Diário Caipira-156

Falando em Halloween… Para todo lado que se olha a gente vê decoração de Halloween: lâmpadas de abóbora, chapéus de bruxa, aranhas gigantes e suas teias de fibra.

Eu tenho um pequeno que gosta de histórias de terror. Ele costuma criar sozinho histórias que deixam a gente com o cabelo em pé. Ele tinha apenas dois anos quando me disse que é preciso dormir de meias ou com os pés bem escondidos em baixo do cobertor. Eu perguntei por quê? (Besta que sou…) e ele responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo: porquê senão as aranhas vem comer os dedos dos pés.

Eu durmo de meias desde então.

Diário Caipira-155

Passei na biblioteca e peguei uns livros. Gosto porque a cidade sempre tem um “kit” pronto. Eu entro, pego e saio.

Um dos livros fala sobre animais, plantas e outros seres vivos e não vivos que são fluorescentes ou emitem algum tipo de luz a noite. Em uma das páginas são descritas o “irrbloss” (fogo fátuo) que sao bolas de fogo místicas que podem ser vistas (mais frequentemente) em locais pantanosos.

Ainda não há incerteza a respeito do que é que cria o fogo fátuo. Uma das explicações aceitas cientificamente explicam que o fenômeno se dá por meio da oxidação de alguns compostos decorrentes de matéria orgânica em decomposição. Por isso é possível ver o fogo fátuo em cemitérios, também.

Enfim, há lendas que explicam essas bolas de fogo místicas. No Brasil a mais conhecida é a do boitatá. Para os suecos o fogo fátuo é a lamparina de uma alma penada. Alguns acreditam que essa alma vem para assombrar os gananciosos; principalmente aqueles que querem muitas terras e usam de maneiras não muito corretas para obter elas (grilagem). O homem da lamparina teria sido muito ganancioso em vida e tem que pagar seus pecados tentando impedir outros de cometer o mesmo erro.

Achei a historinha tudo a ver com o mês de outubro e o Halloween. Nunca vi fogo fátuo. Mas dizem que meu vô viu um boitatá. Talvez eu deveria sair mais a noite…

Dias de … na Suécia

No Brasil todo mundo sabe de cor os dias do “comércio”- como eu chamo: dias das mães, dos pais, das crianças, dos namorados… tudo para dar uma animada nas vendas, e fazer o povo comprar um monte de coisas desnecessárias.

Na Suécia, o comércio também faz essas promoções, mas eu acho que a coisa não é tão grande como no Brasil. Na liquidação de verão – que acontece lá pelos dias do midsommar (24 de junho) – as ruas do centro estavam lotadas de pessoas, todo mundo comprando, uma verdadeira loucura! Os mercados então, bem mais apertados do que mercearia de cidade pequena no dia do cheque do leite. E dizem que o mesmo acontece na liquidação de Natal. Mas hoje, por exemplo, o comércio estava bem tranquilo apesar de o dia dos pais acontecer no próximo domingo.

O dia das mães sueco é em maio, mas é comemorado no último domingo de. O dia dos namorados é comemorado no dia de São Valentim – eu li a história do tal Valentim e ainda não entendi porque ele foi considerado santo, e nem porque ele é o santo dos namorados… se bem que, por que é que Santo Antônio é o santo casamenteiro mesmo? – ou seja, em 14 de fevereiro e por aqui tem o nome do “Dia de todos os corações”. Bonitinho não?

Não tem um dia das crianças, mas tem Halloween. Sim, daquele tipo que as crianças batem na porta das casas e pedem: gostosuras ou travessuras? Ou melhor: bus eller godis?, em sueco. No dia 29 de outubro terminou o horário de “verão” sueco, então no dia 30 e 31 eu estava bem perdida, achando super estranho que a noite começava às 17h. Justo no dia 31 eu voltei para casa tarde – depois das 17h, e tava pensando na morte da bezerra quando me deparo com um grupo de crianças vestidas de monstrinho na porta de casa. O apê onde eu moro fica no primeiro andar então eu subo as escadas, e mal e mal eu pisei no último degrau todas aquelas crianças (uma multidão de… cinco) viraram para mim: de preto, eu nem ia reparar que era uma fantasia não fosse a maquiagem de sangue e os dentes de vampiro. “É você que mora aqui?” “Sim” “Bus eller godis?” em coro. Eu só ãhnnnnn… e o Joel abriu a porta e me salvou. Sei lá, acho que ele deu um pacote de bolacha para as crianças.

Em contrapartida, o espírito natalino aqui começa cedo. Cedo, quero dizer porque em meados de outubro já tinham propagandas de shows do Natal espalhados pela cidade. Agora, já é possível ver muitos motivos natalinos nas casas, e nas lojas (que vendem esse tipo de artigos). E o rei da festa não é o Papai Noel. Isso é bem engraçado porque a Suécia não é um país cristão (64% dos suecos se declaram ateus, e pensando que 13% da população sueca é imigrante e que dentre esses imigrantes a fatia maior é islâmica…) as pessoas se preparam para uma festa de paz – com muitas velas vermelhas e luz.

Faz sentido… muita luz para iluminar esses dias escuros!