Tudo de novo e outra vez

Nas cenas do capítulo de hoje a caipira vai para a escola e descobre que foi enganada mais uma vez.

Ok, agora parando com o melodrama – ainda que a minha relação com a escola na Suécia seja uma novela; não sei se recordam que eu desisti de uma vaga na escola chamada Hermods há um tempo atrás – porque o curso de sueco seria a distância; e me rematriculei de novo – em outra escola. Deixei uma reclamação por escrito no escritório da Vuxenutbildning e ganhei uma pessoa de contato que ficou todo esse tempo de espera do começo das aulas – em 17 de setembro – em contato comigo.

Na primeira semana de setembro recebi uma carta da Vux me dizendo que eles haviam aceito o meu pedido de matrícula e que eu tinha um lugar em uma escola chamada Studium. Sempre ouvi falar muito bem da escola e fiquei feliz. Tava só esperando chegar a carta da escola…

Que nunca chegou. Então liguei e liguei e liguei para a escola e ninguém atendia o telefone (coisa super estranha que só aconteceu comigo). Sem respostas, liguei para a D. Angélica, que é o meu contato dentro da Vux, e pedi ajuda. Contei um pouquinho da história toda e nem precisei muito porque ela se lembrou de mim e me orientou a mandar um e-mail para a escola (para ter uma prova de que eu tinha tentado o contato) e que continuasse ligando.

Fiquei no vácuo ainda depois de mandar o e-mail e na quarta passada consegui que alguém da escola atendesse o telefone. Disse meu nome, meu personnummer e “Eu tenho uma vaga aí para estudar SAS 2, mas não recebi nenhuma informação da escola… não quero perder minha vaga e etc etc”.

Daí não seria bem mais fácil só ir até lá e tentar pegar a professora nos corredores? Hipoteticamente seria, não fosse o fato de que NENHUM sueco dá informação para você se não tem 100% de certeza e que às vezes é só com o professor que você pode receber o plano de aula e todos os etc. Sim, porque eu começaria o curso depois de 17 de setembro, o que não significa que meu primeiro dia de aula seria o tal dia mencionado; mesmo porque as turmas já estão em aula desde 13 de agosto. Assim, indo até a escola eu teria apenas a informação do tipo: sua turma tem aulas as segundas a tarde a partir das 13h, a professora chama Ilona e a sala é a número 109.

Como eu estive trabalhando todos os dias da semana passada e não queria correr o risco de “perder” uma viagem fiquei ligando. Na quarta quando fui atendida a pessoa do outro lado da linha estava super insegura, me pediu mil desculpas, anotou meu personnummer e telefone, disse eu não tenho acesso aos dados agora, te ligo depois… e eu só ok.

E esperei… na sexta eu estava na porta de casa a caminho da tal escola para tentar agarrar alguém pelo braço na tentativa de não perder minha vaga na escola quando o telefone tocou e uma tal de Anne Marie disse que “sua turma tem aulas as segunda-feiras, sala 309, professora Ilona. Quer que eu te mande um e-mail com essas informações?” e eu sim, obrigada.

O e-mail não veio mas eu fui. Cheguei lá 20 minutos antes e fui procurar a professora – afinal eu queria conversar sobre o que a turma está lendo e blá blá blá – na escola em que estive eles vendiam o livro que a gente usava em aula na secretaria. Ela me pediu um segundo para resolver uma coisinhas, e eu esperei até 5 para uma para descobrir que estava na turma errada: ela é a professora do SAS 1. Fiquei p… o sangue subiu nas veias e eu tinha vontade de chorar.

Voltei a secretaria e lá fui deixada com a D. Rafatt, que me disse só e simplesmente “Não podemos te ajudar porque você está na turma errada. Eu não posso te mudar”. Expliquei toda a situação para ela – e a professora do lado olhando – que eu já terminei o SAS 1, que eu tava esperando para começar desde maio (sim, cinco meses sem aula, eu podia estar pronta com essa joça!) e todo o etc e tal que aconteceu a respeito da outra escola. A tal da Rafatt achando problemas, a professora só me olhou e disse: “eu sou a professora do SAS 2 também, sexta feira 9h, mesma sala”.  E se foi.

