Aprenda sueco com Alfons

Como prometido em fins de junho, aqui vai o primeiro post da série. Ao escrever os posts eu percebi que ficava longo demais e esquisito colocar a tradução do episódio, então achei melhor acrescentar três pequenas dicas ao fim de cada um. Além do mais, a tradução desse texto é bem simples de conseguir com a ajuda de um dicionário – serve como treino. Se alguém possui os livros vai perceber que os episódios narrados em vídeo apresentam  um texto um pouco diferente, mas a essência da história permanece. Ha det trevligt!

*****

Här är Alfons Åberg. Han är snäll och glad ibland. Och dum och busig ibland.
Just nu är han busig och ledsen för det är kväll och han vill inte sova. Nere på gatan är lamporna tända och klockan i köket visar snart nio, men Alfons vill ändå inte sova. 
– Snälla pappa, läs en saga!
Här är pappa. Han är nästan aldrig busig men snäll för jämna. Nästan för snäll. Som i kväll: fast klockan är så mycket tar han en sagabok. Han läser en lång bra saga om en häst.
Sen ger han Alfons en puss och släcker ljuset när han går. I dörren säger han:
– God natt och sov så gott.
Men Alfons vill inte sova gott. Han vill inte sova alls. Nu kommer han ihåg: han har ju glömt att borsta tänderna!
– Pappa! Vi glömde att borsta tänderna!
Pappa kommer snart. Alfons borsta sina tänder så noga, så noga. Varenda tand blir ren.
– Sov nu, säger pappa.
Men Alfons somnar inte. Han är förfärligt törstigt! det känner han nu. Förfärligt vad törstigt han är.
– Pappa!, ropar han. Jag är törstigt!
– Sov nu gott, säger pappa när han går.
– Pappa! Jag spillde! Det blev vått i sängen.
– Nä men, oj oj oj oj oj! säger han när han får se fläckarna.
Han torkar upp på golvet med några trasor och i sängen byter han lakan.
– Sov nu så gott.
– Pappa! Jag måste kissa!
Pappa kommer. Han har hämtat pottan i badrummet.
– Sov nu, ber pappa när han går.
Men Alfons somnar inte i alla fall. Han ligger och tänker på garderoben… Kanske, är det ett stort vilt lejon där inne?
– Pappa! Kom och titta! Det är ett stort lejon i garderoben!
Pappa kommer. Pappa hittar inget lejon.
– Lejon finns inte ofta i garderober. God natt och sov så gott. Och ropar helst inte mer för nu är jag så trött.
Men Alfons somnar ändå inte. Först måste han bara ha Nallen.
– Pappa! Nallen!
Pappa börjar leta. Han ser i hallen. Han letar i badrummet. Till slut finner han den längst in inne under soffan… Men pappa dröjer så mycket. Kommer han inte snart? Med Nallen. Vad konstigt. Varför kommer han inte? Vad håller pappa på med?
Men titta: nu har pappa läst saga, hämtat tandborste, kommit med saft, bytt lakan, torkat upp saft, burit potta, sökt efter lejon, hittat rätt på Nallen och blivit så trött som han somnar pladask mitt på golvet just som hade tagit fram Nallen under soffan. Alfons blir full i skratt pappa ser så skoj ut! Han ligger och snarkar riktigt gott.
– God natt och sov så gott, viskar Alfons.
Så vandrar han tillbaks till sängen.Han tänker att han ska inte ropa mera. En pappa som sover kan ju inte gå några ärende. Och kommer ingen när man ropar så kan det kvitta, tycker han. 
Och nu kan nog Alfons sova, han med. Schhhhhh… viska. Det ser ut som han sover… God natt, Alfons Åberg.
 
 

Resumo da história em português: Alfons é uma criança que esta fazendo de tudo para não dormir. Ele quer que o pai leia uma história (saga=conto, história infantil), depois lembra que esqueceu de escovar os dentes e que ficou com muita sede; e aí ele derruba saft (um tipo de bebida feito a base de flores) na cama, depois ele precisa muito fazer xixi e morre de medo de que haja um leão dentro do armário; por fim, ele quer o urso de pelúcia (todo o bicho de pelúcia é um nalle)… e quem acaba dormindo exausto é o pai que correu e deu assistência ao menino nessa folia toda.

Snäll é adjetivo para querido, bonzinho  enquanto snälla é por favor. Em português costumamos pedir, por exemplo, quando estamos a mesa: pode me passar o pão por favor? Mas em sueco se costuma usar o “kan jag få blablabla” para esses casos. Se você quer pedir um favor a alguém inicia a frase com snälla ou usa no fim da frase är du snäll; assim se você quer incluir no final de uma frase “kan jag få blablabla” um “är du snäll” fica extremamente educado, mas soa como se a pessoa estivesse implorando e portanto, não há problema algum em dispensar o complemento. Exemplos: Snälla, kan du räcka mig en handduk? (Por favor, pode me alcançar a toalha ou) Kan du räcka mig en handduk, är du snäll? 

Vad håller du på med? é o nosso “o que é que você está fazendo?” e serve tanto para uma pergunta simples como para mostrar surpresa ou revolta – quando a gente solta aquele indignado “o que você acha que está fazendo?”. A  combinação inte e alls é para indicar o nosso “de jeito nenhum”: han vill inte sova alls – ele não quer dormir de jeito nenhum! Já busig é um adjetivo que significa tanto manhoso e birrento quanto sapeca, travesso, genioso; depende do contexto. Alfons é manhoso – nessa história.

Por fim, o temido “kissa” que normalmente é confundido com “kyssa” (o primeir0 é xixi e se pronuncia quissa; o segundo é beijar na boca e se pronuncia xissa). Na prática, se você é daquelas pessoas que morrem de vergonha de falar em xixi ou cocô em público pode usar o jag måste gå på toa que serve para os dois. Ao contrário, crianças costumam gritar a todo o pulmão um “jag måste kissa/bajsa” (eu preciso mijar/cagar) ou jag är kissnödig/bajsnödig. O engraçado disso é que nöd serve para indicar uma situação de perigo! E é. A gente também pode usar o verbo pissa para mijar, que é o equivalente ao pipi que a gente fala para as crianças e que por isso pode soar infantil demais. Já o adjetivo para mijado é pissigt – vilken pissig dag!; algo que aqui soa mais ou menos como palavrão. Mas para “molhado até os ossos” pode usar sem medo “pisseblöt“.

Acreditam que tive de olhar no dicionário como é que se escreve cocô?

Seriados e Filmes Suecos

Andei olhando as estatísticas do site – coisa que sempre me espanta porque de início pensei que meu leitores seriam minhas irmãs, melhores amigas e o Joel (minha mãe não tinha internet), ou seja, umas 10 pessoas (família grande tem suas vantagens), mas às vezes o trem aqui é bem movimentado – e me acabo de rir com os motores de busca que levam ao blog: como conquistar um sueco (??); como namorar um sueco (já comentei sobre isso aqui); como são os suecos na cama (ééééééé… sem comentários), entre as outras coisas normais como viver na Suécia, brasileiros na Suécia, etc.

Dessa vez encontrei um novo motor de busca: “filmes/seriados suecos”. Eu comentei um pouquinho sobre o cinema sueco – nada muito elucidativo, já que no que concerne a sétima arte me cabe melhor o papel de espectadora – há algum tempo atrás (post aqui) mas acredito que essa busca tenha a ver com o pessoal que esteja tentando aprender a língua e procura por filmes e blá blá blá. A boa notícia é: sim, há muito que pode ser encontrado na internet; a má notícia: seriados disponíveis no You Tube (por exemplo) não vão contar com legenda e muito menos “closed caption” (aquela legenda “para surdos”).

