Hoje terminei a primeira manta de crochê que eu fiz na minha vida (que eu me lembre, antes eram apenas cachecóis e panos de prato). Foi muito gostoso fechar o trabalho e sentir que ficou mais ou menos como eu havia imaginado.
Tem certas coisas na vida da gente que são engraçadas, não é? Eu nem sei quantas vezes eu já torci o nariz para bordados e trabalhos com fio em geral, seja tricô, crochê, macramê, tear ou o que seja. Acho que sempre me faltou paciência. Não sei se foi a maternidade que me deu essa lição, a idade, ou o simples fato de que agora era a hora, chegou o tempo em que eu pude me encontrar com aquela Maria que sente prazer em se demorar pra conseguir as coisas.
Falando nisso, ando refletindo sobre o tempo. “O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem?”. Eu acredito que a maioria dos suecos tem uma forma bem calminha de viver. Uma coisa de cada vez, en sak i taget, é um mantra sagrado desta nação. Mas sera que a gente sabe, como indivíduos e/ou sociedade, entender o tempo?
Eu diria que não. De modo geral a gente sofre porque o tempo passa rápido demais. Mas aí a gente está focando no quê? Eu imagino há cerca de cem anos atrás, quando as pessoas esperavam um ano inteiro pra comer maçãs, será que a perspectiva do tempo era a mesma de hoje?
Essa manta que eu fiz me tomou cerca de três meses pra ficar pronta. Eu encomendei novelos pela internet, então percebi que havia encomendado pouco, depois desisti de usar quatro cores e voltei para três cores; por fim ainda faltou lã e eu encomendei uma terceira vez. Tudo isso num curto espaço de tempo. Antes, eu teria que ter comprado a lã, fiado eu mesma, pra depois tingir o fio (provavelmente eu não faria isso pois só gente rica podia/tinha condições) e a manta teria demorado bem mais para ficar pronta. Anos até.
Tudo acontece tão rápido. Será que realmente me tornei mais paciente?