A Rafatt continuou que eu teria que conversar com não sei quem e não sei quem dentro da escola (sendo que as duas pessoas não estavam) e que ela não podia me ajudar, que eu teria de ir na Vux e… Eu respondi, não preciso ir na Vux, tenho um contato lá dentro, eu ligo para ela agora mesmo. Liguei para a D. Angélica e falei que o pessoal da escola estava achando problemas para eu ficar, que tinha acontecido um erro do sistema e eu estava no SAS 1 ao invés do 2 e eles disseram que não podiam me mudar de turma… a Angélica me pediu para passar o telefone para a tal da Rafatt. E depois disso todos os “eu não posso” passaram para “eu já mudei você, seja bem vinda.”

Descobri que as escolas tem um medo danado do pessoal da Vux. A Angélica me ligou depois e disse que eu havia errado quando fiz a matrícula – não discuti, porque aconteceu o mesmo quando saí do SFI para o SAS: o sistema dizia que eu tinha feito a matrícula para o curso do SAS G quando eu tinha escolhido o A. O A passou a ser 1, e mesmo assim, agora o sistema diz que eu escolhi o 1, sendo que eu já tinha concluído o mesmo em maio…

Mas a Angélica me deu os parabéns também. Disse que precisando eu devo chamá-la se tiver mais algum problema – ao final, as escolas não perdem nada quando ficam enrolando o aluno… mas perdem muito se a Vux fica sabendo. Para algumas escolas sempre somos os imigrantes burros que não conhecem a língua, não sabem se defender e que podem ser enrolados…

Aposto que eles não contavam com a minha astúcia…

Sueco como segunda língua

Falei que eu ia chegar lá, e quero explicar uma coisa: pelo tom dos posts que escrevo sobre estudar sueco na Suécia e pela quantidade de reclamações que envolve o assunto parece que não estou contente como a coisa caminha. Para não deixar ninguém na dúvida: NÃO ESTOU CONTENTE com a forma como a coisa caminha.

É ser chata? É, mas parece que tudo na Suécia que é voltado ao imigrante funcionando meio boca tá bom: Arbetsförmedlingen é maravilhoso pra uns e desgastante para outros, SFI e SAS uma enrolação… Eu sempre me lembro da Paula me dizendo que eu não devia espera muito do SFI – mas brasileiro é aquela coisa né? Sempre alimentando uma esperança de que, quando for a minha vez, vai dar certo! E…

…deu, de certo modo. Eu falo sueco, mas não graças ao SFI, tampouco o SAS ajudou alguma coisa. E mesmo sendo tão ruim eu continuo porque eu decidi que com o diploma de Sueco como Segunda Língua a coisa seria mais fácil. Não sei se é mesmo, tem alguém lá na frente (com diploma de SAS) que pode me confirmar isso?? É…?

A última foi que para começar o segundo semestre de estudos esse ano (ainda penso o ano letivo como o brasileiro) fiz a matrícula em maio para continuar na mesma escola que estudei todo meu sueco (ABF), mas as vagas lá acabaram e fui parar naquela escola esquisita que falou só das saídas de incêndio e da página deles na internet durante um encontro obrigatório em junho (mó legal). Na segunda tive a primeira aula e descobri o porquê da tamanha ênfase que eles deram no site deles: o curso é a distância. A professora disse que a presença nas aulas não é obrigatória desde que o aluno faça todos os exercícios de uma ferramenta na internet chamada “Novo” (passei as férias inteiras recebendo um chamado no meu e-mail porque eu não tinha preenchido meu perfil no “Novo”, até entrei em contato com a escola para então receber uma senha que nunca funcionou… pensa se meu curso de sueco dependesse disso? Estaria literalmente lascada).

Não que ache que curso a distância não presta, penso que tem muita gente que se esforça muito quando faz um curso a distância e realmente estuda, estuda até mais do que pessoas que estão em um curso presencial. Mas eu não vou discutir a qualidade do ensino a distância e os seus méritos e/ou funcionalidades, uma vez que só posso afirmar mesmo é que ensino a distância não dá certo para mim e que eu não tenho ganas de estudar se tô me sentindo sozinha no barco. Eu sou literalmente uma Maria vai com as outras e preciso de companhia para me sentir motivada: estudar sozinha não rola!

Desisti do curso na Hermods (a tal escola para qual fui agora) e fiz a matrícula de novo, não antes sem preencher um formulário de reclamações junto a Vuxenutbildning explicando que eu estava muito desapontada por ter de esperar até setembro para começar meu curso já que eu tinha feito matrícula em maio, mas que eu preferia deixar de estudar agora do que “frequentar” um curso a distância – o qual eu não tinha escolhido. Por causa dessa reclamação o pessoal da Vux me ligou e afirmou que deixaram de firmar contrato com a Hermods porque eu não sou a unica estudante que reclamou e que disse não ao curso a distância. Segundo a encarregada que entrou em contato comigo a Hermods deveria oferecer o curso presencial (além do curso a distância) para que os alunos que não escolheram a modalidade a distância possam frequentar aulas presenciais.