Acho estranho que os programas suecos não tenham “closed caption”: o país é super comprometido com a inserção social, vive brigando pela garantia de acessibilidade a todos os cidadãos – principalmente cadeirantes e deficientes visuais – mas eu ainda não entendi qual é a política para com os surdos. Eu já percebi que eles tem linguagem de sinais, já vi enormes grupos de surdos em altos papos no spårvagn, mas os programas de tv não dispõe a opção “cc”. Talvez seja errado eu afirmar a coisa dessa forma, uma vez que eu não tenho televisão e não assisto todos os dias, então quem tem o aparelho em casa pode me elucidar a questão? Eu queria muito assistir tv com o “cc” ligado e perguntei sobre isso para minha sogra (é lá que mais comum que eu assista tv) mas ela disse que não sabia se isso existia. Detalhe que eles também não assistem muito a televisão então pode ser que ela só não tenha conhecimento do caso… A maioria dos filmes e seriados não suecos (os famosos americanos e etc) são exibidos no idioma original (a grande maioria, inglês) com legendas em sueco. Isso mesmo: filme dublado na Suécia só mesmo os infantis. Será por isso (por causa das legendas dos programas internacionais) que a opção “closed caption” não funciona?

Isto posto, alguns vão dizer que o You Tube dispõe da opção “cc” e é verdade, mas eu acho que ela não funciona muito bem e em alguns casos o texto está incompleto.

Primeiro, a tv sueca pode ser assistida na internet (não sei se vai funcionar no Brasil, mas pensando bem, por que não funcionaria?) e o canal que mais assisti foi o SVT 4 (Sveriges Television 4): quando se acessa a página pode-se logo ver o link “Program & Kanaler” (Programas & Canais) onde você pode escolher entre os programas que estão no ar agora – entre eles os seriados norte americanos, óbvio, e quem é pro em inglês obviamente vai se beneficiar com as legendas suecas. Aí também é possível acessar os demais canais, sendo que eu diria apenas que SVT 3 e 6 tem uma programação mais voltada às produções estrangeiras e o SVT 1 é mais sobre cultura.

Quando eu comecei a trabalhar pude assistir muitos seriados suecos. Isso mesmo, sentei ao lado do Zé enquanto ele ria dos personagens favoritos dele e por isso quase poderia indicar alguma, não fosse pelo fato de que não sei ao certo o que eu tenha gostado. Primeiro porque no início eu entendia muito pouco de sueco para gostar ou desgostar e segundo porque, apesar de entender sueco agora (ao menos suficiente para ver um filme e ou programa) não estou por dentro do humor sueco e muito menos apta a ler as coisinhas que estão nas entrelinhas de uma conversação – para sentir a gravidade ou delicadeza de situações, por exemplo. Depois, apesar de existirem alguns episódios que eu realmente achei engraçados (dentro daquilo que acredito  ter entendido), algumas cenas das séries sueca são dignas de um drama mexicano: os personagens ficão tão zangados que gritam uns com os outros (nunca vi um sueco gritando!), as situações “hilárias” são mais para chorar ou passar vergonha do que rir. Entretanto, penso ser essencial ouvir sueco para se acostumar com a língua e a aprender a cadência e por isso deixo aqui o nome das séries que eu já assisti e que podem ser encontradas no You Tube: Svensson Svensson, Tre Trappor Upp, Hjälp, Tre Kronor, Mäklarna.

Existe uma série policial de nome Beck (são uns 458 filmes… brincadeira! Mas existem mais de 20, certeza) que achei bem interessante e provavelmente está no You Tube; eu não duvido até que seja possível fazer o download de alguns deles. Outra dica são os filmes de Astrid Lindgren, como Pippi Långstrump (um verdadeiro clássico sueco), Bröderna Lejonhjärta, Emil i  Löneberg, Vi på Saltkråkan e Ronja Rövardotter.

Quem já assistiu algum filmes e/ou seriado sueco acrescente os favoritos nos coments!

E por hoje é só, pessoal…

Ps.: Gostaria de agradecer aos portugueses que vem acompanhando o blog. Tem sido muito legal receber e-mails e quero reafirmar que gosto de “dar uma mão” para o pessoal que está mudando, apesar de não responder aos e-mails sempre de pronto. Seja bem vindos e obrigada pelo carinho. =D

Ps 2.: Pela segunda vez o Joel topa com um alce no quintal de alguém – nessa época eles costumam invadir os quintais alheios para comer as maçãzinhas das árvores – e eu não to junto!!! Claro que não quero ter de fugir correndo de um bicho que pode ser maior que um cavalo, mas gostaria muito de ver um deles! =+ (beicinho…)

Verbos pra que te quero – Parte III

To lendo muito sueco, e isso significa muito tempo para poucas páginas. Daqui a pouco rola prova sobre um livro (Manniskosaker) e a minha impressão é que o sueco piora quando começamos a ler. Seja porque gastamos um tempão caçando palavras no dicionário ou seja porque precisamos de concentração e silêncio, recebi a nota mais baixa no sueco desde que comecei a estudar – numa prova de listening (ouvir e entender); o resultado é que seria reprovada se a provinha não fosse apenas para obter uma média da capacidade de compreensão da turma. Hahá, ajudei a lascar todo mundo.

Resgatei o ‘Verbos pra que te quero’ do fundo do baú porque lembrei que esqueci de postar sobre os verbos suecos no passado. Na verdade, falta o imperativo também, mas isso fica para outro post. Voltando ao que interessa, os verbos suecos no passado não são muito difíceis e a boa notícia é que há verbos “regulares”; assim nomeados só para facilitar a explicação porque a unica coisa que diz meu livro de gramática é que os verbos em sueco são divididos em quatro grupos distintos. Por que? Porque um dia os vikings, sentados ao redor de uma fogueira, decidiram assim. Sério, tá no livro. Hahaha… claro que não, mas como o livro não explica o porquê dos grupos, também não posso explicar.

O sueco conjuga os verbos no pretérito e pretérito perfeito. O pretérito é o passado simples, aquele que mais usamos no dia-a-dia: eu comi, eu bebi, eu saí, eu trabalhei, eu estudei, eu li, blá blá blá. Para o preteritum sueco, os verbos se apresentam de três formas “regulares” distintas e uma forma irregular. Simplificando, podemos dizer que os verbos regulares em sueco terminam em de, te ou dde. Vamos de exemplo:

Os exemplos da linha verde correspondem aos verbos do grupo 1. Os verbos que fazem parte desse grupo tem acrescentado a forma do infinitivo apenas a complementação “de” na forma do preteritum: titta – tittade; arbeta – arbetade; sluta – slutade; diska – diskade (olhar/olhou; trabalhar/trabalhou; acabar/acabou; lavar a louça/lavou a louça). É importante lembrar que os verbos no infinitivo são os verbos base (acrescentando “att” antes da forma do infinitivo), que na grande maioria são terminados em a.

Os exemplos da linhas azuis correspondem aos verbos do grupo 2, subdivido em 2a e 2b. Nesse grupo, os verbos tem a terminação “de” ou “te” no preteritum, sendo que a terminação é acrescentada depois de se ‘comer’ a letra final da forma do infinitivo (ou seja, um ‘a’): lära – lärde; köra – körde; ringa – ringde; resa – reste; hjälpa – hjälpte; köpa – köpte (aprender/aprendeu; dirigir/dirigiu; ligar/ligou; viajar/viajou; ajudar/ajudou; comprar/comprou).

Os verbos do terceiro grupo no preteritum sueco tem como terminação “dde”; esse grupo de verbos tem a particularidade de que no infinitivo não são terminados em a, como: må – mådde; tro – trodde; bo – bodde; spy – spydde (sentir-se bem/sentiu-se bem; acreditar/acreditou; morar/morou; vomitar/vomitou). Eu realmente não sei porque a regra se aplica a um grupo e outro, mas na prática – na hora de falar – dentro desses três grupos “regulares” é só chutar a terminação “de” ou “te” (sempre lembrando de ‘comer’ uma letrinha quando falar “te”)’; se não for nenhum dos dois o verbo é irregular.

