Diário Caipira-97

Domingo gostoso, de chuva dessa vez. A gente estava com aquela preguiça típica de dias chuvosos. Os meninos ganharam livros novos ontem e estavam super entretidos “lendo”.

Adoro as livrarias daqui. Adoro o fato de a Suécia ser um país onde se incentiva o hábito da leitura desde sempre. Acho imensamente triste que não seja simples adquirir livros em português para os meninos. Posso comprar por meio da Amazon e ler no aplicativo do Kindle mas isso tira a naturalidade da coisa de ter livros físicos, que estão espalhados por toda a casa nas estantes e bem ao alcance da mão…

Agora com a pandemia então, nem se eu quisesse pagar fretes exorbitantes. Já contei com a ajuda de muita gente querida que me emprestou um lugarzinho na mala e me trouxe livros infantis do Brasil. Infelizmente essa porta também se fechou… Uma pena, realmente. Mas vamos levando como dá.

E, apenas pra constar: há coisas mais importantes com o que se lamentar. Só queria partilhar mesmo essa sensação.

Diário Caipira – 30

Meu livro favorito em sueco é “Vem ska trösta Knyttet” de Tuve Jansson. É poesia para todas as idades mas como ela usa os personagens que existem no mundo do Mummin então é maravilhoso ler para as crianças.

Knyttet é um pequenos troll que foge do mundo em que vive pois era um mundo muito tristonho, chuvoso e apavorante. Ele acaba por mudar para uma concha a beira do mar, onde as ondas e o vento são suaves e o sol aquece. Mas aí acontece algo que o obriga a enfrentar o seu maior medo: Mårran, o monstro que tudo congela.

Quem tiver a oportunidade, descubra quem vai confortar Knyttet. É maravilhoso.

Fonte: Adlibris.se

Livros! Eu quero livros!

Eu to muito feliz com meu presente de aniversário: um tablet. Eu posso ter quase 2 mil livros dentro dele, e a bateria dura o suficiente para a leitura de até 2 mil páginas. Mas até agora tenho seis exemplares no meu livro digital. Todos em sueco. E meu objetivo não era bem esse… Livros em sueco eu posso comprar em todos os cantos por aqui. O que eu quero mesmo são livros em português.

Dá última vez que falei sobre livros foi para responder o desafio da Joana e da Nara, vocês lembram? Naquele tempo havia começado a ler Eva Luna de Isabel Allende (que é um maravilhoso livro de contos, recomendo) e contei que queria ler a trilogia dos Tons de Cinza. Eu li a trilogia e gostei mas sinceramente, acho que a autora poderia ter economizado um pouco nos momentos quentes e ter escrito a história inteira em um livro só. Ou tá bom, eu tenho que admitir que o desfecho do primeiro livro dá um ótimo gancho para o segundo, mas o terceiro é totalmente dispensável, principalmente a parte final quando parece que ela já não sabia mais o que inventar. E longe de achar que o livro é simplório acredito que ele deveria ser utilizado por todas as escolas de psicologia porque traz uma excelente descrição de comportamento maníaco compulsivo por controle. E para todas as pessoas que dizem que a trilogia dos Tons de Cinza tem o mesmo calibre da trilogia Crepúsculo eu discordo total e completamente: o vampiro Edward não existe e apesar de adolescentes sonharem com um cara assim não vai rolar; já homens como Christian Grey existem aos montes e fazem o pesadelo de suas namoradas e esposas ser uma experiência apenas dolorosa e diária. É sério gente, o relacionamento deles é doentio e só porque o cara é rico e bonitão não vale a pena viver uma doença (muito menos por todo o sexo louco que eles faziam). A história é boa, viciante, mas eu não queria um desses para mim não.

Depois li “Känslan av ett slut” (O Sentido de um fim) de Julian Barnes. Esse livro teve uma história engraçada: quando fui para Mallorca comprei 1Q84 de Haruki Murakami – que é um livro um tanto grosso e que todo mundo fala muito bem, ao menos aqui em Göteborg. Quando cheguei no aeroporto percebi que tinha esquecido o livro em casa, então passei no Pocket e comprei o Julian Barnes; porque era barato e fino. Foi difícil pegar no tranco com o livro, mas como eu não tinha outra escolha… o cara conta de uma vez toda a vida dele, apenas salientando algumas passagens aqui e ali na escola e no tempo da universidade. Quando eu cheguei na metade do livro fiquei com um sentimento de “e agora? Já é o fim?” mas claro, o autor tira umas cartas muito interessantes da manga e o trem fica super interessante. O livro é muito bom mas eu não alcancei ou não entendi o sentido do fim que ele queria passar e talvez seja porque eu li em sueco e não sou capaz de interpretar e entender todos os sinônimos e entrelinhas; ou é isso: o fim não tem sentido.