Agora minhas férias de sueco foram estendidas até 17 de setembro. O negócio é me focar no trabalho e tentar aprender o que posso lendo e estudando por conta própria (durante esse tempo). No fim das contas, dá na mesma, por um período.

Vamos ver quais serão as cenas do próximo capítulo dessa novela!

Göteborg News

Se um dia eu começar um post com “esse blog ficou às moscas porque eu to sem tempo” é porque estou mentindo. Eu tenho tempo, mas às vezes quero só ficar de boa com o Joel, ou sair – quando tem sol aqui em Göteborg a gente tem mesmo de aproveitar, correr para fora o mais rápido possível e lagartear porque ninguém sabe ao certo quantos 5 minutos esse sol vai durar – estou me esforçando mais para encontrar outros suecos, fazer amizade (não rola se a gente fica grudado no Brasil por meio do computador); e só e simplesmente, sofro de um incurável complexo de Macunaíma. Muitas vezes até penso  “hummm agora dá um tempinho para escrever no blog” mas no momento seguinte é apenas: ai que preguiça!; o que significa mais um dia sem posts.

Como eu não vou conseguir botar a prosa em dia, vamos de rapidinhas:

  • Tive uma apresentação oral no SAS ontem. Coisa bem simples, apresentar uma pequena análise do livro “Simon och ekarna” que – eu consegui gente! – terminei de ler na semana passada. Apenas 5 minutos de fala com ajuda de power point para salientar algumas questões da história, nada de contar o resumo do livro.  Fiquei quase maluca, mesmo, estava tão neuroticamente nervosa que cheguei a passar a noite em claro. Fiz e refiz a apresentação 5 vezes, o Joel teve de me assistir – e me ajudou um bocado com dicas; fiz e refiz o texto que deveria entregar juntamente com a apresentação; suei frio e estava tremendo de nervoso. Seria a primeira vez que eu faria uma apresentação oral em sueco… e deu certo. Tipo, não foi assim uma Brastemp, mas eu consegui não gaguejar muito e nem tremer.
  • O SAS agora não é mais SAS A, B e C porque a partir do outono o SAS vai passar a ter o nome de SAS 1, 2 e 3. Por esse estranho motivo quem termina o SAS A agora não vai diretamente para o SAS 2 e tem que fazer a matrícula para o curso até 21 de maio.
  • Chove muito em Göteborg e a metereologia informa que o tempo continuará fechado por pelo menos mais 10 dias. Todo mundo sabe que a metereologia não é uma ciência exata – ainda bem! – mas no caso de Göteborg… O mais engraçado de tudo é que o otimismo ainda está lá em cima: hoje mesmo vi um cartaz com os dizeres “A primavera mais linda é aqui”.
  • A Västraffik (empresa que opera o transporte público em Göteborg) tá de mal comigo: domingo levantei as 5h30min da matina para sair trabalhar as 6h e poder estar no trampo às 7h porque nos fins de semana os trens e ônibus tem um horário especial e não circulam com tanta regularidade como nos dias de semana. Isto posto, estou eu sob o frio de 3 graus no ponto esperando o spårvagn que vem mas não para. Cheguei 20 minutos atrasada. Ontem voltando para casa depois do trampo cheguei a estação as 22h e perdi o trem que deveria sair às 22h01 (eles são “relogiosos” com o tempo). Parti para o ponto de ônibus, que chegou três minutos atrasado. Como eu teria de fazer uma troca no meio do caminho, adivinhem? Perdi o trem de novo e cheguei em casa 15 minutos mais tarde.
  • To tentando comprar uma bicicleta. Usada, claro, porque bicicleta aqui custa o olho da cara. Todo mundo usa um site de compra e venda (meio que estilo do Mercado Livre) que chama Blocket. Já liguei para no mínimo 3 anúncios e ninguém responde nem liga de volta. Outros tantos já venderam a bike que estava lá na página – e ainda está! Recebi uma dica da Maíra de Stockholm: a polícia vende bikes que foram deixadas aqui e ali e nunca foram reclamadas.
  • Outra opção seria fazer uma conta e emprestar bicicletas. No centro da cidade tem um monte de estações com bicis (lacradas, obviamente) e você pode emprestar uma magrela e pedalar por 30 minutos sem pagar nada por isso. Para tanto você precisa apenas abrir uma conta que custa 250koroas (mais ou menos 80pilas) para ter o direito de emprestar as bikes pelo período de sete meses. O problema é que as estações com as bicicletas existem apenas no centro da cidade!
  • Uma Caipira na Suécia informa: ser vegetariano pode fazer mal para a pele. Calma, nada de pedras que eu explico: fui fazer uma consulta (de novo) por causa daquela marca sem nome que ainda tenho na bochecha. Dessa vez foi uma médica muito gente boa que me explicou um monte de coisas e disse que o que eu tenho é rosácea – uma doença facilmente confundida com acne – que piora, entre outras coisas, quando o indivíduo tem falta de vitamina B. Dai ela disparou: você é vegetariana? Porque vegetarianos tem uma tendência de apresentar falta de vitamina B no organismo… e eu tive um insight: desde que mudei para cá deixei de comer a mesma quantidade de carne que comi a minha vida inteira. De certo modo, como melhor porque inclui peixe a minha dieta, mas eu vivi um período de comer nada que não fosse massa – tão de saco cheio de peixe e carne com gosto de papel que eu estava. Claro que enquanto eu estive no Brasil enchi a pança de churrasco, e quando voltei para cá a marca estava menos vermelha – eu achando que havia sido a pomada. Depois piorou. Agora tô feliz com a médica – que foi supimpa – e apesar de ter recebido mais uma pomada (lá vamos nós de teste outra vez!) ao menos to satisfeita de saber o nome do boi.
  • Outra coisa é que ela me deu um puxão de orelha porque não uso protetor solar. Claro que sempre usei no Brasil, mas desde que mudei para a Suécia, sei lá, a gente não sente o calor do sol aqui. Ela disse que mulheres que tomam anticoncepcionais estão mais sujeitas a manchas na pele e devem sempre usar protetor solar com fator mínimo de 30 levando em consideração que o filtro deve ter proteção tanto contra UVA como UVB.