Denominei os verbos pertencentes ao grupo 4 como verbos com preteritum “irregular” porque a sua terminação não segue nenhum padrão. Alguns exemplos de verbos com preteritum “irregular”: att se – sag; att dö – dog; att äta – åt; att sjunga – sjöng; att springa – sprang; att dricka – drack; att gå – gick (ver/viu; morrer/morreu; comer/comeu; cantar/cantou; correr/correu; beber/bebeu; ir/foi).

O pretérito perfeito ou perfekt do sueco tem a seguinte forma: har+supinum; e é utilizado para falar de situações do passado que podem e não ter sido concluídas. Por exemplo: Jag har bott i Sverige i elva månader (eu tenho morado na Suécia onze meses) está explicando uma coisa que já fiz – morar na Suécia por 11 meses – mas que ainda não acabou; mas eu também posso dizer: Jag har smakat lax och tycker att det är gott (eu já comi salmão e acho que é gostoso) indicando uma ação que está no passado e que já foi completada.

O perfekt  apresenta a mesma terminação dentro dos quatro grupos de verbos –“t” ou “tt” – sendo que entre os “irregulares” há mudança apenas nas vogais que compõe o verbo, o que facilita na hora de falar – não de escrever. Para mim a utilização do verbo “har” causou certa confusão na hora da leitura, uma vez que no português ‘tem morado, tem amado, tem lido, tem…’ dá uma impressão de continuidade. A dica é observar se a frase contém um indicativo de tempo (hoje, esse mês, a semana passada, algumas horas, etc) e na falta desse traduzir o verbo “har” como : já vi, já amei, já provei, já bebi, blá blá blá … Entretanto, é muito importante lembrar que sett, älskat, smakat*, drukit… são traduzidos como visto, amado, provado, bebido… alguns exemplos:

O perfekt no sueco pode aparecer com a variação att ha+supinum ou hade+supinum, sendo esta última variação a forma do pretérito mais que perfeito (digamos assim) em que “hade” pode ser traduzido como ‘tinha, tive’, então: Jag hade dansat salsa för första gång i mitt liv = “Eu tinha dansado salsa a primeira vez na minha vida“.

E agora, prova!

*Att smaka é o verbo para experimentar comidas e bebidas; em outros casos é melhor utilizar att testa ou att försoka (testar e tentar).

** Eu to com pressa e não pedi para o Joel corrigir, se houver alguma coisa errada (vai ter) posto a correção nos coments!

E Viva o Dia de Todos os Corações!!

Semla

Hoje é um dia especial na Suécia, mas não tem nada a ver com o título que eu coloquei… Também não é Carnaval, e para acabar de vez com o mistério: é terça feira gorda! HahahHAhaha! Não é promoção de supermercado não! Como não existe Carnaval na Suécia para marcar o último dia antes da quaresma (algumas pessoas também jejuam aqui e guardam a quaresma) existe o fettisdagen um dia para encher a pança de uma delícia chamada semla: um bolinho com recheio de amêndoas ou baunilha, coroado com muito, muito, muito creme de leite. Vale lembrar que o creme de leite aqui na Suécia é batido e tem uma consitência diferente do nosso.

Eu não sou boa com essa coisa de descrever os pratos típicos e do dia que existem na Suécia. Felizmente, eu não sou a unica blogueira que escreve a respeito desse reino tão, tão distante; e se você quiser ler mais sobre a semla passa lá no Mundo da MariEla tem receitas fantásticas de algumas especialidades suecas!

Esse é na verdade um post sobre saúde. Porque a gordura em excesso prejudica o coração… Brincadeira. Semana passada na terça-feira foi o dia dos namorados sueco, que aqui é chamado de Alla Hjärtans Dag – o Dia de Todos os Corações. Sorte de Santo Antônio, que por aqui não é conhecido e por isso mesmo não é dependurado de cabeça para baixo ou posto na geladeira até que apareça o grande amor da vida de alguém. Em outros países do norte do mundo o dia dos namorados também é comemorado em 14 de fevereiro por causa do dia de São Valentim, um santo que ajudava jovens enamorados a se casarem.  Na Suécia em 14 de fevereiro é comemorado o nome Valentim, mas o dia é popularmente conhecido como de todos os corações.

Com uma semana de atraso – mas é amor é eterno enquanto dura, não é Vinicius de Moraes? – resolvi postar então algumas palavrinhas e frases suecas sobre amor, relacionamento e etc. Pode parecer meio bobo, mas é importante – tenha fé, isso vai te ajudar a se livrar de alguns micos. Você sabe por exemplo a diferença entre kyssa e kissa?

Att kyssa é beijar – beijar na boca, e a pronúncia é xissa. Att kissa significa mijar, fazer xixi, e a pronúncia é quissa. Quem é esperto já pegou o espírito da coisa. Por mais idiota que seja, TODO MUNDO COMETE ESSE ERRO de misturar kissa e kyssa. Eu também já fiz a besteira de falar errado na frente de um monte de pessoas  que estavam esperando para saber como foi a história de quando eu e o Joel nos conhecemos (dai que o Joel mijou em mim!)… o king kong é explicável: em inglês, beijo é kyss. E a gente fala kyss mesmo! 

Todo mundo que muda a reboque de um amor sabe essa: Jag älskar dig. Na cultura sueca amor é um sentimento para a família e o parceiro, não se usa isso para dizer que você gosta muito de outras pessoas. Nesses casos, você pode usar “jag tycker om dig ou “jag gillar dig“. Quando está apaixonado usa o “jag är  kär i…”. O interessante é que daí deriva uma série de palavras semelhantes no pacote dos sentimentos: kär é apaixonado, kärlek é amor, känslig é sensível, känsla é sentimento e att känna é sentir.

Namorado e namorada seguem a mesma lógica do inglês: pojkvän e flickvän. Mas você também pode usar a gíria kille e tjej – na tradução literal garoto, garota; rapaz, moça. Para noivo e noiva existem duas denominações: fastman e fastmö  para a época do noivado e brudgummen e bruden para o dia do casamento (quando o casal é chamado de brudparet).  Marido é make/man e esposa, hustru/fru. Não existe nenhum equivalente para ficar, mas amizade colorida é apenas kk (coco – não cocô, nem káká), que significa knullkompis – amigos que fazem sexo. Namorar é att vara tillsammans; noivar é att förlova sig; e casar, att gifta sig.

Para gostoso/gostosa se diz “en godbit”,  ou brud/brudar especificamente para mulher/mulheres bonitas. Já a gíria para solteiro é “jag är ute på markanden”, no sentido de estar no mercado.

“Vi håller i hand” ou att hålla varandra i handen” é o equivalente ao nosso “andar de mãos dadas”. E kyssa é mijar ou beijar? Pussar é beijo no rosto e kramar, abraço. Att ligga sked é dormir de conchinha, que traduzido é “dormir de colheres”. Fazer algo gostoso juntos é att mysa, e chamegar é att gosa – por isso ursinhos de pelúcia são chamados de gosedjur.

Quase que a totalidade dos suecos que eu conheço levam muito a sério o compromisso de estar junto com outra pessoa: compram flores, saem para jantar, vão ao cinema, saem para caminhar; enfim, gostam de fazer muitas coisas com o parceiro. Se é por causa do feminismo ou porque muitas pessoas moram a vida toda sozinhas? Não sei. Existem divórcios e o fim de namoro também, mas as pessoas curtem bastante um ao outro; sempre mantendo a liberdade de também sair com os amigos, fazer coisas sozinho.

Em todo caso, espero que quem já tá por aqui e tiver vontade adicione mais expressões do amor e etc nos coments!