To quase na metade do primeiro 1Q84 – que também é uma trilogia – e gosto muito. Em 150 páginas já houve um assassinato, uma moça passou para outra realidade, um aspirante a escritor entra num negócio duvidoso… Mas eu já to pensando nos próximos títulos, aqueles que eu vou ler no meu tablet.

Ouvi dizer que “O filho eterno” de Cristovão Tezza é maravilhoso e já está na minha lista. Alguém aí me recomenda outros títulos?

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Enrolando…

Fonte: Google

Fonte: Google

Tô toda enrolada. Na real eu não aprendi a dividir o meu tempo para isso, aquilo e aquele outro; se faço exercícios não blogo, se como direito não limpo a casa e se leio livros não consigo me concentrar para estudar. A verdade é que gasto muito tempo na internet também, sou facilmente capturada por um artigo que alguém postou no facebook ou que está sublinhado no post de alguma amiga. E se esse artigo trouxer outras referências lá se vai mais meia hora perdida em coisas – muitas vezes – que deveriam ficar para depois.

Agora mesmo eu deveria estar lendo as normas de trânsito suecas e me preparando para a prova teórica. Semana que vem faço o Risk 1 e não tenho ideia que quando poderei marcar uma data para a prova teórica mas quanto antes eu estiver pronta com a carteira melhor para mim. Só que né… faz uma semana que não blogo e por que não fugir uns minutinhos? Só para contar uns causos…

Cortei o cabelo num salão sueco na semana passada. Fiquei o tempo inteira tensa, a menina sendo muito gentil comigo (não simpática, mas gentil), puxou papo o tempo inteiro e foi legal. Aí ela perguntou o que fazer com a minha franja e eu disse deixa como tá; mas ela me deu um olé e cortou a danada. Muito curta na minha opinião. Falei para ela que não tinha curtido a ideia de cortar tão curto e ela me disse que era só para ajeitar o corte… quase chorei. Fora disso fiquei bem satisfeita, nada comparado a ir a um salão no Brasil mas ela (a mocinha que cortou meus cabelos) não foi o monstro dos meus piores pesadelos (se eu jogo a franja meio de lado e escovo bastante não dá para perceber que tá no meio da testa). Além disso preciso arrumar um local para arrumar os meus cabelos no dia do casamento, a minha irmã estará aqui e com certeza vai querer ajudar mas tenho que ter um plano reserva se algo precisa mudar.

Falando em casamento, ainda não terminei de enviar os convites e, de quebra, me faltam os endereços de algumas pessoas. Dos convites que enviei ao Brasil metade chegou e metade sei lá… os Correios são uma empresa engraçada: minha irmã mora a 70 km da minha mãe e recebeu o convite dela há quase duas semanas e para minha mãe até agora, nada. E tem mais gente no vácuo; mas se o convite não chega a unica coisa que posso fazer é pedir desculpas e mandar outro. Se todo mundo usasse a internet a coisa toda seria bem mais fácil. Eu seu que tem gente que quer guardar de lembrança e tal, mas tem aqueles que só vão anotar data hora e tals e depois jogar o convite no lixo. Pra quê todo o gasto com papel, impressora, envelope e selos?

E com relação a papel que só serve para parar no lixo, o governo sueco vai exigir que todo o cidadão tenha ao menos um e-mail que esteja acoplado ao seu personnummer (número social) para que as correspondência expedidas por partições públicas sejam enviadas apenas eletronicamente. Com isso o governo vai economizar milhões de coroas com papel, impressão e envelopes – e ajudar a preservar o meio ambiente afinal, metade da papelada que chega pelo correio tem informações que quase ninguém lê e – a exceção dos boletos de despesas diversas – vão direto para o lixo.

Ainda no quesito papel versus mundo digital: ando pensando em comprar um tablet para ler livros. Adoro estantes e pockets, eu penso que é deveras charmoso comprar livros mas por outro lado há tanto que está disponível gratuitamente para download que eu gostaria de aproveitar… E queria uma coisa simples mesmo, nada de Ipad ou similares. Quero contar o que ando lendo mas isso fica para outro post.

Outra coisa que anda chocando a população sueca é a caça ao pessoal que mora ilegal por aqui (papperlösa – sem papel). Não que não existam pessoas a favor de que os ilegais sejam deportados mas a forma como tudo começou gerou polêmica: a polícia sueca começou a fazer “batidas” e exigir documento de identidade de todo mundo em Stockholm. Foi um caos pois, como dá para se esperar, há estrangeiros nascidos na Suécia que tem a papelada em dia mas não tem olhos azuis e cabelos loiros. Cidadãos suecos também foram abordados pela polícia e a coisa toda inflamou. Nada de briga, mas muita crítica contra a ação (da polícia e do governo). Essa semana começa a mesma coisa aqui em Göteborg. Vamos ver se alguém vai me abordar…

No mais, vou fazer um teste para um trabalho novo. Mas não, ainda não é como assistente social. A história é longa e fica para depois…

Agora to meio enrolada…