Por hoje é só pessoal!

SAS… ou S.O.S?

Parece que meu blog é mais um canto de desabafos que eu uso quando não posso gastar meu pobre português nas orelhas da Lu e da Angela. Parece e é. Mas antes de começar a disparar, rapidinhas da semana (como diria a Maíra – o blog dela é um barato!):

– to mesmo conseguindo ir a academia 3 vezes na semana. Na segunda cheguei no aparelho que eu nunca lembro o nome – um simulador de subir escadas – e coloquei o fonezinho e tals (a academia é um luxo e cada aparelho tem sua própria tela, a gente pode assistir tv enquanto sua…); e tentei encontrar o canal SVT 1 que tem coisas interessantes e programas com subtítulos em sueco. Mas qual não foi a minha surpresa quando descubro que o botão de mudar canal estava estragado, e que o único canal funcionando era um canal de culinária! Tudo bem, gastei boas caloria enquanto comia com os olhos um prato de frango ao molho de curry com arroz…

– Nesse mesmo programa aprendi que o recorde mundial de fatiar um salmão em 40 pedacinhos iguais é de 1min e 24s.

– Fiz a primeira entrevista de emprego decente depois que mudei – talvez a primeira da minha vida.

– Ontem (na academia) perguntei a personal trainer o valor a hora aula… 595kr (quase R$150). Não acho demais, acho muito bom, fiquei pensando na minha querida amiga Lu que ganha uma miséria – comparado a isso – e é uma profissional excelente. Tem coisas que funcionam na Suécia…

Agora, as aulas de sueco… mas primeiro, um conselho para quem está chegando: não espere nada dessa bosta de aulas que são SFI e SAS. Estude muito por si mesmo.

Quando estava no SFI levei alguns bolos da professora. Sério: por duas vezes quando cheguei na escola simplesmente não tinha aula, e outra vez eu perdi de fazer uma viagem de graça porque faltei a aula. O Joel sempre ficava indignado quando isso acontecia, repetindo que era um desrespeito porque o professor não pode simplesmente não aparecer e que… Enfim, cheguei a aula ontem e a minha professora não estava, mas sim a professora B e mais uma guria que acredito seja uma coisa como estagiária.