Falei que o post era sobre saúde? Amar é a melhor forma de cuidar bem do coração…

Decifra-me ou te devoro – interrogações

Eu ando meio preguiçosa para escrever dicas de sueco. Talvez seja porque agora eu consigo conversar e perdi aquela necessidade louca de entender. Agora ando numa fase de escutar muito, prestar enorme atenção na forma como as pessoas falam. Mesmo sabendo que estou expandindo o vocabulário e melhorando a pronúncia, sinto como se estivesse estacionada no mesmo lugar.

Falando nisso, duas coisas: primeiro que eu não tenho o costume de ficar utilizando palavras de apoio quando alguém está conversando. Claro que a gente usa muito isso em português, mas eu sempre fui de falar mais do que escutar. Para quem não pegou o fio da meada, as palavras de apoio são aquelas frases curtinhas que usamos para incentivar o cidadão a continuar a fala, além de expressar que estamos entendendo – aquela coisa com humm…, mesmo?, não sabia…, com certeza!, além de outras. Em sueco se usa muito o ja, absolut, precis. Quando digo muito, é muito mesmo. No início, eu nunca utilizei essas palavras de apoio e o que acontecia era a pessoa repetir duas ou três vezes o que estava falando. Eu dizia entendi, mas o povo ficava me olhando com cara de dúvida. Agora eu quase consigo fazer isso – apesar de achar muito estranho – e percebo que a conversa flui mais naturalmente.

Segundo, eu sempre me enrolo na hora de perguntar coisas. Tudo porque na lógica do sueco o verbo vai primeiro nas interrogações, como no inglês. Mas eu nunca fui fluente no inglês, ou melhor, ainda não sou, e também tinha esse problema de me confundir na hora de fazer as perguntas. Coisa bem boba, mas enquanto a gente formula a frase em português e traduz para o sueco acontece bastante. Quando a gente adquire a capacidade de pensar em sueco, daí tudo fica muito mais fácil.

Pra começar, nada melhor do que entender a ordem das palavras em interrogações em sueco. Claro que sei disso e estudei há um tempão, mas só a prática para diminuir a incidência de erros… 8 meses não é lá tanto tempo assim não é? Pra quem tá começando, é interessante saber.

O verbo vem em primeiro nas interrogações, a exceção daquelas palavrinhas utilizadas para mensurar ou definir a questão, por exemplo: como?  o quê? quem? onde? quando? (hur? vad? vem? var? när?). Acho importante sublinhar três deles: hur mycket, hur många e hur länge – quanto/a, quantos/as e quanto tempo. Hur mycket é utilizado para peguntar sobre coisas que “não são possíveis de mensurar” de forma simples, como água, café, leite, neve, areia…; ou seja, que a resposta não pode ser 1, 5, me dá 25 disso, etc. Hur mycket kaffe vill du ha? En halv kopp, tack [quanto café você quer? meio copo, obrigada]. Ou seja, se a pergunta (em português) é no singular (quanto ou quanta), utilize hur mycket. Quando a pergunta é sobre coisas facilmente mensuráveis, utiliza-se hur många: hur många barn har du? Hur många personer kommer till festen? Hur många glas har du? [ Quantas crianças você tem? Quantas pessoas vem para a festa? Quantos copos você tem?]. Para todas essas perguntas, a resposta pode ser um simples 2, 12, 6. Ou seja, se a questão (em português) é no plural (quantos ou quantas), utilize hur många.

Uma das perguntas que mais me fazem é hur länge har du varit i Sverige? que é o equivalente ao nosso há quanto tempo você está na Suécia? em tradução não literal. Apesar de não aparecer na pergunta nenhum “tid”, esse é o significado de hur länge em perguntas como: hur länge har du jobbat som personlig assistent? Hur länge har du läst svenska? Hur länge har ni varit tillsammans? [Há quanto tempo você trabalha como assistente pessoal? Há quanto tempo você estuda sueco? Há quanto tempo vocês estão juntos?].

Ok, agora vamos de esqueminha:

Vad heter du? De forma simples, a ordem das interrogações sempre segue o padrão verbo+sujeito. Lembrando que as palavrinhas de interrogação vem primeiro, mas se elas não são aplicáveis, primeiro vem o verbo. Heter du Maria? Är du svensk? Tycker du om lax? [seu nome é Maria? você é sueca? você gosta de salmão?].

Hur länge har du varit i Sverige? Quando existem dois verbos na pergunta, o sujeito fica entre eles, como no caso acima: verbo 1+sujeito+verbo 2. Aqui o tempo verbal é o passado perfeito, sempre acompanhado de har, mas isso é assunto para outro post. E o resto da questão? Quando, onde e com quem são complementos que sermpre ficam no final da pergunta, nesse caso, a menos que seja exatamente o que você quer saber. A diferença: Vem var med dig igår? Var du med Joel igår? [quem estava com você ontem? você estava com o Joel ontem?]. Outros exemplos (de perguntas com dois verbos): Vill ni ha kaffe? Har du sett The Help? Ska du åka till Brasilien? Tror du att det kommer regn? [vocês querem café? você assistiu The Help? você vai para o Brasil? será que chove?].

Varför tycker du inte om lax? Quando aparecem advérbios nas perguntas – o mais comum deles é o não – sempre ficam atrás do sujeito, na ordem: verbo+sujeito+advérbio(+verbo2, se houver). Varför går vi aldrig på bio? Glömde du igen att stänga av din mobiltelefon? Kan du nån gång komma i tid? [porque nunca vamos ao cinema? você esqueceu de novo de desligar o celular? você consegue chegar em tempo alguma vez?].

É isso. Quem tem mais para acrescentar seja bem vindo!

10 frases que são o que são em sueco

Sabe aquele tipo de expressão que somos tão acostumados a dizer todos os dias e que derepente… como é que se diz em sueco? O português tem uma lógica bem diferente da lógica do idioma sueco, e por isso quando você pega o dicionário para traduzir frases como: eu vou também; eu também; eu posso fazer isso; etc, não dá certo.

Primeiro, que penso que o sueco não tem um modo informal, e sim o formal A e o formal B, ou seja, as gírias são poucas. Mesmo assim, esse tipo de coisa a gente vai pegando com o tempo e graças a Deus nos meus meses de Suécia eu já tive alguns insights – quando a gente tem o “ahhhhh, então é isso…”. Deixo aqui os dez que acho mais comuns, quem tem mais estrada favor acrescentar – se puder e quiser!

1. Jag med. A tradução literal é “eu com” mas a frase funciona como o “eu também”. Se você está entre amigos e alguém pergunta: “Vocês querem sorvete?” [vill ni ha glass?] e alguém responde: “Sim obrigado!” [ja, tack!] você pode dizer “Eu também!” [jag med!]. Ou quando você conversa com alguém e a pessoa diz por exemplo “Eu amo gatos!” [jag älskar katter!],  e você “Eu também!” [jag med!]. Ou seja, pra expressar que você pensa o mesmo, quer o mesmo que os outros.

2. Jag hänger med. A tradução de hänger é pendurar, tanto é que o verbo é usado quando você coloca roupas no cabide ou em algum gancho, mas aqui significa seguir alguém, ir junto com outras pessoas para algum lugar. Pode aparecer na pergunta: “Você vai lá em casa?” [hänger du med mig hem?] ou em situações como: “Vamos para o cinema, você vem?” [Vi går* på bio, hänger du med?]. Se a resposta é o “Eu vou junto”,você usa o jag hänger med. 

3. Jag handlar. É usado para fazer compras, quando você vai ao mercado ou para o shoping. O verbo sueco para comprar é att köpa, mas quando você vai ao mercado por exemplo, pode acontecer a seguinte conversa: “Eu vou ao mercado, você quer alguma coisa?” [jag handlar, vill du ha nåt?]. Sua amiga liga quando você tá no shopping: “Oi fulana, o que você está fazendo?” [hej, vad gör du?] e você “Eu to no shopping” [jag handlar** ou jag är i affär och handlar].

