
Enquanto toda a festa se desenrolava e o pessoal comia e tomava ao mesmo tempo que dançava e conversava fiquei comparando a “nossa festa” com as demais festas suecas a que fui. Lembro bem que durante o primeiro casamento sueco em 2009 achei tudo tão bonitinho, tão organizado e íntimo, tão emocionante com os melhores amigos se rasgando em homenagens… para em seguida morrer de decepção quando os noivos foram embora, o que deu fim ao jantar antes da “festa começar”! Simples assim: os noivos saíram, algumas poucas pessoas passaram a recolher a bagunça e o resto foi para a casa dormir, sem dança, sem auê, “sem festa”. A festa dos 50 anos do Zé também foi assim, acabou quando eles disseram: então pessoal, muito obrigado pela presença de vocês. Por hoje é só, a gente se vê na festa de 75 anos do Zé (ahãn, o humor sueco é…).
É certo que a Jenixa não completou 50 anos mas se eu pudesse usar uma palavra para definir a festa de aniversário dela seria “festa”. Já com relação a um casamento ou 50 anos sueco eu diria que a melhor palavra seria “evento”. Isso não quer dizer que as comemorações suecas não sejam boas, afinal, a gente nem sempre vai a um evento para se divertir e ainda assim sai muito satisfeito. Ou não – quando vi os noivos irem embora no sábado mais uma vez no final do “jantar” e antes do “baile” me deu um desapontamento!
Será isso caipirice demais?