Minha turma do SAS tem cerca de 40 alunos, por isso na metade da aula sempre somos divididos em dois grupos sendo que o segundo vai para outra sala com a professora B – o que é muito inteligente – e então fazemos exercícios referentes a lição enquanto a professora passa conversando e corrigindo e trocando idéias. Os dois grupos sempre fazem o mesmo trabalho, apenas em locais diferentes e com professoras diferentes. Eu nunca fui para o grupo B, mas gostei bastante da professora deles porque ela tem uma dinâmica de aula muito semelhante a da Birgitta, minha última professora no SFI.

A professora B nos abandonou na metade do caminho com a aprendiz/estagiária/candidata a professora. Então uma série de cenas ridículas começaram a se desenrolar: ela ficava repetindo tyst! (quieto) para qualquer suspiro não permitido entre os alunos, respondia as questões objetivas de forma irônica e quando começamos a analisar um poema ela simplesmente disse que o poema era sobre uma relação amorosa que terminou. E é isso. Teve uma aluna que fez uma tentativa de contestação com um tímido mas, que ela ouviu com um sorriso nos lábios do tipo coitados, eles não entendem!; para em seguida usar um não definitivo, o poema é sobre um amor que acabou.

Instalou-se a ditadura ou eu sou melodramática. Acredito nos dois. Mas fico tão frustrada! Tudo bem que talvez 80% dos estrangeiros não estejam dando a mínima para SFI e SAS, mas precisa avacalhar tanto? Quero a minha professora de volta!! Ela ao menos sempre pergunta: o que você entendeu a respeito desse texto? Qual a sua opinião sobre a história?

O maior pecado do SFI/SAS é tratar os alunos como colegiais. Sim, existe o módulo de inserção para pessoas que nunca aprenderam a ler e escrever, mas minha turma tem um monte de gente com universidade, tem gente com mais de 40 anos que estudou muito na vida! Estrangeiro não é burro só porque não sabe falar a língua, nós aprendemos interpretação de texto na língua mãe também, quem é que não passou poucas e boa tendo que ler Euclides da Cunha?

No final das contas, a reclamação não é só minha não. Antes de chegar a Paula me alertou para não esperar muito do SFI. Mas eu sou meio boba assim, sempre tenho uma esperança. Agora minha maior esperança é ter a professora de volta, aquela com a qual comecei o curso do SAS.

Senão, fazer o que?

Tchau SFI… Oi SAS!

Terminei o SFI. E… bom, nada que quem já mora aqui não saiba: SFI é uma introdução, eu posso me virar sozinha o suficiente para não ter de levar o Joel para todos os cantos; mas o dicionário… agora é que eu comecei mesmo a usar, porque posso entender quase toda uma frase menos algumas palavras, e não o contrário como é o comum do início – daí todo mundo sabe que dicionário serve para nada, porque procurar 20 palavras diferentes até conseguir pescar o significado do texto, ninguém merece!

Mas a independência ainda é  capítulo que vai ficar muito mais a frente nessa aventura. Agora é ler mais para expandir o vocabulário – eu acho esse o caminho mais curto – e começar o SAS. Esse é o curso que vai me dar mesmo o ó do borogodó no sueco – ou eu espero né…

Eu vou pedir o bônus do SFI, e a coisa é mais simples do que eu pensava. Eu fui ao VUF – eu não lembro o significado da sigla mas é uma coisa com educação de adultos e tem em todas as cidades – e lá eles entregaram um formulário que pede as mesmas informações que eles solicitam em todo o lugar (personnumner, nome, endereço, telefone) mais o número da conta bancária. Ademais, precisa anexar a cópia da permissão de residência e um personbevis (número 120) que você consegue na Skatteverket. O resultado da prova a escola envia direto para o VUF, então você não precisa mostrar nenhum papel que diga que você foi aprovado na prova nacional do SFI – ao menos não em Göteborg.

Eu fiquei stressada quando fui buscar o bônus porque na página do SFI na internet diz que você tem direito ao bônus assim que termina o módulo B, C ou D do curso, podendo receber 6 mil, 8 mil ou 12 mil coroas, respectivamente. Eu terminei o C em setembro, mas eles me disseram que eu não tinha direito até terminar o D. Pode ser que cada município tenha o direito de administrar o bônus como bem quiser, e que as regras sejam diferentes em Göteborg. Mas enfim, eu já tinha me decepcionado grandão com o Arbestförmdlingen mais ou menos na mesma semana, então deixei pra lá, também porque eu sabia que eu iria fazer a prova do D em novembro. Mas ainda desconfio que eles agiram de má fé comigo.

Fiz a prova e fui aprovada então agora não tem choro nem vela. Se Deus quiser…