4. Det handlar om… Att handla é um verbo meio estranho para definir, mas ele significa uma “ação”, digamos assim, por isso ele é usado também quando as pessoas falam de livros e filmes. Ele é para aquelas horas do “Mas o filme é sobre o quê?” “Qual é a história do livro?” [vad handlar om filmen/boken?]. A gente diria “É a história de um menino…” ou “É a respeito de uma mulher…”, mas você pode usar simplesmente o det handlar om (en pojke/en kvinna/en man/en hund)… e explicar qual é o tema principal do filme/livro.

5. Tar hand om. O verbo tar [att ta] tem o uso semelhante ao to take do inglês, e para quem não estudou inglês… fudeu porque significa muita coisa diferente, como ter ou pegar. Tar hand om em tradução literal seria ter as mãos sobre, e significa nosso cuidar. Por exemplo: “Cuidem uns dos outros” [ta hand om varandra] “Você pode cuidar do bebê?” [kan du ta hand om babyn?] Se cuida! [ta hand om dig!]

6. Vad menar du? Att mena é um verbo que significa pensar, assim como att tro, att tycker [att], att tänka, att fundera***. Mas esse funciona para: o que você quer dizer? E é usado quando alguém está explicando alguma coisa. Por exemplo: “Blá blá blá, você entende o que eu quero dizer?” […förstår du vad jag menar?] Quando você está começando a falar um pouquinho de sueco, acontece de (a Maria) se empolgar e tentar falar de alguma coisa para o qual ainda não se tem todas as palavras. Algumas pessoas ajudam: “Hmmm, eu entendo o que você está querendo dizer.” [hmm, jag föstår vad du menar.], já outras: O que você disse? Eu não entendo o que você está querendo dizer… [vad säger du? Jag förstår inte vad du menar…].

7. Det spelar ingen rol. Apesar de a tradução literal ser algo em torno de ‘não ter um papel’ (uma posição em algo), essa serve para ‘não importa’ ou ‘tanto faz’. Mas não para importar-se com algo. Quando uma pessoa quer dizer que algo é importante para ela ou não utiliza o verbo att bry, por exemplo: “eu me importo com a paz” [jag bryr mig om fred], “ele não se importa com os outros” [han bryr sig inte om de andra]. Já para “você quer doces ou pipoca?” [vill du ha godis eller popcorn?] a resposta pode ser um “hmmm, tanto faz” […det spelar ingen rol]; ou quando alguém diz que não quer ir tomar uma cerveja ou comer um kebab porque não tem dinheiro, você pode dizer “não importa, eu pago” [det spelar ingen rol, jag bjuder].

8. Jag fixar det. Quando eu conheci o Joel ele dizia muito “Eu tenho que consertar comida para amanhã” ou “eu tenho que consertar as coisas para a viagem”. Ao invés de perguntar porquê, eu ensinei ele a falar o correto – até mesmo porque eu nem tinha pretensões de estudar sueco naquela época. Agora eu entendo: att fixa significa mesmo corrigir ou consertar alguma coisa, mas é muito utilizado como “fazer”. Imagine que você vai acampar e que seu grupo de amigos fez uma lista de coisas a fazer, e cada um será responsável por alguma coisa. E alguém fala: “Precisamos comprar comida” [vi måste handlar] e você “Eu posso fazer isso” [jag kan fixa det]; ou quem sabe fazer fogo? montar a barraca? bla bla bla? Para todas as perguntas, se você pode e quer fazer, a resposta pode ser simplesmente jag fixar det [eu faço isso] ou jag kan fixa det [eu posso fazer isso].

9. Jag är på väg. A tradução literal é ‘eu to na estrada’ e o sentido você pode imaginar: é o nosso eu to indo! Quando as pessoas querem perguntar “você vai sair?” usam o “är du på väg?”, e a resposta “jag är på väg till skolan/jobbet/till stan… [eu to indo para a escola/o trabalho/a cidade]. Você está atrasado e alguém te liga com um cade você? onde você tá?, apenas jag är på väg já resolve muita coisa.

10. Jag måste… Significa “eu devo”, no sentido de ter um dever e não uma dívida, mas serve como o nosso ‘eu tenho que’. Eu tenho prova amanhã, tenho que estudar [jag har prov imorgon, jag måste studera]; não tenho nada em casa, tenho que ir ao mercado! [jag har ingeting hemma, jag måste handla!].

Por fim, se tem uma coisa que eu gosto com relação a gramática sueca é que os verbos não são o bicho da goiaba, e tudo que eles complicam com en/ett é compensado por meio de verbos simples, como por exemplo: mejlar, googlar, smssar… . Se você chutou que os verbos acima são enviar e-mail, procurar no google e mandar sms, acertou. Tudo fica fácil: Googla det! [procure no google], Jag mejlar varje dag [eu mando e-mails todos os dias]; Jag smssar dig sen [te mando um sms mais tarde]. Fique atento porque existem mais cognatos como skejtar, markerar, diskuterar…

Que post comprido né? Também fazia tempo que eu não escrevia sobre sueco…

* Acho que já coloquei isso aqui, mas só para lembrar que att gå é usado quando a pessoa está a pé, e se vai de carro, moto, trem ou barco, usa o att åka.
** Simmmm!!! Eles são econômicos nas palavras.
*** Em algum lugar desse blog está escrito (hPAUhpauihspUHAspa) que ‘att tycka’ você usa para dizer o “na minha opinião…” e ‘att tro’ para o “eu acho” ou “eu acredito”. ‘Att mena’ é para pensamentos no sentido do que eu estou pensando e tentando comunicar; e ‘att tänka’ é para indicar que você está refletindo sobre uma questão, mas não é comum utilizá-lo para expressar que você está avaliando uma possibilidade. Quando você quer indicar que está estudando muito um assunto, que você está realmente refletindo e avaliando todas as possibilidades, aí entra o ‘att fundera’, como por exemplo: Vi funderar på att köpa ett nytt hus. 

Decifra-me ou te devoro! [afirmações]

Quem conhece a história de Édipo sabe que ele enfrentou a Esfinge nas portas da cidade de Tebas, que devorava a quem não conseguia desvendar-lhe um enigma. A esfinge é uma figura mitológica imponente com corpo de leão, asas de águia e cabeça de mulher, enviada por Hades para trazer sofrimento aos homens com o seu decifra-me ou te devoro. Eu brinquei muitas vezes com essa frase por aqui porque foi assim que eu realmente me senti com relação ao sueco.

Porque? Todo mundo fala sueco comigo desde o início, para me ajudar. Boommmm. Bra. Menos pelo fato de que muitas vezes não dá para entender e não dá tempo de ficar recebendo explicações. Exemplo: quando alguém conta uma piada. Todo mundo está rindo. Menos eu. Quando tem um grupo de pessoas conversando não dá para usar o Joel como tradutor (ele é mais tagarela do que eu). Então eu me sinto na obrigação de decifrar o enigma, ou serei devorada pela língua.

Eu comecei a me sentir mais confiante depois que estudei o último livro que a Gunnel me emprestou porque ele mostra a ordem das classes de palavras em uma frase. A importância de entender isso é porque o sueco é muitas vezes escrito/falado como que ao contrário do português, a exemplo do inglês e outras línguas não latinas. Para mim isso é uma coisa difícil já que as frases ficam totalmente “erradas” na lógica do português. Eu passei 26 anos falando apenas português, então não tenho o menor problema em admitir isso e estou convencida o suficiente para afirmar que me saio razoavelmente bem, apesar de fazer confusão em alguns casos.

A primeira dica é: verbos sempre ocupam a posição número dois na ordem de palavras em uma frase. Se você começa com o sujeito ou com o tempo (no sentido espaço tempo; ou seja, os dias, meses, semanas, anos) não importa, o verbo vai estar na posição dois.

Ex:

Jag tycker om att titta på filmer. Igår tittade jag på en film hemma.
Han har en motorcykel. Imorgon vill han åka till Norge.

Dica um: sempre use a forma “ontem, blá blá blá eu/nós/eles…” e/ou “amanhã, blá blá blá eu/nós eles…”; sendo que blá blá blá é um verbo, obviamente. É errado dizer “eu/nós/eles blá blá blá ontem” e/ou o mesmo com amanhã? Não. Mas soa muito melhor aos ouvidos de um sueco porque eles usam esse modelo. Não é difícil perceber nos textos em jornais e/ou o quê mais do mesmo. Dica da Gunnel.

Então, voltamos ao exemplo: o verbo (em azul) sempre está na posição dois. Obviamente, essas são frases simples, mas todas as frases são formadas por sentenças com a mesma lógica: sujeito, verbo1, verbo2 (se houver), objeto, lugar. E quando existem dois verbos na frase, o segundo sempre estará no infinitivo, à moda do que acontece no português: eu gosto de assitir filmes/amanhã ele quer ir para a Noruega. No exemplo, o verbo 2 está em vermelho.

A regra é a mesma para quando você utiliza aquilo que os suecos chamam de hjälpverb (mais aqui): posso, quero, vou, devo…: du måste städa ditt rum/jag vill ha te, tack. Hjälpverb em verde! E para o caso de alguém se animar porque a coisa estava ficando fácil, detalhe: se você vai falar de amanhã ou ontem, para soar mais sueco, a frase fica diferente: imorgon måste du städa ditt rum/igår villde jag ha te. Ou seja, as posições devem ser: tempo, verbo 1/hjälpverb, sujeito, verbo 2 [no infinitivo!], objeto, lugar…

Eu demorei muito tempo para começar a entender porque o jornal parecia uma sopa de letrinhas, mas agora eu sei que é tudo culpa dos advérbios. Quando eles entram em cena a salada está completa. Advérbios, para quem fugiu das aulas de gramática, são a classe de palavras que mudam (principalmente) um verbo. O exemplo mais simples é não: eu sei jogar bola/eu não sei jogar bola.

Jag sover alltid efter jobbet. Jab har aldrig sett den här filmen. Jag brukar inte läsa på kvällen.

Os advérbios (em rosa) sempre estarão depois do verbo 1, ou no caso do passado perfeito (oração dois do exemplo acima), entre o conjunto de verbos da expressão do [passado perfeito]: sujeito, verbo1/hjälpverb, advérbio, verbo2, blá, blá… Mas se você quer soar bem sueco, colocando o tempo no início da frase (para o caso de imorgon e igår principalmente, quase que obrigatório!) tudo muda: på kvällen brukar jag inte läsa – tempo, verbo1/hjälpverb, sujeito, adverbio, verbo 2, blá, blá… Lembre-se que apenas também é advérbio, assim como às vezes: jag brukar ibland läsa tidnigen/jag vill bara ha en kop kaffe, tack.

Eu ainda estou aprendendo, e não é difícil confundir. Quem tem mais dicas, à vontade!

Verbos pra que te quero! Parte II

No primeiro post falei um pouquinho sobre o infinitivo e presente, e agora vamos falar sobre os verbos no futuro e aquilo que são os “hjälpverb”, que eu não consegui adequar a alguma classe da gramática portuguesa. Se alguém diplomada em letras (Anelise!) está lendo o post, pode deixar um coments para explicar a classe gramatical – =P.

Os verbos suecos no modo presente podem ser utilizados para indicar um futuro (framtid) bem próximo como o que vai acontecer a noite ou no fim de semana, por exemplo: Kommer du hit i kväll? Nej, jag reser till Malmö med tåget imorgon. Jag ringer dig nästa vecka. Apesar de todos os verbos estarem no tempo presente – kommer, reser, ringer [chego, viajo, ligo]; é possível entender que essas são coisas que vão acontecer por causa das palavras à noite (i kväll), amanhã (imorgon) e semana que vem (nästa vecka). Sendo assim, você pode construir frases para o tempo futuro (não mais distante do que a próxima semana) utilizando verbos do presente mais palavras indicativas de um futuro próximo, como as do exemplo acima.

Para indicar um futuro longíquo e/ou aquilo que está sendo planejado/decidido, a forma da frase será o ska+verbo no infinitivo, sem o uso do att. Exemplo: Vad ska vi göra i juli (o que vamos fazer em julho)? Vi ska till stranden (vamos para a praia)! A Helena me disse várias vezes que o SKA só deve ser utilizado quando você tem certeza que aquela coisa é o que você quer e que você decidiu fazer, porque pronunciar um jag ska… (eu vou…) para um sueco é semelhante a uma promessa. Para indicar o futuro das coisas que não se tem certeza usa-se o kommer att+verbo no infinitivo, exemplo: Maria kommer att få jobb om hon pratar bra svenska (A Maria vai conseguir um trabalho se ela fala bom sueco). Nem é bom meu sueco e eu trabalho!

Existem coisas que podem acontecer no futuro que não dependem da nossa decisão e que não podemos mesmo exercer controle, como por exemplo chover. Sabe aquela velha será que chove? E é sempcre bom aprender sobre o tempo porque os suecos adoram falar sobre isso. Para essas coisas você usa blir, que é uma espécie de verbo para o ser ou estar. Então: Det blir regn i kväll (vai chover à noite). Det blir kallt nästa vecka (vai estar frio semana que vem). Ou para uma pergunta do tipo será que vai ter festa fim de semana? Blir det någon fest på helgen?

Por fim, o hjälpverb  ou aqueles verbos que aparecem em uma frase para complementar o sentido da afirmação, negação ou interrogação, como kan, måste, ska, vill, bör, brukar (posso, devo, vou, quero, deveria, costumo); e outros que não costumam ser hjälpverb mas que aparecem vez ou outra em uma frase com esse papel como tänker, får, behöver, börjar, slutar, försoker (penso, posso – me é permitido, preciso, começo, termino, tento). Acredite, você vai utilizar muito! E a fórmula é hjälpverb+infinitivo. Exemplos:

Jag behöver lära mig svenska.
Jag kan tala portugisiska.
Jag måste läsa till provet imorgon.
Vi börjar jobba klockan nio varje dag.
Vi brukar  på bio på helgen.
Hon tänker resa till Italien.
De ska vara hemma i kväll.
 

Procure lembrar sempre de colocar o verbo prinicipal no infinitivo quando usa um hjälpverb na frase, porque do contrário a pronúncia e construção da frase fica totalmente errada, é só comparar em português como seria: Jag kan forstår svenska – eu posso entendo sueco, está errado e soa mal.

Mais importante do que falar muito, é falar bonito. Coisas de Suécia!

Verbos pra que te quero! Parte I

Voltei para o SFI hoje, e a primeira impressão é de: fuja garota! Corraaa!!!!!! Minha professora Maria foi para a Gambia (ou algum país da África) participar de um projeto de pesquisa e o novo professor fala mais inglês do que sueco. Fiquei frustrada, mas ainda não perdi a esperança já que tudo começa para valer apenas na segunda, se Deus quiser!

Mesmo que a Gunnel acabou por me dar férias forçadas – não sem antes me emprestar um ótimo livro – aprendi algumas coisas sobre verbos. Os verbos são uma coisa maravilhosa na língua sueca, é a parte que eu mais gosto, e a mais descomplicada. Nem por isso é pouca coisa para aprender, por isso vou escrever apenas sobre o infinitivo e o presente.

O infinitivo – verbo sem nenhuma conjugação – ou verbo base é bem tranquilo e parecido com a gramática do português. Exemplo: quando eu digo eu sou, estou conjugando o verbo ser no tempo presente. É a mesma coisa no sueco, sendo que o verbo no infinitivo normalmente terminam em ‘a’ (a grande maioria deles) e pode estar acompanhado de att.  Exemplos:

→ att vara – att prata – att ha – att vilja – att åka (ser/estar, falar, ter, querer, ir – de ônibus ou trem ou carro ou moto).
→ att hoppas, att bli, att finnas, att dö, att gå (esperar – de esperança, ser/estar, existir, morrer, ir – a pé). 

Já o verbo no tempo presente é terminado em r ou s, dai que sabendo o verbo no infinitivo não é muito complicado acertar o verbo no presente. O verbo do presente terminados em r são a maioria, e essa terminação pode significar um ar, er ou simplesmente r. Exemplo:

→ final ar: att titta, att jobba, att prata – tittar, jobbar, pratar (assistir, trabalhar, falar – assisto, trabalho, falo).
→ final er: att komma, att ringa, att läsa – kommer, ringer, läser (chegar, ligar, ler – chego, ligo, leio).
→ final r: att gå, att ha, att förstå – går, har, forstår (ir, ter, entender – vou, tenho, entendo).
 
 

É claro que os verbos no presente ficam mais claros quando conjugados, e penso que conjugar os verbos suecos é muito simples pois eles não mudam de pessoa para pessoa. As “pessoas” da gramática sueca são eu, nós, ela, ele, eles/elas, você, vocês: jag, vi, hon, han, de/dem, du, ni. Uma pequena observação: você escreve de ou dem para eles/elas, mas a pronúncia é dom. Hummm e não tem nenhuma relação de gênero do tipo de é para eles e dem é para elas, ok? De significa eles ou elas, e o mesmo dem. Então lá vão exemplos com att förstå (entender) no tempo presente:

Jag förstår (eu entendo). 
Vi förstår (nós entendemos).
Hon förstår (ela entende).
Han förstår (ele entende).
De förstår (eles/elas entendem).
Du förstår (você entende).
Ni förstår (vocês entendem).
 

O sueco não tem ando, endo, indo;  de trabalhando, comendo, dormindo; por exemplo. Se alguém te pergunta: vad gör du (o que você tá fazendo)? A resposta é  somente eu “isso”: jag jobbar, jag äter, jag sover (eu trabalho, eu como, eu durmo), por exemplo. Em português a gente está acostumado a dizer o “eu estou trabalhando” e você pode fazer a tradução das frases dessa forma,  mas em sueco o verbo ser/estar (att vara) não serve para indicar um presente contínuo e sim para expressar estado de espírito como por exemplo eu sou feliz (jag är glad), ou sensações como frio, calor (jag är kalt, jag är varm); se está doente ( jag är sjuk)… então não use nunca, jamais  use para o “eu estou [ação]”.

E apenas como introdução – porque eu já estou escrevendo um post sobre como se constroem frases em sueco – o sueco é escrito ao contrário do português nas negativas. Então quando você quer indicar que você não faz determinada coisa, o verbo vem antes do não exato como em inglês: jag pratar inte svenska (eu não falo sueco), por exemplo.

A título de curiosidade, gostar em sueco é att gilla, mas não é utilizado para fazer perguntas do tipo você gosta de música? Ao invés disso você usa att tycka: tycker du om musik? Ja, det tycker om jag. E o pulo do gato é que att tycka é na verdade pensar, e por isso você precisa usar o om (que pode ser traduzido como se ou sobre), senão o verbo indica o que você pensa: jag tycker att [eu penso que]ou jag tror att [eu acho que]… Enfim, att tycka é para certezas e opiniões, e att tro é para achismos. Só relembrando, não esqueça do om para saber dos gostos suecos!

Tycker du om lära sig svenska?

* Um abraço especial a Helena Ingelsson que me ajudou a escrever o post! Tack så mycket Helena!

Família! Familj!

O Joel tem uma tia fantástica que me ajuda estudar sueco uma vez por semana ou menos, mas quando eu me encontro com ela aprendo uma série de coisas importantes, principalmente no que se refere a gramática do sueco, comportamento sueco, pronúncia (utal) e macetinhos!

Hoje eu estava lembrando a nossa primeira aula quando a Gunnel – nome tipicamente sueco – me falou sobre família sueca. Para mim família é formada por diversos núcleos: os meus pais e prole, os pais dos meus pais e prole, a prole da prole dos pais dos meus pais, assim como a prole dos meus irmãos e em alguns casos também os tios avós e segundos/terceiros primos; e quem tem sorte, pode contar os bisavós e além. Minha família tem 44 pessoas.

Na Suécia, família é só um núcleo: pai, mãe e filhos; ou pai e filhos; mãe e filhos; só o casal; bla bla bla… percebe? Os avós podem ou não estar inclusos na família, mas os tios, tias, primos e primas não são considerados na “minha família”: são os parentes e/ou “outra família”, e muitas pessoas nem chamam os tios ou tias de, apenas pelo nome. É claro que os laços de sangue contam, mas a questão não tem a importância a que eu estou acostumada. Obviamente, existem exceções – a família do meu namorado por exemplo, todo mundo conta – são 10 ao todo: os pais do Joel, suas irmãs, sua tia, seus tios, os avós.

Mesmo que não esteja muito na moda usar essas denominações, é interessante saber, mesmo porque é bem engraçado como os suecos separam quem é parente por meio da mãe de quem é parente por meio do pai. Além disso, outro dia eu conversei com uma moça que disse: ah, é tão confuso essa coisa de tio e tia em sueco,  você não acha? No começo, precisa pensar um pouco para organizar tudo, mas sabendo algumas palavras é simples.

Do princípio: pai em sueco é far e mãe é mor. Tendo isso em conta, você pensa nos avós como o pai da mãe e a mãe da mãe: morfar och mormor; o pai do pai e a mãe do pai: farfar och farmor. Nessa lógica, os tios e tias são os irmãos da mãe e as irmãs da mãe: morbror och moster; os irmãos do pai e as irmãs do pai: farbror och faster. Ou seja: você não trata os parentes não consanguíneos por tio ou tia.

Irmãos se diz syskon, irmão bror e irmã syster. Por exemplo: Jag har tre syskon, två systrar och en bror (eu tenho três irmãos, duas irmãs e um irmão). Eu já falei sobre isso em outro post, mas eu vou lembrar aqui que quando você se refere ao irmão mais velho em sueco usa o adjetivo grande, e ao irmão mais novo o adjetivo pequeno. Seria assim: eu tenho um grande irmão/ uma grande irmã – jag har en store bror/stora syster; eu tenho um pequeno irmão/ pequena irmã – jag har en lille bror/lilla syster.

Os primos são só e simplesmente kusiner (um primo/a=kusin), e todos os sobrinhos são syskonbarn. Mas se é um filho da minha irmã eu posso dizer systerson, ou se for uma filha systerdotter; se for um filho do meu irmão brorson,  ou se for uma filha brordotter. Como neto é o filho do filho é barnbarn.

Cunhado e cunhada só contam se forem casados. Sambo (quando mora junto) é o namorado ou namorada do irmão/irmã. Mesma coisa para nora e genro. Sendo assim eu deixo passar, porque é bem mais simples tratar dessa forma (namorado/a tals) do que guardar um nome que eu não ouvi ninguém mencionar – fora da Gunnel.

Além disso, como meu cunhado sempre diz: “Se cunhado fosse coisa boa, não começava com…” De vez em quando pode ser, mas Bah e Marcelo, saudades d’ocês!!!

Eu fiz uma árvore da família - ficou assim assim mas tem tudo...

Metal contra as nuvens

Quase três meses de Suécia e continuo na minha batalha com o sueco. Felizmente posso conversar um bocadinho, mas ainda falo muito lento, tenho que pensar muito e usar o inglês para me salvar volta e meia-sempre.

Sem SFI, arrumei um professor particular incrível, o sonho de qualquer estudante: Joel. Ele fala português e eu sueco. HahahAhHAha! É isso mesmo que vocês imaginam: nossas conversas tem muito “conteúdo”. Brincadeiras a parte, quando o Joel começou a aprender português ajudei com algumas coisas, agora trocamos os papéis: ele me explica o sueco; ele fala, eu escuto. Ele comentou que devia ter começado com essa tática há mais tempo… aludindo a piada mais velha do mundo de que as mulheres falam sem parar. Infâmia!

Andei treinando algumas expressões e nas minhas pequenas incursões falando sueco senti bastante insegurança em relação aos adjetivos (palavra que caracteriza um substantivo atribuindo-lhe qualidade ou característica, estado ou modo de ser). É importante lembrar que os adjetivos também sofrem influência com relação a en e ett e mudam quando o substantivo é esse ou aquele. Por isso você vai se deparar com röd e rött por exemplo, e os dois significam vermelho.

Por regra, os adjetivos sempre estão à frente do substantivo, e no plural são terminados em a, por exemplo: casa vermelha/flor vermelha = rött hus/röd blomma; casas vermelhas/flores vermelhas = roda hus/blommor. É, o plural de casas é igual ao seu singular. Alguns adjetivos são parecidos com o substantivo, como no português em que florido vem de flores e listrado vem de listras: blomig[t] (blomma) e randig[t] (rand), respectivamente. Sabendo o substantivo você mata a charada.

Em relação aos comparativos o sueco tem aquele sistema como do inglês para definir quando uma coisa é mais e “o mais”, aquele lance do jovem=young, mais jovem=younger; e o mais jovem (de todos)=youngst. Esse foi um exemplo em inglês, mas lá vai uma listinha com os principais para compartilhar:

→ Grande: stor, större, störst.
→ Pequeno: liten, mindre, minst.
→ Alto: hög, högre, högst (para prédios, montanhas e etc).
→ Baixo: låg, lägre, lägst (idem).
→ Alto: lång, längre, längst (para pessoas).
→ Baixo: kort, kortare, kortast (idem).
→ Longe: långt bort, längre bort, längst bort (distância).
→ Perto: nära, närmare, närmast.
→ Caro: dyr, dyrare, dyrast.
→ Barato: billig, billigare, billigast.
→ Magro: smal, smalare, smalast.
→ Gordo: tjock, tjockare, tjockast.
→ Pesado: tung, tyngre, tyngst.
→ Leve ou fácil: lätt, lättare, lättast.
→ Difícil: svår, svårare, svårast.
→ Velho: gammal, äldre, äldst.
→ Jovem: ung, yngre, yngst.
→ Frio: kall, kallare, kallast.
→ Quente: Varm, varmare, varmast.
 

Dá para entender como a listinha funciona? Descontando a definição em português, a primeira palavra (em sueco) é o adjetivo normal, a segunda é mais do que o normal e a terceira é o mais+mais-mega-master-ultra-plus. Usando o adjetivo svår[t] vou deixar umas frases para ficar bem claro como é. Às vezes as pessoas me perguntam: como é com o sueco? Respostas: é difícil = det är svårt; é mais difícil do que inglês = det är svårare än engelska; é o idioma mais difícil do mundo! = det är det svåraste språket i världen!

Porque o e em svåraste? Porque todos os adjetivos da listinha estão na forma indefenida. A questão do que é definido e indefinido é muito importante no idioma sueco e no caso dos adjetivos os indefinidos mudam a forma conforme en ord/ett ord no singular; já o definido no singular é igual ao adjetivo no plural, com a no fim. Mas isso é somente com relação as palavras da primeira coluna na listinha – stor, liten, hög, nära, ung, kall… A boa notícia: a coluna dois na listinha é assim tanto quando o adjetivo é indefinido como definido. Mas a terceira, quando é definido pode terminar em a ou e.

Enfim, adjetivos no comparativo são ainda irregulares ou regulares. Regulares seguem a regra: adj – adj+re – adj+st, como o caso de svår[t]:

→ svara (adj definido);
→ svarare (adj definido+re);
→ svarast (adj definido+st).
 

Os irregulares também são seguidos de re -st, mas a palavra muda, exemplo:

 unga (adj defnido);
 yngre (irregular+re);
 yngst (irregular+st).
 
 
Um detalhe interessante é que no inglês dizemos para irmão mais velho older brother/sister; e para irmão mais novo younger brother/sister. No sueco se diz para o irmão mais velho grande irmão e para o irmão mais novo pequeno irmão: store bror/stora systerlille bror/lilla syster, respectivamente. De novo, porque o e? Porque a regra geral do sueco é que tudo é feito de exceções…
 
Quem acha confuso grita: aaaahhhhhhhhhh!!!
 

É ruim? É. Mas eu penso que é mais assustador no início mesmo… aposto que quem mora aqui faz tempo e domina a língua se ler isso morre de rir. Eu, que nem estou aqui a tanto tempo assim já aprendi a relaxar com en e ett, adjetivo é mole!

O duro é eu ainda ter um mês de férias…

Supercalifragilisticexpialidocious

Quem lembra de Mary Poppins? Eu não tenho ideia de quantas vezes assisti o filme… e é claro que sempre havia discussão para saber quem realmente sabia falar Supercalifragilisticexpialidocious. A palavra não tem uma definição (você encontra alguma coisa no Wikipédia, mas pra que?) e é usada no filme quando alguém tem sentimentos que não podem ser expressados por meio de palavras comuns.

Alguma palavras em sueco são tão compridas que – eu juro! – me lembram Supercalifragilisticexpialidocious. A primeira vez que eu vi Kungsportsplatasen, por exemplo, pensei justamente nisso. E parecia impossível falar! São realmente palavrões, com a diferença de que é difícil pacas de pronunciar!

Normalmente esses palavrões suecos são o resultado da junção de um monte de palavras. Kungsportsplatsen não é nada mais do que kung+sport+plats (rei+esportes+lugar). Tudo bem que esse é o nome de um lugar e normalmente nomes são só nomes, mas há uma leva de palavras assim que muitas vezes não tem definição no dicionário.

Se isso acontece, tente separar a palavra em palavras menores. Por exemplo, [ett] fritidsintresse: fri+tid+intresse= interesse do tempo livre, ou simplesmente hobbie; [en] ögonläkare: ögon+läkare= médico dos olhos, oftalmologista.

Essas palavras recebem a definição de en ord ou ett ord de acordo com a úlitma palavra que forma o palavrão. O caso de fritidsintresse: fri  é um adjetivo e tem a defeinição dada pelo substantivo que acompanha; mas tid é en ord e intresse é ett ord.  Sendo a última palavra ett ord, toda a composição é ett ord.

Apesar de as palavras serem escritas juntas, grudadas, a pronúncia deve ser como se as palavras fossem independentes. É obvio que não se pronuncia cada qual lentamente, mas se você emenda as palavras na pronúncia, nenhum sueco vai entender o que você quer dizer. Nada de comer letrinhas (a não ser aquelas que já é comum comer mesmo).

Um dos primeiros palavrões que aprendi foi födelsedagen,  que junto com Grattis (com dois t’s, senão é gratuito) significa feliz aniversário. Födas é o verbo sueco para nascer, e födelse siginica nascimento. Eu morria de rir toda vez que precisava dizer “Grattis på Födelsedagen”, uma vez que você diz o l tão rápido que parece foda-se mesmo um palavrão.

Nem todo mundo que lê o blog tem interesse em aprender sueco. Então isso é pras vocês: EU SEI dizer Supercalifragilisticexpialidocious!